And Now...? escrita por Nivea_Leticia, Lorena Harris


Capítulo 5
E agora... Eu vejo alguém diferente.


Notas iniciais do capítulo

Oiii, galera!
Tava com saudades, sabia? Pois é, sumi, né? Então, agora estou aqui para postar o capitulo!!!
Bem, estou sem muitas palavras!
Obrigadãooooo pelos rewis!
Bem... Boa Leitura, queridos(as)!



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Kylle Smith di Ângelo




Aquele acampamento já estava virando uma bagunça com tantas coisas acontecendo.

Primeiro era Paris, depois Danika e para completar Amy. O que mais faltava acontecer nesse lugar? Nada mais era preciso para criar um circo. Mas, isso não importava muito para mim. Quer dizer, todos estavam bem, então, tudo de boa. 

As vezes, por causa daquele ataque ditado como “inimigo”, um grupo ficava encarregado para cuidar da segurança. Eu geralmente era escalado, por poder ver no escuro e ter uma força “Sobrenatural”. Ah, qual é? Todo mundo naquele lugar é sobrenatural. Aonde alguém pensaria que existissem filhos de deuses olimpianos andando por ai? Me dê um tempo. Nunca!

Já era o meu terceiro dia consecutivo que olhava para o nada, curtindo a noite e a sua brisa gelada que em nada me afetava. Uma dádiva, dizia meu pai quando usava seus poderes de filho do deus dos mortos. Posso dizer muito de meu pai: um cara centrado, focado e não gosta nem um pouco de ficar no sol. Quer dizer, quando minha mãe Nicole pede, ai sim, ele vai. Em outros casos, esqueça. Meu pai é completamente apaixonado em minha mãe. Faz tudo o que ela quer. Tá ai um porque dele ser tão quieto. O medo de perder alguém de sua família é muito grande. 

Pensava neles quando escutei um roçar de roupas e passadas embaixo da arvore em que eu me empoleirava.

Uma garota de mais ou menos minha idade andava com pressa, a todo momento olhando para o outro lado, onde não tinha nada alem da densa floresta. Nem mesmo haviam harpias atrás dela! Outro fato para eu estar em cima de um carvalho enorme: proteção. Obrigado, mas prefiro não ser comida de bicho. 

O que aquela garota estaria fazendo ali? Perguntei a mim mesmo, agachado em um galho para ter uma visão privilegiada da moça. Seus cabelos platinados batiam levemente contra os seus ombros apesar da velocidade. Uma pequena menina.

Por regras de Quiron, os campistas não eram autorizados a andar durante a noite, a não ser aqueles ocupados da segurança do acampamento. As penas eram duras, como passar uma semana limpando o Estábulo ou então quatorze dias lavando a louça do jantar que por experiência própria, não era legal.

Franzi de novo meu cenho, confuso.

Seria ela alguém errada? Não, bonitinha demais para isso.

Ok, desde quando ter beleza marcante garante algo, Kylle?

Querendo tirar isso a limpo, fechei os olhos, respirando profundamente aquele ar gelado para poder, assim, me movimentar nas sombras que agora eram maioria.




Hyanna Hoffmeister



O que eu estou fazendo aqui?

Pelos deuses, se uma harpia me pega ou então algum campista, o que faço? Pelo amor de Zeus, que nada aconteça, nada aconteça. Aquele breu em nada me ajudava, impedindo qualquer visão que algum dia eu poderia ter daquela parte da floresta. Mas, ali era o caminho mais rápido para ir embora. Quer dizer, o que eu faço de útil aqui? Nada! Meu sobretudo prendeu em um galho, me parando um pouco. 

- Droga - xinguei puxando a barra dele. Não rasgou por sorte, talvez, mas fez um pouco de barulho que eu esperei muito que ninguém escutasse. No entanto, todas as preces foram negadas e, ao longe, consegui ver uma sombra. Contra uma das arvores centenárias, um menino [descobri pelos ombros largos] apoiava-se na mesma, brincava com uma pequena adaga, jogando-a para cima e a apanhando sem qualquer ruído. Para piorar, pude sentir seus olhos em mim, me marcando. Um pessoal da segurança, pensei congelando no lugar. Meu estomago criou ondinhas só de alguém ter me pego esse horário.

- Onde pensa que vai? - a voz rouca do menino perguntou ainda no escuro, não permitindo o vislumbre se quer de seu rosto. Também não consegui responder, estava chocada e desesperada demais para criar algo congruente e inteligente. Quem era aquele menino? Provavelmente um filho de Hades, ninguém consegue se movimentar tão quietamente assim. Tirando as caçadoras de Artemis, mas como o nome mesmo diz, só há meninas. Então, idéia descartada. - Hum... Odeio silêncio quando gosto de respostas, sabia, querida? - um arrepio subiu pela minha espinha.

Alerta, perigo.

Isso era o que minha mente me dizia. Suas palavras só me influenciavam ainda mais a ter medo de si. Lentamente, notei que aquele véu negro se movimentava para perto de mim, quase me chamando. 

- Co-colina - gaguejei dando alguns passinhos para trás afim de me distanciar o máximo possível daquele manto preto. Sim, sem duvida ele era filho de Hades.

- Hum... O que ia fazer lá? - havia... Curiosidade em sua voz? Sem saída, percebendo bem que alem de um homem com o dobro de meu tamanho [exagero!] e filho de um dos três grandes, optei por admitir tudo.

- Fu-fugir - minha voz ecoou entre as copas de arvores.

Os galhos farfalhavam levemente, levando junto o cabelo do garoto e o seu sobretudo tão negro quanto o meu que movia-se de acordo com a corrente de ar. Calada como estava, eu não escutava nem mesmo o som dos grilos e animais. Então, isso significava que ele também era perigoso aos demais. A luz da lua bateu levemente na sua lamina quando ele a segurou entre as palmas calejadas de empunhar espadas. Logo deduzi que ele também era um campista, não alguém que veio somente para cuidar do acampamento.

- Fugir? - questionou com aquela voz que criava correntes elétricas em meu corpo - Fugir para onde, querida? Não há nada lá fora, a não ser monstros doidos para pegar um belo pedaço de meio-sangue.

Ele havia me chamado de bela? Tremi de novo, cada vez mais arrepiada com aquele cara que me dava medo. 

- Não importa - sussurrei pensando que ele não escutasse.

- Oh, sim, importa. Como um bom guarda que sou, não posso simplesmente deixar uma dama passar.

- E o que isso tem a vez com você? - ergui o queixo, o enfrentando. Tudo bem que eu estava com um medo incontável dele, mas a vontade de ir embora daquele lugar me dava coragem. Suicida sim, ao menos era um sentimento bom para mim. Ele riu de uma forma... Sexy. Provavelmente estava jogando comigo, sabendo bem que eu não era compatível.

- Tem muita coisa a ver comigo, começando pelo fato de você ser uma campista e estar automaticamente de castigo de acordo com as leis de Quiron - ele ironizou o centauro de um modo intimo - Segundo que não queremos pais reclamando com a gente o porque de seus filhos não terem voltado e terceiro, porque ninguém sai desse acampamento quando eu estou de guarda. - então, ele deu um passo a frente, os fios de luz caindo diretamente em seu cabelo negro, ao menos agora.

Os olhos de um azul quase branco que eu nunca havia visto antes. Um corpo atlético de dar inveja em muitos garotos. E de um modo homicida que ele me encarava, fazendo com que cada pêlo da minha nuca se eriçasse. Novamente, aquela lamina negra que de algum modo puxava o brilho para si mesma estava em sua mão, maior do que eu pensei ser. Havia algo em grego cravado nela, do qual não descobri o que era.

- Vai mesmo brigar comigo? - questionei procurando uma saída. Todos os lados que eu olhava, a noite era fechada, sem feixes do luar. Ele também não parecia que ia deixar acontecer algo.Um sorriso sinistro em seus lábios avermelhados que chegavam a ser estranhos contra a sua pele, quase tão branca como a minha, ao menos agora.

Como ele seria no sol? Me peguei perguntando a mim mesma.

- Não, não vamos nem mesmo chegar a brigar, querida - negou com um mexer de cabeça negativo - Não é de mim ficar brigando com meninas. 

Cruzei os braços, colocando todo o meu peso em um só pé.

- Então quer dizer que você tem medo de enfrentar garotas? - levantei uma sobrancelha que o fez ampliar o sorriso.

- Corajosa - alguns passinhos para frente, o que foi muito significativo com a nossa curta distancia - Mas, nem mesmo isso vai te salvar agora. 

- O que... Isso... - aumentei a barreira entre nós. Acho que o medo estava estampado em meu rosto.

- Não vou te machucar - dando ênfase ao que disse, embainhou a espada, deixando as mãos livres. Mas, ainda assim, aquilo ainda me assustava. Vendo agora, o seu tamanho, me senti tão indefesa. Não que eu algum dia fosse mostrar isso. - Não te machuco se você não reagir.

- Muito consolador - ironizei encobrindo o pavor, a melhor forma de esconder um sentimento não muito... Agradável no momento.

- É o máximo que vai conseguir de mim.

Indo por outro caminho, mudei drasticamente nossa conversa opressora. Eu tinha de descobrir ao menos quem ele era. Existe algo pior do que desconhecer o seu inimigo? No entanto, como perguntar? “E ai, já que estamos aqui, no meio de uma briga, porque não me diz o seu nome?” Definitivamente não funciona.

- Seu... Seu nome - exigi tentando manter a minha voz estável enquanto apalpava com a mão uma raiz elevada de um carvalho, implorando para que não fosse uma dríade. Se fosse, estaria em sérios problemas. Quer dizer,mais do que eu já estava. Tendo a certeza de que era firme o suficiente para agüentar meu peso, sentei-me, notando bem a altura em que meus pés ficaram no ar. Ser baixinha não é legal. Fiz uma careta para aquilo. Quando se é grande, geralmente as pessoas não tentam te proteger, mas é só ser pequena que todo garoto quer virar super herói e te salvar. Argh, será que pequenas também não podem ser duronas? Voltando meu olhar para ele, uma vez que me desliguei com as minhas brigas mentais, vi pequenas marcas de expressão em sua testa, comprovando a minha idéia dele estar confuso comigo. 

- Para que quer saber meu nome? - ele disse numa voz mais fria que aço que me fez tremer de novo.

- Estamos em um papo bem legal - fiz um biquinho - Por que não me dizer seu nome? É algum tipo de Batman das trevas, senhor Bruce Wayne?

Encostou um ombro em um tronco liso.

Então ele também não gostava de sujar a sua roupa?

Hãn, o que eu estou pensando? Aquele frio deve ter afetado minha mente.

- Se eu fosse um tipo de Batman, não estaria nem mesmo pedindo gentilmente que voltasse para o seu chalé e amanha fosse conversar com Quíron sobre a sua saída noturna. - rebateu passando levemente os dedos naqueles cabelos lisos, uma ação que tirou minha atenção. - Então, acho que não preciso dar meu nome a uma desconhecida.

Ah, então quer dizer que ele queria saber o meu nome primeiro? Não, ele não ia conseguir. Me associar com quem não devia era inevitável.Estava tão centrada em meus pensamentos, encarando seus olhos, que quando ele piscou, levei um grande susto.

Não eram mais azuis, mas sim de um negro de fazer o homem mais forte do mundo tremer nas bases. E, no instante que refez esse movimento,  azul cristalino brilhou. Sem notar, arfei, atordoada com aquilo. Nenhum filho de nenhum deus conseguia mudar a cor dos olhos, nem mesmo os de Isis, a deusa. O que ele era? Um mestiço? Percebendo a minha reação bastante exagerada, desviou seu olhar, focando-se em qualquer parte dali em que eu não conseguia nem mesmo enxergar.

- Vou te levar de volta - sussurrou sem nem mesmo dirigir-se diretamente a mim, pronto para continuar com a sua guarda.

Não, eu não queria que terminasse agora. Eu.. Eu... Eu queria continuar ali. Queria conversar com ele. Sim, eu queria saber algo sobre ele.

Em um ímpeto, soltei:

- Hyanna. Meu nome é Hyanna.

Ele parou, fitando-me com aqueles olhos misteriosos, especulativos.

- Hyanna - repetiu quase como se para decorar - Bonito nome, mas, vamos?

Sim, ele queria que eu fosse embora. E eu não ia. Ninguém me chutava, mesmo que esse cara tivesse o triplo ou o quádruplo da minha altura e dos meus pequenos músculos. De novo, suicida. Tava na cara que ele só queria continuar o que fazia na dele.

- Qual é o seu nome? - indaguei ainda sem me mover, o contrariando bastante. - Eu disse meu nome, agora, me diga o seu.

- Disse porque queria, querida, logo, não estou te devendo nada.

Bufei. Era obvio de que ele não queria conversar comigo. Como um homem podia ser mais chato? Custava mesmo dizer o nome?

- Deixe de ser teimosa, e vamos logo, não tenho todo o tempo do mundo para a donzela fujona.

Não, ele não ia me levar, a não ser que ele mesmo viesse me pegar aqui. Essa idéia fez um friozinho subir pela minha barriga, acordando todas as borboletas que haviam por ali. Será que ele era forte embaixo daqueles panos negros? Será que era mesmo branquinho assim ou tinha um bronzeado? Será que havia alguma tatuagem escondida naquele corpo? Sacudi a cabeça evitando tantos pensamentos pervertidos, o que ele deve ter entendido como um não. 

- Você geralmente é tão imparcial assim com os outros? - perguntei já chateada com as ações dele.

- Com aquelas pessoas que não conheço, sim, caso contrario, não. Agora que respondi, será que podemos ir?

Ignorei o que ele disse por ultimo.

- Você me conhece, já sabe o meu nome. Será que posso te mudar da lista de desconhecidos para conhecidos? Qual é o seu nome?

Ele massageou as têmporas com os dedos, visivelmente irritado comigo. Aquilo devia ter me deixado com medo, contudo, o que subiu por mim, foi um calor estranho. Ok, o que estava acontecendo? 

- Você costuma fazer as pessoas perderem a cabeça? Por que se não, está conseguindo. - disse-me ele.

Era um passo em nessa relação, pensei me acomodando melhor no tronco abaixo de mim, nem mesmo ligando pelo meu casaco estar sujando, enquanto prendia o meu cabelo loiro branco em um rabo de cavalo baixo. Se eu pudesse dizer, estaria até mesmo divagando que ele tinha um sorriso de canto com a minha pertinência em continuar naquela floresta.

- Eu não sou uma pessoa chata, não na maior parte do tempo. Quando certas pessoas... - cerrei os olhos - ... Que são obstinadas em evitar pronunciar o seu nome, ai sim, eu me torno insuportável. 

Agora, o sorriso era visível.

- Então, acho que vamos ter uma longa noite, Hyanna.

Não consegui controlar o repuxar dos meus lábios, a vitoria tinha um gosto tão bom.

- Agora que consegui, poderia me dizer o seu nome, Senhor Bruce Wayne?

Ele deu uma risada.

- Ainda estou pensando no seu caso, e continuo na intenção de não dizer nada.

Minha alegria murchou com aquelas palavras. 

- Vou passar a noite inteira sem saber o seu nome, Batman?

- Temos que guardar os nossos rostos, querida - brincou comigo dando uma piscadinha sexy - Mas, deixarei que você descubra. 

Bufei de novo.

- Existem milhares de nomes para garotos, o seu pode ser qualquer um deles, Wayne.

- Então, se vire, Hyanna. - avisou ele com um aceno de cabeça que dizia um belo e lindo “touché”.

Era diferente o modo como meu nome saia de seus lábios. Criavam ondas em meu corpo.Me encolhi contra o tecido grosso branco do meu sobretudo, escondendo-me do frio que em nenhum momento de nosso pequeno dialogo pareceu afeta-lo. O que levantava a hipótese dele ser filho de Artemis, a não ser pelo caso dela não ter filhos. Outra tese descartada.

- Então, acho que vou ter que te chamar de Batman, Bruce, Bruce Wayne ou Wayne, se importa?

Ele sorriu ainda mais.

- Nenhum um pouco, melhor isso do que saber o meu nome verdadeiro.

Sem nada para fazer, arranquei uma flor que estava ao meu lado, e para minha surpresa, ele rangeu os dentes.

- Hyanna, não tire nada do seu lugar - a voz mais fria que antes, um tipo de repreensão pelo o que fiz. Com essa reação, uma nova idéia do que ele fosse cresceu em minha mente. Não, neguei no mesmo minuto, ele não dava para ser um filho de Perséfone, muito menos de Demeter. O que ele era? Um mistério que me encaminhava para sua vida particular.

- Desculpe - falei sem graça. 

Ganhar esporos era algo que já estava acostumada depois de meu pai me obrigar a fazer tantas coisas, que para sua visão, sempre estavam erradas. Apesar de tudo, papai conseguia manter toda a família unida. Lembrando daquilo, comecei a alisar a pequena orquídea branca, inerte nas recordações. Algumas boas, outras ruins. Já fazia uma semana que um grupo de campistas mais experientes tinham ido me buscar na Alemanha, minha terra natal. Tinha sido uma confusão quando eles apareceram em Berlim e me tiraram de uma tremenda emboscada. Depois daquela cena, tudo o que aquele garoto de cabelos loiros e olhos dourados dizia, eu acreditava. Tanto que vim para cá sem pensar duas vezes.

Até agora.

Eu sentia uma falta grande dos sorriso mínimos que papai me dava quando eu conseguia algo grande e certo pela sua visão. Uma saudade enorme da minha irmã mais nova, que era totalmente parecida comigo fisicamente, pois Gisela nunca teve nada de estranhos em seu histórico, nem mesmo foi expulsa de dois colégios. Eu precisava voltar para casa apesar dos erros. Papai sempre me aceitaria.

- Hyanna - chamava o garoto, me tirando instantaneamente dos meus pensamentos - Hyanna, está ai?

- Desculpa, acho que dormi - lhe direcionei um sorriso cansado.

Como se nada houvesse ocorrido, retrocedendo qualquer passo que tínhamos dado, ele cruzou as pernas, os bíceps grandes se mostrando com o aperto dos seus braços contra o peito. Ele era... lindo. Sem duvida. Droga, tudo de novo. E como eu havia pensado, ele fechou o rosto, tornando-o tão severo quanto os olhares de Zeus.

Tremi só de ter aquela lembrança dos azulados raios naquelas orbes. Não havia sido nem um pouco convidativo ou calmante aquela conversa com o deus dos deuses. Na verdade, a pior que já tive em minha vida.

- Bruce, porque você é tão.. Calado? - perguntei querendo me desviar de cada idéia em minha mente.

- Meu jeito - respondeu bruscamente se agachando e tocando levemente a superfície de uma planta. Seus olhos azuis se fecharam por segundos, me deixando apreciar cada parte maravilhosa dele, um verdadeiro deus das sombras, só para retornarem negros, ainda mais intimidante que antes. Como se testando cada ponto daquela floresta, ele estufou o peito, preenchendo com todo o ar que podia seus pulmões e, após, soltando lentamente. Seu rosto era de quem analisava, e não gostava dos resultados.

Aquilo era uma péssima reação, pensei engolindo a seco só com a idéia dele lutando contra mim.

- Não tem nada por.... - comecei falando, mas, para minha pura perplexidade, ele que me calou com um dedo em meus lábios com o corpo pertinho de mim, algo que aqueceu meu sangue. Mas, ele não estava longe agorinha? Quer dizer, um segundo antes, eu tinha certeza de que ele era algo normal [no máximo possível de um meio-sangue], agora, só o que conseguia pensar era no quanto ele se moveu rapidamente. Eu devia mais me surpreender com isso, contudo, aquilo era tão novo para mim quanto respirar para um bebê que acabou de nascer. Eu era totalmente prematura naquele lugar.

- Shhh - fez ele para mim novamente fechando os olhos. Aquilo estava me agoniando. O clima ficava sempre pesado quando ele me deixava sozinha, não me permitindo ver aquele olhar frio. E não foi diferente. Só que dessa vez, não senti frio. Sem avisar, pouco se importando de como estava me pegando, ele me puxou para um abraço estranho, do qual não pude evitar de encolher e apertar bem meus cílios superiores contra os inferiores, mantendo um aperto cerrado e então, perdi o ar.

Não daquele jeito por estar beijando um garoto, ou por ter corrido, ou por qualquer outra coisa, mas sim pela velocidade em que tudo aconteceu. Foi como um golpe em meu estomago, retirando qualquer parcela de uma possível respiração. Só sei que, quando pude ter o meu pé de volta no chão, meu corpo ficou fraco, e eu quase cai no chão.

- Garota de primeira viagem - escutei ele dizer me arrumando de algum modo que pude dar golfadas e golfadas antes de tossir como se estivesse com tuberculose. Ou seja, nada bom. Lentamente, minha respiração foi ganhando um ritmo acessível para ter oxigênio em todo o meu sistema, e consegui achar os músculos corretos para abrir os olhos.

Passou-se um século para que eu conseguisse enxergar algo. Mas, valeu a pena. Curvado e atento, o garoto sorria, quase zombando. Uma ótima visão para quem acabou de quase perder os sentidos.

- O que você fez comigo? - perguntei baixinho notando que meu corpo não estava em total contato com o chão.

- Acabei de te transportar pelas sombras, querida.

Ai, minha cabeça doía. O que tinha acontecido par que tudo ficasse assim? Opa, o que ele disse? Viagem pelas sombras? Sim, sem duvida, era filho de Hades. Mas, e os olhos? Minha mente trabalhava devagar, entretanto, o necessário para que consegui dizer um “Nunca mais faça isso” e escutar sua risada.

- Hyanna - ele chamou segurando o meu queixo, a minha pele queimou naquele local, ardente e potente como nunca. - Qual o seu chalé? Em, Hyanna, seu chalé?

O sono vinha com mais força, e com um ultimo fôlego, falei:

- Chalé dois, Batman.





Kylle Smith di Ângelo.



   Hyanna, como eu não esperava, acabou caindo em um sono profundo depois da nossa passeada pelas sombras. Eu me lembrava bem como havia sido cansativo aquilo quando o fiz pela primeira vez.

Talvez tivesse o mesmo efeito sobre ela, pensei dando um desculpa para aquela reação da garota de cabelos loiros brancos e olhos azuis piscina.   Poderia dizer que ela fosse filha de Zeus, mas o tom estava errado, assim como também de Apolo, e outra vez a cor estaria diferente dos demais. Então, quando ela disse o seu chalé, soube que nenhum a encaixaria melhor.

    Agora, estava eu, com uma menina linda, descordada em meus braços, enquanto eu caminhava para o chalé numero dois.

    As demais construções pareceram sem vida diante daquelas duas a minha frente. O chalé um, de Zeus, prepotente como o deus. Branco com azul, e um ameaçador raio na frente. E, ao seu lado, o chalé numero dois, também de um branco, mas esse... Esse tinha uma coloração mágica. A cada luz ou brilho do luar, as paredes esbranquiçadas viravam um turbilhão de cores, para depois, tornarem para o usual.

    Hyanna se encolheu mais contra mim, sua respiração fraca e com um aroma suave de céu batendo contra o meu pescoço e fazendo meu sangue bombear com mais força em minhas veias. Pela primeira vez, senti uma agonia em meu peito, um tipo de... Ansiedade sobre ela. Sua mãozinha feminina estava intimamente esparramada em meu peito, exatamente sobre o meu coração que batia loucamente. Talvez fosse por causa do que eu tinha escutado na floresta.

   Havia uma movimentação estranha, um tipo diferente de cheiro, quase como se algo estivesse vigiando aquela área. Era um ar denso que provocava medo nas plantas e, logicamente, nos animais que se mantinham quietos e calados de um jeito que nunca tinha acontecido. Algo estava seriamente fora do lugar.

- Pai. Mãe. Zeus - sussurrava ritmicamente Hyanna.

Suas pálpebras se mexiam, me dando a idéia de que estava tendo um pesadelo típico de meio-sangue. Algumas vezes, durante o caminho para o seu chalé, mais exatamente quando dei a volta pelo chafariz, tive a impressão de que ela fosse acordar. Para todos os casos, nada disso ocorreu. Ela se manteve naquele pesadelo, murmurando coisas desconexas para mim e tremendo, o que me fazia apertá-la ainda mais. Como acontecia agora.

   Passando o seu peso para um só braço, o que não era muito, visto que alem de pequena[talvez um pouco maior que Amy] era magrinha, rodei a maçaneta e empurrei com o ombro a porta de madeira requintada e cor branca que alguns diziam ser feita do tronco da macieira que oferecia as famosas maças da imortalidade, dada por Zeus como um presente de casamento a sua mulher, mas nunca alguém teve real certeza se era.

Sem conhecer bem o lugar, ativei o meu modo “noturno”, para visualizar o local. Tudo ali dentro era branco, como uma casa de médico, e, igualmente acontecia nas paredes de fora, ocorria aqui dentro com as luzes e as cores. Só havia uma cama, de dossel, de mesma cor do resto do chalé, com pomposos travesseiros de seda. Uma linda idéia safada brotou em minha cabeça.

Não, aqui não, pensei, imaginando como a deusa acabaria com a minha raça.

Me apressei, deitando-a suavemente apesar do que poderia estar ocorrendo lá na floresta, não sem antes tirar o seu casaco branco sujo, que deixei nas costas de uma cadeira, que mostrou o seu corpo cheio de curvas dentro de um vestidinho azulado, o que resultou em acender meu lado masculino, e a cobrir com o cobertor grosso, um ótimo aquecedor para aquele lugar tão frio. Seu cabelo quase tão branco quanto os travesseiros se esparramaram pelos pequenos ombros, deixando aquele rostinho de boneca a vista. 

Ela não poderia ser mais bonita, falei para mim mesmo a analisando por completo.

E, como tudo que é bom acaba rápido, aqui não foi diferente. Aquele mesmo cheiro opressor me acordou dos belos sonhos e soube que era hora de ir, exatamente como o Batman faria. Mas, não sem antes lhe dar um beijinho na cabeça e encostar os lábios no seu ouvido:

- Sou Kylle, filha de Hera.


O sol já nascia quando eu terminei de vasculhar toda a propriedade do acampamento. Meu corpo estava cansado de tantas vezes que andei entre as sombras, procurando algo fora do lugar e que por acaso não achei. Eu dava passos lentos, analisando os meus sapatos negros que combinavam bem com a minha roupa preta, um tipo de ajuda para quem fica sempre na noite, como o Batman. Um sorriso cadenciado cresceu em meu rosto ao lembrar de Hyanna, a única filha de Hera. Pensei muitas e muitas vezes nela, desejando saber como ocorreu da deusa dos céus resolver trocar o poderoso Zeus por um humano. E me perguntei porque ela não era muito popular ou como ninguém dizia coisas sobre ela, quer dizer, quando se é a marca de uma traição, as pessoas não pensam duas vezes antes de começar a falar.

Estava centrado nisso, quando bati em Paris. Como todos os demais dias, seu rosto estava um misto de cansaço e preocupação. De alguma forma, aquela neta de Hefesto fez com que nosso primo ficasse louco ali, esperando qualquer reação dela depois daquele episodio com o lestrigão , do qual Amy saiu ferida.

As vezes, eu via Will ir para o seu chalé, também esgotado, mas nunca desistindo dela.

Eles não deixariam ela morrer, não mesmo.

Danika quase não aparecia, também triste por tudo e Lucien ficava consolando-a.

Lembrando-me disso, me senti egoísta. Todos sofriam quando eu estava sorrindo por ai.

- Bom dia - sussurrei para ele, por algum motivo onipresente usando o tom baixo.

- Bom dia, Kylle - um sorriso cansado apareceu em seu rosto, jamais suavizando as linhas de tensão em seu rosto - Como foi a noite?

- Doida - admiti dando-lhe um tapinha nas costas - Como ela ta?

- Amy? - ele falou com preocupação na voz - Está se curando lentamente, mas é melhor que nada.

- Espero que ela fique bem, Paris.

- Somos dois, primo, ela tem algo a nos contar e do qual prefiro fazer só quando Amy estiver acordada.

Assenti compreensivo. Era estranho ver Paris desse modo. 

- Você deve estar exausto - disse ele com um aceno para o chalé que meu pai também ficou - Acho melhor ir descansar um pouco, está com cara de que vai desmaiar a qualquer minuto.

- Você também, Paris. Tente descansar.

- Difícil, mas é isso que vou tentar agora. Minha nova missão.

Sorri daquilo, dando um aperto na sua mão.

- Vou indo, qualquer coisa é só me chamar no chalé, já sabe disso.

Falado isso, ele me deu as costas e de cabeça baixa, foi andando para o chalé de Poseidon. Cada dia, ele parecia ainda mais acabado, o que nunca era bom para um meio sangue. Como não podia fazer algo, caminhei para o meu aposento, que já estava com a porta aberta, uma coisa que não era estranha por ali. Como pensei, Diego estava lá, procurando alguma coisa.

- Você viu a minha adaga? - perguntou ele assim que me viu ir em direção ao banheiro.

- Não - não tava afim de conversar também, tinha muita coisa em minha mente. Por causa disso, tranquei a porta atrás de mim e me despi, indo logo para o chuveiro. Outro calmante para mim, alem da noite, era água por algum fato que não sei. Só fazia meus músculos descongelarem e meu corpo relaxar. Reproduzi o ritual rotineiro: lavar o cabelo, me ensaboar e ficar um pouco debaixo do chuveiro, em cinco minutos.

 Quando sai me secando do banheiro, Diego já havia ido embora e porta estava fechada. O silencio era tudo de bom. Em questão de segundos, o quarto tinha virado um breu e eu tinha me jogado na minha cama, esparramado, logo, dormindo. 


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Notas finais do capítulo

Betado por minha prima, Gabriela! Como sempre me aturando!
ashuasuhhuashuashusa
Enfim, espero que tenham gostado e mereço rewis? ^^
Beijinhos e até o próximo!