Capitulo cinco: incrível façanha

Não acreditei que eu havia conseguido a incrível façanha de cortar-me com o papel na frente de sete vampiros. Bem pelo menos, se eu estivesse certa e aquela fosse minha mudança final eu estava com sorte, não era nada muito grave. Levei meu dedo à boca para parar com o sangramento e levantei minha cabeça.

Tudo ocorreu muito rápido.

- não! – Edward gritou vendo que Jasper estava no momento correndo até mim, isso sim era ruim. Ele interpôs-se na minha frente, jogando-me contra a parede e me fazendo cair em cima de estilhaços de cristais e rosas. Estava preparada para fazer algo se necessário, entretanto Edward não sabia que eu era capaz e tentou me proteger do próprio irmão.

Mesmo com Edward o contendo Jasper não foi capaz de acordar para a realidade e perceber o que ele estava fazendo, Emmett foi ajudar Edward enquanto Carlisle vinha a meu socorro. Com dificuldade os dois Cullen conseguiram tirar o Jasper da sala

- acalme-se Bella – foi com a voz de Carlisle que percebi que meu braço também ardia, ele também sangrava. Um corte enorme havia se formado com os cristais e tive a leve impressão que ele aumentava lentamente.

Fiquei desesperada, o que era aquilo que estava acontecendo comigo, meus cortes tendiam a diminuir, não a aumentar. Após conferir mais uma vez e ver que realmente o meu corte estava aumentando meu desespero aumentou e lágrimas começaram a escorrer, junto com soluços periódicos que escapavam dentre os meus lábios.

- shhh Bella – Carlisle ia me pegar no colo para me tirar dos estilhaços do chão.

- não Carlisle – afastei-o com a mão boa, temendo que se eu mexesse o outro braço o corte aumentaria mais ainda. – não é uma boa idéia – minha garganta havia voltado a arder, e muito. Peguei-me pensando em como o veneno do Carlisle seria bom.

- não se preocupe Bella, não irei te machucar. – Carlisle tentou se aproximar novamente e mais uma vez eu afastei-o.

- eu preciso sair daqui – disse entre soluços. Tentando me levantar.

- Bella, você não pode, está sangrando demais. – ignorei totalmente sua fala e sai correndo, em velocidade humana, pela porta da sala, enxugando minhas lágrimas.

Vi Emmett, Alice e Edward acalmando o Jasper, ele já estava controlado, mas os outros não acreditaram, todos olharam para mim quando eu passei correndo do outro lado do jardim. Jasper levantou-se para tentar vir atrás de mim, não com o intuito de me atacar, mas, sim, para me ajudar. Porém os outros não acharam que fosse isso e seguraram-no. Edward tentou vir atrás de mim, mas Carlisle e os outros Cullen o impediram.

- ela não quer ajuda – Carlisle repassou em sua mente tudo o que havia acontecido lá dentro. Edward sentou no chão, colocou suas mãos na cabeça e ficou murmurando ‘não’ baixo varias vezes.

Já havia entrado na floresta a esse ponto, corri vários metros para dentro da mata, meu braço não parava de sangrar, mas depois de um tempo distante dos outros o corte parou de aumentar. Rasguei um pedaço da barra do vestido e ‘enfaixei’ o meu braço com ele, assim o sangramento pararia. Sentei num tronco caído coberto de musgo e fiquei ali em minha crise de choro.

Acompanhei tudo o que os Cullen faziam pela mente do Jasper, apesar de ainda poder ouvir um fio da voz deles pela distância que eu estava.

“Alguém tem que ir atrás dela” Jasper disse.

“Não sei filho, ela não queria que eu nem mesmo a tocasse, ela disse que precisava sair daqui” Jasper chegou a notar qual era o meu verdadeiro problema, mas ele não pode contar a todos.

“Mesmo assim ainda acho que alguém deva ir atrás dela, ela está sangrando ainda” ele usou outro argumento.

“Ela não pode ter ido longe, eu concordo com o Jasper” Esme falou preocupada “está escuro demais, para ela enxergar alguma coisa” Jasper deu uma risada interna.

“Eu não ouço seu coração Esme” Rosalie disse. Surpreendi-me que tivesse sido ela a notar isso.

“Eu vou atrás dela” Alice candidatou-se, mas pareceu que Jasper não gostou muito. Ele sabia do meu problema. Ele sabia do risco.

“Você não, Alice, você não vai sair do meu lado” Jasper disse protetor. Edward ainda estava absorto demais em seu transe para candidatar-se.

“Eu vou tentar novamente Alice, pode ficar aqui.” Carlisle disse e entrou na floresta para me procurar. Ele não teve muito trabalho, apenas seguiu a minha trilha de sangue que eu havia deixado.

Ignorei todo o mundo ao meu redor e coloquei a mão na minha cabeça, meu choro não parava. Eu não acreditava que eu pudesse ter pensado aquilo sobre o Carlisle, isso estava corroendo-me por dentro. Carlisle, logo ele que já havia me ajudado tanto, já havia guardado meu segredo dos outros, como eu poderia ter pensado mesmo que por alguns segundos em como seria o sangue dele.

- Bella? – Carlisle finalmente havia chegado até o final da ‘trilha’

- Carlisle… desculpe-me Carlisle, eu não queria, foi instintivo, desculpe-me Carlisle eu não queria mesmo. – comecei implorar pelo seu perdão, ele não saberia o porque, mas já serviria para mim.

- Bella do que está falando?… shh está tudo bem – ele chegou perto de mim e me abraçou, parecia um pai confortando uma filha.

- desculpe Carlisle eu não queria mesmo.

- claro Bella, você não fez nada de mais, faz parte do seu instinto fazer isso – ele passou a mão pelo meu cabelo. – venha vamos voltar.

- não eu não posso. – disse e olhei para o meu corte.

- mas eu preciso dar um ponto no seu machucado. – ele também olhou para ele. – o que você fez ai? – Carlisle voltou a se aproximar. ‘não respire Bella, não respire’ repeti para mim mesma. – é, parece que funcionou – ele disse após tirar o pedaço de vestido enrolado em meu braço. – parou de sangrar - completou. – venha vamos, agora não tem porque você temer voltar para lá. Ao menos se for Alice, ela te matará por causa do vestido, ninguém te atacará Bella.

- não é por isso, é que tem muito sangue lá, eu não me dou muito bem com o meu próprio sangue. – inventei uma desculpa na hora, eu não tinha nada contra o meu sangue, bem só pelo motivo obvio.

- a essa hora a Esme já vai ter… - ele parou de falar vendo o meu olhar implorando a ele. – ok, onde quer que eu te leve, porque eu preciso fazer esses curativos e aqui no meio da floresta não é um lugar muito higiênico.

- acho que ir para o hospital não vai rolar não é? – confirmei com ele, além disso, se eu fosse para lá meu pai saberia a ‘gravidade’ do machucado. Carlisle concordou sobre o hospital. – ok… eu volto lá para sua casa, mas se não se importasse eu gostaria de ficar na varanda ou em algum lugar bem ventilado.

- vamos antes que isso infeccione – ele preparou-se para me pegar no colo

- não, obrigada – recusei gentilmente – vou andando. – ele lançou-me um olhar de duvida. – eu estou bem – disse e limpei os últimos traços das lágrimas, tentei dar uma ajeitada no cabelo, para não ficar parecendo que eu havia acabado de correr floresta adentro, não pareceu que eu tive muito resultado. Passei a mão pelo meu vestido tentando tirar um pouco da terra que estava nele e um pouco dos amassados também, não seria bom se eu chegasse lá com a aparência de um mendigo vestido com roupas de grife velhas. Jasper poderia achar que eu havia feito algo ‘errado’.

Em pouco tempo, mesmo assim, maior do que o necessário, já que eu tive que andar a passos humanos ao lado de Carlisle, nós chegamos a clareira aberta para a construção da grande casa no meio.

- Bella! – Alice veio correndo até mim – você está bem? – ela perguntou preocupada. Afirmei com a cabeça. Ela avaliou-me das cabeças aos pés, sua expressão mudou – o que você fez com o vestido? – ela perguntou como se eu tivesse assassinado seu irmão.

- tinha parar o sangramento Alice, desculpe-me. – falei sem muita animação, estava cansada, exausta, seria melhor dizer. Não era normal eu sentir-me assim, mas pelo visto as coisas que eu achava normal no meu corpo não estavam mais se aplicando.

- vamos dar um ponto logo nisso para que você possa voltar para casa e descansar, você parece que vai desmaiar a qualquer momento. - e como sempre isso não seria uma boa coisa, pois dessa vez o que eu sentia que precisaria seria mais do que veneno diluído no sangue de um humano qualquer.

Segui Carlisle pela casa esperando que ele tivesse levado meu pedido de um lugar arejado a sério, não demoraria para eu voltar a ter pensamentos sobre o veneno dos Cullen se eu ficasse em um lugar fechado. Felizmente Carlisle levou a sério e me levou até seu escritório abrindo a janela e colocando uma cadeira lá perto para eu me sentar

Olhei janela a fora enquanto Carlisle dava os pontos necessários em meu braço, ele se impressionou como tamanho do corte, achava que ele tinha sido menor – é, bem, ele estava certo.

Reparei na escuridão que se estabelecia lá fora, olhando a floresta deste ponto de vista ela parecia um tanto sinistra, como se mais alguma coisa, alem de mim, sete vampiros e algumas espécies de animais, rondasse por ela. Estremeci, algum dia eu me encontraria com o que quer que fosse, mesmo eu já tendo uma leve noção do que era.

- está doendo Bella? – Carlisle perguntou pelo fato de eu ter estremecido, parando momentaneamente de limpar os últimos rastros de sangue.

- não – disse levemente enquanto chacoalhava minha cabeça para os lados. – só estava pensando em algumas coisas que serão inevitáveis no futuro – Carlisle apenas me encarou sem dizer nada. Assim que pronunciei as palavras me arrependi, analisando a frase melhor ela tinha um sentido estranho junto com tudo o que havia acontecido hoje.

Carlisle passou mais algumas vezes o pano em meu braço e me encarou por alguns segundos me analisando.

- bem, acho que você já está pronta, vamos descer para o Edward te levar para casa. – encarei-o de volta sem sair do lugar apenas me levantando, pois ele havia se levantado. Estava em duvida se perguntava ou não.