Cheguei em casa olhando para os lados e trás como se fosse uma fugitiva da polícia, Jake poderia chegar ali a qualquer momento e temia a reação que ele teria com a minha ‘alta’. Tentando parecer uma pessoa normal que havia cabado de receber voltar do hospital, entrei pela porta da frente. Suspirei, a casa estava uma bagunça, tudo, exatamente tudo, estava revirado, como se um furação tivesse passado por ali. Fechei meus olhos por uma fração de segundo e consegui enchergar Charlie virando e derrubando tudo o que via pela casa. Ele achou que eu havia morrido… suspirei novamente e abri os olhos, isso era só um presságio do que aconteceria quando eu parti-se.

Só na faculdade – repeti para mim mesma.

Procurei o interruptor paraligar a luz e congelei.

O cheiro no ar era doce, doce demais para minha casa. Doce demais para qualquer coisa que não fosse um vampiro. Inspirei fundo com os olhos fechados tentando prestar o máximo de atenção em tudo, também fiquei atenta a qualquer barulho dentro de casa. Abri os olhos e olhei ao redor… Alice.

Quase que no mesmo instante, como se eu a tivesse chamado ela surgiu na minha frente. Tecnicamente era para eu correr para o meu quarto e destruir tudo que tinha causado aquele “acidente”, porém…Alice não era o papa.

- Bella! – ela disse com sua animação acima do normal. O medo que eu estava de Jake aparecer ali aumentou, era provável que ele sentisse o cheiro a metros de distância fazendo com que ele se transformasse e entrasse em casa destruindo tudo até achar a fonte do cheiro doce. – como você está viva? Eu vi… - ela parou no meio da frase parecendo ser engasgada com um nó em sua garganta que prendia o resto – eu vi você morrer… sua garganta estava cortanda – Alice disse soluçando. – POR QUE RAIOS VOCÊ TENTOU SE MATAR BELLA?! TEM NOÇÃO DE COMO EU FIQUEI PREOCUPADA? – senti um calor subir pela minha espinha dorsal enquanto ela gritava comigo.

- repete o que você disse! VOCÊ FICOU PREOCUPADA?! Tem certeza?! Porque não foi isso que pareceu quando você foi embora sem sequer se despedir… posso falar o que eu quiser sobre o Edward mas pelo menos ELE teve a coragem de me encarar e dizer que não queria mais ter a minha companhia! – descontei toda a raiva que eu estava de todos os Cullens sobre ela, não pretendia fazer isso, principalmente por causa do Jasper, mas não aguentaria mais enrolação e mentira.

Alice me olhou perplexa após absorver o que eu havia falado. Sua feição começou a se contorcer em uma careta de sofrimento e seus soluços voltaram, dessa vez mais fortes e altos. Ela deu dois passos para trás e sua boca se entreabriu, mas nenhum som saiu dali.

- desculpe – ela conseguiu dizer por fim. Um soluço forte irrompeu no silêncio. – eu só fiquei… esquece… foi um erro ter vindo, Edward pediu para nós mantermos distância. – ela se virou para ir embora. – DROGA! Suspirei internamente, arrependeria-me eternamente do que estava prestes a fazer, mas Jasper me mataria se a deixasse nesse estado.

- espere Alice… - suspirei pesadamente. ‘o que eu não faço por você’ disse baixinho para mim mesma – desculpe-me não deveria ter gritado com você é só que não suporto que as pessoas façam o mesmo comigo.

- não Bella eu que me desculpo, eu gritei primeiro.

- todas perdoadas, agora o que você veio fazer aqui? – comecei a conversação novamente. Segurando minha raiva pelo Jasper, ele havia pedido para eu perdoá-la… estava sendo mais difícil do que eu havia imaginado, deveria ser porque considerava ela uma grande amiga antes de partir.

- você ainda pergunta?! Vim desesperada para cá achando que você tinha morrido, esperava encontrar um Charlie desesperado e não uma Bella alegre adentrando a casa.

- bem… acho que se tivesse chegado mais cedo você encontraria a primeira opção – indiquei para casa revirada.

- na verdade, eu vi essa cena em minha visão também, foi o que me fez vir correndo para cá.

- o que você viu Alice? – perguntei curiosa. Sim, eu sabia que ela havia me visto com o pescoço cortado, mas não sabia o que ela tinha visto antes e depois disso.

- você deitada no chão do seu quarto com uma roupa vermelha e com o pescoço cortado. – suas palavras saiam com um pouco de dificuldade. – então tudo ficou escuro, não vi mis nada durante um tempo, nisso eu fiquei desesperada, praticamente sai correndo e gritando pela casa e, então, veio a pior cena – seus olhos ficaram desfocados por um instante, ela estava revivendo a cena em sua cabeça. Vi seus ombros tremerem. – Charlie estava desesperado deixando a casa de cabeça para baixo… a mesa estava virada quando cheguei aqui, fui eu quem desvirei-a. Ele dizia repetidamente que ele era o pior pai do mundo… por que tentou se matar Bella? – ela repetiu a pergunta dessa vez mais calma.

- ah, não foi isso… foi um acidente – teria corado se estivesse num melhor estado, o que me fez lembrar das minhas necessidades, precisava ingerir veneno. Alice me abraçou de repente. Paralisei. Ela não poderia ter escolhido melhor hora para isso?! Afastei-a gentilmente dando um sorriso amarelo.

- desculpe, não aguentei, só de pensar em perder a minha melhor amiga – ela deixou sua voz morrer no ar. Trinquei meus dentes para não gritar com ela novamente. respirei fundo e procurei por outro assunto.

- você deve estar com sede – disse olhando para seus olhos escuros e vazios como o universo.

- estava indo caçar quando tive a visão – ela disse envergonhada.

- antes de você ir… alguém mais sabe que você está aqui? – perguntei pensando em Jasper

- nem mesmo o Jasper. – ela disse e eu peguei meu celular para confirmar o desespero que eu previa vindo de Jasper.

Vinte e quatro chamadas perdidas e oito mensagens. Suspirei audivelmente.

- o que foi? – Alice perguntou tentando ver meu celular.

- nunca mais vou para um hospital sem meu celular. – disse simplesmente. Das vinte e quatro chamadas duas eram de Jake, quatro de Freak e as outras dezoito do marido desesperado de Alice. Sem nem ver as mensagens que eu tinha certeza também serem dele mandei uma para tranquilizá-lo. Achei que um “a Alice está, sim, aqui comigo, não se preocupe cuidarei dela” já estava mais do que suficiente considerando que ela estava a minha frente.

Ouvi um carro estacionar na frente de casa, não era a viatura de Charlie e muito menos o meu carro, que eu adoraria saber onde se encontrava. Jake desligou o carro  desceu dele despreocupado. – ele ainda não havia notado que eu e a Alice estavamos ali. Ótimo! Daria facilmente para nós nos escondermos e ele não notaria que eu estava em casa quando, na verdade, deveria estar no hospital. Apaguei a luz rapidamente e puxei Alice pelo pulso para a cozinha tampando sua boca para que ela não emitisse nem um som.

Observei Jacob entrar pela porta da frente e paralisar logo nela. Droga! Meu cheiro! Preparando-me para ouvir como se não houvesse amanha esperei que o Jake olhasse em minha direção com uma cara assassina. O que ele fez logo em seguida acabou por me suspreender, ao invés de vir até mim ele foi até o sofá onde eu estava sentado a pouco. Alice ficou dura atrás de mim enquanto Jake atendia o telefone e imagens surgiam em meu cérebro.

Edward se encontrava em lugar deplorável enquanto falava ao telefone com alguém, assim que a ligação se encerrou destruiu seu celular com a mão. Ele correu desesperado sem lugar definido…

De repente seu destino muda.

Construções em pedra me vem a mente, uma sala com três tronos, os reis vampiros sentados nos seus devidos lugares enquanto uma cabeça rolava ao chão.

Forcei a mim mesma a sair da visão antes que eu conseguisse ver o rosto dono da cabeça ou o corpo do mesmo. Porém algumas imagens insistiram em voltar.

Edward se expondo ao sol em baixo da torre do relógio.

Quando voltei a mim Jake já estava ao meu lado com o telefone desligado me olhando furioso. Bem, pelo menos pensava que o olhar era para mim até notar Alice também o encarando.

- só não se matem – disse chamando atenção para mim. – como nos viu aqui?

- você gritou – Jake disse como se eu fosse louca. – além disso vi seu celular… por falar nele o Sanguessuga pai ligou. – reprovei-o com o olhar e lembrei de minha visão. um sanguessuga havia realmente ligado, mas esse não era o Carlisle

- está enganado. – senti o meu sangue fugir da minha cabeça. Vamos Bella não é hora para você desmaiar. Disse para mim.

- era Edward – Alice se pronunciou.

- cala boca rodapé que ninguém te chamou na conversa. – Jake disse encarando-a bravo.

- não Jake, vou ter que concordar com ela. Era Edward. – Alice lançou um olhar significativo para mim.

- desde quando vocês voltaram a se entender Bella? É assim agora? Te abandonam e quando voltam você está esperando de braços abertos?! Não foi bem isso que você me falou sobre o modo que agiria Bella! – Jake falou decepcionado.

- nós temos tempo Alice, vá caçar e quando voltar nós vamos atrás do seu irmão. Enquanto estiver chupando o sangue do seu precioso bichinho aproveite para pensar em como você vai me explicar o fato do Edward saber que eu “morri”. – ela saiu da casa rapidamente sem esitar, o cheiro que o Jake emanava não era nada agradável a seu olfato.

- como você saiu do hospital?- Jacob disse me seguindo até o meu quarto. Fiz uma careta quando nele cheguei, aquele lugar estava horrível.

- bem, foi fácil até. – virei-me para ele por uns instantes e voltei meus olhos para o caminho até meu closet. – o médico tem uma mente totalmente aberta.

- Bella! Você deveria estar se recuperando do acidente e não perambulando por ai! – ele reprovou-me.

- o melhor jeito de eu me recuperar do acidente é com isso aqui – mostrei a garrafa que eu havia acabado de pegar do meu frigobar – e não com doses e mais doses de analgésicos. – sua face demonstrava sofrimento. – escute Jake. – disse me aproximando dele e dando um gole no líquido, era revigorante a sensação que aquilo me causava. – não é só porque falo com vampiros que lobisomens não podem ser meus amigos. Não vou deixar de gostar de você  ou de fazer as maravilhosas rondas porque a baixinha veio, nem sei se ela irá ficar…- dei mais um gole - Agora tem uma coisa que eu quero que saiba – e mais outro – o telefonema que recebeu, na verdade, era de Edward, não ouvi o que você disse e nem quero que você repita, mas algo deu a entender que eu estava realmente morta. Agora ele está indo para uma espécie realeza vampira acabar com a sua vida. Eu sei ele é um idiota e tudo mais, porém não vou deixar ninguém acabar com a própria vida por achar que eu estou morta. Quando Alice voltar eu vou com ela atrás dele e eu realmente espero que você não deixe de ser meu amigo por causa daquele babaca. – vi um sorriso brotar em sua face. – fique com você. – tirei a pulseira que eu usava e coloquei na palma de sua mão – ela é uma das coisas mais importantes que eu tenho é uma pulseira muito antiga que a mãe da minha melhor amiga achou quando estava empacotando as coisas dela e me deu, o pingente original está guardado em uma caixa, porém prefiro manter a pulseira comigo.

- por que está me dando isso? – ele perguntou sem entender

- não estou te dando, estou te emprestando como forma de garantir que nós nos encontremos pelo menos uma vez depois que eu volte, nem que seja para você me dizer adeus e entregar a pulseira… só espero que entregue,no mesmo nivel de importância dessa pulseira só tem meu anel – mostrei o anel preso em meu pescoço por uma corrente dourada no mesmo tom do ouro do anel.

- afinal você nunca me disse o que ele significa – Jake estava emocionado pela pulseira que eu havia dado a ele. Claro que ele nunca demostraria tal emoção. Fiz uma careta com o seu pedido, ele não gostaria nenhum um pouco do significado do anel.

- é a aliança de Matt – disse com a voz baixinha mesmo assim sabendo que ele ouviria. Seu futuro acesso de raiva foi itenrrompido por uma Alice desesperada.