Capitulo trinta:

- esperava te encontrar em um estado melhor – ela deu uma risada sarcástica. Pronto, o filme de terror estava armado. – eu até ficaria aqui falando com você enquanto você grita desesperada, mas Bella, você tem que aprender que depois que nos cortamos para se matar não tem volta, tudo irá caminhar para a morte.

Não acreditava que no final tudo iria acabar do jeito que ela queria, ela sorrindo enquanto eu morria dolorosamente.

- e também Bella, querida, se cortar quando tem vampiros sedentos por seu sangue perto não é uma boa idéia, você não iria querer ser mordida. – ela disse como se falasse por mim, me reprovando ao mesmo tempo.

- por favor – consegui murmurar com uma voz muito fraca e sofrida. Senti nesse momento tudo desmoronar, inclusive meus poderes, estava totalmente desprotegida.

- não, mesmo eu me segurando, eu não faria isso, te morder e ver seu sofrimento acabar – ela chegou mais perto, meu corte aumentou mais um pouco e eu gritei mais uma vez. – não,- ela pensou mais um pouco - nada disso, ver essa cena é muito mais divertida.

Ela ficou brincando com os meus cachos segurando a respiração. Conseguia ver a raiva, a dor, os ciúmes em seus olhos. O corte da garganta chegou ao ponto que não poderia aumentar mais, vi pequenas linhas vermelhas surgirem em meus braços, pulsos e mãos, elas não doíam, mas iriam, como a garganta se ela não acabasse com isso logo.

- bem, acho que já vi você sofrer o bastante e essa sua cara é hilária, deveria tirar um foto de lembrança, porém tenho mais coisa para fazer, preciso mandar uma recordação para o seu amado… e não me importaria se ela fosse sua cabeça. – ela chegou perto do meu pulso para mordê-lo.

- Bella! – Jake interrompeu pela porta desesperado. Ele olhou para mim no chão, me viu com toda aquela poça de sangue ao meu redor, minha roupa que havia virado vermelha e a Victoria ajoelhada sobre mim com a cabeça perto do meu pescoço. Seu desespero aumentou, ele rosnou alto fazendo Victoria se virar para ele.

- voltarei para completar minha vingança, foi muito divertido conversar com você Bella. – Victoria disse e saiu correndo.

Por instinto Jacob saiu correndo atrás dela, bem, correndo não é a palavra certa. Assim que ele saiu do meu quarto pela mesma janela que Victoria ouvi sua transformação ocorrer.

Não chegou a se passar um minuto quando vi o Jake e o Sam entrarem pela porta do meu quarto. Sam, assim como o Jake havia feito, se assustou com o meu estado. Ele se aproximou calmamente sem saber para onde olhar, sem saber o que falar.

- calma Bella, nós a levaremos para o hospital. – Jake disse e fez menção de me pegar no colo.

- não é melhor chamar uma ambulância? Sei lá o pescoço dela parece que vai partir a qualquer momento. – Sam disse olhando com uma cara estranha para o meu pescoço.

- não sei, a ambulância pode demorar. – não agüentava mais aquela discussão sobre o que fazer, não sabia se eu estava à beira da morte, mas já via alguns pontos pretos.

- calem a boca – disse com uma voz fraca – não preciso ir para o hospital. - A ultima coisa que eu queria era a cidade inteira sabendo desse acontecimento, assim como eles ficaram sabendo do meu fora.

- vamos levar ela logo – Jake decidiu ignorando completamente o que eu disse. Ainda me pegando no colo – me ajude com a cabeça dela.

Os dois me carregaram até o meu carro.

- Se vocês me fizerem sujar o banco do meu carro de sangue vocês estão mortos.

- Bella isso não é hora para se preocupar com o banco do seu carro. – ele entrou no banco de trás me deitando ali enquanto Sam ia ao lugar do motorista. Assim que o Jake fechou a porta Sam acelerou o carro como eu nunca havia acelerado, pelo menos não perto da minha casa.

Em pouco tempo o Sam estacionou na área da emergência, Jacob havia ligado durante o caminho para emergência, então, eles já nos esperavam ali.

- senhor, saia você primeiro para podermos tirá-la – um dos paramédicos disse para o Jacob.

- se finja de desacordada Bella, ninguém nesse estado ainda teria consciência. – Jake disse antes de sair do carro.

- o que aconteceu, senhor? – uma enfermeira disse ao Jake enquanto algumas pessoas me tiravam do carro.

- não sei ao certo, eu a deixei na frente da casa dela e fui embora, depois de um tempo olhei para o banco do lado e vi que ela tinha esquecido a bolsa dela, então eu dei meia volta. Quando cheguei à casa dela a porta estava destrancada, por isso, entrei, subi para o quarto dela e quando cheguei lá encontrei-a nesse estado.

- levem ela para a emergência, parece ter sido um corte profundo. – e mesma enfermeira que perguntou ao Jake gritou – senhor, me acompanhe, precisarei que você preencha um formulário. - Ela levou Jake junto com ela para longe.

comigo fingindo estar desacordada os paramédicos me colocaram na maca e começaram a me levar para dentro do hospital. Ouvi Sam partir com o carro, ele estava indo falar com o Charlie, que estava na casa de Harry para cuidar das coisas juntos com Sue, se eu não tivesse nesse estado o teria impedido.

Já dentro da sala de cirurgia o Dr. Gerandy limpou meu ferimento aplicou-me uma anestesia e costurou os pontos em minha garganta. Limpando mais um pouco enrolou uma gaze para cobrir o corte, agora fechado, e trocou a bolsa de sangue. Ele me deixou apenas com as enfermeiras e disse que iria falar com o responsável. tecnicamente eu não tinha um responsável, mas na mente dele esse seria o Charlie.

 - o que fazemos com ela? – perguntou uma enfermeira para outra.

- não sei, acho que ela só ira acordar daqui algumas horas, ela perdeu muito sangue. Deveríamos transferi-la para um quarto, ela não pode ficar aqui na sala de cirurgia, outros podem precisar. – a outra concordou com ela.

Após estar acomodada e sozinha no quarto, abri meus olhos e verifiquei exatamente onde me encontrava, as paredes eram brancas, ao lado da cama havia uma poltrona e, encostado da parede, estava um sofá de três lugares. Havia uma tv desligada em um suporte de parede e a porta para o banheiro na parede em que a cama estava encostada.

Ouvi passos vindo em direção ao meu quarto. Fechei os olhos rapidamente e voltei a fingir que dormia num sono profundo.

- aqui está ela – o doutor disse ao Charlie após entrarem no quarto.

- Bells! – meu pai disse preocupado vindo em minha direção – por que você fez isso com você, Bella? Está tudo bem com ela? – Charlie voltou-se para o médico e perguntou.

- sim, ela perdeu muito sangue creio que se ele tivesse chegado alguns segundos depois ela não teria agüentado. – ele disse com uma falsa pena, esse médico não tinha ido nem um pouco com a minha cara, mas ele tinha uma consideração pelo meu pai para fingir.

- quando ela irá acordar? – ele perguntou um pouco mais relaxado. Tirei isso como minha deixa para acordar.

Abri os olhos interrompendo a estimativa que o Dr. Gerandy dava. Ele olhou assustado para mim, assim como as enfermeiras ele achava que eu demoraria mais algumas horas para ficar lúcida.

- Bells! Você está bem? – Charlie disse preocupado.

- estou sim pai – falei com uma voz meio rouca e baixa. Jake abriu um sorriso com a minha encenação. – o que aconteceu? – perguntei ainda com a voz rouca.

- Jake encontrou você no chão do seu quarto, com uma poça de sangue ao seu redor… por que você tentou se matar Bella? – an? Como assim? Ele estava pensando que eu tinha tentado…? Ah claro, era a coisa mais obvia para se pensar quando se encontra alguém com um corte no pescoço em um quarto vazio é que ela tentou se matar, mas eu não podia passar essa imagem para Charlie, ele achava que eu estava inteiramente bem depois que eu voltei de Phoenix e queria manter essa imagem.

- não foi isso pai, eu não tentei me matar, foi um acidente o que ocorreu. – ele afirmou com a cabeça como se tivesse acreditado, mas ele não chegou nem perto disso. – como está a Sue? – Charlie fez uma cara sofrida. Jake entrou no quarto no mesmo momento.

- ela está sofrendo muito, amanhã, na parte da tarde, será o funeral. – percebi que Charlie gostaria de estar lá para ajudá-la, mas não o fazia, pois queria ter certeza que eu estava bem.

- é melhor você ver como ela está e ficar lá com ela para preparar o resto das coisas, não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. Jake ficará aqui comigo. – ele ficou indeciso – serio pai, estou bem, vai logo.

- ok, estou sentindo que você está me expulsando daqui – dei um olhar reprovador para ele. Charlie saiu sem falar mais nada.

O clima no quarto ficou estranho, eu, Jake e o médico revezamos olhares um entre os outros, ninguém falou nada por um tempo, então, o Dr. Gerandy percebeu que quem estava causando o clima era ele e com uma frase de volto logo saiu do quarto.

- oi Jake – disse sorrindo. Ele se aproximou e sentou na poltrona ao lado da cama.

- você está bem? O que aconteceu?

- não sei ao certo, quando faz muito tempo que eu não… vampiros, apenas por eu me aproximar de um o meu corpo causa cortes propositais em minha pele para eu sangrar e… você sabe.

- mas, mas, se seu corpo faz isso, como você conseguia ficar perto do… deles antes?

- isso foi um avanço, começou quando fiz dezoito anos, foi meio que por isso que os Cullen me deixaram, fazia tempo que eu não caçava, o Jasper também, e então eu comecei a sangrar – meus olhos se encheram de lágrimas. Não. Eu não choraria por eles nunca mais. Engoli o choro e continuei – o Jasper se descontrolou e me atacou.

- então…

- sim, apenas por Victoria estar perto da minha casa, e eu ter sentido o cheiro dela desse modo os cortes começaram. Desconfio que o cheiro que estava no álbum, no Cd e nas passagens ajudou um pouco também.

- por que seu corpo faz isso?

- para que o vampiro descontrole-se com o cheiro e me ataque logo fazendo com que indiretamente eu “beba” seu veneno.

- e se ele continua sem te atacar?

- como Victória fez? – ele assentiu – bem acho que meus cortes continuam aumentando. Resumindo: se o vampiro não me ataca eu explodiria em sangue – dei uma leve risada, Jake também riu encarando minha última frase como brincadeira. - falando na Victória o que aconteceu com ela? – perguntei rápido, pois ouvia os passos de uma enfermeira se aproximando.

- é melhor deixar a paciente descansar por um tempo – ela disse com um sorriso falso da porta.

- só me de mais cinco minutos vou me despedir dela. – a enfermeira desmanchou o sorriso e saiu.

- você sabe muito bem que eu poderia mudar mente dela, não?

- sei sim, mas eu preciso fazer algumas coisas de qualquer modo, só volto amanha com algumas roupas para você ok?

- você não vai ao funeral do Harry?

- ficarei com você. – ele abriu um sorriso, me deu um beijo na bochecha e foi embora. Abri um sorriso quando ele passou pela porta, Jake era um grande amigo, sabia que ele não me via desse jeito, ou melhor, ele desejava que fossemos mais do que isso, mas não poderia trair Matt, pois esperava que ele agüentasse tanto quanto eu, embora eu duvidasse um pouco disso.

Fechei meus olhos e deixei que meus pensamentos fluíssem, precisaria pensar em algo bem interessante que me deixasse ocupada durante um bom conjunto de horas. De inicio não achei nada que me interesasse, olhei em volta a procura do meu celular pretendia ligar para primeira pessoa que visse na agenda telefônica, mas isso não foi possível, meu celular não estava ali, Jacob deve ter se esquecido de pegar. Voltei ao meu plano inicial arranjar algum pensamento.

Pensei em que todas as pessoas que eu conhecia estariam fazendo no momento, umas dormindo, o que eu adoraria poder fazer, outras fofocando com alguém sobre alguém, e outras apenas rindo de alguma piada ruim. Isa devia fazer parte das pessoas que estavam rindo, talvez sem motivo, talvez com. Provavelmente ela estava com o Matt se divertindo em algum lugar em Phoenix. Meus amigos de lá se arrumando para irem a algum lugar a noite, opções era o que não faltava.

Fiquei perdida navegando em meus pensamentos que não vi as horas passarem, exatamente como eu queria. Quando voltei a mim a enfermeira estava entrando no quarto com uma bandeja de café da manha e Jake vindo atrás dela.

- bom dia querida, aqui está seu café da manha - a enfermeira tinha cabelos pretos cacheados, lembrou-me bastante da Esme em seu modo sutil de falar. Não! Não poço ter esses pensamentos novamente! Ela deixou a bandeja na minha frente e se retirou.

- bom dia – ouvi a voz grossa de Jake parado ao meu lado.

- bom dia – respondi com um sorriso – não da para você ficar aqui durante a noite não? Isso aqui é muito chato, não tem nada para fazer. – fiz um biquinho que fez ele rir da minha cara.

- eu fico com você essa noite – ele tirou uma mecha de cabelo na frente do meu rosto.

- hey duas coisas. Você trouxe alguma roupa? – ele afirmou com a cabeça e mostrou uma pequena mochila – e a Victoria?

- nada dela, acho que ela pensa que você está morta ou coisa do tipo, ela não tentou aproximar-se nenhuma vez mais depois de ontem. – fiz uma cara pensativa imitando a dele.

- ela deve achar isso mesmo, afinal acho que nenhum humano sobreviveria àquilo… mas depois do que ela viu que eu fiz com o James não era para ela pensar que eu era uma pessoa normal. Ela voltará. – conclui por final.

- a sanguessuga – fiz uma cara reprovadora a ele, eu encarava isso como um xingamento afinal eu também bebia sangue - deve estar armando outro plano ela viu que se ficasse nesse vai e vem ela ficaria a eternidade tentando te pegar. – concordei com a cabeça. Peguei Jake olhando para o meu café da manhã intocado, empurrei-o em sua direção.

- sirva-se – disse empurrando a bandeja para ele

Passamos o dia conversando, pensando e depois voltando a conversar, nada com pressão. Jake comeu minhas refeições enquanto conversávamos sobre besteiras e riamos.

Ouvimos passos aproximando do quarto, mas dessa vez não era da enfermeira e sim do médico, parece que ele havia resolvido ver se eu ainda estava viva, sua face quando entrou não estava muito agradável, ele olhou para mim com um pouco de desgosto, o que eu havia feito de tão desagradável a ele para ele olhar-me desse jeito?!

- preciso conversar com a paciente a sós – ele disse num tom relaxado a Jake.

- Bells vou para casa ver como tudo está lá e depois eu volto, isso deve durar uma hora mais ou menos, vou passar na sua casa para pegar um livro ou algo do tipo para você passar o tempo.

- então, Doutor, quando eu terei alta? – eu disse após Jake sair do quarto. Ele abriu um sorriso, mas na verdade queria rir na minha cara.

- você já está pensando em alta?! Calma, você terá muito tempo de observação pela frente.

- mas eu já estou bem! Meus cortes já estão fechados.

- mesmo você tendo se curado rápido, praticamente como um milagre, tudo indica que seu corte pode abrir a qualquer momento. – ele disse analisando uma prancheta com meus dados.

Ele que pensasse que eu ficaria aqui por mais um mês. Eu não iria ficar. E tudo que eu precisava para sair daqui rápido eu tinha as minhas mãos: meus poderes. Modifiquei a mente dele para ele achar que meus cortes tinham sido leves e que se eu prometesse tomar cuidado eu poderia receber alta. Enquanto eu modificava sua mente para que não ficasse nenhum furo ele trocava as informações da minha ficha. Assim que acabei liberei sua mente para que ele começasse a pensar por si mesmo.

- Bella, então, sobre o que estávamos falando? – dei de ombros – ah sim, sobre a sua alta, tenho um boa noticia – ele analisou a ficha – você pode se arrumar, pois está recebendo alta – dei um sorriso que denominaria de orelha a orelha.

- vou me arrumar agora mesmo. – disse fazendo menção para me levantar.

- espera Bella, vou chamar uma enfermeira par tirar tudo de você. – infelizmente tive de concordar, não sabia do que modo arrancar todos aqueles fios de mim.

Só depois de dez minutos uma enfermeira baixinha e de cabelos pretos apareceu, ela me lembrou a Alice com suas feições miúdas, não, de novo não! Não poderia voltar à estaca zero só por causa de um CD e algumas fotos. Assim que eu chegasse a minha casa, nem que o papa estivesse lá a primeira coisa que eu faria seria destruir aquilo tudo.  A primeira coisa que eu faria depois de voltar do hospital, que coisa mais depressiva.

A enfermeira demorou mais dez minutos para tirar todos os fios e agulhas, ela precisava ser tão lerda? Só porque eu estava com pressa para voltar para casa e não fazer nada lá, o que é melhor do que eu não fazer nada no hospital, o tempo parecia estar passando mais devagar.

Finalmente depois de meia hora estava completamente pronta para sair dali, estava liberta dos fios, de roupas trocadas, sapatos calçados e a bolsa no ombro, com apenas uma peculiaridade, uma faixa enrolada em minha garganta. Não, eu não sairia na rua com aquilo. Voltei para o banheiro e amarrei uma fita, na verdade era um pedaço de pano da roupa que eu estava quando cheguei aqui, no lugar de modo que ela ficasse parecendo uma gargantilha, ótimo, mais um elemento para o meu guarda-roupa, gargantilhas.

Sai do hospital torcendo para que o doutor não me visse, ele não aprovaria minha mudança de faixa nós discutiríamos e querendo ou não eu perderia mais tempo ali. Por sorte, não tive sinal dele. Infelizmente meu carro não estava no estacionamento, Jake deveria ter levado ele de volta para minha casa. Também não estava com o meu celular e esperar um táxi passar seria difícil, então fui andando para casa, ou melhor, fui andando até sumir da vista das pessoas e depois comecei a correr a margem das ruas.

Demorei um tempo mais do que o esperado para chegar até a minha casa, corri com cautela por um bom tempo antes de perceber com certeza que ninguém andava pelas ruas, o tempo não estava favorável a isso.