Capitulo vinte e seis: Laurent

Jacob estava certo, eu tinha que esquecer o Edward, ele nunca mais iria voltar. Ficar se apegando ao passado nunca é uma boa coisa, mas aquele passado em especial era uma das melhores lembranças. Como abandonar as melhores lembranças?

Fugir das lembranças não funcionava, eu já havia tentado. Apenas esquecer era impossível. O único modo que sobrava era tentar substituir. Mas somente construir outras lembranças não adiantava, teria que fazer lembranças semelhantes, e em casos que não desse para fazê-las apenas encarar a verdade e ver que aquilo não existe mais.

Esse era o motivo que eu estava nesse momento indo para a clareira, fazendo os mesmos passos, parando nos mesmos lugares. Eu precisava ter todas as doses dele para depois conseguir tentar esquecê-lo, as lembranças verdadeiras de pura alegria sumiriam e no lugar ficariam as que eu não estava tão bem assim. E com o tempo eu poderia ter outras no lugar… ou era nisso que eu queria acreditar.

Demorei mais ou menos o mesmo tempo para ir à clareira. Sentei no meio dela, apenas olhando ao redor, todo aquele passado parecia distante demais para ser real. Achei que suportaria aquela onda de lembranças, mas não. Minhas lágrimas começaram assim que eu olhei para o lugar onde ele se declarou para mim, apesar de ter amado eu achei aquela declaração tão precoce, via no que deu.

Depois de um tempo desisti de tentar controlar minhas lágrimas, não estava dando certo. Deixei que com as elas viessem, as lembranças, todas, desde as primeiras até aquelas que não aconteceram, os planos que eu sonhei e vi para o futuro.

- não chore minha querida – ouvi uma voz falar para mim. Vir-me-ei para onde ela vinha, lá havia um vampiro de cabelos compridos arrumados em dreds que batiam um pouco acima do meio das costas.

- eu te conheço… você é aquele vampiro do bando do James – me levantei prestando atenção em seus movimentos. – o tal do Laurent.

- isso mesmo querida Bella, eu vejo que se lembra. – senti nojo de ouvir meu nome sendo pronunciado por ele, mas que luxo eu poderia ter ao ponto de sentir nojo de alguém que não a mim própria.

- o que faz aqui? – perguntei com rispidez.

- estou fazendo um favor a Victoria. Ela quer vingança. Como Edward matou James e ele era o parceiro dela, ela acha que Edward deve sentir a mesma dor e ver a parceira morrer – querido eu me entrego, nem precisa pedir, o problema é só ele conseguir me matar, pois eu mesma não consegui. Eu não disse isso alto, claro.

- mas não foi o… - não completei a frase, na verdade não havia sido o Edward a matar o James, foi o Jasper, mas eu não o envolveria, nem a Alice, no problema.

- ela poderia matá-lo, no entanto achou mais fácil atacar a humana indefesa – onde ele estava quando eu tive aquela pequena briga com o James? – talvez não tão indefesa, porém mais do que um vampiro. Ela achou mais justo um parceiro pelo outro.

- acho que percebeu que isso não vai dar muito certo, não é?

- eu passei na casa dos Cullen, ela estava bem inabitada. Eles se mudaram?… e te largaram aqui sem nenhuma proteção? Você não era tipo o bicho de estimação deles? – ele estava tentando me irritar por acaso?

- eu não sou bicho de estimação de ninguém. – disse com as mandíbulas trincadas. – sim, eles foram embora. E para a sua informação eu não preciso de um vampiro para me proteger, eu faço isso sozinha e melhor.

- não quando há uma vampira sanguinária louca por vingança atrás de vocês – ok talvez sozinha eu realmente não conseguisse. – mas isso não vem ao caso agora… Você me pegou em uma má hora, eu terei que informar a Victória que você não está mais aqui, quer dizer, nesse mundo.

- você está querendo dizer que pretende beber meu sangue? – disse sem acreditar, caçar vampiros que estão te caçando é a coisa mais fácil a se fazer.

- vamos dizer que… sim – ele disse debochado.

- me faça esse favor – disse quase que para mim mesma. Ele me olhou estranhando a minha reação, mas ignorou o fato.

- você não deveria se entregar tão facilmente apenas porque alguém te deixou.

Ele andava lentamente a minha direção, odiava esse teatro vampiresco. Aos poucos ele chegou perto de mim, tirou o cabelo do meu pescoço e aproximou seus lábios dele.

- an… - interrompi-o. – já que é para você me morder e eu morrer e tudo mais não pode ser no pulso? – assim ficaria mais fácil de eu sugar o veneno depois. Ele me encarou com uma cara sem expressões e a boca entra aberta.

- não – ele disse sem ânimo na voz e me mordeu. Como da vez em Vancouver a mordida doeu e ele não parava de sugar meu sangue, era para ele ter morrido, mas nada acontecia.

Passado-se dez segundos eu empurrei-o, não esperaria eu desmaiar aqui por falta de sangue, ou seja lá o que aconteceria comigo.

- ta pensando que é festa? – disse brava me colocando em posição de ataque, ele imitou-me. Ele ficou um tempo rosnando para mim e quando eu achei que ele iria atacar ele arregalou os olhos e virou-se para fugir. Estranhei a reação dele, mas eu não o deixaria fugir, não de novo.

Corri atrás dele e consegui o alcançar antes de ele sair da clareira.

- achei que fosse corajoso, pelo visto me enganei – ele não olhava para mim e sim para a coisa que estava atrás de mim, conseguia ouvir sete corações batendo, não eram humanos por isso não me importei. – alguma palavra final? – disse sarcástica

- ela virá te pegar, Victória notará meu sumiço. – ele disse tentando me colocar medo.

- farei um banquete para esperá-la, isso se ela realmente notar seu sumiço, você acha que significa algo para ela? – perguntei já sabendo a resposta, ele sabia que eles não tinham nenhum laço, que ele foi apenas um instrumento que poderia facilmente ser descartado. – então, não vai querer dizer nada que não a envolva?

- sim, diga adeus para a Irina por mim – ele tinha desistido de me amedrontar e de bancar o durão – diga que eu a amava. – eu apenas assenti, fiquei com um aperto no peito depois de ele ter dito isso, mas eu não podia deixá-lo ir, eu sabia que ele continuaria a falar com a Victória, era inevitável.

Coloquei a cabeça dele entre minhas mãos, fechei meus olhos e separei-a do corpo o mais rápido que eu pude. Acendi uma fogueira e taquei todas as partes de seu corpo nela. Bati a minha mão como se as limpasse e me virei para ver de quem eram os corações que batiam junto com o meu na clareira.

Parados na minha frente haviam sete lobos gigantes cada um com uma pelagem diferente, todos rosnavam, exceto por um. Fixei minha visão nesse quieto, ele tinha a pelagem castanho avermelhada, seus olhos tinham alguma coisa familiar…

Dei um passo para frente querendo confirmar minha visão, com medo de liberar as suas mentes para o meu dom e descobrir com certeza. Os outros lobos abaixaram a cabeça ainda me olhando em posição de espera para um ataque. O castanho avermelhado rosnou para os outros como se os repreendesse, mas não era ele que estava no comando.

- oi, Jacob – eu ia me virar para ir embora, entretanto os lobos me cercaram e o Jacob foi para a floresta, um tempo depois ele voltou. – Jacob fale para o Sam e o resto da matilha que eu não vou machucá-los

- Bella? Como você fez isso? – ele estava espantado a tal ponto que seu corpo paralisou. Os lobos rosnaram para mim mais uma vez achando que eu estava fazendo isso com ele.

- Jacob… - não sabia como contar a ele – não queria que você visse isso. – disse por fim.

- isso foi… incrível! – ele despertou de seu transe. – por que não contou que conseguia fazer isso antes?! – o lobo maior rosnou, só que desta vez para o Jacob. Ele queria alertá-lo que eu poderia ser perigosa.

- eu não vou machucá-lo – disse direto para o Sam em um tom rude. Ele se aproximou de mim em postura de ataque, rosnando.

- Sam! – Jacob entrou em minha frente impedindo que o grande lobo conseguisse chegar a mim. – deixe ela em paz, eu confio nela! Esqueceu que ela é a Bella? Ela não vai nos machucar. – Sam deixou-nos na clareira e, alguns minutos depois, voltou vestido com uma bermuda jeans.

- como você pode confiar nela depois de ver o que ela fez com aquele sanguessuga, ela pode muito bem tentar algo contra um de nossos irmãos! Vai arriscar a nossa segurança por ela?

- eu só matei aquele vampiro, pois ele traria muitos problemas para mim futuramente! – disse aparecendo para o Sam de trás do Jake.

- ela foi mordida Jacob, pare de ser idiota! Logo ela virará um deles! – Jacob olhou para o meu pescoço – ou irá morrer. Agora sai da frente Jacob, não podemos deixar que a transformação acabe – parecendo não querer ele saiu da frente.

Em seguida ele se transformou em logo e saiu correndo floresta dentro. Sam lançou-lhe um olhar de repreensão e também se transformou em um lobo, só que esse lobo ficou e começou a andar lentamente a minha direção dando ordens aos outros. Eles começaram a se aproximar de mim também. Não poderia machucá-los, mas eles iriam me atacar.