Capitulo quinze: novembro (POV Cullens)

POV Rosalie.

Nossa família estava uma droga desde que o Edward havia resolvido dar uma de herói e largar a Bella sozinha em Forks. Aquele idiota. Todos nós falamos para ele não fazer isso, que ele estava cegado pelo instinto de proteção, se é que podíamos chamar isso de instinto de proteção. Preferia o termo burrice.

Ele não ouviu ninguém.

Para variar.

Ele, com esse dom de ler pensamentos, achava que sabia mais que qualquer um, o único que ele não contrariava era Carlisle, mas Carlisle era inocente demais para falar que como a parceira era dele ele decidia o que faríamos, ele não pensou em como nós ficaríamos depois.

Arrasados.

Carlisle trabalhava para não ter tempo livre, não sai do hospital ou do seu escritório, ele havia deixado de ser a pessoa calma e dona da razão, a falta da Bella na sua vida havia alterado-a tanto quanto a dos outros.  Esme estava com o mesmo complexo de trabalho que Carlisle, a diferença que o seu trabalho se aplicava na casa, desde que saímos de Forks ela já havia limpado cada centímetro da casa milhares de vezes, feito centenas de plantas para casas e os mais incríveis esquemas de decorações possíveis.

Já nós, desistimos de agir como adolescentes normais, Alice não ia à escola ou qualquer outro de nós. Jasper estava mais estranho do que nunca e Emmett estava para baixo, não agüentava ver todo mundo vagando como zumbis dentro de casa, a diversão e a animação haviam ido embora.

Parecia que para sempre.

E Edward. Não tinha noticias dele desde o mês passado, quando ele fez seu ultimo telefonema para nós. Ele havia partido para o mundo e largado-nos aqui para agüentar o pior: a convivência com os outros. Quando eu dizia que ele era um covarde não estava errada. No momento ele deveria estar em algum porão escuro deitado em posição fetal com o dedão na boa, assim como uma criança.

Uma semana depois que o Edward havia partido resolvi ir também, não agüentava mais aquilo. Sinto-me mal por abandoná-los nesse momento que estavam passando, mas enlouqueceria se ficasse mais algum tempo ali. Então fiz minhas malas e as malas do Emmett, ele havia concordado em deixar nossa casa por um tempo, viajar pelo mundo e voltar quando estivéssemos um pouco melhor, esse era nosso objetivo, Carlisle sequer tentou nos impedir.

Londres havia sido nosso destino final depois de um tempo de indecisão. Por incrível que seja nós não conhecíamos Londres. Sempre que Emmett e eu partíamos para alguma lua de mel íamos para algum país tropical, a maioria no hemisfério sul.

Aproveitávamos cada segundo aqui, seja de dia ou a noite. Sair de perto dos outros fez bem para o Emmet… para mim. Querendo ou não a convivência com os outros nos deixava tímidos, ninguém tinha coragem de expressar qualquer alegria com todos rondando como zumbis ou seu lado. O pico de nossa alegria foi envolvendo exatamente quem deveríamos evitar: Bella – Alice teve uma visão sua, não sabíamos onde ela estava, pois Alice não reconheceu o ambiente de sua visão. Mas o mais importante: ela sorria. Isso fez com que a alegria se instalasse por quase uma semana em nossa casa. Saímos em viagem uma semana depois que todos voltaram a agir mecanicamente.

- ligou para Carlisle? – Emmett perguntou tirando-me dos meus pensamentos, sua face estava muito mais alegre depois dessas semanas aqui.

- sim – disse. Ele fez um sinal com a cabeça para eu descrever como foi – tudo na mesma, sua voz está um pouco melhor, parece que o Edward ligou a pouco tempo – ele fez uma cara preocupada, estávamos com medo do Edward ligar e nós falarmos algo que indique que Alice teve visões da Bella, ele havia proibido-nos de fazer qualquer contato com ela, inclusive de Alice ver seu futuro. – foi Carlisle que falou com ele, ele não deu nenhuma dica.

- onde ele está? – suas feições converteram-se em tristeza.

- está pela America do sul, sua busca o levou para lá, contudo ele ainda não teve resultados… não fique assim, logo tudo vai voltar ao normal, só precisamos todos achar alguma outra coisa para substituí-la – ultimamente eu estava sendo exatamente ao contrario, era muito pessimista, mas no momento havia virado a mais otimista dizendo a todos que tudo ainda iria acabar bem. – venha, vamos procurar outro ponto interessante para vermos. – juntei nossos lábios por alguns segundos e puxei sua mão novamente.

- aquela ali não é a Meg? – Emmett disse poucos minutos depois inçando para uma menina parada comprando flores no final do quarteirão do outro lado da rua. Realmente ela era parecida com a Meg, porém seus olhos eram levemente puxados.

- Em, a Meg não tem olhos puxados – reprovei-o por deixar passar esse detalhe.

- não estou falando dessa, Rose, mas sim a que está ao lado dela, tenho certeza que é a Meg, tem o cheiro dela. Olhei novamente para a banca de flores, não havia nenhum cliente lá mais. Meg vinha andando em nossa direção.

- Rose! Emm! O que fazem aqui? – ela disse dando um abraço em cada animada.

- estamos em lua de mel… mais uma – disse envergonhada, por não tê-la visto.

- gostando de Londres, não conheciam né? – ela perguntou e indicou para nós continuarmos adando. Emmett fez que não com a cabeça. – bem querem ir lá para casa, assim nós podemos conversar um pouco, contar cada um a novidades… a menos que vocês já estiverem indo para algum outro lugar. – ela disse após nenhum de nós dizer algo, nós dois estávamos espantados com a animação dela.

- não, nós estávamos indo a alguns pontos turísticos, mas ele não vão sair de lá não é verdade – brinquei com ela.

- estão de carro? – ela perguntou.

- viemos de taxi até a cidade – Emmett respondeu.

- o meu está virando a esquina, vim até aqui apenas para comprar algumas flores. - Já estávamos caminhando em direção ao seu carro. Quando virei a esquina senti que meu queixo cairia se fosse possível, bem na minha frente estava um  BMW modelos mais nova a minha.

- gostou do carro Rose? – Meg perguntou mesmo sabendo a resposta, com certeza minha expressão delatava o que eu achava do carro. – comprei a pouco tempo… pode dirigir. – ela tacou as chaves por cima do carro e deu espaço para eu entrar pelo lugar do motorista. Não fiz nenhuma cerimônia e entrei no carro. Meg explicou-me como ir para casa dela, já havia decorado o mapa de Londres, então, não acreditava que teria problemas.

Estacionei em frente a casa, era afastada como a nossa. A casa era parecida com a nossa em Forks, só que sem os vidros, em arquitetura moderna que não se encaixava na paisagem, mas qualquer um que a visse apreciaria. Esme ficaria encantada, uma versão mais discreta do seu estilo.

- como tem vivido? – perguntei a Meg após entrarmos em sua casa, irmos para a sala e sentarmos no sofá, apenas por costume.

- a vida aqui é perfeita, há mais vampiros em cidades grandes do que imaginam muitos residentes fixos, é arriscado para eles, mas percebi que eles sabem quais são as conseqüências de atos não pensados. – ela disse e recostou as costas no sofá como se precisasse descansar após duras horas de trabalho.

- o que fez depois que deixou Forks? – Emmett perguntou curioso, não tivemos mais noticias dela. Chegamos a achar que ela havia se metido em encrenca, mas Alice foi conferir e conseguiu ter visões dela.

- bem, com o dinheiro que Carlisle havia me dado eu comprei uma passagem para cá, arranjei trabalhos diferentes conforme os períodos, juntei dinheiro e comprei a casa, viajei pela Europa por alguns meses, mas decidi voltar para cá, vi que essa seria a primeira casa da minha existência. E quanto a vocês? – ele sorriu simpática. – como estão todos? Carlisle, Esme, Edward?

- nossa vida não mudou muito desde a última vez que nós nos vimos. – troquei olhares com o Emmett. Não estava certa se contar para a Meg o que havia acontecido seria uma boa.

- ok – ela sorriu novamente – ta na cara que vocês estão mentido – disse em tom divertido levando numa boa. – pode contar. O que aconteceu? Como estão todos?

- no momento devem estar felizes e tristes ao mesmo tempo. – disse tirando a felicidade do meu rosto.

- como assim? – ele ficou preocupada.

- devem estar felizes por terem recebido a primeira ligação do Edward em um mês, porém devem estar tristes por terem que esconder dele que a Alice conseguiu ver a Bella.

- o que aconteceu com o Edward? – ela disse praticamente pulando em cima de nós para contarmos a verdade.

- com o Edward nada. Nada fisicamente. Ele teve um surto de burrice e agora ele está sofrendo. Ele saiu de casa para nós “não compartilharmos de seu sofrimento”, então, praticamente fazemos uma festa quando ele liga e nós descobrimos que ele está vivo.

- espere… eu não estou entendendo nada. O que ele fez de tão grave? – Meg perguntou já pensando nas opções.

- bem… antes quero dizer que todos nós dissemos para ele não fazer isso. Ele abandonou a Bella. Deu uma desculpa esfarrapada de que nós não a amávamos que nunca tínhamos a amado. Mas na verdade ele estava querendo protegê-la da nossa família depois que o Jasper tentou atacá-la fazendo ela surtar lá em casa.

- eu ouvi bem – ela disse lívida. – a Bella surtando? – ela riu sem humor – não, não é possível, eu conheço ela desde sei lá quantos anos. Vi ela passar por tudo até uma experiência de quase morte que se fosse qualquer outro médico que tivesse operado-a e não o Carlisle, ela não teria sobrevivido. Vocês devem ter se enganado. – ela concluiu por fim.

- se aquilo não for surtar eu não sei o que é – Emm disse explicando a ela. – ela não quis que Carlisle sequer a tocasse para examinar o braço que ela havia cortado – Meg murmurou um ‘típico Bella’ e voltou a prestar atenção no que Emmett falava. – depois ela saiu correndo para a floresta.

- essa é nova. Mas essa síndrome dela de não deixar as pessoas tocarem-na é velha, não se preocupem. Tem algum coisa a ver com uns problemas que ela teve quando estávamos nos dezesseis, algo relacionado com ela e com o Blunt, enfim, ela nunca me contou o que aconteceu realmente naquele final de semana, isso porque eu era a sua melhor amiga, como se eu fosse acreditar num simples ‘nada’ com a paranóia que ela se tornou. – Meg disse descrente. O que ela havia contado era novidade, sequer sabíamos sobre a existência de um Blunt em seu passado.

- quem é esse Blunt? – Emmett perguntou.

- ela não contou a vocês – ele fez uma cara de preocupada – não seria eu quem deveria contar… nem deveria estar impressionada, ela não é muito de revelar seus segredos íntimos. Peçam desculpas a Bella por mim quando voltarem para Forks.

- Meg nós não moramos mais em Forks. – avisei-a receosa, ela não havia entendido o sentido de ‘deixado a Bella’.

- como assim? Vocês poderiam ficar mais um ou dois anos lá tranquilamente. – ficamos em silencio esperando que ela notasse o que havíamos dito. – espere, vocês a deixaram totalmente? Achei que o Edward apenas havia terminado com ela ou coisa do tipo – ela colocou a mão na boca escondendo a perplexidade. – ah meu deus, não acredito. Vocês. Estão. Ferrados. Estava pensando em visitá-la por esses dias, mas isso não é mais uma boa idéia. – ela balançou a cabeça em negativa reprovando-nos.

- porque fala assim? – Emm perguntou sem entender, eu estava no mesmo barco, não viamos um problema tão grave como ela.

- espero que não tentem voltar a fazer contato com ela depois dessa. Aquela vez que eu meio que deixei-a lá para vir a Europa eu fiquei martirizando-me depois, pois achei que havia feito uma burrada e ela nunca mais olharia na minha cara.

- a Bella sentia sua falta. Jasper que disse. – Emmett avisou-a.

- talvez, mas fiquei achando o pior, estava pensando em voltar agora para pedir perdão, mas agora que eu não apareço por lá. – fiquei sem entender, o que poderia ser tão ruim se ela voltasse agora, se nós voltássemos.

- de qualquer jeito, a Bella não está mais em Forks, a última visão de Alice sobre a Bella não era em Forks, nem em qualquer outro lugar da região.

- Phoenix – Meg disse com certeza na voz – ela deve ter ido para lá, o negocio deve ter sido grave se ela rebaixou-se a ponto de ir procurar um ombro amigo. Realmente não tentaria uma reconciliação com ela nunca mais. - olhamos para ela sem entender o que haveria de tão grave.

- por quê? - Emmett perguntou mais uma vez.

- a Bella é uma das pessoas mais vingativas que eu já conheci. – ela explicou lentamente – ela não é muito de perdoar por si só, normalmente para isso ela tem que ter uma recaída, mesmo assim essa pessoa tem que ter uma desculpa muito convincente. Ou por conselho de alguém, já fiz ela perdoar uma pessoa uma vez, foi meio que minha culpa, então fiquei com peso na consciência. Atualmente, se ela não fez nenhuma nova amizade forte, o que é provável, a única pessoa de quem ela aceitaria um empurrão desses seria do Matt. Contudo, se ela foi para Phoneix – ela pensou um pouco – o Matt nunca a mandaria voltar a falar com vocês.

- a Bellinha nunca faria isso conosco. – Emmett contrariou-a sem poder acreditar no que Meg falava.

- esqueçam essa imagem de santinha que a Bella passou para vocês, ela fez isso porque gostava de vocês. Mas vocês magoaram-na, fizeram-na sofrer, pode ter certeza que ela se empenhará em fazer o mesmo com vocês assim que tiver oportunidade. E desistam de tentar substitui-la, mesmo sem querermos a Bells faz falta. Vocês se arrependerão do que fizeram. – ela disse convicta.

- já nos arrependemos – Emmett murmurou para si mesmo. Abracei-o de lado dando apoio a ele.