Severo só faltava explodir. O rosto normalmente pálido do professor de poções estava púrpura. Como assim a minha filha de 5 anos quer namorar?, pensava ele indignado com a situação, Ela não devia ter nojo de meninos nessa idade?

Lizzie só encarava o pai sentindo um misto de raiva e tristeza. Raiva por ter saído sem nem ao menos se despedir do melhor amigo e do, agora, namorado. Tristeza por seu pai estar tão bravo consigo e ela não ter feito nada que causasse tal reação. O que há demais em eu namorar Draco?, era o pensamento que passava na mente da menina, Ele é meu melhor amigo. Jamais faria nada pra me machucar. Papai confia nele. Porque não?

- Papai? - a menina perguntou com a voz fina e embargada.

- Sim, Elizabeth? - Severo respondeu, tentando se controlar para não descontar sua raiva e frustração na menina que, pelo visto, não estava entendendo nada - Filha, deixe eu te explicar uma coisa. Você tem 5 anos. É muito nova pra namorar!

- Mas Draco é meu melhor amigo. - ela constestava, sem entender ainda - Você gosta dele. Vive dizendo que ele é um bom amigo pra mim.

- Ele é um bom amigo, Lizzie, mas não pode passar de amizade ainda. Você é apenas uma criança. Os dois são.

Severo estava a beira de uma crise nervosa. Como iria explicar a filha que, literalmente, não poderia namorar ninguém agora. Merlim, como ele estava nervoso. Ele não queria ninguém perto de sua princesinha nem mesmo que ela tivesse idade para namorar. Afastou o pensamento para longe, tentando não piorar seu estado psicóloigico.

- Papai? - Liz perguntou, temerosa - O senhor está bem?

- Estou, - Severo respirou muito fundo - mas preciso que entenda que agora não é hora para esse tipo de coisa.

- Quando será a hora? - ela perguntou, tentando saciar sua incontrolável curiosidade.

- Quando tiver entre 35 e 40 anos.

Lizzie olhou descrente para o pai. Ele achava mesmo que ela era tão ignorante assim? Ela sabia contar muito bem. Tia Madeleine é casada e não tem nem 30 anos ainda!, pensava ela.

- Papai, acha que sou boba?

Severo olhou espantado para a filha que o encarava séria. Ele teria rido daquela carinha em outra situação, mas não naquela. Ele entraria em desespero a qualquer segundo. Meu Merlim!, pensou ele, Me ajude! Respirou fundo novamente e tentou formular algo descente para falar, mas as palavras lutavam contra ele.

- Tia Madeleine me ensinou a contar, sabia? - ela perguntou, com a voz séria.- Eu vou, com certeza, namorar antes dos 30 anos, papai. Eu vou estar velha que nem o senhor se for namorar nessa idade.

Severo boquiabriu-se diante daquele comentário. Não posso acreditar no que eu ouvi agora, Severo beirava a insanidade no momento, Como é que é?

- O que disse, Elizabeth Alexandra Snape?

Lizzie engoliu em seco. A coisa ficou séria. Severo Snape chamando a filha pelo nome completo nunca era bom sinal. O professor fechou os olhos, respirou fundo para controlar o nervosismo e contou até dez.

- Desculpe, papai.

- Filha, entendeu a situação? - perguntou, tentando dar fim ao assunto. - Não pode namorar até eu dizer que pode, ok?

- Ok. Eu entendi, papai.

Graças a Merlim, Severo comemorava internamente, Acabou! O rosto do homem voltava a coloração normal aos poucos. Quando finalmente se acalmou, viu que a filha ainda estava sentada a sua frente, esperando alguma reação.

Resolveu, depois de muita luta interna, deixá-la ir para seu quarto. Mesmo querendo voltar no assunto e fazê-la prometer que nunca faria aquilo de novo, mas ele sabia que se voltasse no assunta não saberia o que dizer e travaria. Aquilo seria o fim da sua autoridade para com a filha.

- Lizzie, vá para seu quarto, por favor. - ele disse, bem mais calmo - Pode brincar.

- Obrigada, papai.

A menina se retirou da sala e caminhou - saltitou - em direção ao próprio quarto. Severo se encaminhou ao seu e se jogou na cama. Estava exausto.