“Bella”

- Claro papai – me sentei de frente pra ele.

- Querida, teve algumas mudanças de plano...

Arregalei os olhos.

- Como assim? Seja direto por favor.

- Nós ... – ele disse tocando minha bochecha – não vamos mais viajar.

O olhei com desprezo e não pude disfarçar meu espanto e rapidamente cobri meu rosto com as mãos, lagrimas se formavam e desciam pelo meu rosto, sem permissão alguma.

- Porque? – foi só o que consegui dizer.

- Filha – disse ele me puxando para seu colo e acomodando seu queixo em minha cabeça, me aninhando como se eu fosse um bebê – A clinica veterinária onde a Esme trabalha terá que ser fechada e ela não poderá continuar pagando o colégio de seu sobrinho e sustentando sua casa, e eu preciso ajuda - lá.

Comecei soluçar de choro, e sua camiseta estava ficando ensopada.

- Por favor, não chore querida, me entenda.

- E o que está pensando em fazer para ajudar essa ai? – disse entre soluços.

- Não fale assim, por favor. Nossa casa é grande o suficiente pra eles ficarem lá, e logo é o casamento também, eles só virão adiantado. Edward estudará no seu colégio e eu terei que pagar por um tempo, nada vai mudar, só terá mais duas pessoas conosco como uma família, e nossa viagem ficará para o fim do ano.

Senti como uma punhalada no meu peito, meu pai estava trocando nosso tempo juntos pra ajudar esses dois que nem conheço.

- Bella? – ele chamou tocando meu rosto – fale algo por favor?

- O eu você quer que eu fale? Que eu te entendo? Que é linda essa ação de caridade e que eu estou feliz por uma desconhecida – falei a palavra devagar pois Esme realmente era uma desconhecida para mim, só falei algumas vezes com ele no telefone – que está roubando o meu pai? O meu tempo junto com ele... – terminei a frase amargamente.

- Bella, ela não está me roubando querida, nada vai mudar – ele disse passando a mão nos meus cabelos.

Me levantei com raiva , joguei meus braços pra cima e gritei:

- NÃO? COMO NÃO? E NOSSA VIAGEM QUE EU ESPERO A TANTO TEMPO? – eu estava meio que esterica, e os olhos de Carlisle estavam arregalados – Não pai, eu não te entendo, e eu não quero essas pessoas na minha casa, VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO –  disse entre choro.

- Bella – ele se levantou e tentou me abraçar, eu o empurrei.

- Não pai – eu gritei e peguei minha mochila – nada que você fizer vai me convencer de que estou errada, EU não ACEITO isso – limpei meu rosto e sai de sua sala batendo sua porta com toda a minha força. Não estava com paciência para elevador. Passei pela Irina que me olhou assustada, ignorei seu olhar e fui pelas escadas, mal percebi que estava correndo, só vi quando meu tênis escorregou no degrau, e eu desci escada abaixo.

Abri meus olhos, verifiquei se não tinha nada quebrado, e sentei com a cabeça nos joelhos, chorando.

Não podia acreditar que meu pai estava fazendo isso, não estava assim arrasada só por causa da viagem, também contava o fato de que ele estava adiando o casamento com uma mulher que eu nem conheço direito. Meu pai já tentou me levar varias vezes para o interior e conhecer ela e seu sobrinho, mais eu me recusava, eles se conheceram quando uma epidemia atacou Seattle e se apaixonaram, eles namoram a quase 3 anos. Mas casamento? Porque? Praque?

Meu celular começou a tocar e me recusei a pegar do bolso, mais não era o toque do meu pai, era o do Pitter:

- Oi – minha voz estava muito roca, pigarreei.

- Bella? Oh querida, que susto. Liguei para o escritório do seu pai e a recepcionista me disse que você tinha saído há mais ou menos meia hora atrás.

- Bella? Oh queria que susto, liguei para o escritório do Calisle e a recepsionista me disse que você tinha saído a meia hora atrás, chorando. Ela me perguntou se ela deveria avisar seu pai que você não estava comigo, mais eu disse que já estava te vendo pra te livrar. – ele disse assustado

- Obrigado Pitt – foi só o que saiu.

- Mais me diz o que aconteceu? Aonde você ta?

- Foi o meu pai. Depois eu conto tudo. Eu estou no escritório ainda.

- Como assim?

- Eu estava nervosa e desci pela escada, e eu meio que escorreguei... – minha voz foi falhando.

- BELLA? VOCÊ ESTÁ MACHUCADA? – ele disse, e escutei o barulho do carro sendo ligado.

- NÃO NÃO, PITTER!  Eu estou bem, só meu rosto que esta latejando um pouco, não quebrei nada, venha me buscar. Só me dê mais 10 minutos, e eu já desço pro estacionamento. – eu disse limpando as lagrimas.

- Tudo bem, mais se em 15 minutos você não estiver aqui em baixo. Eu subo e conto tudo pro seu pai.

- Ok.

Desliguei o telefone, e fiquei respirando fundo. É claro que o Pitter já estava lá embaixo, ele sempre esta me protegendo e eu não posso deixar ele preocupado. Peguei minhas coisas, e desci devagar, tentando me acalmar.