Fênix Parte I: Exílio escrita por Imogen


Capítulo 4
Capítulo IV • Areias de La Madeleine




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IV • Areias de La Madeleine

- Mione, acorda! – chama Luna com a voz tranqüila, mas não obtinha resposta.

A noite passada tinha sido longa para Hermione, mais uma vez sua cabeça fervilhava com idéias sobre os próximos passos de Voldemort e algumas vezes se flagrava pensando na tristeza do garoto da porta ao lado. Com tantas preocupações, demorou a conseguir pegar no sono.

-Mi, acorda, logo! Só falta você. – falou Gina com a voz firme.

“Só falta você”, as palavras de Gina ecoavam em sua cabeça; Como assim só falto eu? – Hermione abria os olhos e tentava organizar as idéias.

- Gina! Luna! Que horas são? – perguntou sobressaltada.

- Já são quase nove horas da manhã, dorminhoca! Anda logo! – falou Gina com um sorriso.

Hermione costumava ser sempre a primeira a acordar, mas após horas remoendo preocupações, aquela cama lhe pareceu tão acolhedora, que se deitou e imediatamente foi conduzida ao mundo de Morfeu, onde se viu caminhando tranqüilamente por um lindo jardim cheio de rosas perfumadas, sem medos, sem tristeza, sem nenhuma preocupação… O sol brilhava e tudo era perfeito, ouvia alguém chamar seu nome e corria sorrindo, procurando o dono da voz, até a voz mudou e ela percebeu que aquela voz agora pertencia a uma garota, mais precisamente, pertencia a Gina Wesley.

Sentou-se na cama devagar, ainda com aquela sensação de bem-estar do seu sonho, fechou os olhos e respirou fundo, sentindo o cheiro do mar trazido pelo vento, somente neste momento, se lembrou que estava na casa da praia e despertou ouvindo as vozes das amigas que falavam sem parar.

Luna e Gina já estavam prontas para o tal piquenique que Tonks tinha organizado na noite anterior. Quando finalmente acordou Hermione percebeu que as amigas estavam realmente demais naquela manhã… Empolgadas demais, arrumadas demais, ansiosas demais. O que estaria acontecendo?

- Gente o que foi que eu perdi? Para onde vocês vão assim? – quis saber Hermione observando as amigas.

A verdade é tanto Luna como Gina tinham exagerado um pouquinho na produção. Luna trajava um biquíni azul turquesa com detalhes brilhantes que formavam pequenas estrelas, acompanhado por um short excessivamente curto; usava brincos grandes e uma bolsa em tons de laranja. Gina vestia um biquíni vermelho vivo acompanhado por uma mini saia preta; tinha o braço adornado por pulseiras coloridas e brilhantes, que combinavam com seu prendedor de cabelo. Ambas usavam um pouco de maquiagem e calçavam sandálias altas tipo plataforma.

- Ora, Mione você sabe muito bem aonde vamos! Vamos ao piquenique na praia – falou Gina tranquilamente.

- Sei – respondeu Hermione segurando um sorriso.

- Vamos logo, Mi! Você ainda nem começou a se arrumar – apressou Luna sem disfarçar ansiedade.

- Ok. Me arrumo em um minuto, podem deixar – respondeu Hermione, desta vez, sem segurar um sorriso.

Não era de hoje que Hermione sabia da paixão que Gina nutria por Harry, mas não imaginava que Luna pudesse estar interessada em Rony. Será que era recíproco?

Ela e Rony haviam tido um namoro rápido do ano anterior, no início ela pensou que o amava de verdade, mas com o tempo percebeu que o amava apenas como amigo e para seu alívio, Rony havia chegado à mesma conclusão.

Percebendo as verdadeiras intenções das amigas, Hermione, decidiu permanecer neutra, não iria falar nada, mas em seu íntimo pensava que as amigas tinham sorte em poderem lutar pelo o que queriam. Espero que elas tenham sucesso… Pobres meninos, nem imaginam o que lhes aguardam – pensava achando graça.

Hermione saiu do banheiro, trajando um biquíni verde sem detalhes, coberto por um vestido branco de alças finas, justo na cintura e com a saia rodada na altura do joelho, calçava uma sandália rasteira de tirinhas finas. Tinha os cabelos soltos e não usava qualquer bijuteria ou maquiagem.

- Pronto. Podemos ir.

- Você não prefere se arrumar mais um pouco, amiga? – perguntou Gina, tentando parecer gentil.

- Acho que eu estou bem assim, afinal, ao contrário de vocês, não estou pretendendo caçar ninguém hoje – falou provocando as amigas.

- Caçar? Não sei do que você está falando… – Gina se fez de desentendida.

- Nem eu – dissimulou Luna, mas ao final as três caíram na gargalhada.

Enquanto isso, no andar de baixo, Tonks aparatava na sala com um envelope nas mãos. Como o combinado era que somente juntos eles poderiam deixar a casa, Harry e Rony permaneciam jogados nas almofadas da sala, torcendo para que as meninas não demorassem tanto e que Malfoy resolvesse descer, afinal, nenhum deles estava a fim de subir para chamar o sonserino.

- Ah! Que bom que vocês ainda não saíram. Tenho notícias de Londres – dizia Tonks alegremente.

- O que aconteceu? Voldemort atacou? O que houve?– Harry se exaltou.

- Calma, Harry! Não foi nada disso. Eu ia esperar pelos outros, mas vendo você nesse estado… Calma, trago notícias boas! O senhor Wesley melhorou e receberá alta do hospital nos próximos dias.

A face de Rony se iluminou por completo.

- Essa é uma notícia maravilhosa, Tonks!- falou enquanto abraçava a auror.

- Eu sei, sua mãe está radiante, mas ainda está preocupada com vocês. Vocês não imaginam a lista de recomendações que Molly me fez! Mas não é só isso… – continuou.

-Não?- perguntaram surpresos.

- Não! Aurores do Ministério capturaram um grupo de comensais que pretendiam explodir uma fábrica trouxa. Parece que um deles decidiu colaborar e forneceu informações sobre planos para outros ataques que conferem perfeitamente com as informações que Draco nos deu, aliás, também tenho notícias para ele, onde ele está?

- Ele não desceu- falou Rony.

- Ainda não saiu do quarto? Mas isso não é possível… Rony, será que você poderia chamá-lo pra mim? – pediu Tonks.

Rony não gostou nada dessa idéia, ainda não tinha conseguido digerir a presença de Malfoy entre eles, mas estava tão feliz por seus pais que não se importaria em atender ao pedido de Tonks. Então, Rony subiu as escadas e entrou sem bater no quarto de Draco.

- O que quer Pobretão? – perguntou com grosseria.

- Olha lá como fala comigo, Malfoy! – respondeu, já perdendo a calma.

- E por quê? – provocou Draco.

- Porque…Ora, quer saber? Eu estou feliz e você não vai conseguir me tirar do sério hoje, Malfoy! A Tonks acabou de chegar de Londres e disse que tem notícias pra você. Ela está te esperando lá embaixo. – falou se retirando.

Ao chegar ao corredor, o ruivo seguiu o som de risos e entrou no quarto de Hermione, precisava contar as boas notícias a Gina.

- Gina, o papai ele… Mas o que significa isso Virgínia Wesley? Que trajes são estes e… – Rony estava furioso por ver a irmã vestida daquele jeito; Sua face estava vermelha e ele parecia que ia explodir a qualquer momento, até que ela surgiu diante dos seus olhos.

O rapaz parou hipnotizado com a visão de Luna. Ele parou com a boca entreaberta, sentia-se incapaz articular uma palavra sequer, mas foi forçado a fazê-lo quando Gina o fez voltar a realidade:

- O que aconteceu com meu pai? Ele piorou? Fala! – berrava a menina com os olhos marejados, enquanto sacudia o irmão.

- Hã? Ah, sim! O papai se recuperou e vai ter alta! – falou.

- Você ouviu isso, Mione? Meu pai está bem! – dizia Gina emocionada ao abraçar a amiga.

- É maravilhoso, Gina! – respondeu Hermione aliviada e ao mesmo tempo curiosa por mais detalhes do que se passava em Londres.

-Rony, onde está a Tonks? – quis saber Hermione.

- Ela está lá embaixo. Deve estar falando com o Malfoy… Parece que ela também tinha notícias para ele. – disse Rony sem conseguir desviar o olhar de Luna.

Hermione não pensou duas vezes e saiu correndo, precisava saber mais notícias. Enquanto descia as escadas escutava a discussão entre Rony e Gina por causa da “produção”. Ao entrar na sala, a menina quase foi atropelada por um Draco Malfoy que passou por ela como um foguete, subindo as escadas em direção ao seu quarto.

- O que aconteceu? – perguntou a Harry que permanecia na sala.

Harry contou a Hermione que Tonks chegou com notícias de Londres e depois de repassar uma a uma para a amiga, explicou que Snape enviou a Malfoy uma carta misteriosa.

Agora todos estavam reunidos na sala, prontos para o piquenique, mas Tonks lembrou a ausência de alguém. Todos sabiam que não podiam deixá-lo para trás, mas quem iria conseguir arrastar Draco?

- O que tinha na carta? Eram notícias boas ou más? – quis saber Harry.

- Isso só ele pode dizer, Harry. Eu desconheço o conteúdo da carta – explicou Tonks.

- Ok. Estamos perdendo tempo. Vamos decidir quem irá chamá-lo e pronto – falou Luna.

- Isso não será necessário, Lovegood – Draco descia as escadas, pronto para passar o dia na praia, surpreendendo a todos.

-Então agora podemos ir? – perguntou um Rony irritado.

- Sim. Creio que agora podem ir – respondeu Tonks.

Todos começaram a sair alegremente, mas Hermione ficou para trás. Queria entender o que estava acontecendo. “Por que Tonks os mandaria para a praia sozinhos?”.

- Você não vai com a gente? – questionava.

- Tenho algumas coisas para fazer por aqui – respondeu.

- Então fico e te ajudo – comunicou.

- Não, você deve ir com os garotos. Devo cumprir esta parte da missão sozinha e por isso sugeri o passeio. Além disso, com você lá, fico mais tranqüila – tentava convencer a garota, que sem escolha, dava-se por vencida.

Tonks havia explicado a Harry e a Rony todo o percurso que deviam fazer até a tal surpresa. Seria apenas meia hora de caminhada até o local; Não havia perigo, exceto por um trecho de pedras um pouco escorregadias.

Luna e Rony seguiam na frente, seguidos por Harry e Gina que conversavam como se não houvesse mais ninguém ali. Parece que o plano das meninas estava funcionando. Draco caminhava propositalmente devagar, intencionando manter distância do grupo; Permanecia tão distraído pensando na carta que acabara de ler, que não percebeu a presença de Hermione, que havia ficado para trás.

Quando saiu da casa, Hermione viu que os amigos já se afastavam, ignorando sua ausência entre eles. No início, sentiu-se um pouco magoada, mas logo relevou, pensando em todo o esforço de Gina e Luna para chamar a atenção de Harry e Rony. Decidiu seguir devagar, caminhando pela beira do mar, enquanto observava os amigos, seguidos por Draco Malfoy.

O sol aquecia a água que parecia realmente agradável, Hermione, se distraiu pensando como seria bom em mergulhar no mar e quando voltou a si, os amigos tinham sumido de sua vista. Eles já haviam andado boa parte do percurso de acordo com as informações de Tonks e daquele trecho onde estava, sabia voltar para a casa, o que significava que não estava totalmente perdida.

Considerando que ela não podia voltar para a casa sozinha e que o grupo teria que passar por ali no caminho de volta, ela decidiu que ficaria ali por algum tempo. Observou a paisagem, pegou algumas conchas, escreveu na areia, mas o continuava sentir o mar lhe chamando.

“Não vejo ninguém; Tenho essa praia toda só para mim! Hum… Por que não?” – pensou antes de colocar as sandálias na areia e tirar o vestido. Caminhou lentamente até a água, sentindo as ondas se desmancharem nos seus pés; Continuou avançando, até poder matar seu desejo e mergulhar.

De longe, sentado em uma duna, um rapaz de olhos cinza, observava surpreso uma sereia brincando na água do mar. Draco Malfoy caminhava devagar, seguindo de longe os grifinórios e não demorou a perceber a ausência de um deles. Inicialmente, pensou que Hermione tinha permanecido em casa, mas depois de um tempo de caminhada, quando decidiu seguir pelas dunas, ele a avistou caminhando devagar, sozinha pela beira do mar. Sentiu vontade se de aproximar, mas não o fez.

Observou intrigado a garota parar diante da imensidão azul, enquanto os outros contornavam as dunas e desapareciam do caminho principal da praia. “Por que será que a deixaram para trás? Esses grifinórios são burros mesmo, nem perceberam que esqueceram a Granger! Ela deve estar furiosa, nervosinha como ela é…” – pensou achando graça.

Viu de longe Hermione procurar pelos amigos com o olhar e esperou que ela tivesse um ataque de raiva, mas, para sua surpresa percebeu que a garota não parecia se importar em ter ficado para traz, pelo contrário, se divertia, escrevendo palavras na areia que eram prontamente apagadas pelas ondas. “O que será que ela tanto escreve? Essa garota não é normal, parece uma boba brincando na areia como se nada tivesse acontecido” – disse para si mesmo sorrindo.

Mas o sorriso de Draco se desfez no momento que ele viu Hermione tirar lentamente o vestido branco, deixando o biquíni verde e o corpo perfeito à mostra. Sentiu sua boca ficar seca enquanto via a garota pouco a pouco entrar na água. “Onde ela escondia tudo isso?”’ – pensou encantado, enquanto observava cada movimento da menina.

Desviou sua atenção por alguns segundos para observar o caminho que Rony seguia intencionando não perder a direção certa, mas logo voltou sua atenção para o patinho feio que acabara de se transformar em um lindo cisne diante de seus olhos e decidiu ir ao encontro dele. Desceu a duna, caminhando alguns metros, até encontrar o vestido de Hermione. “Merlin, este está sendo realmente um ótimo dia” – pensava, enquanto pegava as roupas da garota.

Depois de alguns minutos, Hermione saia do mar, com a pele levemente queimada pelo sol; Os cachos castanhos, desfeitos pela água estendiam-se até a cintura da garota, era realmente uma bela visão – concluiu o sonserino que a analisava de cima a baixo, sem se preocupar em disfarçar. Pelo contrário, ele a encarava propositalmente com um sorriso cínico nos lábios, deixando a menina completamente envergonhada.

Ela se aproximou de Draco, pensando ser uma miragem – “Não pode ser! Não havia ninguém por perto, tenho certeza” – pensava intrigada. Estendeu a mão tentando pegar o vestido, mas ele não permitiu, deixando-a muito irritada.

- O que pensa que está fazendo, Malfoy? Devolve minhas roupas! – exigiu.

- Por que eu te daria? Acabei de encontrar essas roupas aqui na praia, estavam abandonadas… Quem me garante que são realmente suas? – provocou.

- Tô vendo que você já voltou a ser infantil e repugnante como sempre – respondeu, fazendo o garoto sorrir ainda mais.

- Ficou nervosinha, foi? – perguntou divertido.

- Ora seu idiota, me devolve minhas coisas agora, ou então…

- Ou então vai fazer o quê? Pretende me estuporar sem varinha ou será que vai pedir socorro pro seus amiguinhos? Aliás, você é tão insignificante que eles nem notaram que te deixaram pra trás…

Ele estava até pensando em continuar com as provocações, mas não teve chance, porque a castanha avançou com tudo para cima dele e logo estavam rolando na areia. Hermione tentava inutilmente bater no sonserino, que apenas sorria deixando claro que estava adorando a situação, fato que a irritava ainda mais.

Draco podia ser bem mais forte, mas a garota não se renderia facilmente; Segurou um punhado de areia e sem pensar duas vezes atirou nos olhos do seu rival, fazendo com que ele a soltasse imediatamente. Draco sentiu os olhos arderem com a areia e permaneceu algum tempo sem conseguir abri-los.

- Sua louca! Quer me deixar cego? – falou com raiva.

- Ah! Deixa de ser bebê chorão, Malfoy! Além disso, foi você que pediu – falou divertida enquanto se vestia.

- Olha lá como fala comigo, sua…

- Não ouse completar essa a frase…
-Droga! Por sua causa não consigo enxergar nada! – falou zangado.

Hermione não conseguiu evitar e caiu na risada, deixando Draco ainda mais furioso, mas logo se lembrou do que se passou na Toca e sentiu uma pontada de culpa.

- Vem… Eu ajudo você! – falou a garota estendendo a mão para o rapaz, que aceitou segurando a mão da moça delicadamente, para segundos depois puxá-la com toda força, fazendo com que Hermione caísse de cara na areia.
- Quem é o bebê chorão agora, Granger? – perguntou entre gargalhadas, enquanto observava a castanha se levantar com uma expressão assassina no rosto.

- Você é realmente um estúpido Draco Malfoy – foi tudo que a menina conseguiu dizer. Seus lábios tremiam, não se sabe se pela raiva que sentia, dor que se espalhava por seu corpo.

- Ora, Granger, não é pra tanto! Eu não machuquei você… E foi você quem começou com essa brincadeira. – nervoso, o garoto tentou se defender e afastar a culpa que sentia, mas sem sucesso.

- Será que te dói tanto assim me pedir desculpas? – provocou Hermione.

- Desculpas? Eu não preciso te pedir desculpas porque não fiz nada – declarou o loiro.

- Você realmente não fez nada, exceto quase quebrar meu braço há dois minutos. – rebateu.

- Não seja dramática, não combina com você. – disse Malfoy dando as costas para uma Hermione contrariada.

Agora estavam os dois cobertos de areia da cabeça aos pés, mal se podia ver a cor do vestido de Hermione. E Draco, que não se lembrava de alguma vez na vida ter brincado com areia, começava a se sentir incomodado com a sensação de areia misturada com suor em sua pele… Sem pensar muito, tirou a camisa azul que vestia e entrou na água.
Agora, era Hermione que se encantava com o que via. Depois de algum tempo estática observando o loiro, voltou a si e mergulhou no mar, livrando-se da areia. Quando voltou a superfície, encontrou um par de olhos acinzentados lhe observando
- Porque você está feliz hoje? – as palavras simplesmente escaparam pela boca da grifinória.

- E quem disse que eu estou feliz? – respondeu cinicamente.

- Você me insultou s e depois tentou me matar; Definitivamente você está feliz. – concluiu a castanha arrancando um sorriso de Draco.

- Mas você não se machucou, certo?

Ela não respondeu, apenas balançou a cabeça em sinal negativo e sentiu como se um imã atraísse seu corpo. A proximidade entre os dois era cada vez maior; Ele a segurava pela cintura sem perceber que a correnteza os afastava da praia. Bastavam poucos centímetros para um inevitável beijo…

Hermione não raciocinava mais, estava perdida na imensidão azul e teria permanecido ali para sempre se não tivesse escutado a voz de Rony lhe chamar desesperado. Como quem acaba de levar um choque, a garota se soltou dos braços de Malfoy e correu ao encontro do amigo que a olhava com uma cara nada boa.

- Será que a senhora poderia me explicar o que fazia no colo do Malfoy, Dona Hermione? – Rony questionava baixinho apertando o braço da amiga com mais força do que o necessário.

- Você está louco Rony? Eu não estava no colo do Malfoy! – respondeu a castanha ofendida, enquanto era arrastada por Rony.

- Calma, pobretão! Desse jeito vai arrancar o braço da Granger! – falava um Draco extremamente divertido, enquanto via Hermione se desvencilhar de Rony. – Quem vê, até pensa você realmente se importa com ela…

Neste momento Rony parou subitamente e se voltou para encarar o sonserino. - Do que essa doninha aguada está falando? O que tá tentando insinuar Malfoy? – perguntou Rony sem paciência.

- Eu não estou insinuando, estou afirmando com todas as letras que nem você e nem o santo Potter são tão bonzinhos quanto querem parecer… Se dizem grandes e inseparáveis amigos, mas demoraram mais de uma hora para notar que deixaram a Granger para trás, se isso é amizade prefiro continuar sem amigos – debochava.

-Isso não é verdade – Rony tentou se defender.

- Já chega! Parem com isso os dois! – interveio Hermione tentando disfarçar a pontada de mágoa que sentiu por ter sido deixada para trás pelos amigos. – Vamos andando porque já está ficando tarde – falou a garota decidida já se afastando dos dois.

Seguiram o resto do caminho em silêncio, Draco se perguntava se teria exagerado, mas ele estava feliz e não tinha conseguido resistir à tentação de provocar os grifinórios. Hermione por sua vez, tentava apagar de sua mente as cenas que tinham se passado há poucos minutos; Já Rony permanecia intrigado com as acusações de Malfoy. Desde o primeiro ano de Hogwarts, ele, Harry e Hermione eram inseparáveis e eles nunca a deixariam para trás, mas deixaram.

Depois de algum tempo de caminhada, atravessaram um trecho com pedras escorregadias até encontrar novas dunas e finalmente encontraram a surpresa que Tonks havia prometido. A água acumulada das chuvas de verão formava piscinas naturais no meio das dunas. Parecia um pequeno oásis no meio de um deserto de areias brancas; Havia uma pequena construção de madeira, era algo semelhante a um pequeno terraço na beira da água, com uma cobertura que criava uma sombra convidativa – local perfeito para um piquenique; Mais uma vez, Tonks tinha acertado, o lugar era encantador.

- Mione! Você está bem? – perguntou Gina.

- Estou ótima e faminta, será que podemos começar o piquenique? – falou deixando claro para os amigos que não queria mais perguntas, sendo prontamente atendida.

O resto do dia seguiu em relativa tranqüilidade; Rony e Draco ainda trocavam olhares raivosos de vez em quando, mas isso era considerado por todos como um sinal de normalidade. Todos aproveitaram o pequeno banquete que tinham improvisado e com exceção de Draco que sempre encontrava um jeito de se distanciar, ficaram um tempo jogando conversa fora, até que os casais voltaram a se formar.

Aproveitando a ausência de Rony e contando com uma ajudinha de Luna, Harry tinha conseguido ficar completamente sozinho com Gina e embora não tivessem trocado nem um beijo, ele pode deixar claro pela primeira vez que tinha intenções sérias com a ruiva.

Embora tudo se resumisse a conversas e troca de olhares, Hermione sabia que estava sobrando. Depois de alguns minutos observando os amigos se divertirem na água, ela decidiu voltar a casa de praia. Não se via o menor rastro da presença de Malfoy há mais de uma hora, certamente estava entediado e decidiu voltar antes dos outros.

O sol logo iria se pôr e já estava mesmo na hora de retornarem, mas como Draco, ela preferiu fazer isso sozinha e deixar que os outros aproveitassem um pouco mais. Se despediu dos amigos e iniciou a caminhada, aproveitando para observar os detalhes da paisagem.

Mas seu retorno não foi tão fácil como imaginava. Hermione se descuidou no trecho das pedras e acabou pisando descalça em uma rocha pontuda e cortante, fazendo um estrago em seu pé.

A dor era intensa e lágrimas jorravam de seus olhos. Tentou lavar o corte com a água do mar, mas aquela realmente foi uma péssima idéia, pois o sal fez com que o ferimento ardesse, aumentando ainda mais a dor que sentia. “- se pelo menos tivesse minha varinha… Eu tinha mesmo que estar sozinha!” – pensou chateada.

Com algum esforço conseguiu ficar de pé, mas não conseguiria atravessar o restante das pedras sozinha, não tinha escolha, teria que esperar que os garotos retornassem. Permaneceu sentada por alguns minutos, tentando inutilmente estancar o sangramento com um pedaço de seu vestido, até que ouviu uma voz conhecida:
- Lugar interessante para se observar o pôr-do-sol, não? O que faz parada aí? Você pode se machucar nessas pedras,sabia? – falou Draco com uma preocupação fingida.

- Obrigada pelo aviso, mas receio que seja tarde demais para sua preocupação – respondeu a castanha, permitindo que ele visse seu pé enfaixado com um pedaço do vestido branco, que agora se tornava vermelho devido ao sangue.

- Isso realmente deve ter doído – falou o sonserino dando as costas para a menina e seguindo seu caminho normalmente.

- Eu não acredito nisso! – falou Hermione baixinho para si mesma. – Hei, você não tem coração? Será que não ta vendo que eu estou machucada e não consigo atravessar sozinha? – gritou com raiva.

Neste momento, Draco se voltou para a garota abrindo um enorme sorriso; Caminhou devagar até a castanha que o olhava sem entender nada e a ergueu em seus braços como se fizesse a coisa mais normal do mundo.

Quando alcançaram novamente a areia da praia, Draco colocou Hermione no chão, para em seguida, fazê-la se apoiar em seu corpo para que conseguisse andar até a casa. Hermione não acreditava no que estava acontecendo e não se conteve:

- Por que tá fazendo isso? – quis saber a garota.

- Preferia que eu tivesse te deixado lá? – respondeu seco.

- Não! Eu só… – começou mas não concluiu.

- Só estou devolvendo o favor. Considere uma troca. – respondeu sarcástico.

- Por mim, tudo em! Mas já que estamos trocando favores, você ainda me deve um! – declarou a castanha.

- Não sei do que você está falando - tentou desconversar.

- Você me deve um favor, por todas as grosserias que me fez hoje – falou decidida.

- Lógico que não! Eu já paguei por isso, ou será que você não notou que eu estou te carregando? Sabia que você pesa? – falou contrariado.

- Você tá me chamando de gorda? Mais uma ofensa, o que significa que posso cobrar mais um favor!

- Olha aqui, eu não tô te devendo nada! Que eu saiba nunca assinei contrato com você! – disse sem paciência.

- Você nunca ouviu falar em acordo tácito, onde os termos ficam subentendidos? Além disso, foi você que começou com essa história de troca, porque não queria dever nada para a sangue-ruim… Mas agora está devendo e em dobro! – provocou a garota.

- Quem foi mesmo que mandou você para a grifinória? – falou visivelmente zangado.

Draco estava realmente detestando aquela conversa. Não queria admitir, mas os argumentos dela eram mais fortes e o levavam para uma armadilha: ou fazia o que ela queria ou ficaria em dívida com ela. Aquela garota conseguia ser terrivelmente irritante, mas por algum motivo que lhe era desconhecido, não conseguia largar Hermione sozinha no meio do caminho e continuava ajudando a garota a caminhar. Depois de algum tempo de insistência, ele se deu por vencido, afinal, não lhe agradava a idéia de dever algo para quem quer que fosse.

- Tá bom! Já chega! Fala logo o que você quer! – disse zangado.

- Como eu sou boazinha, só quero que você me responda uma coisa… – falou vitoriosa. – Quero saber por que você está feliz; Foi por causa da carta, não foi?

- Se já sabe, pra quê pergunta? Sim, recebi boas notícias, satisfeita? – tentou escapar.

- Claro que não! Quero que me diga as notícias que te deixaram feliz – respondeu. E percebendo a hesitação na face do sonserino, continuou – Eu prometo que não conto pra ninguém, se você preferir.
- Não adianta insistir, não quero falar sobre isso. Só vou dizer uma coisa para você parar de pegar no meu pé. Era uma carta da minha mãe e agora eu sei que ela está bem e também está recebendo proteção.

- Essa é realmente uma notícia maravilhosa – disse a menina sem pensar, enquanto Draco a ajudava entrar na casa.

Ao ouvir o barulho, Tonks, agora muito mais a vontade trajando roupas trouxa, entrou na sala falando alegremente que tinha conseguido preparar um jantar especial, até que percebeu o ferimento no pé de Hermione.
De imediato, a auror se certificou que não se tratava de algo muito grave, embora o corte fosse profundo; E intencionado promover uma aproximação, pediu que Draco ajudasse a levar Hermione, até o quarto dela onde fariam os curativos necessários e para sua surpresa foi prontamente atendida, sem nenhum protesto.
Tonks observava sorridente, Draco subir as escadas com Hermione no colo e pensava que tudo estava indo realmente muito bem. Mas seu sorriso se desfez por completo ao ver a porta da sala se abrir num estrondo e por ela passarem um Rony Wesley vermelho de fúria, seguido por Gina em estado semelhante, além de Luna que permanecia com um olhar de decepção e um Harry Potter com um olho extremamente roxo.


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