Fênix Parte I: Exílio escrita por Imogen


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

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V • Etiqueta Francesa

Um dia como aquele certamente estava destinado a entrar para a história. Ainda que usasse toda a sua imaginação, Tonks jamais poderia imaginar o que tinha se passado na praia, que justificasse o estado em que retornaram; Ciente disso, foi direta:

- Muito bem! Quero saber o que aconteceu e quero saber agora! – falou em tom autoritário.

Silêncio. Todos a evitam.

- Não adianta, ninguém sai daqui enquanto eu não for informada satisfatoriamente dos fatos que levaram vocês a esta situação lastimável – disse observando o olho inchado de Harry.

- Não foi nada, Tonks! Só uma pequena discussão… – tentou Gina.

- Uma pequena discussão, sei… Vocês retornam depois do horário combinado, exalando ódio por cada poro do corpo e dizem que não aconteceu nada! Vamos tentar de outra forma: será que você se importaria de me dizer como seu olho ficou assim, Harry?

Silêncio.

- Fui eu! E não me arrependo, ele mereceu! – desabafou Rony, deixando a auror chocada.

- Como assim, você bateu no Harry? Vocês são os melhores amigos que eu já vi… – disse, voltando-se para o ruivo num tom carinhoso.

- Amigos de verdade não agarram a irmã do outro – respondeu Rony raivoso.

- Seu idiota, eu já disse que o Harry não me agarrou! Fui eu que beijei ele! – gritou Gina, dando início a um bate-boca daqueles.

- Bom, meu trabalho é proteger vocês de Voldemort e seus comensais, definitivamente não me meto em questões amorosas e familiares. Discutam o quanto quiserem, mas estejam vivos e inteiros na hora do jantar, pois não admito nenhuma ausência, entendido? – falou decidida, despertando a atenção do grupo. -Agora vou subir e cuidar da Hermione, por que ela sim se machucou de verdade.

- O que aconteceu com a Mione, Tonks? Onde ela está? – perguntou Luna aflita.

- Hermione se feriu na travessia das rochas e agora tem um corte muito feio no pé, mas eu já vou cuidar disso. Graças ao Draco ela conseguiu chegar em casa e agora está descansando um pouco – tranqüilizava Tonks, enquanto subia em direção ao quarto da garota.

- Malfoy ajudou a Mione? – Harry falou em voz alta o que todos pensavam naquele instante.

Hermione estava sentada em sua cama, com o pé apoiado sobre almofadas, evitando que o sangramento continuasse. Tinha agradecido a Draco por sua ajuda e logo que o rapaz se retirou, fechou os olhos e reviu cada momento do dia mais estranho que já teve, porém o que ela não sabia, é que o dia ainda não havia terminado. Após minutos foi despertada por vozes exaltadas que vinham do andar de baixo e preocupada se levantou e andou com dificuldade até o corredor, sendo surpreendida por um certo loiro que saía do banho, trajando apenas uma bermuda preta.

- Alguém aqui realmente não tem amor a vida! Será que é tão lesada que ainda não percebeu que metade do seu pé está aberto e que por isso não deve caminhar – falou repreendendo a garota, que a esta altura já estava pálida e sentindo dor novamente.

- Deixa de gracinhas, Malfoy! Você não está ouvindo os gritos? – respondeu a garota sem paciência.

- Não pensei que fosse tão curiosa, Granger! –provocou.

- Não sou curiosa, só estou tentando saber o que aconteceu porque eles são meus amigos e fiquei preocupada. – se justificou.

Hermione não estava mentindo, mas também não tinha sido completamente sincera. A verdade é que ela sempre tentava manter um certo controle sobre as coisas, não agia assim por mal, era apenas a forma que tinha encontrado para proteger a si e aos amigos.

Ignorando a vontade de Hermione, Draco a abraçou pela cintura e a levou de volta para o quarto sob muitos protestos. Percebendo que a castanha não descansaria até saber o que tinha acontecido com os amigos, ele calmamente começou a falar:

- O pobretão viu o santo Potter dando uns pegas na irmãzinha dele e não gostou. Parece que ele discutiu com a Loveggod e depois deu um soco no cicatriz; Pena que perdemos o show – divertia-se Draco enquanto recolocava Hermione na cama.

- Isso não é possível! Rony e Harry nunca brigariam, eles são melhores amigos… E mesmo que fosse verdade, como você saberia disso? – perguntou a garota nervosa.

- Como você mesma disse, eles estavam gritando. Mas sinceramente, não me importo nem um pouco se você acredita em mim ou não. Só falei pra fazer você ficar quieta até que Tonks chegue, porque não quero que depois ela venha dizer que eu te deixei sangrando no corredor – falou ressentido.

Neste momento Tonks entrou no quarto e Draco se retirou imediatamente, fazendo com que Hermione suspirasse derrotada. Analisando o corte, Tonks decidiu que naquele caso, o melhor seria abrir uma exceção e usar magia; Com a ajuda de sua varinha, fechou o corte, fazendo com que o ferimento desaparecesse de imediato.

Aproveitando a presença da amiga, Hermione pediu para que ela lhe contasse o que havia se passado com os outros, confirmando que Draco tinha dito a verdade. Sentiu-se culpada por não ter acreditado no sonserino e decidiu permanecer no quarto, sendo a última a tomar banho.

Após algum tempo, notou que o corredor estava silencioso e encontrando o banheiro livre tomou um bom banho e colocou roupas limpas, sentindo-se renovada. Usava uma calça jeans sem detalhes e uma blusa de alças finas de cor vinho, tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e não usava maquiagem, mesmo assim, estava bonita.

Desceu as escadas e encontrou um Rony meio emburrado, sentado sozinho nas almofadas da sala e decidiu conversar com o amigo.

- Posso sentar com você? – perguntou com voz doce.

- Você pode. – respondeu meio bruto.

- Rony, porque você está tão zangado? O que tem de mal em Gina e Harry ficarem juntos? – questionou.

- Ela é minha irmã! Ela é muito nova e não vou permitir que se aproveitem dela! – reagiu.

- Rony, Gina gosta do Harry há muito tempo e ele também gosta dela… Você conhece Harry e sabe que ele não se aproveitaria dela. Além disso, Gina não é mais criança…

- Claro que é! – falou o ruivo exaltado.

- Ela tem a mesma idade que eu tinha quando comecei a namorar com você! – revidou sem paciência. Agora escute aqui, Harry é seu melhor amigo e você não pode impedir a felicidade dele com Gina por causa do seu ciúme bobo! Se existe alguém no mundo que vai saber cuidar bem da Gina esse alguém é Harry e você vai ter que conviver com isso, então vá até lá e se desculpe com eles e com Luna. – exigiu.

- As coisas não são assim! Se ele tinha intenções sérias com ela, porque não me contaram, não é assim que fazem os amigos? – perguntou o ruivo.

- Ok. Eu concordo, Harry deveria ter conversado com você, mas tenho certeza que ele sabe disso, e está disposto a pedir desculpas. Só falta alguém dar o primeiro passo. – tentou convencer Rony.

- E tem que ser eu? – questionou o garoto.

- Hum….Tem sim! Agora vá lá fora e se desculpe com eles – falou enquanto ajudava Rony a se levantar.

Enquanto Rony conversava com os Luna, Harry e Gina na varanda, Tonks arrumava uma mesa demasiadamente chique e pedia ajuda a Hermione, que prontamente distribuía pratos e talheres conforme mandava a etiqueta francesa.

- Oh! Ficou perfeito Mione! – animava-se Tonks.

- Que oportuno esse seu jantar especial, Tonks! Será a oportunidade perfeita para selarmos a paz! – disse a castanha sorrindo.

- É mesmo, com este jantar espero que a paz e a tranqüilidade retornem a esta casa! E enquanto aqueles lá se acertam, porque não sobe e chama o Draco… Eu já vou servir o jantar!– falou Tonks com falsa inocência, enquanto empurrava Mione em direção as escadas, sem dar chance para reclamações.

A última coisa que Hermione desejava no momento era falar com Draco Malfoy. Teria que admitir que estava errada e pedir desculpas por não acreditar nele, mas contrariando todos os bons conselhos que ela mesma tinha dado a Rony minutos antes, não sentia vontade de fazê-lo.

Subiu as escadas devagar e permaneceu parada de frente para a porta do sonserino, como se reunisse forças para bater, mas não foi preciso. Draco abriu a porta do quarto de uma vez, se assustando com a presença de uma grifinória parada como se o estivesse esperando.

- Perdeu alguma coisa aqui? – perguntou irônico.

- Talvez… – respondeu a menina, surpreendendo-o.

- O que você quer agora? Já não basta ter te aturado o dia inteiro? Será que esqueceu algum outro insulto? – falou agressivo.

- Tonks pediu pra avisar que o jantar já vai ser servido… – falou com a voz fraca.

- Recado dado, você já pode ir. – respondeu seco.

Mas a garota não se moveu. Sua cabeça girava, misturando todos os sentimentos que aquele garoto tinha conseguido despertar nela em um único dia; Sentiu tristeza, preocupação, raiva, ódio, atração, gratidão, arrependimento… Como era possível? Por que ele conseguia deixá-la sem reação? Não podia ficar pensando nisso. Sabia que tinha que se desculpar e o faria. Sem pensar, empurrou Draco de volta para dentro do quarto e sem olhar para ele começou a falar:

- Preciso que me desculpe por eu não ter acreditado em você – disse com a voz baixa.

- Está me pedindo desculpa, Granger? Será possível que a senhorita perfeição se enganou? – desdenhou.

- Todos nós cometemos erros de vez em quando, e eu não sou diferente… Exceto pelo fato de que costumo admitir e me desculpar – novamente as palavras lhe escapavam pela boca.

- Mas não consegue fazer isso sem deixar claro que você é superior, né? Que bela lição de humildade! – ironizou o rapaz.

“Como ele consegue ser tão irritante!” – pensava Hermione enfurecida. Tinha ido se desculpar e já estavam trocando insultos novamente. “Apenas respire! Disposto a esquecer o mal, dedicando-se ao bem, enfrentas o primeiro desafio” – dizia para si mesma, enquanto se sentava na cama, com a cabeça baixa.

- Olha, eu realmente quero me desculpar com você, ok? Fui rude e peço desculpas. – falou decidida.

- Por mim, tudo bem, Granger – falou com um tom indiferente.

- Tudo bem? – perguntou incrédula.

- Tudo bem, afinal nem você e nem qualquer outra pessoa dessa casa tem motivos para acreditar no que eu digo… – ele pretendia continuar e dar uma lição em Hermione, que para ele, parecia tentar se desculpar somente para continuar mantendo a pose de perfeita, mas foi interrompido.

- Não é assim, pelo menos não é mais… – agora temos um objetivo em comum e somos amigos – decretou a castanha desconsiderando a estranheza de suas palavras.

- Somos amigos? – questionou, sentindo-se estranho com a afirmação.

- Somos e já estamos atrasados para o jantar da paz – falou enquanto puxava Draco pela mão e evitava que a conversa continuasse.

Quando desceram, todos já estavam sentados a mesa, Gina parecia estrategicamente sentada entre Rony e Harry e o clima parecia bem mais ameno. A mesa estava coberta por uma toalha branca com detalhes em dourado e adornada com flores; Inúmeros pratos e talheres perfeitamente distribuídos faziam lembrar os banquetes formais oferecidos pelo Ministério da Magia, situação que não agradou nem a Rony e nem Harry, que nem conseguiam imaginar para que aquilo tudo serviria.

Draco sentou-se em uma cadeira de frente para Rony, tendo Hermione ao seu lado direito e não deixou de reparar do desconforto dos antigos rivais diante da mesa elegante. Parece que magicamente o sonserino havia recuperado seu bom humor e até o apetite. Logo Tonks entrou na sala segurando uma enorme travessa de prata e a colocou no centro da mesa.

- Parece delicioso – eleogiou Gina.

- Muito obrigada – sem falsa modéstia, dessa vez eu realmente arrasei, falou a auror despertando risos.

- Hei, Mione, o que é isso exatamente? – Harry perguntou baixinho.

Mas Hermione que naquele momento se servia não teve tempo de responder porque Draco foi mais rápido.

- Isso, Potter, é um Boeuf Bourguignone – falou esnobe.

- Muito esclarecedor, Malfoy. Agora, Hermione, o que é isso? – Harry voltava-se completamente para castanha, dando as costas para Draco.

- Bom…acho que é isso mesmo que o Draco disse, Harry. È um prato tradicional feito com carne de gado e bacon – respondeu gentil, fazendo com que Draco inchasse de satisfação por vê-la manter a palavra e demonstrar perante os outros que eram amigos e pela cara de desgosto de Harry com a situação.

“Draco? Desde quando ela o chama pelo primeiro nome? Tenho que conversar seriamente com a Hermione mas isso vai ter que ficar para depois, porque agora preciso fazer algo mais importante, pensa Harry, enquanto ficava de pé e pedia a atenção de todos.

- Será que eu poderia ter um minuto da atenção de todos? – falou, enquanto sentia todos os olhares se voltarem para si. – Eu gostaria de aproveitar esse jantar para me desculpar mais uma vez com meu amigo Rony Wesley. Rony, eu agi mal com você e peço desculpas. Você é o melhor amigo que alguém poderia ter e eu devia ter te contado o que estava acontecendo… Mas agora eu gostaria de me redimir, e dizer não apenas para você, mas para todos que estão aqui que eu estou apaixonado por sua irmã Virgínia Wesley e pedir oficialmente a mão dela em namoro. – falou deixando um Rony atordoado.

- Acho que vou vomitar – falou Draco com uma cara de desgosto e imediatamente sentindo uma dor aguda em seu pé que certamente foi provocada pela sandália de Hermione, que agora o olhava com uma expressão ameaçadora.

Rony não conseguia dizer uma palavra; Já tinham esclarecido toda a situação e ele sabia que não poderia se opor ao namoro dos dois, mas não imaginou ficar naquela posição. Gina, Luna e Hermione estavam emocionadíssimas com o pedido e esperavam alguma manifestação de Rony, o que não ocorreu antes de Tonks dar um empurrãozinho.

- Rony, é agora que você diz “tudo bem” e abraça os dois. – falou sorrindo.

- Hã? Ah, é! Tudo bem, vocês podem namorar, mas com muito respeito, viu? – disse Rony despertando gargalhadas nos presentes.

Gina sabia que não precisava da autorização do irmão, mas tinha entendido que com a atitude de Harry seria mais fácil para ele aceitar que ela já não era uma garotinha e que agora tinha um namorado; Além disso, que garota no mundo não gostaria de receber uma declaração como aquela?Ela estava feliz, como nunca se sentira antes.

Harry se aproximou de Gina e colocou um anel prateado com uma pedra em formato de coração em seu dedo e beijando-lhe a mão em seguida. Enquanto os outros aplaudiam e desejavam felicidades.

- Tudo bem, gente! Isso foi lindo! Meus parabéns a Harry e Gina, que vocês sejam muito felizes! Mas agora, sou eu que tenho que fazer um pedido: Será que vocês poderiam experimentar o meu Boeuf Bourguignone; È que eu tive tanto trabalho…. – pediu Tonks parecendo uma garotinha mimada e sendo rapidamente atendida.

Agora, todos apreciavam a comida preparada pela auror. Na mesa, Draco observa intrigado cada gesto de Hermione que se portava como uma dama francesa e ao mesmo tempo divertia-se com a falta de elegância de Rony.

- Esse tal de bife Borguidone ta uma delicia, Tonks! – elogiou Rony, recebendo um sorriso em agradacimento.

- O correto é Boeuf Bourguignone, Wesley. – corrigiu Draco irritando Rony.

- Incroyable comme cette pauvre ne sais pas de quoi que ce soit! (Incrível, como esse pobretão não sabe de nada) – murmurou o sonserino.

- Ne parlez pas avec lui comme ceci! (Não fale assim com ele) – revidou imediatamente Hermione.

- Je ne savais pas que vous avez parlé français… (Eu não sabia que falava francês) – disse Draco admirado.

- Il ya beaucoup de choses que vous ne savez pas sur moi (Há muitas coisas que você não sabe sobre mim) – desafiou.

- E você tem se esforçado para que eu tente, não é? Não te prometo nada, mas quem sabe… – falou num tom malicioso, baixinho próximo ao ouvido da garota, deixando-lhe arrasada.

- Hei, o que eles estão falando? – perguntou Rony.

- Não faço idéia – respondeu Luna calmamente.

- Ensuite, ils ne peuvent pas comprendre rien de ce que nous disons … Intéressant. (Então eles não podem entender nada do que dizemos… interessante). – divertia-se Draco.

- E aí? Não pretendem socializar, não? – quis saber Gina.

- Já se divertiu, agora chega, Malfoy – repreendeu Hermione.

- Vous pouvez ne pas vouloir l’admettre, mais faire de ce qui fait vraiment plaisir. (Você pode não admitir, mas fazer isso é realmente divertido). – disse Draco se divertido.

Hermione Granger era mesmo uma caixinha de surpresas. Era mandona, não passava de uma metida à sabe-tudo e a dona da verdade, arrogante, mas que quando queria poderia ser extremamente persuasiva, e doce; Era inteligente, culta e linda… – O que mais eu ainda vou descobrir sobre essa sangue-ruim? – Draco perdia-se em pensamentos, quando viu Hermione agradecer a Tonks pelo jantar e subir as escadas depressa, desaparecendo por completo.

Somente nesse instante, o sonserino se deu conta do que havia feito; Brincar com ela daquela maneira tinha sido pior do que chamá-la de sangue-ruim ou por qualquer outro insulto. Lembrou-se de tudo o que a garota havia feito por ele nos últimos dias e se arrependeu de ter desperdiçado a chance que tinha recebido.

Quando todos terminaram o jantar, os meninos acabaram se responsabilizando pela arrumação da cozinha, deixando Gina e Luna livres para irem atrás de Hermione.

- Mi, abre a porta! Eu a Luna queremos conversar com você. – pediu Gina, batendo de leve na porta do quarto da amiga.

- Podem entrar – respondeu Hermione com uma voz cansada.

- Oi… Você está bem? – perguntou Luna, enquanto se sentava na cama.

- Estou sim. Fiquei muito feliz por você, Gina. – respondeu a castanha sem segurança.

- Mas você não me parece bem… O que foi aquela conversa com o Malfoy? Ele te ofendeu? – tentou Gina.

- Não, ele não me ofendeu, mas… – parou hesitante.

-Mas… – incentivou a ruiva.

- Mas é difícil. Tenho tentado me aproximar, mas ele não permite. Quanto mais eu tento, mais discutimos e sempre que estou perto dele parece que só faço e digo coisas erradas. E quando eu pensava que as coisas estavam melhorando, percebo que para ele sou uma qualquer, que se joga para cima dele e isso não é verdade! – desabafou.

- Não entendi – falou Luna sincera.

- Nem eu entendo, Luna! Tudo ia bem, mas não sei exatamente porque ele pensa que posso ser mais uma diversão para ele… Não sei! Estou cansada, foi um dia muito puxado… – falou meio confusa.

- Ok. Já entendi, vamos deixar você descansar, mas tente não se preocupar tanto com a gente, ou com o Malfoy. Sei que você conversou com o Rony e agradeço do fundo do coração, mas você gasta todo o seu tempo se preocupando em manter tudo em seu devido lugar, e talvez seja hora de se preocupar um pouco mais em você. Pense nisso! – disse Gina se despedindo de Hermione a deixando entregue a seus pensamentos.

Enquanto isso na cozinha, três garotos nada prendados se revezavam lavando, enxugando e guardando a louça. Draco pensava a que ponto tinha chegado, sendo obrigado a fazer o trabalho dos elfos domésticos, mas se repreendeu em seguida, lembrando que podia ter sido entregue aos comensais; Neste momento, um pequeno estrondo o despertou, Rony tinha quebrado mais um prato, era o terceiro da noite e agora juntava os cacos, derrotado.

- Se continuar assim, o Potter não vai ter mais o que enxugar… – provocou o sonserino.

- Cala a boca, Malfoy – revidou Rony zangado.

- Rony, será que você pode guardar os talheres? Eu termino com os pratos – falou Harry, tentando afastar os dois e impedir uma discussão, sendo atendido pelo amigo.

- Olha, Malfoy, se vai mesmo ficar com a gente, vai ter que se comportar melhor! Você não pode ficar provocando e insultando a gente o tempo inteiro. Eu vi o que você fez com a Mione no jantar e não pense que eu vou permitir que você continue com isso…

Draco parou com a pilha de pratos nas mãos e encarou Harry com um olhar raivoso.

- Eu não tenho a menor idéia do que você está falando, Potter. Acho que você pegou sol demais nessa sua cabeça rachada! – respondeu cínico.

- Você pode dizer o que quiser, eu estou feliz e não ligo. Mas fique avisado: Hermione é minha amiga, é uma pessoa incrível, tentou te ajudar mesmo depois de você ter tentado transformar a vida dela em um inferno e só fez isso por que é boa demais, e ao invés de ser grato, você continua agindo com ela como o mesmo filho da mãe de sempre…

- Eu não pedi ajuda; Nunca chamei por sua amiguinha, se ela veio a mim, foi por vontade própria, como fazem todas! – falou cafajeste, irritando Harry.

- Você não conhece a Hermione… Apenas esteja certo de uma coisa: se voltar a machucá-la, vai desejar nunca ter nascido! – ameaçou Harry, antes de se retirar da cozinha, deixando um Draco completamente estarrecido.

“Quem esse idiota pensa que é para falar comigo desse jeito? Eu devia ter acabado com ele aqui mesmo… Que Droga!” – pensava com raiva enquanto desobedecendo as ordens de Tonks saia da casa, alcançando a beira do mar.

Podia sentir o vento gelado em sua face, o corpo tremia de frio, mas ele não se importava. Queria ficar ali, sozinho… O que aconteceu com sua vida? O que estava fazendo no meio dessa gente estranha? O que estava pensando quando deixou Potter falar com ele daquela maneira? – questionava a si mesmo. “Culpa dela. De novo ela. Por que precisou machucá-la, depois dela dizer que eram amigos?”. Ele não tinha nenhuma dessas respostas.

Hermione, não tinha sono e estava sentada na janela observando a praia escura. Pensava em tudo o que tinha acontecido e sentia-se a garota mais idiota da face da Terra; Depois de todo o seu esforço, Draco Malfoy havia deixado claro para ela que a via apenas como mais uma garota que tentava chamar sua atenção.

“Não me importa quem seja, eu tentaria ajudar qualquer pessoa que se encontrasse na mesma situação, foi isso que eu aprendi, que sempre se pode dividir o que possuímos com aquele que nada tem; Que menos tem aquele que se nega a doar algo”. – dizia para si mesma.

Mas as convicções antes inabaláveis, agora pareciam se desmanchar como palavras escritas na beira no mar. Sentia uma enorme sensação de fracasso; Nunca seria amiga de Draco Malfoy e tinha que admitir isso… Neste momento, avistou o próprio caminhando sozinho na beira do mar.

Draco, que caminhava com a cabeça baixa, pareceu sentir o olhar de Hermione, virou-se e pode vê-la de longe, sentada na janela, com os cabelos soltos, sendo bagunçados pelo vento. Agora um olhava para o outro imaginando o que o outro pensava. Corações batiam fora do ritmo, denunciando uma tristeza maior do que deveriam com uma conclusão que parecia definitiva aos dois: não é pra ser.

“Já chega!” – disse Hermione, descendo da janela e fechando as cortinas. Cena que Draco observava da praia, enquanto tentava se convencer de que era melhor assim. Um Malfoy não se envolveria com uma qualquer; Melhor continuar sozinho, embora soubesse que aquela nunca seria uma garota qualquer.

O sol trouxe um novo dia e uma nova realidade. Depois daquele jantar, Hermione Granger não estava mais na maravilhosa praia de La Madeleine, estava num esconderijo, fugindo de Voldemort e trabalhando desesperadamente para encontrar as horcruxes. Permanecia trancada no quarto, mergulhada em livros durante todo o tempo, só sendo vista pelos outros nas refeições e raras oportunidades em que se reuniam para escutar as notícias que Tonks trazia de Londres.

Ninguém havia entendido a mudança de Hermione e dentre todos, Harry estava especialmente preocupado com o comportamento da amiga, embora ela sempre afirmasse com um sorriso que estava bem e que qualquer um deles poderia procurá-la a qualquer hora, ele sabia que as coisas não eram bem assim.

Draco tinha passado os últimos dias solitário. Lia e relia a carta enviada por Narcisa e apenas observava o grupo: Rony e Luna pareciam não conseguir se decidir se estavam namorando; Parece que nenhum dos dois conseguia tomar a iniciativa. Harry e Gina mais agarrados do que nunca, sempre tentando escapar do olhar inquisidor de Rony e ainda tinha Hermione, que agia como se estivesse em um quartel general; Passava os dias e as noites revirando livros e todas as manhãs ela entregava pergaminhos com anotações para Tonks, que parecia já não saber o que fazer com a amiga.

Havia se tornado raro ouvir a voz de Hermione. Ela pouco falava com os amigos, e para Draco em especial, só havia silêncio. Por que ficar longe dela incomodava tanto? – perguntava a si mesmo todas as noites, mas nada fazia para trazê-la de volta, era orgulhoso demais para isso.

Tonks já tinha notado há algum tempo o abismo entre Hermione e Draco, embora o relacionamento dele com os outros membros do grupo tivesse evoluído um pouco, justo com Hermione havia se tornado nulo. E intencionando reverter a situação decidiu promover um tratamento de choque.


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Notas finais do capítulo

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