POV Dimitri

Depois do problema com a Natasha e a Rose, Natasha foi escoltada por Abe para o hotel. Eu fiquei para pegar o Gean quando ele voltasse e nós teríamos uma boa conversa. Que negócio é esse de fugir com a filha da Rose??? Será que ele ficou maluco??? Será... Ah! Meu Deus! Não! Ele não pode estar apaixonado por ela!!! Será que eles estavam tendo alguma coisa?! Isso seria uma grande peça que o destino estaria nos pregando...

Estava sentado na cozinha, tomando um café quando Christian entrou carregando no colo uma Rosemarie toda maquiada. Foi muito engraçado vê-la daquele jeito. Acho que ela atacou a maquiagem da Rose ou de Anne. Seria mais engraçado se Chris não estivesse tão abalado.

“Olá pequena Rosemarie, você vai passear? Está toda arrumada, maquiada!” Ela sorriu.

“Não titio Dimka, eu só me arrumei para ficar linda igual a titia Rose!” Ela me olhava toda feliz, com aqueles lindos olhos verdes. Eu não pude deixar de rir e o Christian me acompanhou.

“Você já é linda, meu amor, você já é linda!” Eu disse e ela não se convenceu.

“Mas a titia Rose é mais bonita. Eu amo ela muitão!” E ela abriu os braços demonstrando a quantidade de amor que ela sentia pela Roza.

“Filha querida, você ama muito a tia Rose?” Ela assentiu. Ele sorriu. “E ela? Você acha que ela também te ama, meu amorzinho?” Ela abriu um enorme sorriso.

“Sim, papai. Eu sei que ela também me ama muito! Ela até me deixa dormir de tarde com ela lá no quarto dela! E ela não fica brava comigo quando eu uso as maquiagens dela! Ela e o titio Adrian são bem bonzinhos comigo e quando eu não gosto muito de uma comida, ela me deixa comer só o que eu gosto, mas depois ela fala que é bom para a minha saúde que eu deveria comer aquilo e eu como. Papai, o que é saúde?” Nós rimos. A Rose dizendo para uma criança comer coisas saudáveis, isso eu queria ver. Logo ela, a rainha do hambúrger com batatas fritas e não nos esqueçamos dos donuts !!!

“Filha, saúde é o contrário de doença. Quando a tia Rose fala para você comer uma coisa boa para a sua saúde, é para evitar que você fique doente, caso você não coma aquilo.” Ela fez uma carinha sábia.

“Ah!” E depois continuou. “Papai, por que a tia Tasha queria colocar fogo na tia Rose? Eu joguei água no fogo dela, mas e se a banheira estivesse vazia? Eu não ia conseguir salvar a tia Rose?” Ela fez uma carinha triste.

“Ai, filha, eu não sei! A tia Tasha é muito ciumenta às vezes e talvez ela tenha ficado com ciúmes! Sei lá, mas você foi uma boa garota quando apagou o fogo, isso é o que importa.” Dito isso, ele deu um beijo na testa dela e ela foi para a sala.

“Ai Dimitri, o que deu na tia Tasha? Ficar ouvindo conversas atrás da porta e atacar a Rose na casa dela... Na casa só não, dentro do quarto dela! Meu Deus! Ela está ficando maluca também?! Isso eu não posso agüentar?!” Ele colocou a cabeça entre as mãos e debruçou no balcão da cozinha.

“Chris, a sua tia, depois que encontramos a Rose, está completamente descontrolada. Está cada vez mais ciumenta, possessiva, está mesmo difícil lidar com ela. Eu tenho que te contar uma coisa, que eu tenho certeza que você vai me odiar, mas ela ficou falando tanto, tão mal de Rose, embora tudo o que ela tem feito por nós que eu acabei dando uma bofetada nela e foi horrível!” Ele me olhou com os olhos arregalados.

“Você BATEU NA MINHA TIA ???” Eu logo me arrependi de ter dito. O que está acontecendo comigo? Por que eu disse isso! Idiota! Idiota! Agora eu comecei, tenho que acabar e lhe contei toda a história, desde o dia em que nós encontramos a Rose na escuna até hoje. Ele até que entendeu.

“Mas como vocês estão agora?”

“Acho que bem, mas o ciúme dela é enlouquecedor! E agora, ela está com ciúmes do Gean com a Rose também! Eu acho que ainda não deu para você perceber, mas você vai ficar hospedado aqui alguns dias e depois você me fala se eu estou certo ou não, mas aquela Rose que conhecemos na Academia já não existe. Essa Rose de hoje é madura, responsável, ótima mãe, bem sucedida, ótima esposa... Você precisa ver a relação dela com os filhos! E a relação deles com o Adrian! E os dois... Ah! Chega dar enjôo. Parece que estão em eterna lua de mel.” O Christian riu e me olhou com curiosidade.

“Belikov, se eu não te conhecesse, eu jurava que senti uma boa dose de ciúmes em suas palavras...” Ele abanou a cabeça e riu novamente. AH! Eu acho que ele está certo, acho que o meu problema é só ciúme... Mas porque eu teria ciúmes de Roza?! Por quê?!

Nisso, Adrian entrou na cozinha, com um ar de felicidade e preocupação ao mesmo tempo. Estranho! Acho que o Christian percebeu também.

“Adrian, ta tudo bem? Você está estranho!” Adrian nos olhou e ponderou.

“Sim, ta tudo bem. Eu vou fazer uma vitamina para a Rose, porque ela está muito fraca. Ela está com anemia e todo esse nervoso com Anne e Natasha hoje, não fez bem algum a ela. Mas está tudo bem! O médico acabou de ir embora e ela ficará de repouso alguns dias. O bebê está bem e ela ficará ótima em alguns dias. Ele vai mandar uma enfermeira para acompanhar Rose esses dias...”

“Enfermeira? Por quê? A Oksana não pode curá-la, ou você? A Rose está doente? Por que ela está anêmica?” Christian estava realmente muito preocupado com ela e eu também, mas eu não podia nem pensar em perguntar justo ao Adrian, essas coisas.

“Enfermeira por que ela terá que fazer repouso e, eu tenho coisas a resolver, tanto sobre os nossos negócios quanto sobre o problema com a Lissa. Nem eu, nem Oksana poderíamos curá-la porque essa anemia é com relação à gravidez. Rose, quando teve os gêmeos, teve uma séria complicação no parto e o médico disse que ela não poderia mais engravidar, que ela havia perdido a capacidade para engravidar. Se ela o fizesse, ela não levaria a gravidez até o final, mas milagrosamente, depois de dezesseis anos, ela ficou grávida, mas agora ela está acima do peso e essa anemia pode fazer com que ela não leve a gravidez até o fim. Mas ela ficará bem. Ela tem se alimentado direito e feito todo o tratamento que o médico orientou. Ela ficará bem, não se preocupe, Christian.”

Ele claramente disse Christian, como um sinal de que eu não tinha que sequer ter conhecimento dos problemas dela. Então o sangue de Roza está fraco. Ele explicou, explicou, mas não disse por que não poderia curá-la. Eu percebi também que ele havia bebido um pouco, mas não estava bêbado nem nada disso. Acho que o senhor perfeito não é tão perfeito assim, huh?! Sorri para mim mesmo.

“Dimitri, posso falar com você a sós?!” Isso me surpreendeu. Ai, droga! Acho que ele analisou de novo a minha aura. Merda!

“Tudo Bem!” Christian saiu, mas não antes de fazer uma piadinha. “Só tentem não se pegarem, tá? Lembrem-se de que a Rose já passou todo o nervoso para um ano!” Deu uma risadinha e saiu.

“Adrian... Eu sinto muito pelo que a Natasha fez, mas...”

“Dimitri, eu não quero falar sobre Natasha! Ela não vai mais nos incomodar, pelo menos, por enquanto! Eu quero falar sobre a Rose! O que diabos você quer da minha mulher?” Eu não esperava por isso. Nunca vi o Adrian ser tão direto com ninguém, nem tão sério!

“Eu... Eu...” Ele me olhava e eu não consegui concluir sequer uma frase. Ele estava com tanta raiva que eu me senti intimidado. Não sei por que.

“Sabe, não é por nada! Eu sei que a minha esposa me ama, mas é meio constrangedor você ficar olhando para ela como se ela fosse um pedaço de carne e soltar suspiros e arfar cada vez que a vê! Isso é ridículo! Você tem esposa e filho! Você usou a Rose e a abandonou! Ela pastou como nunca. Eu sempre a amei e eu sei que quando nos casamos ela não me amava, ela o amava! Mas eu a amava por nós dois. Ela é uma mulher incrível e não merecia ter sido tratada como uma vagabunda! Você sabia que ela era virgem quando a seduziu, Belikov? Acredito que não! Acredito que você só o fez porque achava que a sua fama era real. Ela fugiu e nem sequer sabia para onde iria e se eu não tivesse o dom de ler auras e ter tido a sorte de vê-la fugindo, talvez hoje ela não estivesse viva! Fui até Lissa e ela me contou o que houve entre vocês porque a Rose foi falar com ela e ela atirou na cara da Rose que ela merecia o que você fez porque ela era uma meretriz de sangue barata! Imagina ouvir isso da única e melhor amiga, da única pessoa em quem você confiava! Você já parou para pensar no que ela sofreu?!” Eu nada disse e ele continuou.

“Eu sabia que ela era filha de Abe Mazur e então o procurei e contei-lhe toda a história. Eu não poderia falar com Janine porque sabia que a relação dela com a Rose era horrível e tinha certeza de que se contasse a ela, ela faria com que Rose voltasse à Academia e não sei que bem isso traria a ela. Provavelmente nenhum! Abe tem seus métodos de encontrar pessoas e acabamos encontrando-a em uma pensão de quinta categoria aqui em Portland mesmo. Ela quase não tinha dinheiro e acho que aquela pensão foi o que de melhor ela encontrou com as suas posses...” Ele olhava para o nada, relembrando claramente. Eu não quis interrompê-lo.

“Quando ela me viu na porta de seu quarto, ela quase teve um ataque. Ela achou que eu estava ali, acompanhado do Abe e de Pavel para levá-la de volta à Academia, mas felizmente ela confiou em mim quando eu disse que não e que estava ali para ajudá-la. E foi assim que tudo começou. A minha tia sempre soube do nosso paradeiro, assim como Janine e Abe. Ele contratou Mikail para guardar os nossos filhos e deixou Pavel para nos guardar e nos orientar em técnicas de luta. Janine demorou um pouco para aceitar, mas por fim acabou aceitando, largou os Szelsky e foi guardar entre aspas o Abe, visto que eles se casaram depois disso, se acertaram de vez.” Ele suspirou melancólico.

“Peraí, você quer me dizer que a Rainha sempre soube de tudo isso e aceitou que você se casasse com a Roza? Ela odiava a Roza!!!” Ele me olhou e continuou.

“Quando eu disse a ela que se ela não aceitasse o meu amor e a minha relação com a Rose ela nunca mais me veria. Nunca mais! Ela não teve opção, senão aceitar. Meus pais me deserdaram e minha tia nos mandava ajuda financeira, assim como Abe, mas nem eu, nem Rose tocamos nesse dinheiro para nós. Só alguns poucos milhares de dólares para as crianças!”

“E o que vocês faziam para viver?!” Ele riu.

“Bem, Rose ficou sabendo que tinha um irmão e uma prima aqui mesmo em Portland e nós fomos trabalhar com eles. Como queríamos ficar longe do radar do mundo vampírico, acabamos abrindo uma lavanderia, onde tínhamos empregados, mas era quase tudo autônomo. Sabe, daquelas que você mesmo leva suas roupas, alimenta a máquina com moedas e lava e seca sua própria roupa? Então. Assim, conseguimos sobreviver, sem aparecer muito. Depois, eu fui aceito em Harvard e fiz faculdade de Direito, mas não exerço para ficar longe e não chamar muita atenção no mundo vampírico, pois se eu exercesse o Direito, certamente eu seria localizado facilmente. Quando estávamos com três lavanderias e as crianças já estavam com seus dez para onze anos, eu praticamente obriguei Rose fazer faculdade e ela o fez aqui próximo, na Seattle University, se formando com louvores no curso de Administração e agora ela está fazendo doutorado com ênfase em Economia Empresarial Privada, mas ainda não terminou.” Eu quase não pude acreditar em tudo o que ele estava me contando.

“As coisas não foram fáceis para nós, mas tudo o que conquistamos Belikov, não foi sem muita luta. Rose, como você já sabe, é muito orgulhosa e não queria de forma alguma, depender nem do dinheiro de seu pai nem do dinheiro da minha família. Ela sempre dizia que queria uma vida real, construída em bases sólidas, sem ter que ouvir nada de ninguém, como coisas do tipo – eu te ajudei – você não seria quem é hoje sem o meu dinheiro – essas coisas... A minha Rose é uma guerreira... Em todos os aspectos e a nossa vida não foi fácil de construir e chegarmos onde chegamos. Rose abriu mão de muita coisa pelas crianças e por mim, porque as crianças ainda eram pequenas quando eu entrei em Harvard e só podia vir para casa a cada quinze dias. Às vezes, eu passava mais de mês sem poder vir, por conta de todos os trabalhos e provas... Foi muito duro! Ela corria com as crianças o dia todo! Ela não queria gastar dinheiro com babá quando eles nasceram e a minha tia mandou a Safira. Safira é uma damphir e é casada com um damphir que é guardião e eles moram conosco. Eles estão de férias, mas eu os chamei de volta. Eu preciso de ajuda com a Rose e agora ela tem que fazer repouso!”

“E seus pais?” Ele sorriu. Aquele sorriso preguiçoso na cara. “Eles não te ajudavam, quero dizer, financeiramente?”

“Meus pais, quando souberam que eu realmente iria me casar com a Rose, me deserdaram e foi mais um motivo para que ela não aceitasse ajuda de ninguém!”

“Bem, entendi, mas porque exatamente você está me contando tudo isso?” Ele suspirou e acendeu um cigarro, me encaminhando para fora da cozinha.

“Desculpe-me, mas a Rose não me permite fumar dentro de casa, embora eu fume muito pouco agora.” Ele riu.

“Dimitri, estou lhe contando tudo isso para que você saiba como foi duro conquistar e manter o que eu e a Rose temos hoje. Para que você tenha uma idéia do que ela passou quando fugiu com exatos duzentos e trinta e oito dólares, uma mala pequena de roupas, se sentindo absolutamente humilhada e usada. Para que você saiba que eu não vou abrir mão de lutar por ela e pelos meus filhos nunca. Para que você se mantenha longe dela. Que você pare de ficar direcionando esses olhares, suspiros, arquejos e pensamentos para a minha mulher. Eu não te desejo mal, não quero a sua infelicidade, sei que vocês vão embora assim que o problema da Lissa se resolver, mas enquanto estiver aqui, freqüentando a nossa casa, se comporte!” Ele deu outro sorriso, me analisando. Resolvi perguntar-lhe, aproveitando do seu momento de honestidade, mais algumas coisas que estavam me perturbando.

“Adrian, posso te perguntar uma coisa?” Ele assentiu. “Os gêmeos, eles lêem pensamentos uns dos outros? Quero dizer, eles se comunicam em pensamentos? Eu percebi isso, então...” Ele me olhou profundamente.

“Sim, Andrew é capaz de sentir as emoções de Anne. Ele lê os pensamentos dela e consegue transmitir a ela o que ele está pensando. Ela, embora não leia os pensamentos dele, pode responder para ele em pensamento e ele os lê!” Aquilo, aquela sinceridade, eu realmente não esperava.

“Eles têm mais alguns... Sei lá... Poderes especiais? Afinal, eles são damphirs, não?!”

“Sim, eles são damphirs, mas quanto às habilidades deles, eu não vou te responder mais nada. Isso não lhe diz respeito, desculpe-me a franqueza e eles não gostam de ter suas habilidades expostas!”

“Ah!” Foi só o que eu consegui responder e com isso ele me deixou com meus pensamentos ali fora. Apreciando o anoitecer de uma tarde quente em Portland.