Procura-se Uma Babá escrita por Kel Costa


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Podem respirar aliviados, pq não vou sumir de novo rsrs
Espero que curtam o novo cap ;)



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Fiquei zanzando pela casa até tarde, já que não tinha sono algum e sabia que teria que conversa com Edward quando ele chegasse. Para falar a verdade, eu preferia nunca ter essa tal conversa, mas duvidava que ele fosse deixar passar.

Tinha ido espiar Sofia dormir e enquanto a olhava ali parada na porta do seu quarto, fiquei pensando se ela sentiria minha falta quando eu fosse obrigada a ir embora. Será que ela aceitara bem a próxima babá?

Já estava cansando de esperar, tinha passado da meia noite e nada de Edward chegar em casa. Caminhei para meu quarto e quando cheguei na porta, ouvi os passos na escada. Meu patrão logo apareceu, com a camisa toda amarrotada, os cabelos mais desgrenhados do que o de costume e uma marca de batom no pescoço. Evitei me sentir como uma mulher traída e respirei fundo.

— Oi. — falei baixinho.

— Bella... — ele parou na minha frente, com as mãos dentro dos bolsos da calça. — Não achei que estivesse acordada ainda.

— Bem, eu não estou com sono e resolvi esperar para conversar.

Pelo suspiro que ele deu, pareceu-me que sua noite tinha sido agradável demais e ele não pretendia estragá-la retornando ao tal assunto, mas tudo que Edward fez foi encostar na parede de frente para meu quarto e inclinou a cabeça um pouco de lado, me observando.

— Sim, sobre o que aconteceu no restaurante, o que foi aquilo, Bella? — seus olhos se estreitaram. — Quando preenchi a ficha de solicitação de aupair, eu não me lembro de ter colocado que aceitava garotas com vícios desse tipo.

— Mas eu não tenho vícios! — meu tom de voz foi decidido, não me deixei abalar. — Nunca fumei cigarro algum, muito menos um de maconha, ok? Pode parecer algo que todo mundo deve dizer quando está em negação, mas eu juro que nunca fiz isso.

Confesso que no Brasil, tinha muitos amigos que viviam fumando maconha e sempre me ofereciam, achando aquilo uma coisa super normal, mas eu era considerada a careta do grupo e vivia recusando a oferta. Edward não parecia exatamente convencido, então escancarei a porta do meu quarto.

— Olha, se eu estou sempre fumando como a Rosalie fez parecer, então seria normal eu ter um pouco disso comigo, certo? — gesticulei. — Se quiser, pode revistar meu quarto, minhas roupas, banheiro, tudo.

Ele se aproximou e por cima da minha mão, colocou a dele e fechou novamente a porta do meu quarto. Fiquei nervosa com sua pele quente sobre a minha, mas evitei demonstrar qualquer tipo de reação que aquilo possa ter causado em mim. Ao contrário disso, puxei rapidamente a mão e cruzei meus braços.

— Não vou revistá-la, seria um exagero. — ele jogou a cabeça para trás e voltou a me olhar em seguida. — Veja bem, Bella, eu gosto de você e Sofia, bem... está mais do que na cara que ela te idolatra. Desde que essas coisas... que você goste de fazer... não interfiram no seu trabalho nem coloquem minha filha em risco, tudo bem.

— Você não vai me demitir?

— Lógico que não. — ele revirou os olhos como se aquela idéia fosse estúpida o bastante para ter passado pela sua mente. — Boa noite, Bella.

Eu poderia ter me conformado com tudo isso, ter dado boa noite e voltado para o quarto ter uma noite de sono tranqüila. Acordaria com a certeza que meu trabalho ali estaria garantido por mais longos meses, mas algo estava entalado na minha garganta. Edward agiu como se ele tivesse certeza de que Rosalie tivesse dito a mais pura verdade e isso eu não poderia aceitar.

— Espera aí! — puxei de leve sua camisa quando ele me deu as costas e isso fez com que parasse e virasse para me olhar. — Você acha mesmo que eu fumo maconha? É sério?

— Não precisa mais tentar me convencer, Bella. — ele deu de ombros. — Rose me fez ver que não é realmente nada de tão grave, desde que você seja cuidadosa.

— Rose? — acho que gritei. — Rose acha, né?

Ele levantou uma sobrancelha, provavelmente surpreso por eu estar chamando Rosalie pelo diminutivo e com aquele tom raivoso na voz. Dane-se que ela era namorada do patrão, eu estava puta demais para me importar com isso.

— Pois fique você sabendo... — cutuquei seu peito com o dedo. — que Rosalie inventou tudo isso para me afetar. Ela não gosta de mim e sempre deixou isso bem claro. — e como que para garantir que não restasse mais dúvida alguma no ar, aumentei novamente a voz. — Eu não sou maconheira!

Ele deu um passo para trás na tentativa de fugir de uma possível agressão minha, mas fiquei parada, encarando-o.

— Você está querendo dizer que foi tudo invenção de Rosalie? — pela sua expressão, ele devia estar achando que eu tinha fumado era muita maconha a ponto de ter afetado meu cérebro. — Porque ela é a última pessoa que eu posso imaginar fazendo algo desse tipo, Bella.

— Eu nem sei por que estou te falando isso, já que ela é sua namorada e eu sei que posso me encrencar por causa disso...

— Você quer mesmo ficar martelando esse assunto?

— Lógico, pois sou inocente! Olha, eu nunca fiz nada para Rosalie me detestar, mas essa é a mais pura verdade. Ela não vai com a minha cara desde o dia que me conheceu.

— E ela armaria essa para cima de você porque... — ele esperou que eu completasse a frase, como se fosse muito difícil para ele pensar em qualquer motivo.

Rosalie devia ser muito boa na cama para que Edward a defendesse tanto e colocasse sua mão no fogo pela loira. Aquilo estava me irritando completamente.

— Porque ela não gosta de mim. Deve ter ciúmes, inveja, sei lá! E além do mais, você viu que o Jacob me beijou e tirou a prova, certo?

— Eu vi que ele te beijou, mas até que ponto ele estava sendo sincero, eu não faço idéia. — me olhou desconfiado e o sangue ferveu em mim. — Afinal, vocês dois estão saindo, Bella. Lógico que ele iria protegê-la.

— Primeiro, nós não estamos saindo! E segundo, se duvida tanto assim da palavra de Jacob, por que você mesmo não tira a prova real?

OMG, nem sei de onde saiu toda essa coragem de afrontá-lo desse jeito. Eu tinha dito aquilo mesmo? Mandado ele me beijar? Edward continuou com a mesma expressão de dúvida que tinha antes e passou a mão pelos cabelos enquanto suspirava.

— Bella...

— Desculpe, esqueça o que eu disse. — levantei as mãos em sinal de paz querendo que ele fechasse a boca de uma vez e me deixasse sozinha. — Vou fingir que aceito o fato de ser maconheira e pronto. Acho que posso conviver com essa acusação.

Se eu tivesse sonhado com aquilo, não teria acontecido, mas só por eu não fazer a menor ideia de que realmente pudesse vir a acontecer, então aconteceu. Num momento eu estava bufando de indignação e dispensando meu patrão. No outro, as mãos dele estavam me segurando pelos braços e sua boca grudava na minha.

Durou pouco mais de 3 segundos, mas foi o suficiente para que meus joelhos perdessem as forças, minhas panturrilhas tremessem e minhas mãos suassem. Foi um beijo só de lábios, mas foi também suficiente para eu ter uma prévia de como seria invadir aquela boca e encontrar sua língua. Então, ele me soltou.

— Isso foi... — esfregou as mãos no rosto. — Nossa, me desculpe. Eu não pretendia...

— Hm. Ok. — diante de todas as sensações que eu estava experimentando, não havia muito o que dizer.

— Eu bebi um pouco além da conta essa noite. — ele me encarou, os olhos queimando os meus. — E você ficou com todo esse papo...

— Estava tentando me inocentar, só isso.

— Eu não acho que Rosalie tenha motivos para sentir ciúmes de você, Bella. Por qual motivo? Sua relação com Sofia?

Mas ele devia ser cego mesmo, né? Realmente achava que isso era por causa de Sofia? Ponderei por um tempo, pensando se valia a pena explicar a situação ou deixá-lo no escuro, mas parece que Edward logo sentiu a ficha caindo, pois levantou as duas sobrancelhas.

— Não tem nada a ver com Sofia, não é?

— Não.

Ficou de boca aberta me encarando e senti que seus olhos passeavam pelo meu corpo até voltar novamente aos meus olhos. Meu patrão estava em negação, mas eu não o culpo.

— Por que ela acharia algo do tipo? — ele abriu a boca e fechou, e abriu de novo. — Bella, por favor, se eu por acaso tiver dado a entender alguma coisa a você, eu...

— Pare, ok? — espalmei a mão em seu peito e o empurrei de leve na direção de seu quarto. — Eu sou apenas a babá da sua filha, não me coloque mais ainda no meio dessa confusão da Rosalie.

Edward calou a boca e confirmou meu pedido com a cabeça, se afastando lentamente, andando de costas sem tirar os olhos de mim. Eu daria tudo para saber o que se passava naquela cabeça.

— Afinal de contas, conseguiu a prova? Com o beijo? Viu como eu não fumei?

— Para falar a verdade, eu não faço a menor idéia de como é o hálito de alguém que tenha fumado maconha. — um dos cantos de sua boca repuxou levemente, quase formando um sorriso. Ou isso, ou eu já estava com muito sono. — Não posso dizer se você é inocente ou não.

— O que? — por aquela eu não esperava, nem sabia o que dizer direito. — Então por que me beijou?

Não tive resposta. Edward já estava entrando no quarto e fechando a porta.

Acordei no dia seguinte me sentindo péssima. Algo como uma ressaca moral misturada com vergonha. Por ser domingo, sabia que Edward provavelmente ficaria o dia todo em casa e isso significava que iríamos nos encontrar várias vezes durante o dia. Tinha dormido muito mal, rolando na cama de um lado para o outro pensando em todos os acontecimentos da noite fatídica. Tudo tinha dado errado, impressionante!

Levantei sem a menor vontade, mas foi preciso, já passavam das 10hs e a última coisa que eu queria era dar a impressão de ser uma dorminhoca folgada – além de maconheira. Depois de tomar um banho frio é que melhorei um pouco, mas toda vez que pensava na conversa com Edward ali no corredor, do beijo e tudo mais, a vontade de correr para a cama e me enfiar debaixo do edredom retornava.

— Ele estava bêbado, então provavelmente nem deve se lembrar de nada...

Era o que eu insistia em fixar na mente. Respirei fundo e desci as escadas, torcendo para que hoje fosse um dia atípico e ele tivesse resolvido dar uma voltinha com Sofia. Eu estava errada, claro. Encontrei os dois na mesa do café. Sofia brincava com o prato de sucrilhos e Edward estava de costas para mim, folheando um jornal.

— Bom dia. — falei tão baixo que não me ouviram, então tossi.

— Oi Bella, bom dia. — ele virou para sorrir e voltou ao seu jornal.

Sentei-me ao lado de Sofia, que sorria para mim sem nem ao menos imaginar o que tinha acontecido ontem. Fiquei me perguntando o que ela acharia se eu contasse sobre o beijo. Sei que a menina estava do meu lado nessa história, mas não sabia até onde o ciúme dela poderia ir. Será que Sofia seria capaz de me boicotar também? Engoli em seco e puxei a cesta de pães.

— Então... — comecei e parei por aí mesmo, já que não tinha o que falar, era só para puxar conversa, mas meu patrão continuava com o jornal aberto na frente do rosto.

O fato de Sofia não falar na presença dos outros era completamente irritante. Nesses momentos desconfortáveis, ajudaria muito se ela começasse a puxar um papo comigo ao invés de ficar nos encarando com seus olhares misteriosos.

— O sol está bonito hoje, Sof. Vai querer ir para a piscina? — perguntei, colocando sua franja que insistia em cair sobre os olhos para trás da orelha. Ela balançou a cabeça confirmando. — Que tal usar aquele biquíni lindo de bolinhas amarelas?

Edward finalmente largou a droga do jornal, colocando-o dobrado sobre a mesa e nos olhou por poucos segundos, antes de levantar e puxar a cadeira da sua filha.

— Você quer ir para a piscina, sua menina má? — ele a pegou no colo e a balançou no ar como se Sofia fosse um pequeno avião.

A menina começou a gargalhar e ele saiu correndo para subir as escadas com ela. Ainda pude ouvir os gritinhos e risos de Sofia lá em cima, mas continuei na mesa para tomar meu café. Parecia que eles não precisavam de mim.

Senti vontade de falar com Jess, sair um pouco de casa e até pensei que poderia levar Sofia ao parquinho mais tarde. Eu percebi que estava sentido falta de conversar com uma pessoa do sexo feminino, mas que fosse adulta. Apesar de adorar Sofia, não dava para conversar sobre determinados assuntos com ela, principalmente quando seu pai era o tema principal. Lembrei também que Jess tinha me alertado sobre Jacob, mas na noite passada ele não pareceu o garanhão que ela tinha pintado.

Abigail, que me adorava para dizer o contrário, entrou na sala para começar a tirar a mesa, mesmo eu ainda estando ali, em carne e osso, comendo. Sorri para ela, tentando me aproximar da pessoa.

— Está tudo tão gostoso, como sempre!

Recebi apenas o silêncio como resposta. Ela não ia mesmo com a minha cara. Pegou a cesta de pães antes que eu pudesse esticar o braço para agarrar o último.

— Pode levar, estou de dieta.

O que era totalmente mentira, já que eu nunca fui de fazer dieta. Primeiro porque nunca precisei, felizmente. Segundo que não tenho mesmo vergonha de comer muito. E acho que isso foi o que assustou um menino com quem fui ao cinema uma vez, quando tinha 12 anos. Ele tinha comprado um saco de pipoca gigante, imaginando que iríamos dividir, mas ficou meio pasmo quando coloquei o pacote no colo e não tirei a mão de dentro praticamente o filme todo. Eu gosto muito de pipoca, tenho culpa? Bem, o que eu sei é que o menino nunca mais me chamou para sair e também nem ficou se gabando para os amigos que tinha conseguido colocar o braço nos meus ombros.

Voltei ao presente quando Abigail começou a puxar a toalha da mesa, mas estava encontrando empecilhos com meus cotovelos apoiados ali. Resolvi levantar antes que ela resolvesse me colocar na lavadora de louças também. Subi para meu quarto e me joguei na cama, sem nada para fazer. Não me sentia confortável para ir à piscina junto de Edward e Sofia. Ele mal tinha olhado para mim essa manhã.

Liguei a televisão e parti em busca de um bom filme de comédia romântica daqueles onde eu poderia me afogar em lágrimas enquanto me perguntava porque também não acontecia comigo. Afinal, não era tão difícil assim cruzar sem querer o caminho de um príncipe solitário que sonha em encontrar a mulher de sua vida. Acabei parando num canal que exibia Uma Linda Mulher. Clichê, mas totalmente bem-vindo.

— Bella?

Apertei o mute quando ouvi a voz junto com a batida na porta. Fui abrir, me esforçando para colocar meu melhor sorriso de “estou super de bem com a vida, nada me afeta” estampado no rosto.

— Sim?

— Está tudo bem? — ele perguntou com a cara mais sonsa do mundo. Filho da mãe. Nem me deixava muitas opções.

— Hum... sim. Algum problema? — nessas horas queria ter um chiclete para mascar e fingir que estava pouco me importando com a presença entediante dele ali na porta.

— Bem, eu não sei. — estreitou os olhos. — Estou perguntando por ter te achado muito calada no café.

— Você estava lendo jornal e Sofia não fala. — o que ele esperava? Que eu falasse com as paredes? — Não tinha muito o que conversar.

Cruzei meus braços, estava perto de me irritar com Edward. Se ele tinha se dado ao trabalho de ter ido até meu quarto, poderia pelo menos ter a coragem de tocar no tal assunto. Já não acreditava mais que ele não se lembrava do que aconteceu.

— Sim, claro. Então você está bem mesmo, né?

— Aham.

— Sofia vai ficar te esperando na piscina... — ele deu um sorriso amarelo e enfiou as mãos no bolso, começando a virar de costas para ir embora.

— Eu não estou com disposição para piscina. — ele voltou a me olhar e eu consertei a frase, afinal, eu era a droga da babá. — Mas vou ficar de olho nela.

Então uma coisa completamente inesperada aconteceu. Edward empurrou minha porta, entrou no meu quarto e a fechou lentamente, como se não quisesse fazer barulho e ser descoberto ali.

Pensei que agora era a hora, né? Que ele finalmente me agarraria, me jogaria na cama e arrancaria minhas roupas. Mas não foi assim. Claro que não. Desde quando eu me dou bem?

— Bella, sobre ontem... — ele pigarreou.

— Ontem? — se fazer de desentendida é sempre bom.

— Sim, acho que você sabe do que estou falando. — ele coçou a testa sem me olhar nos olhos. — Primeiro o lance da maconha, queria que ficasse esclarecido de uma vez por todas.

— Não direi novamente que não fumo, porque ficou chato já...

— Sim, tudo bem. Nem pretendia acusá-la.

Bem, isso era novidade, não? Será que uma boa noite de sono tinha sido o necessário para colocar a cabeça dele no lugar e fazê-lo enxergar melhor a situação?

— Não adianta ficar duvidando de você, então resolvi acreditar em sua palavra e ponto final. Apesar de não conseguir acreditar que Rosalie teria feito isso de propósito, também não vou colocar minha mão no fogo por ela. Estamos resolvidos?

Para mim não. Eu ainda iria desmascarar aquela vadia loira e mostrar a Edward que ela não vale um centavo, mas o fiz acreditar que estava tudo resolvido entre nós. Dei meu melhor sorriso inocente.

— Estamos entendidos então.

— Sobre o beijo... — ele chegou mais perto de mim, de mansinho, me olhando nos olhos e eu senti novamente os joelhos tremerem. Ele queria repetir o beijo, não acredito! Dei dois passos na sua direção para poder apressar as coisas. — Você acha que poderíamos esquecer aquilo?

Bem pior que um balde de água fria. Claro que ele não queria repetir droga nenhuma. Onde foi que eu peguei a maconha que fumei para me fazer acreditar nisso. Dessa vez meus joelhos tremeram mais ainda, mas foi uma sensação diferente da anterior.

— Esquecer? — minha voz falhou, mas tratei de consertá-la. — Hum, sim, claro. Ia propor a mesma coisa.

— Sei que passei dos limites e fiquei com medo que você estivesse assim por causa disso.

— Mas eu estou bem! Ótima! — queria apenas cortar os pulsos, mas estava plenamente feliz. Por fora. Seria demais pedir para que ele fosse embora e bater a porta na cara do dono da casa?

— O fato de não querer ir à piscina não tem nada a ver com isso então? — ele levantou aquela sua sobrancelha irritante que o deixava ainda mais gostoso.

— Claro que não. Mas vou tomar um banho e pode ser que fique mais disposta.

Comecei a caminhar para a porta, dando a entender que queria que ele saísse e Edward parece ter entendido o recado, pois se despediu com um sorriso e me deixou sozinha. Desabei na cama, prendendo o choro que queria sair.

A televisão ainda estava no mute e a cena que passava era a que eles se pegavam no piano, com a Julia de camisola. Do jeito que minha vida amorosa ia, era bem provável que eu nunca chegasse nem perto daquele tipo de pegada.

Talvez fosse mesmo melhor tomar um banho – outro – e tentar me enforcar com o chuveirinho. Pensei em colocar meu melhor biquíni e ir para a piscina, dar o melhor de mim para seduzir Edward e deixá-lo babando, mas a quem eu queria enganar? Não sabia ser sensual de um jeito forçado. Não nasci com esse dom que as mulheres possuem de cruzar as pernas e causar arritmias, ou jogar os cabelos e fazer os homens perderem os sentidos. Comigo o cara até poderia perder o sentido, quando meus cabelos batessem fortemente em seu rosto e ele desmaiasse. E tenho permissão para dizer isso, pois não é mentira.

Uma vez, quando tinha uns 15 anos e estava numa festinha na casa da Marcy – a patricinha esnobe do colégio – fiquei super feliz porque o carinha de quem eu gostava desde o início do ano letivo – nós já estávamos em novembro e ele ainda nem tinha olhado para mim, apesar de sermos da mesma turma – veio dançar perto de mim. Tudo bem que ele parecia estar interessado na minha amiga que usava uma saia do tamanho de um cinto – me arrependo até hoje de ter ido com um macacão jeans e largo que eu achava super fashion –, mas eu não podia perder a oportunidade de fazê-lo notar minha existência. Então, com muita técnica e sensualidade, eu comecei a dançar da forma mais sensual que sabia e num dos meus rodopios – só depois fui saber que aqueles passos eram de forró e não de hip hop, que era o que estava tocando – joguei meu cabelo para um lado e para o outro e sem querer acertei o olho do rapaz.

Foi um completo horror. Ele começou a lacrimejar, o olho ficou vermelho, depois roxo e o coitado precisou ir embora já que não estava conseguindo enxergar. Na segunda-feira ele apareceu no colégio com um tampão no olho e só tirou três dias depois. Acho que ele achou que fiz de propósito, porque apesar de ele então ter passado a me notar, em compensação mudava de calçada quando passava por mim na rua. E olha que eu cansei de dizer que foi sem querer!

Mas então, juntando todos os cacos que Edward deixara espalhado no chão do meu quarto, tomei coragem e me troquei para ir dar um mergulho. Ignorei as cinco mensagens de texto que piscavam no celular e indicavam que era de Jacob. Não queria falar com ele hoje. Fingiria estar tudo na mais perfeita tranqüilidade e tentaria me animar com Sofia.

Quando cheguei lá fora, ela estava deitada numa bóia amarela com uma cabeça de papagaio numa das extremidades. Usava seus óculos escuros da Barbie e parecia uma adulta pegando sol.

— Você não se incomoda que eu faça... isso, né? — pulei com prazer na água, fazendo a bóia se agitar e Sofia ficar ensopada com o que espirrou nela. — Ops, desculpe.

Ela riu, entrando na brincadeira e se jogou em cima de mim, pendurando-se no meu pescoço. Estávamos brincando dentro d’água quando ela parou e olhou para o alto, para algo atrás de mim. Por um instante, meu sangue gelou com medo de que Edward tivesse chamado Rosalie, mas ao virar, vi que era apenas ele, tirando a camisa e ficando só de sunga. Mergulhou praticamente sobre nós e foi nadando até o outro lado. Suspirei, sem saber o que mais o dia me reservava.

Sofia estava feliz comigo dentro da piscina. Ela acreditava que eu era alguma bóia ou coisa do tipo, já que se pendurava no meu pescoço ou ombros e me balançava, dando a entender que era para eu me locomover. Quando Edward não estava por perto, ela cochichava no meu ouvido e me chamava de cavalinho.

Apesar de estar me divertindo com ela, o tempo não estava tão quente. O sol brilhava no céu, mas não exercia todo seu poder de aquecimento, então resolvi deitar um pouco numa das espreguiçadeiras. Sentindo o sol batendo diretamente na minha pele, me senti um pouco melhor e relaxada.

— Quer beber alguma coisa? — a voz calma de Edward soou ao meu lado e virei o rosto. Ele estava sentado na espreguiçadeira ao lado da minha, me encarando com o corpo levemente inclinado na minha direção.

— Não, obrigada. — sorri educadamente e voltei a deitar a cabeça sobre minhas mãos. Fechei os olhos para não ter que encará-lo. Eu só queria ficar sozinha e relaxar um pouco ali.

Mesmo com os olhos fechados, eu sentia que Edward ainda estava ali na mesma posição e me encarando. Não sabia o que ele queria, muito menos o que estava esperando receber de mim. Tornei a abrir os olhos e apoiei os cotovelos na cadeira.

— O que foi? — arrependi-me logo do tom de voz usado, parecia demonstrar que estava incomodada com a presença dele ali.

— Você está bem?

— Estou.

— Mesmo? — seus olhos se estreitaram e eu entendi o que ele estava querendo perguntar exatamente. Queria saber se eu estava bem com a sua proposta de esquecer o que houve. A resposta, claro, era um sonoro não.

— Eu estou ótima, Edward. Algum problema? — fiz o mesmo, estreitei meus olhos e ele desviou os seus.

Sofia batia os pés na piscina e eu de vez em quando sentia alguns pingos respingando em minhas pernas. Edward passou as duas mãos no rosto e depois nos cabelos, soltando um suspiro pesado.

## Edward POV ##

Eu definitivamente tinha perdido o tato com as mulheres. Ou talvez só com Bella. Algo me dizia que ela não estava muito confortável depois do beijo da noite passada e eu achava que propor esquecermos o que aconteceu melhoraria a situação.

Ela agora olhava para mim despretensiosamente e não parecia muito feliz pela minha presença ali. Tentei ficar de fora do cenário de brincadeiras entre ela e Sofia, quando estavam ambas dentro d’água, mas na verdade estava esperando que ela saísse para podermos conversar melhor.

O que aconteceu ontem ainda estava confuso demais para mim. Eu gostava de Bella, claro. Era uma ótima garota e Sofia era louca por ela, o que realmente me surpreendia e alegrava. Bella ainda era muito nova, mas quando se vestia bem, acabava chamando atenção. A minha, inclusive. E não vou ser hipócrita e fingir que ela não exercia um poder de atração sobre mim. Sua naturalidade contagiava e fazia com que ficasse perto dela fosse algo muito agradável, mas até então deveria ser somente isso.

— Sofia, você está jogando água em nós dois... — olhei para minha filha, usando minha melhor cara de “papai vai falar só uma vez” que ela entendia perfeitamente. Deu um sorriso brincalhão e foi bater os pés para o outro lado, segurando com as mãos na borda.

Meus olhos pousaram nas gotas d’água que caíram na coxa de Bella, que estava deitada de bruços usando um biquíni que eu imaginava ser brasileiro. Era roxo e a única coisa que o seguravam em seu corpo eram tiras finas que formavam um lacinho de cada lado. Não era indecente, daqueles que entravam pela bunda e não sobrava nada, mas também não era, definitivamente, nada igual aos modelos que eu estava acostumado a ver. Ele era comportado, mas deixava bastante coisa de fora. Se é que me entendem.

— Edward? — ela me chamou e não sei se me pegou olhando para seu corpo.

Tinha esquecido que estávamos tentando conversar e tratei de me recompor. Bella era babá de minha filha e além do mais, eu mal tinha iniciado um relacionamento com Rosalie.

— Eu só queria ter certeza que estaria tudo bem entre nós, depois de ontem.

Ela deu de ombros e esboçou um sorriso. Não tenho certeza, mas percebi algo de relance, que sumiu rapidamente de seu rosto. Podia ser apenas impressão minha, mas me pareceu que o sorriso dela não era espontâneo.

— Já não lembro nem do que aconteceu ontem... — se levantou.

— Não lembra?

— Você não pediu para fingir que não aconteceu nada?

— Sim, claro... — também levantei, mas ela acabou sendo mais rápida e mergulhou novamente na piscina, para alegria de Sofia. Esperei que voltasse à tona. — Mas apesar do que eu disse lá em cima, queria saber se você tem algum problema em relação a isso.

— Não tenho.

Ela estava me tratando friamente e mantendo distância. Se tentava demonstrar uma coisa, estava fazendo completamente o oposto disso.Resolvi entrar também na piscina e fui na direção de Sofia. Peguei-a no colo, dando um beijo em sua testa e admirei o sorriso de minha filha. Ela era a coisa mais preciosa da minha vida.

— Querida, você pode buscar um copo d’água para o papai?

Sofia balançou a cabeça sorridente. Pedir alguma coisa a ela significava que eu lhe confiava e isso a fazia se sentir adulta. Saiu correndo da piscina e sumiu lá dentro. Aproximei-me de Bella, que tinha encostado na parede do outro lado.

— E seu encontro? Vai sair novamente com ele? — tinha esquecido o nome do cara, com quem eu não fui muito com a cara. Ele me parecia ser forçado demais, alguém que não sorria sinceramente. Quando ele agarrou Bella na nossa frente e a beijou na boca, estava claro que tentava mostrar-me quem era o dono da garota.

— Com Jacob? — deu de ombros. — Não sei, talvez... Na verdade não cheguei a pensar nisso ainda, então se ele me ligar, penso na hora. De qualquer forma, nós somos apenas amigos.

— Amigos? Não acho que ele esteja pensando dessa forma, Bella.

Ela mordeu os lábios e afundou a cabeça, retornando com a água escorrendo pelo rosto e cabelos. Cruzou os braços, parecia desconfortável. Afinal, o que eu queria e estava tentando fazer? Percebi que não fazia a menor idéia de onde queria chegar. Se eu não estava me entendendo, então ela provavelmente estava bem mais perdida. Suspirei e me encostei ao seu lado, olhando para meus dedos que iam enrugando embaixo d’água.

— Desculpe, não tenho nada com isso. Nem devia ter perguntado sobre ele.

— Está tudo bem, Edward. Você tem mesmo que se preocupar com quem eu me envolvo, afinal, essa pessoa pode acabar tendo contato com a sua filha. — ela me olhou e sorriu, dessa vez um sorriso sincero. — É normal, eu acho, para um pai.

Isso me fez pensar que em momento algum quando comentei sobre Jacob, estivera pensando em Sofia. Eu realmente estava me preocupando com Bella e a possibilidade dela sair machucada. Isso não era normal, era? Afinal, ela mesma dissera que um pai se preocupa com a filha...

— Não era com Sofia que estava preocupado, mas com você. — ela me olhou de canto de olho.

— Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem.

Saí de onde estava e fiquei de frente para ela, me aproximando mais ainda e segurando em seus ombros. Percebi que ela puxara o ar e prendera a respiração por alguns segundos, soltando em seguida.

— Pare com isso, ok? Pare de dizer que está tudo bem. — afrouxei um pouco as mãos, pois senti que acabaria apertando-a demais. — Eu estou tentando conversar e você só fica repetindo de que está bem, quando não está.

— Foi você quem pediu para esquecer o acontecido.

— Eu retiro o pedido que fiz. Aconteceu, é um fato e não vou ficar fugindo disso. Também não quero que você se sinta mal, ou constrangida. Foi por isso que inicialmente, pedi para que esquecêssemos o assunto, mas não tinha pensado que isso poderia deixá-la mal.

Bella baixou os olhos e eu a soltei. Sofia já devia estar voltando e a conversa teria que ser interrompida. Ia me dar por vencido, quando ela voltou a falar.

— Não fiquei mal, Edward. Só que sou sua funcionária e nada mais, me senti apenas desconfortável, porque ficou parecendo que você achava que eu poderia querer me aproveitar da situação... ou algo do tipo.

— É lógico que eu não pensaria isso! O beijo foi dado por mim, não foi?

Confesso que estava levemente bêbado, mas me lembrava perfeitamente de todas as palavras que trocamos e sei que eu tivera mesmo a intenção de beijá-la apenas para me aproveitar. Queria beijar aquela boca e o fiz. Sem nenhuma outra intenção. Seus lábios eram macios e muito bem delineados e quando a beijei, tive que conter a vontade de puxar-lhe pela cintura e intensificar o beijo. Que porra estava acontecendo comigo?

— Acho que foi... — ela continuava não olhando em meus olhos. — Parece que você queria testar a teoria de Jacob.

— Não, eu com certeza não estava pensando na teoria de Jacob. — ela então levantou os olhos, me encarando com as bochechas coradas. Um calafrio percorreu minha espinha, pois a mãe de Sofia costumava lançar-me o mesmo olhar.

Notei que estava prestes a beijá-la novamente, quando fomos interrompidos pela água que espirrava para todos os lados por causa do mergulho de Sofia. Felizmente, pude recuperar a razão e me afastei alguns passos de Bella.

— Querida... — peguei Sofia no colo e coloquei-a sobre meus ombros, preparando-me para jogá-la para trás, brincadeira que ela adorava. — O que você acha de nós três irmos ao cinema mais tarde?

Sofia agarrou meu pescoço, apertando-o e beijando meu rosto inúmeras vezes. Era a forma dela dizer que concordava plenamente com a idéia. Olhei para Bella, que estava balançando a cabeça com um sorriso amarelo no rosto.

— Concordo que Sofia tem mesmo que passar mais tempo com Rosalie, será bom para vocês.

Joguei minha criança na água, para trás e ouvi o barulho do seu corpo afundando. Ela gritava de emoção, histericamente. Aproximei-me de Bella e beijei seu rosto, aproximando-me involuntariamente de sua boca – eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo.

— Não estava falando de Rosalie. Eu, você e Sofia. Nós três. Para me redimir pelas minhas atitudes. Não aceito um não.

Toquei suas costas e sem querer, minha mão procurou sua cintura, mas retirei-a rapidamente. Eu estava mesmo tendo consertar meus péssimos modos. Eu e Bella tínhamos começado muito bem, nos dando perfeitamente. Não podia correr o risco de quase estragar tudo novamente.

## Fim do Edward POV ##


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Notas finais do capítulo

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