Procura-se Uma Babá escrita por Kel Costa


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Fiquei séculos sem postar aqui, mas prometo que finalizarei a história o quanto antes.
Boa leitura ;)



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Depois de um banho rápido e uma tentativa de corrigir as imperfeições diante do espelho do banheiro, tive dificuldade na hora de escolher uma roupa. Usei aquele velho truque de colocar a peça na frente do corpo enquanto olhamos a imagem no espelho, mas nada parecia ser ideal. Eu queria ficar bonita, mas não queria passar a impressão que tinha me arrumado com aquele propósito.

Por fim, depois de estar prestes a desistir, achei no fundo do armário um vestido que eu nem lembrava que existia. Daqueles pretinhos básicos, um pouco acima dos joelhos, com um corte que moldava meu corpo sem ficar justo e que possuía um decote comportado, mostrando só o necessário para deixar o homem interessado. Fiz um rabo de cavalo frouxo e desarrumado, deixando alguns fios soltos em volta do rosto e passei uma maquiagem bem leve, apenas destacando os lábios. No final, fiquei super satisfeita com o resultado e até pisquei para meu reflexo.

— Te digo uma coisa, Bellinha... Se eu fosse seu patrão já estaria te escravizando. No melhor e mais pervertido sentido, claro.

Corei com minhas próprias palavras e olhei na direção da porta para me certificar de que não havia ninguém ali me olhando e presenciando minha obsessão por Edward. Era óbvio que eu não tinha a menor intenção de me envolver com Jacob, mas aproveitaria o jantar e me divertiria.

Desci dez minutos antes da hora marcada por Jacob e não encontrei ninguém esperando por mim na sala de estar. Meio que tinha fantasiado uma cena que costumava acontecer muito em filmes adolescentes americanos, onde a mocinha linda desce as escadas, pronta para o baile de formatura e toda sua família – além do par perfeito, geralmente o capitão do time de futebol do colégio – a encara boquiaberta emocionada com tamanha beleza. Respirei fundo. Eu não tinha um capitão do time de futebol esperando por mim e minha família estava a um continente de distância.

— Bella! — virei sorridente quando ouvi a voz de Edward atrás de mim e franzi a testa. — Você está... muito bem!

— Obrigada. — eu esperava por um “deslumbrante”, mas tudo bem. Não pude deixar de notar que ele tinha trocado de roupa e não era a roupa mais adequada para ficar em casa. — Você vai sair?

— Ah sim, Rosalie praticamente me obrigou.

Inacreditável! Justo no dia em que eu teria uma noite para mim, Edward se negava a ficar em casa com a própria filha. Parecia que a criança ali era ele.

— E Sofia? Vai ficar com quem?

— Rose arranjou uma babá de última hora para ficar com ela até voltarmos. — ele sorriu. — Não se preocupe, Sofia estará em boas mãos. Sei que se preocupa, mas aproveite a noite, ok?

Ele não estava nem um pouquinho enciumado? Seria possível mesmo que não tivesse olhos – mesmo que fosse um só, do tipo caolho – para mim? Eu estava super linda e minhas pernas estavam elegantemente moldadas pelo salto alto e... A campainha tocou, meu patrão foi atender.

— Boa noite.

— Boa noite. Você deve ser o encontro de Bella, certo?

— Jacob Black, prazer.

Os dois machos se cumprimentaram diante de mim, que assisti de braços cruzados enquanto desejava as piores coisas do mundo para Rosalie. Não queria dar mais papo a Edward, então peguei minha bolsa de cima do aparador e passei pela porta, esbarrando de propósito nele e olhando-o por cima do ombro.

— Uma pena você não aproveitar a noite com Sofia, mas divirta-se. — sorri tentando parecer amável.

Acho que ouvi algo como um “boa noite”, mas não dei muita importância, pois saí puxando a mão de Jacob e falando alto com ele propositalmente. O professor de dentes branquíssimos abriu a porta do carro – um modelo simples e de dois anos atrás – para mim. Depois que ele entrou e deu a partida, virou para me encarar.

— Está tudo bem?

— Sim, perfeito!

— Esse bater de perna é um tique nervoso então?

Só aí que me dei conta de que estava há sacudindo a perna direita, um costume que eu tinha quando ficava alterada. Parei na mesma hora com aquilo e sorri para ele. Agora, sem Edward por perto para me estressar, é que eu pude notar o professor. Ele estava realmente interessante, pela primeira vez. Vestia uma camisa azul marinho de gola em V que marcava seu peitoral para lá de definido – outra coisa que eu estava reparando bem pela primeira vez – e uma calça jeans bem escura. Usava um relógio em seu pulso largo e exalava um perfume gostoso. Pisquei algumas vezes para processar todo o conjunto e voltei a olhar para frente. Ele tinha notado que eu ficara o encarando por alguns minutos.

— Então, o que estava acontecendo lá quando eu cheguei? Parecia que tinha interrompido alguma coisa. — perguntou com a voz calma sem tirar os olhos da estrada.

— Ah, nada não. É só que Edward é um pai muito ausente... Era para ele ficar com a Sofia hoje, já que eu estou saindo, mas ele faz tudo que aquela loira quer.

— A loira é namorada dele?

— Algo assim.

— E você não gosta dela. — ele riu.

Talvez eu não devesse ficar falando de certas coisas com um cara que mal conhecia, mas acabei rindo junto com ele. Pelo menos poderia falar mal de Rosalie sem ter que me preocupar dela descobrir.

— Bem, é verdade, não gosto dela. Mas é que acho que Edward merece coisa melhor e Rosalie é uma falsa. Já me disse umas coisas horrorosas e não gosta de Sofia, apenas atura a menina. Considero Rosalie a personificação da madrasta má da Cinderela. — estava sem fôlego, falei tudo rápido. Jacob ainda tinha o sorriso no rosto e balançava a cabeça conforme eu contava as coisas.

— Entendo. Mas Edward gosta dela, não é?

– Aham.

— Então acho que você deve ficar quieta, na sua... — nós tínhamos chegado. O carro parava na porta de um restaurante de aparência chique e um manobrista vinha abrir minha porta. Jacob segurou minha mão antes de eu sair. — Ela pode ser o tipo da mulher que não vai pensar duas vezes antes de te arrumar um problema, Bella.

Ele deu o nome para que achassem nossa reserva e fomos levados até nossa mesa na área dos não fumantes. Jacob era todo sorridente comigo, mas ainda mantinha um ar de gente séria que ele provavelmente deveria usar dentro de sala de aula.

— O que você quer dizer com Rosalie me arranjar problemas? — perguntei enquanto o garçom nos entregava os cardápios.

— Bem, se ela é como você diz, então estará disposta a tudo para ter a atenção do seu patrão só para ela. E já que você se dá tão bem com a filha dele e tudo mais... Você sabe... Acaba sendo um empecilho para ela.

Não quis entrar em detalhes e dizer que eu é que seria o empecilho do caminho da loira má, então resolvi mudar logo de assunto. Falar de Rosalie enquanto escolhia o que comer acabaria me enjoando. Dei uma olhada rápida nos pratos listados no menu e torci para que Jacob não aceitasse dividirmos a conta. Eu no mínimo deixaria quase a metade do salário ali. O que não entendia é como ele teria condições de bancar um restaurante tão caro se dirigia um carro ultrapassado e era professor primário.

Acabei optando por uma refeição que não fosse o olho da cara – o preço era absurdo, mas um dos menores do cardápio – e sorri para ele, tentando pensar no que conversar para passar o tempo. Apesar dele demonstrar ser um cara legal, minha mente estava em outro lugar.

— Então, que tal se me contar o que te faz estar sempre correndo atrasada para o colégio? — estreitou os olhos mas mostrava um semblante divertido, zombando da minha cara.

— Não estou sempre atrasada. Só de vez em quando.

— Mas vocês duas gostam de uma boa corrida matinal ou é apenas atraso mesmo?

— Sofia é impossível quando quer. — suspirei e apoiei os braços na mesa. — Ela não fala, ela faz birra, ela...

— Não fala?

Ah sim, esqueci que esse era um fato que nem todo mundo acharia normal. Eu é que já tinha me acostumado com isso.

— Hum sim. Ela entrou em greve de fala... Desde que a mãe dela morreu, Sofia tem apresentado um comportamento incomum. — dei de ombros. — É o que Edward me contou logo que cheguei.

— E como você faz? Porque é difícil lidar com crianças mudas...

— Oh não, mas ela fala. — percebi que ele levantou as sobrancelhas surpreso ou, o que era mais provável, perdido na minha conversa. — Quer dizer, ela fala só comigo. Ninguém sabe disso. Oh Deus, você não pode contar a ninguém, ouviu?

Tinha me inclinado por cima da mesa e agarrado sua mão, o que fez com que ele me olhasse com enorme interesse. Recuei imediatamente e voltei a sentar, envergonhada por estar contando tudo a ele. Eu e minha boca grande.

— Não irei contar a ninguém, Bella. — piscou. — Não é como se eu fosse amigo do seu patrão.

— Merda!

— Perdão, o que disse?

Eu não tinha dito aquilo para ele e sim para o que estava atrás dele. Eu estava mastigando uma torrada e quase engasguei com o troço que entalou na garganta quando vi Edward e Rosalie se aproximarem de nossa mesa.

— Não foi... com você... que falei. — levantei os olhos. — Edward!

Jacob levantou na mesma hora e virou-se para trás, dando de cara com o casal 20 ali parado. Acho que de início ele pensou que fosse alguma pegadinha, pois me olhou, depois olhou para o casal, depois me olhou de novo e finalmente parou os olhos sobre Edward e Rosalie.

— Olá, prazer. — a loira estendeu a mão para ele. — Rosalie.

— Jacob. — pigarreou.

Eu estava ocupada demais encarando Edward, que também me encarava apesar de Rosalie estar odiando isso tudo. Acho que o pedaço da torrada ainda estava na minha garganta e de repente eu desejei sair correndo do restaurante.

— Não sabíamos que estariam aqui. — Edward falou visivelmente desconfortável.

— Seria o caso... de juntarmos as mesas?

— Oh meu Deus, não! — talvez eu tenha exagerado na afirmação, já que Jacob me olhou espantado. — Quero dizer, não queremos atrapalhar vocês dois. Eu e Jacob já estávamos de saí...

— A refeição, senhores. — o infeliz do garçom chegou com nossa comida. Ele colocou tudo na mesa e olhou em volta para as quatro pessoas confusas. — Devo juntar as mesas dos dois casais?

Quando os dois machos concordaram, senti um embrulho no estômago e achei que fosse ter uma indigestão comendo na presença de Rosalie. Teria que enfrentar aquela situação, já que meu salto era um pouco fino demais para sair correndo.

Eu estava com bastante fome, mas fiquei enrolando com a comida enquanto a de Edward e Rosalie não chegava, para não passar por esfomeada. Notei que Jacob fizera o mesmo, só que a diferença é que ele parecia muito mais a vontade do que eu. Conversava tranquilamente com Edward sobre os mais diversos assuntos e até com Rosalie ele conseguia ser simpático.

— Então Bella, você nunca disse que estava namorando. — o vinho que eu estava engolindo entrou pelo meu nariz e por pouco eu não paguei o maior mico da minha vida deixando que o líquido saísse. Meus olhos chegaram a arder.

— Nós não somos... — encarei a loira má que exibia um sorriso discreto de satisfação por ter me colocado nessa situação constrangedora. — Estamos saindo juntos pela primeira vez.

Percebi que Jacob tinha um sorriso gigante estampando o rosto, provavelmente muito feliz por ter sido citado como meu namorado, mas Edward olhava para Rosalie com a testa franzida. Eu a olhava com todo o ódio que existia nesse meu corpo magro.

— De onde você tirou que eles são namorados, Rose? — meu patrão fez o que eu tinha vontade de fazer, mas não possuía coragem.

— Hum... Achei que fossem. — ela fez uma expressão de quem se desculpava pelo fora, mesmo quando eu sabia que não era verdade. — Não são? Vocês combina tanto...

Eu combino com o homem que está ao lado dela, mas deixei esse pensamento guardado dentro de mim e tomei um longo gole de vinho, que esvaziou minha taça. Fiquei aliviada quando a comida do casal de pombinhos chegou. Assim eu poderia comer normalmente e ocupar minha boca que queria proferir palavras nada educadas.

— Bella disse que você dá aula no colégio onde minha filha estuda.

— Sim, isso mesmo. Leciono matemática para o segundo ano lá.

— Interessante.

Edward falava sério? Desde quando matemática podia ser considerada realmente interessante?

— Sua filha... Sofia, certo? — Jacob perguntou e Edward confirmou com a cabeça.

Ela é uma fofura. E parece adorar a Bella.

— Eu já notei que as duas se dão muito bem. — adorei a forma como meu patrão me olhou, demonstrando orgulho de suas palavras. — Não vejo Sofia se relacionar assim com alguém desde que minha esposa morreu.

Rosalie, que estava sentada de frente para mim parou de mastigar quando ouviu a palavra “esposa”, mas se recompões rapidamente para que ninguém percebesse. Eu, no entanto, estufei o peito e abri um sorriso de satisfação com o que ele falou.

— Significa muito para mim saber disso. — falei. — Ai! — soltei meus talheres e olhei com raiva para Rosalie, que tinha bicado minha canela com o salto fino da sandália. — Por que me chutou?

— Eu? — a cara mais descarada do mundo. — Desculpe, só estava cruzando a perna. Elas são longas...

Mordi a parte de dentro da minha bochecha para não gritar com ela naquele restaurante tão chique. Será que Edward acreditaria mesmo em alguma palavra que saía daquela boca infame?

— Não sabia que você usava tanta força para um simples cruzar de pernas. — empurrei minha cadeira e levantei. — Com licença... Vou fazer uma massagem.

Os dois homens ficaram me encarando como se não tivessem entendido nada, mas eu não esperava absolutamente nenhuma outra reação deles. Homem é tudo tapado mesmo. Fui ao banheiro para evitar me atracar com a loira ali na frente de todos, já que estava com o sangue quente. Parei diante do espelho e respirei fundo, me acalmando aos poucos e depois fui usar o privado. Enquanto dava descarga, ouvi saltos finos andando pelo piso de mármore e antes de olhar a dona do sapato, já sentia que sabia quem era.

— Bellinha?

— Meu nome é Isabella. — parei na frente dela, de braços cruzados. — Quer alguma coisa?

— Só pedir desculpas por ser tão estabanada... — ela fez beicinho. — Mas acho que você sabe como é ser assim... desajeitada, não é?

Ela tinha alguma fantasia mórbida de apanhar dentro de um banheiro? Porque era isso que eu estava prestes a fazer, quando outra mulher entrou. Essa tinha muita classe, ao contrário de Rosalie e nos cumprimentou antes de ir para o privado.

— Hum, eu realmente não posso dizer se te entendo, Rosalie. Na verdade até hoje o Edward tem me elogiado bastante... — sorri. — Acho que a parte desajeitada ficou somente contigo. — dei de ombros e saí do banheiro, voltando à mesa e sentando-me naturalmente.

Conversei com Jacob e Edward casualmente enquanto Rosalie não voltava para a mesa e não me dei ao trabalho de levantar os olhos quando ela chegou. Deu uma risada leve e forçada enquanto pegava novamente em seus talheres e eu me perguntei do que ela estava rindo, mas fiquei quieta e continuei sem encará-la.

— Ai Edward, não imaginava que pudesse vir me dar tão bem com Bella! — parei com a boca aberta prestes a abocanhar o garfo e olhei para Rosalie tentando entender o que ela estava planejando dessa vez. — Ela é hlária!

— Bem... — nem Edward sabia reagir àquela confissão. — Fico feliz que estejam se dando. Acho que Bella precisa mesmo de amizades por aqui, não é Bella?

Se eu engolisse depressa para respondê-lo, ia parecer uma esfomeada, então apenas concordei com um gesto de cabeça. Apesar de que a última coisa que eu queria na vida era ser amiga de Rosalie. Notei que Jacob me olhava também sem entender aquilo tudo, já que eu tinha lhe contado o que achava exatamente da loira.

— Sério mesmo, agora eu entendo a Sofia gostar tanto de Bella. Ela tem uma alma... não sei, de criança? É tão divertida!

Tentei ao máximo ignorar ela ter me chamado de criança na frente de todos. Não seria isso que me tiraria do sério e além do mais, dependendo do ponto de vista, aquilo até poderia ser considerado um elogio. Afinal, eu me dava muito bem mesmo com Sofia. Para Edward, não importava o motivo, certo?

— Mas devo dizer, Edward, que não sabia que eu tinha um namorado tão liberal.

Dessa vez não só Edward a encarou, como eu e Jacob também o fizemos. Qual o caminho que Rosalie estava tomando para me afetar? E o que Edward tinha com aquilo?

— Eu sou? — ele levantou as sobrancelhas, sorrindo meio sem saber o motivo. — Hum... devo ser.

— Ah sim, com certeza você é! — ela encostou uma mão em seu braço, como se não o julgasse. — Eu não conheço muitos pais que achariam normal uma babá com modos hm... diferentes e ilícitos. — essa parte ela sussurrou.

Do que aquela vaca estava falando? Senti um arrepio percorrer minha espinha e mordi minhas bochechas para evitar gritar e puxar seus cabelos. Senti que minhas mãos ficaram geladas e queria me antecipar e dizer a Edward para não ouvir suas mentiras.

— Do que você está falando? — ele perguntou para ela, mas era a mim que encarava.

— Ah, você sabe... — Rosalie riu e levou uma mão até a boca, fazendo uma mímica que imitava uma mulher fumando.

— Bella fuma? — ele perguntou. — Eu não sabia, mas realmente não me importo.

— Mas eu não...

— Ora! — ela me interrompeu e abaixou a voz, aproximando-se de Edward. — Você também gosta de maconha, Edward?

O que? Precisei segurar nos dois lados da cadeira para não cair, levando em consideração o tremor que iniciou em todos os meus músculos. Cheguei a fazer menção de me mover na direção dela, mais precisamente por cima da mesa em direção ao nariz da loira, mas a mão de Jacob apertou minha coxa por debaixo da mesa e me manteve no lugar.

— Maconha? — Edward falou alto sem querer e depois olhou em volta para conferir se alguém tinha ouvido. Depois se inclinou na minha direção e sussurrou. — Você fuma maconha? Que papo é esse, Bella?

— Eu não fumo! Rosalie deve ter se enganado... — não me contive e nem a mão de Jacob me segurou. — De onde você tirou essa idéia, sua louca? — ele precisou me segurar os ombros para que eu não saltasse sobre a mesa, o que era o que estava quase fazendo.

A filha da mãe se fez de assustada e arrependida pelo que disse, levando a mão à boca e balançando a cabeça, quase derramando lágrimas.

— Oh Deus, Edward não sabia? Me desculpe, Bella... — ela olhou para meu patrão. — Por favor, esqueça o que eu disse, por favor, Edward! Veja, ela é uma boa babá, nunca colocou Sofia em perigo.

A simples menção do nome Sofia na mesma frase em que a palavra perigo se encontrava, fez um brilho rápido passar pelos olhos de Edward e ele voltou a me encarar, mas se controlava para manter a compostura.

— Gostaria de conversar contigo quando estivermos os dois em casa, Bella. — deu um forte suspiro e encostou as costas na cadeira, passando a mão pelos cabelos. — Quando estivermos a sós.

Um silêncio constrangedor pairou sobre nossa mesa e eu não sabia o que fazer. Se me movimentasse um centímetro sequer, iria estapear a vadia da Rosalie. Ela tinha jogado muito mais baixo do que eu sequer havia cogitado.

— Estou arrasada e me sentindo culpada por toda essa confusão. Como Bella estava tranquilamente utilizando um cigarro no banheiro, eu achei que você soubesse, né? Não imaginei que ela se arriscaria assim...

— Por que você não cal...

— O que? — mais uma vez fui interrompida, dessa vez pelo próprio Edward. — Você estava usando aqui? Em público?

Antes que eu pudesse responder, fui surpreendida por Jacob, que puxou-me pelo pescoço e me beijou na boca. Não tive reação, já que foi algo tão rápido e tão desconcertante. Ainda estava atônita quando ele me soltou, exibindo um sorriso de garanhão e olhou para Edward.

— Acredite, se ela tivesse puxado um fumo, o gosto estaria em sua boca.

Puxado um fumo? Desde quando um professor de matemática falava dessa forma? E desde quando ele tinha autorização de me beijar assim do nada, só para tirar a limpo uma discussão? Tudo bem que tinha sido para me defender, mas não significava que eu tinha aprovado. Agora eu estava com raiva de Rosalie por ter me humilhado, de Edward por ter desconfiado de mim e de Jacob por ter se aproveitado do momento delicado. Minha noite não podia estar sendo pior!

— Sim, eu sei... nós ficamos conversando e acho que ela esqueceu de fumar... — Rosalie tinha uma resposta para tudo, claro.

— Pode me levar para casa, Jacob? — pedi evitando olhá-lo nos olhos.

— Lógico!

Não era minha intenção deixá-lo pagar para mim, eu tinha entrado no restaurante imaginando que dividiríamos a conta e mesmo sabendo que tudo ali era caro, iria assumir minha parte de qualquer forma. Mas estava tão distraída com os últimos acontecimentos, que nem falei nada quando Jacob puxou a carteira e colocou várias notas na mesa, empurrando-as para Edward.

— Tem o suficiente aí para o que consumimos. — ele foi seco ao falar.

Estava em estado de choque ainda, sentada de cabeça baixa, olhando as mãos pousadas em meu colo quando ele me puxou pelo braço e me levantou. Dei um boa noite muito baixo para alguém realmente ouvir e me afastei com Jacob, sendo guiada até a saída. Só quando estávamos já dentro de seu carro, é que respirei profundamente e encostei a cabeça no banco, fechando os olhos.

— Merda.

— Não foi tão ruim. — ele falou e eu precisei abrir os olhos para encará-lo.

— Você está brincando, né? Não foi tão ruim? Foi péssimo! Meu patrão acha que eu sou uma maconheira! — levantei as mãos. — Ele deve estar pensando as piores coisas de mim agora. Pode até chegar em casa e me despedir.

— Você ainda poderá tentar consertar as coisas quando forem conversar. Ele deixou bem claro que vai te procurar para conversar.

Eu não sabia como dizer a Jacob que quando estava diante de Edward minhas pernas costumavam ficar bambas e meu coração acelerava irritantemente. Eu não conseguiria agir de uma forma séria e respeitosa para que ele acreditasse que eu era uma adulta responsável.

— Eu não achei que ela fosse tão ridícula. — estava quase chorando. — Que vaca!

— Ela pode ser ridícula, mas é gostosa e tem seu patrão na palma da mão.

Olhei sem acreditar no que ele tinha acabado de dizer. Sério mesmo? Jacob percebeu minha cara de revoltada que eu devia estar fazendo e sorriu.

— O que foi?

— Sério mesmo que você acabou de chamar minha pior inimiga de gostosa?

— Eu sou homem. Ela é gostosa. Você é gostosa. Isso não muda as coisas. Edward está caidinho por ela.

— Obrigada por toda a sua sensibilidade! — bufei e contei os minutos para chegar em casa. — Se é assim que você age em seus encontros, não imagino como possa se sair bem no final das contas.

— Te beijei, não foi? — piscou.

— Me beijou a força! — cruzei os braços indignada. — Num piscar de olhos você já estava em cima de mim.

Ele gargalhou, visivelmente se divertindo com tudo aquilo. Este era, sem dúvidas, o encontro mais caótico que eu já tivera na vida. De todos os homens no mundo, eu tinha mesmo que ter dado a sorte de sair com um super irônico e prepotente.

— De qualquer forma, você deveria me agradecer. Meu beijo foi realmente para provar que você não tinha fumado.

— E não necessariamente Edward acreditou.

— Você não sabe, sabe? Nós saímos de lá em seguida.

Bem, era uma conversa sem vencedor final. Eu também não estava no clima para ficar discutindo um beijo roubado enquanto meu pescoço corria perigo. Se fosse demitida, teria que dar um jeito de voltar para o Brasil. Não poderia ficar ali sem ter para onde ir, nem emprego algum. O pior de tudo, é que um nó se formava em minha garganta sempre que eu me imaginava dizendo adeus à Sophia. Aquilo não era justo!

— Está entregue. — Jacob desligou o carro e tirou o cinto para virar-se para mim. — Você vai ficar bem?

— Não sei. — dei de ombros. Eu realmente não fazia idéia do que ia acontecer agora.

— Se precisar me ligar...

— Tenho seu número. Pode deixar. — sorri sincera.

Jacob era um cara legal, ou pelo menos fingia ser. Ele em nenhum momento tinha acreditado em Rosalie e, se não fosse sua presença ali, eu provavelmente tinha me rebaixado ao mesmo nível dela e teria saído nos tapas com a loira. Olhando com atenção, o cara sentado ao volante daria um ótimo partido se eu não estivesse apaixonada por Edward Cullen. Por que tudo tinha que ser tão complicado comigo?

— Boa noite, Jacob. — inclinei-me e beijei seu rosto, saindo do carro em seguida. — E obrigada por tudo, mesmo.

Ele sorriu, balançando a cabeça e depois arrancou com o carro até desaparecer lá embaixo na esquina. Suspirei e virei de frente para a casa majestosa que se estendia diante de meus olhos. Eu sentiria saudade de morar ali.


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Notas finais do capítulo

Alguém ainda lê?