Away From Me escrita por Louise Borac
Notas iniciais do capítulo
Nos falamos lá embaixo.
Link (ouçam lendo o capítulo): http://www.youtube.com/watch?v=SYBi-F0ucTs
Corri, corri e corri. Nunca havia corrido tanto em toda a minha vida. Mas, impressionantemente, não estava cansada só com… Medo. É essa era a palavra. Estava com medo de perder o amor de minha vida, de que fosse tarde demais. Ele não podia morrer, simplesmente não podia.
A fogueira estava localizada no centro da praça principal, várias pessoas estavam reunidas a sua volta, gritando para colocar logo o fogo. Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos, mas limpei-as rapidamente, ainda não era tempo de chorar.
Com os cotovelos, consegui abrir caminho em meio à multidão. Ignorei os xingamentos inapropriados e continuei andando até chegar o mais perto possível da fogueira. Foi quando eu finalmente o vi.
Ele estava amarrado a uma estaca, com Jane ao seu lado, ambos com uma aparência horrível. Alec estava com uma aparência horrível. Seus cabelos, que geralmente eram brilhantes e perfeitos, estavam desgrenhados e cheios de terra, de baixo de seus olhos azuis só se viam olheiras profundas. Só usava um tipo de camisola toda puída e nojenta. Em sua bochecha esquerda havia um corte profundo, por onde escorria uma grossa linha de sangue. E ele chorava. E vê-lo chorar me machucava mais do que a sua aparência ou ver a dor que ele sentia.
Sem conseguir segurar mais, deixei lágrimas começaram a cair livremente por meus olhos, assim que nossos olhares de encontraram. Murmurei um “eu te amo” silencioso, com medo de que a multidão percebesse, sendo recebida por um “eu também” igualmente silencioso. Ficamos nos encarando por alguns segundos ou horas, não podia dizer.
Somente quem já perdeu a pessoa amada que poderia ter uma idéia, bem pequena, do que eu estava sentindo. O que havia entre nós não era somente mais um relacionamento por conveniência, não havia nada conveniente aqui! Era puro, inocente, era... Amor. O amor que sempre li nos livros, aquele em que você sente como se estivesse enfeitiçado, aquele amor que chega a doer. E eu havia sido tão cega a ponto de não ver isso, a ponto de não dar o devido valor a isso tudo.
Sabia que era a hora de dizer adeus, não conseguiria tirar os dois de lá, não com todas aquelas pessoas ali, mesmo com a ajuda de Damon e Stefan. A não ser...
Fui tirada de meus pensamentos pelos berros da multidão. Um padre qualquer vinha com uma tocha acesa em uma de suas mãos e um crucifixo na outra. Alec murmurou um adeus rapidamente antes de desviar seu olhar.
Seguido dele, vinha mais um grupo de pessoas, segurando várias velas e rezando baixinho. “Hipócritas!” eu queria berrar, mas sabia que isso seria minha sentença de morte.
- Vamos – disse Damon segurando meu ombro, sua voz estava meio estranha, rouca. Olhei para seu rosto e vi uma lágrima, uma única lágrima escorrendo de seus olhos incrivelmente pretos, idênticos aos meus. Foi aí que percebi.
Eu não era a única que estava sentindo uma dor excruciante em meu peito, uma dor que nunca iria sumir. Damon e eu estávamos no mesmo barco. Eu nunca mais veria Alec ele nunca mais veria Jane. E foi nesse momento que eu mais senti inveja de Stefan, em toda a minha vida. Ele fora esperto o bastante para não se envolver com ninguém, não amou ninguém.
- Vamos Lizzy – repetiu ele – você não vai querer ver isso – e completou ao ver que eu não me mexi – Elizabeth, vamos!
Um puxão, foi necessário somente um puxão em meu braço para que todo aquele desespero saísse de dentro de mim.
Não sei como, mas me livrei do aperto de Damon e atravessei o resto da multidão que havia se formado a nossa frente. Agora o padre falava um discurso, algo como que Deus perdoasse as almas dos dois, enquanto um dos outros homens, levava a tocha até perto do monte de palha que rodeava a estaca.
- Não! – berrei desesperada – eles não fizeram nada! Por favor! Matem-me no lugar deles, mas os deixem em paz! Por favor, eu imploro! – se antes eu chorava, agora meus olhos pareciam uma cachoeira de tantas lágrimas que saiam. Não consegui ver a reação da multidão, mas pude ouvir os berros aumentando e sentir algum me arrastando brutalmente de lá.
- Vem Lizzy.
Olhei uma ultima vez para aqueles olhos azuis que eu tanto amava antes de dar as costas e deixar Damon me arrastar dali.
***
Link: (outra música): http://www.youtube.com/watch?v=fYpbxbBggJU
Sabia o que tinha que fazer, não era mais um luxo e sim uma necessidade. Eu precisava fazer isso.
Enquanto todos dormiam, fui até o lago onde eu e Alec nos encontramos pela ultima vez, chorando todo o caminho de ida. A faca roubada do armário que ficava embaixo da casa pendia do lado do meu vestido, com a faixa de sua proteção bem presa a minha cintura.
Chegando ao local, tirei meus sapatos e sentei-me na beira do lago. A água estava fria, mas não liguei, era gostoso sentir ela em meus pés.
Sem mais delongas, peguei a faca. Ela linda, com o cabo de madeira incrustado de prata e ouro. A luz da lua cheia, sua lâmina só brilhava mais do que o normal. Com as duas mãos, segurei-a no alto, mirando bem no meu coração.
- Não faça isso Lizzy – ouvi alguém dizer atrás de mim, não precisei me virar para ver quem era – Alec não ia querer que você cometesse suicídio.
- Eu não agüento mais Damon. Essa dor... É forte demais, machuca demais – falei olhando em seus olhos, tentando demonstrar tudo que estava sentindo.
- E você acha que eu não estou sentindo a mesma coisa? Dói Lizzy, sempre vai doer, porém você se acostuma com essa dor.
- Quando Damon? Quando essa dor diminui?
- Nunca disse que diminuía Lizzy, só disse que fica mais fácil de conviver com ela.
- E como você sabe disso?
Demorou alguns segundos para ele responder.
- Porque a dor que você está sentindo agora, de perda, de culpa... Foi a mesma dor que eu senti quando a mamãe morreu.
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Eu sei, eu sei, anos e anos sem postar. E o capítulo ficou uma merda. Mas é o que temos para agora =/
Beijos