“A vida é dura, sempre foi e sempre será, não importa a época em que se nasça. Porém para alguns ela será mais fácil do que para outras”.

15 de janeiro de 1506

Querida Anna,

Ao contrário do que todos pensam, a dor não faz o tempo passar mais devagar, ela só acelera.

Três anos se passaram desde a morte de meu amado Alec, porém parece que foi ontem que ouvi seu ultimo “eu te amo”. Muitas coisas aconteceram também.

Casei-me com um homem maravilhoso chamado Augusto La Fonte, um importante coronel do exercito italiano, mas com certeza não foi por amor, descobri que eu estava gravida. Augusto, que sempre fora apaixonado por mim sem contar que era um bom amigo, aceitou se casar comigo na hora. Dali uma semana, eu havia se tornado a Sra. La Fonte. E nove meses depois, tive uma linda menina, dei-lhe o nome de Ruby.

Ela era a coisa mais linda que eu já tinha visto, com cabelos loiros claros e olhos azuis brilhantes. Seu rosto era a cópia do pai, incluindo os olhos, porém os cabelos eram da tia. De mim, Ruby só pegou, infelizmente, a personalidade: teimosa, um pouco petulante, mas extremamente carinhosa e amável. Ela é meu pequeno anjo.

E Anna, por mais que eu odeie admitir, nesses últimos três anos eu fui mais feliz do que fui a minha vida inteira. A dor da perda sempre esteve presente, mas era amenizada pelo amor incondicional de Augusto e o pedaço de si mesmo que Alec deixou para mim: Ruby.

Porém, nem tudo são rosas. Há duas semanas, recebi uma carta dizendo que Augusto havia sido morto em batalha. De novo, eu havia perdido para a morte um homem que eu amava. E agora terei de voltar a morar com meu pai e meus irmãos.

Não, eu não estou louca. Lembro-me muito bem do que Giuseppe fazia comigo, mas não há outra opção, não irei ficar sozinha com minha filha naquela casa enorme aonde tantas lembranças irão me atormentar.

Além do mais, preciso de um pouco de carinho, de amor de meus irmãos. E isso só irei conseguir en la casa di Salvatore.

Elizabeth Salvatore La Fonte.

Elizabeth fechou o diário, soltando um suspiro, voltar para casa estava sendo mais difícil do que ela imaginava.

Distraidamente, passou a mão pelos cabelos de Ruby, que dormia com a cabeça apoiada em seu ombro. Sua expressão era tão tranquila, tão inocente que acabou acalmando Lizzy. Um pouco.

Há dois dias tinha recebido uma carta de Stefan dizendo que os filhos de um antigo amigo da família iriam morar com ela por uns tempos. Katherine e Mason Pierce.

Lizzy se lembrava vagamente dos dois irmãos, só haviam se encontrado uma vez, quando a garota ainda era bem pequena. Não havia dado muito importância aos dois na época e com certeza não daria agora.

Vai ficar tudo bem, pensou ela, afinal, o que eles poderão fazer de mal?