Réplica do Inferno

Eu estava cansado da minha vida e aquela noite,após a saída do trabalho,tudo o que eu não queria,era voltar pra casa e aturar Kendra falando de assuntos banais,ou reclamando de coisas inúteis.Eu precisava de algum lugar pra me distrair,esquecer um pouco todas as coisas que me perturbavam.Parei no sinal vermelho e olhei para a calçada,olhando os pedestres passarem apressados,para voltarem para suas casas.Vitrines de lojas de roupas femininas,uma cafeteria e do lado uma porta vermelha.

Aquilo me chamou a atenção.Há 4 anos eu fazia sempre aquele  mesmo caminho e nunca a tinha visto ali.Ao que me parecia,aquela porta dava à um corredor estreito,ou a uma escada que dava pro segundo andar.

Como pensei!

A luz de dentro estava acesa,vermelha como a porta.Tinha um homem de terno ao lado dela,quando ele saiu eu pude ver a escada.Olhei mais para cima e vi um letreiro com o nome do lugar. “Réplica do Inferno”. Eu imaginei o porquê daquele nome.

Não tive muito tempo para observar porque logo que o sinal abriu,os carros atrás de mim,começaram a buzinar.Acelerei e virei a primeira à esquerda.Ainda eram 8 da noite,eu havia ficado curioso e não queria ir mesmo pra casa.Diria à Kendra que tive uma reunião de última hora.Ela nunca iria saber.

Eu estacionei o carro e voltei pela rua,aonde tinha entrado com o carro,até chegar no “inferninho”.Eu entrei logo depois de dois caras,o segurança me deu boa noite e eu assenti com a cabeça.Estava um pouco perdido,nunca havia entrado em lugar como aquele antes.

Então,segui os dois caras.Eles pararam em frente à uma catraca,e uma mulher que estava ao lado,pegou o dinheiro deles e estendeu-lhes um pequeno papel.

Eu fiz o mesmo,estendi a ela uma nota de vinte e ela me deu o mesmo papel.

Ao passar pela catraca,eu pude ver melhor.As luzes eram sempre vermelhas,tudo era de madeira envernizada e vidro.Haviam várias mesas e cadeiras espalhadas pelo salão e à minha esquerda,tinha um balcão,onde ficava o bar.Estava bem cheio.

A maioria,eram homens.De mulheres,só vi 3.À minha frente tinha um palco grande,uma barra de ferro e uma cortina vermelha atrás.Estava frio ali dentro,o que eu julguei errado,ao se tratar de uma réplica do inferno.

Procurei uma mesa afastada do palco e a meio caminho do bar e me sentei.Eu estava me sentindo culpado por fazer aquilo.Estava até com receio de estar ali.Mas eu queria ver como aquilo funcionava.

Pedi uma dose de vodka bem gelada e esperei ver o que acontecia com o passar das horas.Desliguei o celular.Olhei em volta o tipo de pessoas que freqüentavam aquele lugar.A maioria eram homens de terno,uns 40 e poucos anos,alguns pareciam executivos,outros milionários,magnatas...homens que deviam nadar no dinheiro e estavam ali para satisfazer vontades que em casa,não conseguiam.Tinha também alguns velhos,gordos,barbados e barrigudos,que estava na cara que era caminhoneiros fedidos,pobres e tarados pelas ninfetinhas do lugar.

Eles só deviam olhar,porque nenhuma daquelas mulheres daria qualquer coisa delas pra eles.Dava nojo só de olhar...

Os homens que estavam ao meu lado,começaram a bater palmas e assobiar,logo o resto das pessoas ali,fizeram a mesma coisa.Eu olhei pra frente e vi uma luz branca iluminar o lugar de alguém que em breve iria aparecer,enquanto outras luzem diminuíram um pouco.

Foi então que a vi.Linda!Vestia um micro vestido preto,brilhante,saltos altos e cinta-liga.Ela possuía um decote generoso e coxas provocantes.Os longos cabelos castanhos brilhavam tanto quanto o vestido e dançavam em suas costas a cada movimento que ela fazia.Eu já estava de boca aberta.

Só me dei conta,quando despertei pelo grito do homem atrás de mim.

-Lola!!!- ele gritou,batendo palmas.

Ela deu um sorrisinho,mas não lhe deu muita atenção.Olhou ao redor,observando quem estava ali naquela noite,foi quando nossos olhos se encontraram.Ela me fitou por um tempo,com uma expressão de quem se perguntava quem eu devia ser.Foi só eu piscar,pra ela desviar o olhar.

Ela agarrou a barra de ferro,próximo à ela e fez dele seu companheiro durante um bom tempo.Ela dançou,se esfregou,se pendurou nele...eu já estava no ponto de querer uivar.

Aos poucos ela foi se despindo,deixando a lingerie que vestia,à mostra.E parou ali.Ela engatinhou no palco,na direção dos homens que eu supunha ser magnatas e milionários e eles a tocaram com cuidado e respeito,pregando notas altas na tira da calcinha dela.Outros mais ousados,colocavam entre os seios.Ela sorria sedutoramente e aproximava os lábios dos deles,mas não os beijava.

Eu pedi outra dose de vodka e me ajeitei melhor na cadeira.Agora sim,o ambiente estava quente.Quando olhei pro palco de novo,ela não estava mais lá.Fiquei louco.

Olhei em volta e nada dela.Só via as meninas no colo dos executivos,outras aos beijos,algumas os levando para o andar de cima...me levantei para ver se a encontrava em algum canto,quando senti uma mão tocar meu ombro.