Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 3
Fire & Water


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo =D
Trilha sonora: Red - Already Over



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Cheguei em casa ofegante por causa da corrida, e assustada. Poderia aquilo ser real?

E ele me olhou de modo tão... estranho, como se já me conhecesse?

Bem... assim que entrei, tranquei todas as portas e janelas. Claro que ele não tinha como saber onde eu morava, mas todo cuidado é pouco quando nos sentimos ameaçados.

Deitei-me na cama com Lunick – eu acariciava seu pelo sedoso e falava com ele – mesmo sabendo que ele não ia responder, era bom desabafar com alguém, ainda que fosse apenas um gato.

Por um momento pensei em ligar para algum amigo – mas será que entenderiam? Eu também não tinha um diário para escrever o que sentia. Então fiquei deitada por horas, acariciando meu gato e pensando no que fazer. Até que fiquei com fome, por volta das sete horas da noite – e me surpreendi ao ver que não havia nada na geladeira nem na despensa.

Eu teria que sair de casa, então. Peguei um pouco do dinheiro que minha irmã tinha me dado – o suficiente para um lanche – e dirigi até o Millenia Mall. Era estranho entrar lá sozinha, mas eu não podia perder tempo – tomei um lanche no Mc Donald’s e já me preparava para ir embora quando passei na frente de uma livraria...

Acabei não resistindo e entrei lá dentro. Era enorme – enquanto procurava algum livro interessante, fui me embrenhando cada vez mais na loja, cada vez mais fundo, como se fosse uma selva desconhecida.

E então achei um livro interessante perto da seção espiritismo e magia. Estava ali jogado sobre uma estante, como se alguém o tivesse deixado para mim.

Que pensamento bobo. Abri o livro e vi que o autor era meio desconhecido; a história se passava no século XIX, na Inglaterra...

Fiquei lá, em pé, absorta na história, quando de repente... lembrei-me do primeiro sonho que eu tivera – e ali estava eu, na mesma situação... ah meu Deus, aquilo fora uma premonição, me alertando para que eu não viesse aqui... como fui burra...

Entretanto, antes que pudesse concluir meu pensamento, senti alguém passando atrás de mim... meu coração deu um salto e quando me virei para olhar – infelizmente vi o que eu esperava.

O garoto.

Dessa vez não deixei que ele fixasse os olhos nos meus – larguei o livro e saí correndo da loja, antes mesmo de ver a expressão dele.

Nada importava agora, eu só queria... me afastar...

Saí da livraria rapidamente e comecei a seguir por um corredor qualquer, e quando abri os olhos minha visão começou a falhar... droga, eu não podia desmaiar!

Forcei-me a continuar acordada enquanto ainda corria – a adrenalina não me permitia ficar cansada. Em situações de extremo perigo, esse hormônio é “ativado”. Como numa caçada...

Que besteiras eu estava pensando?! Corri um pouco mais, sem olhar para nada, até que bati em alguém. Tive que abrir os olhos. Era um garoto... ah não, ah não...

Procurei me acalmar. Na verdade era só Drake.

– O que aconteceu Lyric? – ele perguntou, preocupado. – Parecia que você estava fugindo de alguma coisa...

– Drake! – balbuciei, e o abracei. Ele retribuiu o abraço.

– Você parece assustada... o que houve...? – vi que ele colocou uma das mãos no meu pescoço, para sentir minha pulsação. – Meu Deus, seu coração está acelerado... o que houve?

Ele segurou meus ombros e me sacudiu delicadamente – depois andamos até um banco onde sentamos juntos. Expliquei-lhe tudo com cuidado, sem tropeçar nas palavras, embora nos conhecêssemos há apenas duas semanas.

– E foi isso – terminei, sem omitir nada. – Estou assustada.

Drake levantou as sobrancelhas.

– Então você acha que ele está te ameaçando? Mas ele não disse nada, disse?

– Não, mas parece... assustador... – admiti.

– Lyric, eu acredito em você, mas será que não está exagerando, ou está nervosa por algum outro motivo? Você disse que teve uma premonição, mas isso é estranho.

O que eu ia fazer?

– Por favor, Drake, acredite em mim. Eu também não sei o que é, mas algo me avisou que eu tinha que fugir... ele nem tocou em mim, na verdade...

Drake colocou as mãos nos meus ombros e me puxou para um abraço.

– Veja, a livraria é no andar de cima. Você desceu um andar inteiro sozinha. Isso não é um bom sinal. Se você está tão assustada, vou te levar até sua casa.

Meus olhos brilharam, esperançosos.

– Você faria isso? Não te atrapalharia?

– Mas é claro. Não é incômodo nenhum – ele sorriu, e me deu a mão para que eu me levantasse.

Drake dirigiu o meu carro até minha casa. Eu me senti segura com ele, durante todo o trajeto. Ele me levou até a porta. Me despedi dele com um abraço. Assim que entrei em casa, fui direto ao banheiro para trocar a faixa que cobria minha mão suturada – pelo menos eu era capaz de trocar um curativo...

Bem, eu sabia que era exagero pedir uma faixa já que a sutura era suficiente, mas eu nunca gostei de ver sangue.

Desde aquela noite, três anos atrás...

Balancei a cabeça, afastando aquelas memórias. Eu não ia chorar.

Tive sonhos doces naquela noite.

O dia seguinte era um sábado. Pela manhã fui ao supermercado – afinal eu morava praticamente sozinha – e depois de voltar para casa e guardar as compras, decidi dar um passeio pela cidade, afinal era um lindo dia ensolarado, sem nenhuma nuvem no céu.

A rua em que eu andava, porém, estava muito erma, vazia, como ficam as ruas depois das festas de final de ano (embora estivéssemos em novembro).

Não que isso fosse um problema. Tudo ia bem até senti uma presença atrás de mim, mas não me virei nem saí correndo. Se fosse quem eu pensava que era, eu ia deixar de ser covarde e falar com ele, ora. Mas não olhei pra ver quem era.

Entrei numa loja de departamentos, daquelas bem grandes – estava vazia àquela hora da tarde.

Eu não sabia por que havia entrado lá, mas tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu mesma fiquei com medo enquanto escrevia esse capítulo, hehe. Com algumas reviews postarei o próximo!