Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 2
Illusion


Notas iniciais do capítulo

Aí vai o segundo capítulo ;D
Trilha sonora: VNV Nation - Illusion



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– Ashley! – falei – você me assustou! Precisava aparecer do nada?

– Eu fiz bastante barulho, Lyric. Não sei como você não ouviu – e de repente seus olhos foram direto à minha mão ferida – Mas o que é isso?! Você sabe o quanto sangra um corte na mão? Meu Deus, você deve ter atingido uma veia... – baixei os olhos para o ferimento e vi que agora o sangue escorria pelo meu braço, pingando no chão.

Ashley segurou a minha mão e tirou o caco – dei um gemido de dor porque ela o puxou de uma vez – e disse para eu ligar a água e ir lavando o corte enquanto ela pegava seu material.

Obedeci – Ashley tem 19 anos e cursa o segundo ano de Enfermagem na Universidade da Virgínia. Apesar da distância, ela e o namorado, Richard, me visitam com frequência para eu não ficar sozinha – pelo menos Ash vem quase todo fim de semana, e fico muito feliz quando ela me visita, já que me sinto muito sozinha, desde que nossos pais desapareceram três anos atrás.

– Uff – murmurei, abrindo a torneira e lavando o sangue. Saiu rapidamente, ainda que o corte estivesse aberto. Depois peguei um pano molhado, limpando o sangue que caíra no chão.

Minha irmã voltou, trazendo o material de primeiros-socorros e seu namorado, para ajudar.

Richard, loiro de olhos azuis e inglês, lindo e gentil, já chegou todo prestativo, perguntando o que acontecera.

Ashley ia falando com ele enquanto pegava minha mão e, quando passou um algodão com álcool no corte, eu gritei porque senti arder.

– Ai! Isso é mesmo necessário?

– É para limpar o ferimento – Richard explicou, sorrindo. – Arde um pouco, mas é melhor assim, realmente.

Devolvi o sorriso, fazendo outra careta de dor quando Ash passou uma gaze.

Depois de uns dez minutos, já estava tudo bem.

Ou assim eu pensava – pois vi que o casal estava discutindo sobre o que fazer para fechar o ferimento.

– Então é isso – Richard concluiu – vamos ter que suturar.

Só percebi o que eles iam fazer quando vi Richard desinfetando uma agulha, e Ash o ajudando, passando a linha. Então os dois olharam para mim.

– Isso não, por favor – pedi, tentando puxar o braço, mas Richard foi mais rápido e o segurou.

– É necessário – ele explicou – é bem melhor do que te levarmos a um pronto socorro onde um desconhecido te atenderia.

– E sou eu que vou fazer, pode confiar – Ash completou, me dando um sorriso encorajador. – Não vai doer se você ficar quieta.

Olhei-a dos pés à cabeça – minha irmã era alta, com mais de um metro e setenta, e cabelos ruivos, lisos e compridos, e lindos olhos verdes. Era a perfeita mistura de nossos pais.

Já eu era diferente; ostentava cabelos ondulados, castanhos médios, também longos, bonitos, e raros olhos violeta. Toda a minha família era alta, por algum motivo estranho eu fiquei baixa; não chegava a um metro e sessenta.

A família de meu pai era inglesa, de Londres, e a de minha mãe, americana. Eu e Ash havíamos nascido na Inglaterra; também tínhamos cidadania americana.

– Está bem, mas seja rápida – reconheci que tinham razão. Os dois sorriram e tentei deixar o braço relaxado, enquanto sentia a agulha espetando o ferimento. Fechei os olhos, sentindo a agulha conduzindo a linha pelas mãos ágeis e gentis de minha irmã.

Procurei relaxar e funcionou; de fato, passou rápido – acabou em alguns minutos. A meu pedido, Ashley enfaixou o local, embora não precisasse.

Já eram quase quatro da manhã quando voltamos a dormir – antes, porém, Ashley me avisara que ficariam mais três dias comigo, tempo até eu tirar minha habilitação para dirigir, embora gostasse de ir andando para a escola. E os dois precisavam voltar para a universidade - estávamos no feriado de Ação de Graças, e logo as aulas começariam de novo.

Eu consegui dormir, mas não consegui acordar a tempo de ir à aula de modo que fiquei em casa .

Quando tirei carta, três dias depois, fizemos uma pequena festa em casa; chamei alguns amigos e duas irmãs de meu pai vieram, além da minha família americana. No dia seguinte Ashley e Richard pegaram o avião para a Virgínia; fui com eles até o aeroporto, dirigindo.

Naquela noite sonhei com o lindo rapaz novamente, mas apenas com seu rosto.

Na aula de inglês, no dia seguinte, eu estava sentada, sozinha, quando um garoto que eu não conhecia se aproximou de mim.

– Oi – ele sorriu. Era alto, tinha cabelos castanhos lisos, meio ondulados, e olhos azuis. Era quase tão bonito quanto o garoto do meu sonho, o qual era a encarnação da pura beleza.

– Olá – devolvi o sorriso. – Meu nome é Lyric Angel Thompson. É novo por aqui?

– Sim, acabei de me mudar com a minha família do Alabama. Sou Drake Knight e tenho quase 17 anos.

Conversamos bastante depois da aula e ficamos amigos – às vezes eu me surpreendia com a minha facilidade em fazer amigos.

Quando eu subi ao meu quarto para dormir, depois de jantar, vi um lindo gato preto de olhos verdes sobre a minha cama. Era pequeno, um filhote. Perguntei-me como ele teria entrado; vi, então, que a minha janela estava aberta. Estranho, eu sempre trancava todas as portas e janelas antes de sair.

Bem, acabei ficando com o gato e dei-lhe o nome de Lunick.

Eu estava andando de dia, perto do Millenia Mall, quando vi que havia um homem de terno andando na minha frente – chocada, percebi que parecia o garoto dos meus sonhos! Meu primeiro impulso foi correr até ele, mas antes pensei duas vezes – como eu não sabia quais eram suas intenções, era melhor não arriscar.

Assim que decidi me virar e ir embora, ele se virou e vi que era exatamente como eu vira no sonho.

Ele me encarou com seus olhos cor de âmbar.

Aquilo não podia estar acontecendo!

– Você é exatamente como no meu sonho – ele disse, e se aproximou. Intimidada, dei dois passos para trás.

Ele fixou seus olhos nos meus. Eu tentava me concentrar, mas ele me deixava nervosa.

– Eu... é um engano... – forcei minha voz a sair – com licença! – falei, e passei correndo pelo garoto sem olhar pra trás.

– Eu te conheço, Lyric Angel Thompson. Não é engano algum – ainda pude ouvir sua voz grave e musical enquanto corria pela calçada.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Vou postar o próximo assim que tiver uma review!