Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 10
The Last Night


Notas iniciais do capítulo

Apesar do título, a fic não vai acabar aqui não, relaxem! xD
Me refiro às memórias da Lyric.
Ainda tem muita coisa pra acontecer.
Trilha sonora: Skillet - The Last Night



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– Você… é um demônio?

Ele assentiu.

– Isso. E, como te disse, ficou combinado que eu teria sua alma assim que você fizesse aniversário – mas espera, eu já havia feito dezesseis anos! – e desde aquele dia eu também me comprometera a não me alimentar até que o acordo acabasse. Isso significa que passei dezesseis anos faminto, esperando pelo grande dia. E desde aquele dia passei a olhar por você – afinal, eu não podia deixar que você morresse, certo?

Assenti. Era verdade.

– Mas tudo mudou há três anos atrás. Você se lembra do que aconteceu?

Ele se referia às minhas memórias tristes?

– Antes disso – ele corrigiu. – Antes daquilo, por algum motivo seus pais descobriram que eu devoraria sua alma no final – e quiseram te salvar, mas não poderiam ter feito o que fizeram.

– Por quê?

– Veja bem, era o mês de maio, um mês estranho para se viajar – pois você estava no final do período escolar. Nunca se perguntou por que te levaram naquela viagem de avião? Só a você, e não à sua irmã?

– Eu lembro que a viagem era pra cá, pra Londres.

William concordou.

– Exato. Eles queriam te trazer pra cá, para que a família de seu pai te escondesse. Ingênuos, não? – ele riu e eu fiquei com vontade de esganá-lo. – Pois sendo um demônio, e estando conectado a você, eu poderia te achar em qualquer lugar que você fosse. Seria só uma questão de tempo – eu posso te sentir, Lyric Angel.

– Mas eu me lembro... que no meio do voo, deu pane no motor do avião e ele caiu. Caiu no mar, não foi? E nunca acharam a caixa preta.

– Isso foi o que você ficou sabendo. Estava tudo bem com o avião – mas eu não podia deixar que te levassem para longe de mim, sabe? Por isso você foi a única sobrevivente do voo.

– Como é que é, então você fez com que o avião caísse? E meus pais? – quase pulei, tamanho o susto. Ele sorriu.

– Isso mesmo. Quanto a seus pais, os corpos deles nunca foram encontrados, porque eu dei um jeito neles. Mas talvez ainda estejam por aí, boiando no mar perto de alguma ilha do Pacífico...

– SEU MALDITO! – gritei, me levantando bruscamente, e indo ao encontro dele. – VOCÊ MATOU OS MEUS PAIS!

Ele não fez nada inicialmente; só desviava de mim, até que eu acertei um tapa bem forte em seu rosto – ficou bem vermelho.

– Como você ousa?! – ele rebateu, e girou o meu braço (pelo menos não era o que estivera suturado), me jogando contra a parede, me fazendo bater a cabeça (doeu bastante), e então fiquei ali, caída no chão, com a cabeça latejando.

E aconteceu que as lágrimas chegaram aos meus olhos - não consegui evitá-las, afinal a dor de perder meus pais era muito, muito grande. Como se houvesse um vazio em meu peito. William ignorou minhas lágrimas e continuou me explicando.

– Quando fizemos o acordo, os seus olhos ficaram violeta, para que seus pais se lembrassem do combinado sempre que olhassem para seu rosto. Foi uma boa, não foi?

Aquilo não merecia uma resposta; por incrível que fosse, William respeitou meu silêncio.

– E se tudo tivesse corrido como esperado - se seus pais não tivessem tentado te salvar - eu poderia estar devorando sua deliciosa alma agora, neste instante.

– Almas têm... gosto? - que ideia repugnante.

– É claro, como você acha que me alimento? - pisquei; as lágrimas já estavam secando. - E foi por isso que provei o seu sangue - provando o sangue da minha presa humana, posso sentir o gosto de sua alma. É doce e delicada, assim como o seu sangue.

Que ótima coisa pra se ouvir de um demônio, pensei, embora fosse concebível. Pelo menos ele era coerente, além de tudo. Suspirei.

– Mas você disse que poderia estar tirando a minha alma, e não está fazendo isso. Posso saber por quê? - perguntei.

– Seus pais, ao interferirem, modificaram o acordo, e a morte deles modificou-o mais ainda. Isso quer dizer que só vou poder devorá-la quando o acidente fizer quatro anos. Em maio.

Ahh. Ainda faltavam seis meses.

– Isso mesmo. Você tem mais seis meses de vida, e durante este tempo vou mantê-la aqui.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Mereço reviews? ^^''