Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 11
A Long Way


Notas iniciais do capítulo

Cap 11, finalmente!
Trilha sonora: Olivia Broadfield - A Long Way



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Eu não conseguia acreditar no que ele tinha acabado de dizer. Quer dizer que ele me prenderia por seis meses? De modo algum, pensei, desesperada. Preciso persuadi-lo a me deixar ir.

Foi aí que me veio o argumento perfeito. Um argumento que ele não poderia refutar – ou assim eu pensava.

– Mas... espera. Se me restam seis meses de vida, não seria justo que eu aproveitasse o tempo que me resta?

Ele me olhou, incrédulo.

– O que quer dizer?

– Se eu ficar aqui, você vai ter que me alimentar, e isso seria uma despesa para você, certo? Além disso, eu não gosto de lugares fechados – tive que mentir nessa última frase – e tenho que estar saudável e feliz para o grande dia, não é? E como você acha que vou me sentir se ficar trancada aqui?

Ele continuou incrédulo.

– Sou um demônio. Você realmente não está esperando encontrar algo de humano em mim, está? Pois se estiver, sinto te dizer, mas eu não tenho nada humano. Eu nasci assim, eu sou assim – é a minha natureza. Portanto, eu não sei como você se sentiria, pois não tenho, e nunca terei, sentimentos como a compaixão.

Olhei para ele. Em vez de ficar com raiva, senti pena – afinal ele nunca saberia o que era ter pena de alguém, ele nunca ajudara ninguém. William era do jeito que era, sarcástico, cruel, porque era sua natureza. E isso nunca mudaria.

– Mas é sério – insisti – você pode não saber como eu me sinto, mas vai ser ruim pra mim ficar aqui, sozinha, sem ir lá fora, sem ver as pessoas que eu amo – isso era realmente verdade. – Então... por favor, me deixe ir. Prometo que vou voltar para você depois de seis meses – ou você poderá me buscar, e não vou resistir.

A expressão de William mudou, seu rosto ficou mais suave. Ele quase sorriu – de verdade – e pareceu me compreender, pelo menos um pouco. Ele parecia quase... humano. Talvez ele não fosse tão ruim lá no fundo.

– Você promete?

– Juro pelo cadáver dos meus pais. Palavra.

– Veja bem o que está fazendo, Lyric Angel. Se você desobedecer ao acordo, eu terei poder sobre o seu sangue. Se você tentar fugir de mim, minha vingança será a pior que pode imaginar em toda a sua vida.

Bem. Talvez ele não tivesse nada de humano mesmo. Como sou boba. Afinal, ele é um demônio.

– Tudo bem.

Então ele fez algo que me assustou; mordeu o próprio pulso – o sangue começou a fluir rapidamente – e depois mordeu o meu. Não reclamei, embora tenha doído bastante. Juntamos os punhos, misturando o sangue; estava feito. Ótimo; eu tinha acabado de fazer um pacto de sangue com um demônio. Agora ele também possuía o meu sangue. Que ótimo.

Mas era a única solução, afinal.

Ele se levantou e abriu a porta – saí do porão, e então o garoto me conduziu para fora da casa. Apesar de tudo, eu estava tão aliviada que nem prestei atenção em nada. Do lado de fora da casa havia um jardim bonito – devíamos estar no subúrbio de Londres, fora da cidade.

– Mais uma coisa – William disse – eu vou te vigiar durante todo o tempo. Se eu vir qualquer vacilo seu, vou te pegar e você nunca mais verá a luz do sol. Está entendendo?

Eu estava distraída. William chegou à minha frente e segurou o meu queixo, me fazendo olhar em seus olhos. Quando seus olhos mudaram de âmbar para escarlate – cor de sangue – eu estremeci.

– Entendeu, Lyric Angel?

Isso significava que ele estava falando sério, então.

– Sim – falei, a voz tremendo.

– Ótimo – ele disse, soltando o meu queixo, enquanto seus olhos voltavam à coloração normal. – A partir de agora, você não pode voltar atrás.

Balancei a cabeça.

– Pra onde eu vou agora?

– Olhe pra cima.

Obedeci; foi quando vi uma figura grande, voando no céu sem nuvens, com lindas asas brancas, enormes.

A figura foi descendo dos céus, as asas batendo. Demorei um pouco para finalmente perceber quem era.

– Drake! – gritei, e então percebi que estava chorando. Estava ainda mais bonito com as asas – seu rosto demonstrava luminosidade - uma felicidade enorme, indescritível.

Assim que desceu dos céus, ele correu até mim – eu corri até ele também – e recebi o melhor abraço de toda a minha vida, um abraço carinhoso, como se não nós víssemos há anos.

E pra mim era isso mesmo.

– Gostou da surpresa? – ele perguntou, sorrindo, bagunçando meu cabelo. Comecei a chorar, com a cabeça encostada em seu ombro. Eu estava chorando de emoção, de felicidade, de alívio...

De amor.

– Então você é um anjo... – eu disse, com a voz ainda embargada. William observava de longe, sem fazer nada.

– Sim – ele me abraçou novamente, me cobrindo com suas asas.

Naquele momento me esqueci de tudo – do contrato, do fato da minha alma e do meu sangue pertencerem a William, de que me restavam só seis meses de vida - era como se eu estivesse no Paraíso.

***

Observação da autora: talvez alguns de vocês já tenham se perguntado como seriam os personagens. Por isso, editei algumas imagens para mostrar a vocês como eu os imagino. Eu não sei editar fotos, por favor tenham paciência^^



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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Se sim, espero reviews!