You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 1
My Life




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Sempre sonhava ter uma vida como via na televisão ou como lia nos romances que alugava na biblioteca mas com o passar dos anos percebi que isso era meio impossível. Vidas perfeitas ou quase perfeitas não existem. Percebi que o sofrimento está sempre entre tudo e que nunca deixa as pessoas serem realmente felizes.

Vivia numa casa pequena com os meus pais e os meus dois irmãos. Éramos pobres, o dinheiro mal chegava para comer, por isso, não tínhamos quaisquer lazeres. Os meus pais praticamente não me ligavam, eu fui fruto de um descuido e eles não me desejavam ter. Era a mais nova de três irmãos. Tenho dezasseis anos. O meu irmão, Ethan, mais velho tem vinte e um e é completamente desligado da família. Só vem comer e dormir a casa. Não gosta de mim nem do meu do meu outro irmão, o Sean. O Sean tem dezoito anos e toma conta de mim desde que eu nasci. Ele é como se fosse a minha mãe, o meu pai e o meu irmão, tudo ao mesmo tempo e eu adorava-o.

Ia à escola mas não gostava lá muito. Era considerada a esquisita lá da escola e ninguém gostava de mim. O factor principal era por eu ser pobre e não andar com roupas que estão na moda tal como a Rosalie, a popular lá da escola. Ela era loira com grandes cachos até ao meio das costas. Tinha os olhos de um tom de azul estranho mas lindo e a pele pálida. Ela namorava com o Emmet, o capitão da equipa de futebol. Ele era lindo. Tinha o cabelo castanho com alguns cachos, pele branca, olhos azuis e uma covinha de cada lado da cara. Bella era a melhor amiga da Rose. Ela não dava tanto nas vistas como a Rose mas era bonita e vestia-se bem. Namorava com o Edward, o irmão mais velho da Rose. Ele também era totalmente lindo. Tinha os cabelos cor de bronze, pele pálida e os olhos verdes. Por fim, no grupo dos populares, havia o Jasper. Ele era lindo. Tinha o cabelo loiros com caracóis, era musculado, bem feito, pele pálida e uns olhos verdes esmeralda.

- Alie, anda jantar. – Chamou o Sean. Afastei os meus pensamentos e fui para a cozinha comer. A comida não era nada de especial, era um prato com um bocado de sopa, pois nós não tínhamos dinheiro para mais mas sempre dava para alimentar e eu não resmungava, é muito melhor do que passar fome. Só estávamos os dois em casa. Os meus pais devem andar por um bar qualquer a gastar o pouco que ganham a beber.

- Como correu a escola? – Perguntou o Sean com um sorriso nos lábios. Ele não sabia o que eu sofria na escola e não pensava em contar-lhe.

- Normal… - Respondi vagamente. Hoje, a escola tinha corrido pessimamente mal. Cheguei atrasada à primeira aulas, que era um teste. Acabei por não faze-lo e depois à hora de almoço uns miúdos da equipa de futebol decidiram meter-se comigo e tiraram-me a pouca comida que eu tinha no almoço, acabei por não comer. - E o teu dia, correu bem? Arranjaste emprego? – Perguntei. Sean andava à procura de emprego para conseguir ter mais dinheiro mas estava difícil. Não havia muitos empregos aqui no sítio onde nós morávamos.

- Não, ainda não. Mas hei-de arranjar. – Sean era uma pessoa muito positiva.

- Ok.

Comi a minha sopa em silêncio e depois fui para meu “quarto”. Não tinha bem um quarto. Tinha um colchão no sítio onde deveria ser a dispensa. Era um cubículo mas dava para dormir e não podia reclamar pois havia pessoas em situações pior que eu. Deitei-me na cama e adormeci.

No dia seguinte, acordei com o Sean a chamar-me.

- Alice, acorda! Se não te levantares vais chegar atrasada à escola. – Eu não queria ir para a escola, aquilo era o inferno. Levantei-me a contragosto e fui à casa de banho tratar da minha higiene. Quando acabei, fui para o quarto, vesti uma roupa velha, as calças já estavam rasgadas e notava-se que a t-shirt era muito velha. Já mal se notava os desenhos, depois pus por cima um casaco de malha e os meus ténis que praticamente já não tinham sola de estarem tão gastos. Dirigi-me à cozinha e bebi um copo de leite, não havia mais nada. O Sean foi me por à escola.

- Alice… - Chamou ele.

- Sim? – Perguntei.

- Hoje, não tenho dinheiro para te dar, para conseguires almoçar. Desculpa. – Pediu ele. Já não era a primeira vez que eu não tinha dinheiro para almoçar. Já estava meio habituada a isso.

- Não faz mal. – Disse. Nada mudaria se eu o acusasse de não ter dinheiro. E eu não tinha o direito de acusar o meu irmão, ele fez e faz muito por mim.

- Tens a certeza que aguentas até ao jantar? – Perguntou ele preocupado.

- Sim, já não é a primeira vez. – Disse.

- Ok. – Continuou ele com um ar preocupado.

Quando chegámos à escola, ele parou o carro e eu saí. Fui em direcção à sala onde ia ter aula. Tocou, cinco minutos depois e o professor entrou logo na sala. A aula foi muito aborrecida mas sempre era melhor do que estar nos corredores e passarem por ti e mandarem bocas.

O resto do dia passou-se bem, dentro dos possíveis.

Cheguei a casa cheia de fome mas tinha que esperar pelo jantar que devia ser o resto da sopa de ontem. Quando cheguei os meus pais estavam os dois em casa. Era de estranhar e o Ethan também estava que era para estranhar mesmo. Entrei e fui fazer os trabalhos de casa, além de ter bastantes dificuldades em perceber a matéria de matemática.

Quando o Sean chegou a casa, os meus pais mandaram-nos reunir todos. Estávamos todos na sala e eles estavam a dizer que nos iam dar uma notícia.

- Temos uma coisa para vos falar. – Disse o meu pai rudemente. Fizemos os três, sinal para ele continuar. – Eu arranjei um bom emprego em Boston. – Era uma boa notícia, ele ter arranjado um emprego, mas algo me dizia que não era só isso que eles nos queriam dizer.

- Isso é bom, quer dizer que nos vamos mudar e a nossa vida possa ser melhor. – Disse o Sean optimista.

- Mas só eu e o teu pai nos vamos mudar. – Disse a minha mãe friamente. – Vocês ficam cá. Só atrapalham. – Continuou friamente. O que ela me disse, magoou-me profundamente. Só me apetecia chorar e sair dali mas o meu pai não tolerava que nós chorássemos à frente dele, então conti-me. 

- Vamos embora amanhã de manhã. Só vos queríamos avisar para não se surpreenderem! – Disse o meu pai. Levantei-me do sofá bruscamente e fui para o meu “quarto”. Enterrei a cabeça na almofada para não se ouvir o meu choro. Não sei quanto tempo é que fiquei assim mas ouvi a porta da rua a bater duas vezes, isso significava que apenas eu e o Sean estávamos em casa. O Sean entrou no meu quarto, uns minutos depois de eu ficar mais calma. Ele sentou-se ao meu lado na cama e de seguida abraçou-me. Voltei a chorar. Por mais que não gostasse dos meus pais eram eles que nos sustentavam e sem eles não haveria dinheiro pois o Sean não trabalha e o Ethan não se preocupa connosco.

- Vai ficar tudo bem. – Consolava-me o Sean. Eu sabia que não ficaria nada bem. A minha vida ia mudar e para pior.

- Não, não vai. Eu sei que não vai! – Disse ainda chorando. – Tu não tens emprego, como é que vamos ter dinheiro.

- Eu vou arranjar um, podes ficar descansada. Tenho uma entrevista amanhã, vou dar de tudo para conseguir o emprego.

- Ok. – Disse sem esperança nenhuma.

- Vamos comer. Deves estar cheia de fome.

Comemos e depois voltei para o meu quarto e acabei por adormecer a chorar.

Na manhã seguinte, acordei muito cedo. Fui para a sala. Os meus pais já tinham partido. Deixaram-nos para trás, tinha a esperança que eles não conseguissem isso. Mas pelos vistos eles não nos amavam. Fui para a cozinha tomar o pequeno-almoço. Estava um bilhete na bancada. Dizia:

Fui-me embora!

Ethan.

O Ethan também nos tinha deixado. A minha vida estava a desmoronar-se aos pés e eu não conseguia fazer nada. Estava tudo a correr mal e tinha a sensação que iria ficar pior. Sean pôs-me na escola. Mal falámos esta manhã. Cheguei à escola e fui logo directa para a aula.

- Esqueceste de trocar de roupa? – Perguntou a Rose quando passei por ela. Estranhei, além de ser popular, a Rose não era de mandar bocas. Reparei que tinha a mesma roupa de ontem mas hoje de manhã não me importei muito como ia para a escola. Tinha mais coisas em que pensar. Não lhe liguei como fazia sempre com os outros. – Não me respondes? – Perguntou ela. Ela nunca tinha sido assim.

- Tenho mais coisas em que pensar do que vestir, a minha vida é bem mais complicada que a tua. – Disse-lhe. Ela calou-se e voltou para o seu grupo de amigos.

As aulas foram muito aborrecidas. Demoravam a passar. Não voltei a comer à hora de almoço porque não tinha dinheiro.

Quando voltei para casa o Sean não estava lá. Aproveitei e fiz os meus trabalhos de casa. Ele só chegou por volta das oito. Não havia muito para comer em casa mas comemos o pouco que havia. A comida estava a faltar. O Sean hoje arranjou um emprego mas pagavam muito mal. Quando acabei de comer, fui para a sala e fiquei a ler um romance que requisitei na biblioteca. O Sean estava também a ler um livro ao meu lado no sofá.

Por volta das dez da noite, assusto-me. Bateram à nossa porta violentamente. Nós vivíamos no bairro perigoso mas nunca nos tinha acontecido nada. Sean não abriu a porta e quem estava do outro lado ficou impaciente, acabando por arrombar a porta. Eram dois homens, um deles estava armado. Comecei a ficar com medo. Reparei que o outro tinha uma faca. Eles dirigiram-se ao meu irmão e começaram a bater-lhe. Corri até eles.

- Parem! Por favor, parem! – Disse. Não queria perder Sean. Ele era tudo o que tinha. Ambos os homens não me deram ouvidos. – Por favor, não lhe façam mal. Levem tudo o que quiserem mas não lhe façam mal. – O que tinha a arma, empurrou-me. Cai e bati com a cabeça num dos móveis. Sentia o sangue a escorrer e estava a ficar tonta. Ardia no sítio onde tinha batido.

- Não lhe façam mal! – Gritou o meu irmão. Os homens fartaram-se de lhe bater e estavam a preparar-se para mata-lo. Levantei-me bruscamente e corri até eles. O que tinha a faca, reparou e veio ao meu encontro. Agarrou-me e começou a bater-me. Acabou por me atirar para o chão e começar a pontapear-me. Chegou a cortar-me algumas vezes com a faca. Eu apenas gritava e chorava. Eu preferia morrer. Faziam-me um favor se me matassem. O que valia eu estar aqui para sofrer. Ninguém me amava. O Sean apenas estava comigo por obrigação, ele sentia que tinha o dever de cuidar de mim. Não tinha amigos, não tinha família. Que falta faria eu? O homem da faca pegou-me e virou a minha cabeça para eu conseguir ver o meu irmão e o outro homem.

- Por favor, larguem-na. Façam o que quiser comigo, levem o que quiser mas larguem-na. – Suplicou o Sean.

- Porque haveríamos de larga-la? – Perguntou o homem com a arma. – Vamos acabar com isto tudo antes que apareça a polícia! – Disse ele severo. De repente, disparou contra o meu irmão e a única coisa que consegui perceber, foi o meu irmão a cair lentamente e ficar fixamente a olhar para mim, já morto. Tinha um buraco na cabeça de onde escorria imenso sangue. Perdi tudo o que tinha. Não tinha mais nada, mais ninguém. De seguida, o homem da arma virou-se para mim e disparou. Apenas lembro-me de sentir uma enorme dor no meu ombro.


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Notas finais do capítulo

É apenas o primeiro capitulo! Espero que gostem. E fico à espera dos vossos comentários!
Beijinhos
Até ao próximo capitulo! (:
S2