Se importar

- Esse Natal me deixou pobre – exclamou Lily deitando no sofá comunal da Grifinoria.

Rose sorriu sentando-se no sofá em frente à prima. Elas haviam acabado de chegar de suas casas das festas de fim de ano.

- Por causa dos presentes? – Rose perguntou.

- Não! - Ela negou com a cabeça – Por causa das minhas apostas com seu irmão. Eu sempre perco. Mas desta vez irei ganhar – ela sorriu.

- Você ainda tem dinheiro para apostar?

- Um Nuque.

- Um Nuque? – Rose começou a rir descontroladamente.

- Não ria, minha situação é bem tensa.

Rose enxugou as lágrimas que caíram de seus olhos pelo riso e reparou pela primeira vez no colar que a prima usava

- Quem te deu esse colar? Um admirador?  – Rose questionou vendo que o colar tinha o formato de uma estrela. A estrela era amarela.

- Não! Foi o tio Jorge, não é demais? – disse Lily empolgada sentando-se novamente no sofá – Não é um colar qualquer, é um colar especial... – ela olhou ao redor se certificando que ninguém estava as observando – Bom sabe que o maior motivo para eu ter ficado pobre neste Natal é minhas apostas estúpidas com seu irmão.

- E o que isso tem haver com o colar?

- Bom, o tio Jorge sabia que eu e o Hugo estávamos apostando se eu conseguia calar minha boca e me deu esse colar...É uma de suas novas invenções para as “Gemialidades Weasley” – Lily segurou a estrela entre os dedos mostrando a prima – Se eu apertar a estrela ela vai ficar na cor vermelha e automaticamente, com um feitiço que o Tio Jorge lançou sobre ela, irá me fazer ficar com a boca fechada. Quer ver? – Rose concordou com a cabeça meio descrente.

Lily apertou a estrela entre seu dedo polegar e seu dedo indicador e o objeto ganhou a coloração vermelha.

- Ok, vou testar – disse Rose se ajeitando no sofá – Lily você sabe que fala demais e a razão para estar fazendo essas apostas com meu irmão é porque o ama tanto, não sabe?

Lily arregalou os olhos ficando vermelha, ela começou a negar com a cabeça rapidamente.

- Merlin! Isso funciona de verdade – disse Rose em meio aos risos.

Lily pegou a estrela entre os dedos e a apertou fazendo-a ganhar a coloração amarela de antes.

- EU NÃO AMO SEU IRMÃO, ELE É UM IDIOTA. – Lily urrou.

- Interessante – exclamou Hugo parado ao lado das garotas.

Lily se assustou e encarou o ruivo:

- Desde quando você está ai?

- Desde o começo de sua explicação de como o colar funciona.

- Como estava ai? Eu olhei para os lados e não te vi!

Hugo retirou sua mão que escondia nas suas costas e mostrou a Rose a capa de invisibilidade.

- O Al me emprestou.

Lily abriu a boca indignada e começou a fungar de raiva.

- Eu que devia estar nervoso, afinal você trapaceou não acha? – ele estendeu sua mão – Meu nuque.

- Não, valeu – ela disse chorosa cruzando os braços.

- Tudo bem, não da para comprar nada com um nuque mesmo, não me importo, fique com as migalhas. O importante é que ganhei outra aposta e que você nunca vai conseguir ficar calada sem trapaça.

Lily bufou e pela primeira vez não respondeu a ele.

Hugo sentou-se ao lado da prima e passou seus braços em volta do ombro dela.

- Sabe Lily, eu só quero seu bem então... – a ruiva o encarou desconfiada – Eu vou te ajudar em sua missão de calar a boca.

- Como assim? – ela perguntou desconfiada.

- Ah, afinal eu sou o mais interessado em não ouvir a sua voz irritante durante uma semana então, porque não ajudá-la? Trabalhando juntos nós vamos conseguir.

- Voz irritante? – era gritou – devo encarar isso como uma ajuda?

- É Lily, estou bolando uns planos para que você consiga ficar calada, por exemplo...

Os dois primos continuavam a conversar enquanto Rose se entretinha  com seu livro, era mais uns dos livros emprestados por Scorpius, já fazia mais de duas semanas que a garota não o via, ela não queria admitir, mas estava com saudades dele.

- Oi pessoas – Alvo cumprimentou os primos com um sorriso enorme nos lábios.

Lily e Hugo continuavam a discutir estratégias e nem notaram Alvo.

- Oi Al. Estava namorando pra estar com esse sorriso? – Rose perguntou sorridente.

- Está tão na cara assim? – ela confirmou com a cabeça – Ah Rose, o Malfoy está lá do outro lado do quadro da mulher gorda te esperando.

- Me esperando? – ela se levantou do sofá assustada.

- É, me pediu pra te chamar...

- Ta, eu vou lá fora.

Ela não queria parecer que estava ansiosa para reencontrá-lo, mas não conseguia disfarçar, seu coração saltava de seu peito aos pulos, suas mãos suavam, suas pernas estavam bambas. “Porque estou nervosa?” era o que ela se perguntava.

- Oi Scorpius – ela disse assim que o viu sentado no corredor lendo.

Ele sorriu e se levantando do chão e se aproximando dela.

- Sabe quando você acorda entediado num dia de Natal, você olha em volta e todos alunos foram para sua casa para as festas e Hogwarts está deserta? O que não da para fazer um vandalismozinho qualquer, já que não tem ninguém pra infernizar.

- Pra falar a verdade não sei o que é isso não – ela sorriu.

- Então acordei entediado desse jeito na manhã de Natal e fui para a biblioteca, passei o dia inteiro procurando na sessão trouxa...

- Procurou que livro?

- Lembra quando conversamos pelas cartas, nessas duas semanas que não nos vimos? Que você amava o tema Nazismo alemão e como ele tinha relação com a segunda grande guerra, onde os ditos sangues puros queriam o extermínio dos ditos sangues ruins?

Ela confirmou com a cabeça.

- Então eu achei esse dois livros – ele retirou dois grossos livros de dentro de sua capa – Eles falam sobre o Nazismo.

- Você pesquisou? – ela perguntou com os olhos brilhando.

- Já disse, eu estava entediado.

- Você pesquisou. – desta vez não era uma pergunta.

- Era manhã de Natal, eu odeio manhã de Natal, tinha que ocupar minha cabeça.

- Você pesquisou! – ela exclamou o abraçando.

Scorpius se assustou com o movimento repentino, mas a apertou em seu abraço, não ia deixar esse momento ser desperdiçado.

- Ei Rose! – Lily gritou estranhando a cena após ter saído da sala comunal – Eu preciso de você!

- Obrigada – Rose agradeceu saindo do abraço – Agente discute isso na próxima aula particular – ela lhe segredou indo ao encontro da prima.

- Sabe, Rose queria te pedir um favor – disse Lily enquanto caminhavam pelo corredor.

- Qual?

- Preciso de aulas particulares.

Rose ergueu as sobrancelhas.

- Você também?

- Não sabe o que é? É que o professor chato de História da Magia passou um trabalho horrendo pra entregar terça e eu ainda não o fiz. Me ajude? – ela implorou.

- Amanhã no domingo pode ser?

- Ah não! – Lily gritou exasperada – Domingo é dia de ficar morgando, sem estudos.

- Então que dia? Segunda eu dou aula ao Scorpius.

- Então...Será que não dá para cancelar a aula nesse dia?

Rose a olhou desconfiada.

- Vamos lá conversar com ele – Lily a puxou pela mão e correu com a prima para o lugar que Scorpius estava minutos antes conversando com Rose, o encontraram logo adiante andando num corredor deserto.

- Malfoy! – gritou Lily.

Scorpius parou a encarando.

- A Rose vai me ajudar segunda com uma lição e, portanto não vai te ajudar com os estudos nesse dia, ok?

- Não – ele respondeu simplesmente.

- Ah, qual é? A Rose não é propriedade sua para não deixar que ela me ajude.

- A Rose que tem que escolher se te ajuda ou não.

- Eu vou ajudá-la Scorpius – Rose respondeu automaticamente – Vai ser só um dia, depois retomamos as matérias.

- Ok, conseguiu ruiva tagarela sem amor próprio – ele desdenhou começando a caminhar.

- IDIOTA! – Lily urrou para as costas do garoto – Eu vou contar ao Peter, o namorado da Rose e você vai ver o que ele irá fazer com você!

Scorpius virou para ela com os olhos arregalados fingindo que estava tremendo.

- Espere aqui, vou conversar com ele – disse Rose correndo ao encalço de Scorpius.

- Tenho perguntas – anunciou Rose ao seu lado.

- Sim? – ele respondeu com os olhos pregados num livro que lia.

- Porque comigo você consegue formar frases grandes e bondosas e com a Lily frases curtas e dolorosas?

Scorpius revirou os olhos.

- Queria que tratasse a Lily bem. – ela continuou.

- Por quê?

- Por quê? – ela voltou à pergunta pra ele indignada.

- Porque devo tratá-la bem?

- Porque ela é uma ótima pessoa, minha melhor amiga no mundo inteiro, então se você se importa comigo terá consideração com ela, e irá ser educado com ela.

- Porque acha que me importo com você? – ele perguntou sorrindo a encarando pela primeira vez na conversa.

- Manhã de Natal? Entediado? Acha mesmo que caí nessa conversa? Você se importa como meu amigo, não é?

- Ah – ele exclamou chateado – Achei que era outro “importar”.

- Não quis dizer “importar” dessa maneira, por exemplo se gosto de você...

- Gosta de mim? – ele voltou a encará-la interessado.

As orelhas de Rose ficaram repentinamente vermelhas.

- Não quero dizer gostar...gostar dessa maneira que está pensando...

- Que maneira estou pensando?

A garota bufou brava e cruzou seus braços.

- Você faz isso de propósito!

Ele deu de ombros e voltou a ler o livro.

- Escute. Quis dizer, se você pensa em mim...como uma pessoa com a qual você pode falar sobre livros ou qualquer outro assunto, terá que tratar a Lily bem.

- Ok – ele disse.

- Ok?

- Não posso te garantir nada, mas eu tentarei.

- Obrigada.

- De nada. Ok, agora é hora de você voltar pra sua Lily.

Ela confirmou com a cabeça caminhando do lado oposto a ele no corredor.

Scorpius sorriu acompanhando com o olhar onde Rose se dirigia. Ia voltar para seu quarto quando reparou em uma coisa brilhante no chão. Se abaixou e a recolheu, era a pulseira que Rose sempre usava, que tinha um pingente em forma de rosa.

Pensou se devia ir atrás dela e devolver. Resolveu guardar em seu bolso, sabia que quem tinha dado essa pulseira a Rose havia sido o Peter.