Fica bem

Scorpius levantou do chão atordoado, notou a vassoura um pouco a frente do lugar que ele estava, o objeto estava rachado bem ao meio. Viu que seu braço direito estava esfolado pela queda, mas ele não se importava, estava preocupado com Rose e foi com um imenso alívio que a viu levantar do chão há uns metros da onde ele estava.

- Rose, você está bem? – ele perguntou preocupado.

Ela o olhou meio grogue e começou a dar risadas:

- Eu amo essa vida de “viver sem limites”, foi demais... agente estava lá em cima se beijando e de repente... BUM – ela bateu as mãos gargalhando – Foi hilário!

- Rose... – Scorpius chegou perto dela angustiado – Você não se feriu?

- Eu to com dor de cabeça – ela disse rindo fechando os olhos.

Scorpius só teve tempo de erguer seus braços a segurando quando Rose desmaiou. Ele a abraçou e notou que a parte de trás da cabeça da garota estava sangrando.

- Não! – ele gritou.

- Ah tinha que ser você me infernizando em pleno domingo à noite.

Scorpius ouviu a voz do zelador ao seu lado e nem se importou, começou a caminhar com Rose em seus braços entrando no castelo.

- O que fez com a garota? – Filch perguntou correndo atrás dele.

O loiro não respondeu estava preocupado demais com Rose para implicar com o velho Filch. Ele correu e conseguiu chegar até a enfermaria do castelo.

- Irei chamar a McGonagall, você não irá se safar desta vez – o zelador saiu correndo em direção a sala da diretora deixando um Scorpius desesperado batendo na porta da Ala hospitalar.

- O que é isso? – Madame Pronfey perguntou assustada abrindo a porta.

- Ela se feriu na cabeça... – o garoto respondeu sussurrando.

- Coloque-a naquela cama – a curandeira apontou uma cama especifica na enfermaria e Scorpius prontamente obedeceu.

- Ela vai ficar bem? – ele perguntou desesperado.

Madame Pomfrey, que analisava o corte na cabeça de Rose, respondeu:

- É um corte profundo, o que aconteceu?

- ISSO NÃO IMPORTA! – ele urrou – Ela vai ficar bem?

- O que está acontecendo aqui? – a diretora McGonagall questionou entrando no aposento.

- Bom o Senhor Malfoy trouxe a Senhorita Weasley desacordada, ela bateu a cabeça, mas ele me recusa a responder como – Pronfey prontamente respondeu.

- Não estou me recusando a responder! A senhora é que está! Só quero saber se a Rose ficará bem! – Scorpius gritava mais desesperado.

- Senhor Malfoy é melhor sair da enfermaria, quero fazer meu trabalho sossegada. Saia – a curandeira falou uma última vez pegando uma poção num armarinho e aplicando no machucado da cabeça de Rose.

- Me acompanhe senhor Malfoy – pediu a diretora.

Scorpius meio a contragosto seguiu a diretora saindo da Ala Hospitalar, ambos se encaminharam até a sala da direção.

- Me conte exatamente o que aconteceu – pediu a diretora assim que Scorpius sentou-se de frente a ela.

- Não – ele negou com a cabeça – Eu só quero saber se a Rose ficará bem e vocês não me dizem isso, então não irei contar o que aconteceu.

A diretora McGonagall apoiou seus cotovelos na mesa e entrelaçou suas mãos pensativa:

- Ok! Quando sair daqui vai poder visitá-la e saber o estado dela, mas antes precisa me contar exatamente o que aconteceu.

- Vou poder vê-la independente do que te contar? – ele perguntou levantando a sobrancelhas.

- Vai poder vê-la, dou minha palavra.

- Ta – ele respirou fundo e fechou os olhos começando a contar – Agente estava estudando, quer dizer ela estava me infernizando para voltarmos para  a sala e estudar, por isso estávamos no campo de quadribol quando o Filch nos encontrou, foi lá que tudo aconteceu. Ela ficou me falando que o estudo era o melhor caminho e que só estava querendo me ajudar, eu me irritei e apontei minha varinha para ela e a estuporei – ele engoliu em seco, mas prosseguiu – Na queda ela bateu a cabeça numa pedra, por isso o corte.

- O Senhor fez o que? – McGonagall perguntou espantada – Sabe como isso é grave?

- Eu sei como isso é grave – ele continuava a olhar para baixo – Vou entender se me expulsar da escola.

- Parece que quer ganhar a expulsão.

- Não, eu só a mereço – ele voltou seu olhar para ela esperançoso – Posso ver a Rose agora?

- Nunca.

- Mas a senhora prometeu – ele contra-argumentou.

- Mas não sabia que o que tinha feito era tão grave. Vá para seu dormitório e arrume suas coisas, irei chamar seus pais e os pais da Senhorita Weasley e explicar o ocorrido e o motivo da expulsão.

- Isso é injusto – ele comentou levantando-se e saindo do gabinete.

xx

- Vocês acham que ela irá ficar com sequelas, tipo não vai ser mais nossa Rose CDF?

- Como se isso fosse possível né, Lily? Minha irmã não pararia de ser inteligente demais nem se um Hipogrifo amassa-se seu cérebro.

- Eu também te amo irmãozinho – Rose exclamou abrindo os olhos vendo Lily, Hugo e Alvo em volta dela.

- Ah amiga! – Lily gritou a abraçando – fiquei tão preocupada...

- É MELHOR LEVAR ESSE GAROTO PARA LONGE DE MIM, MALFOY, SENÃO NÃO RESPONDO PELOS MEUS ATOS!

- Essa é a voz do papai? – perguntou Rose meio sufocada pelos cabelos de Lily em seu rosto – O que ele está fazendo aqui?

- Ah você não se lembra, Rose? – perguntou Alvo preocupado.

- Me lembrar do que? Cadê o Scorpius? – Rose perguntou de repente se recordando vagamente da noite anterior.

- Você ainda pergunta daquele sonserino nojento? – Lily perguntou indignada encarando a prima.

- EU ESTOU INDO EMBORA WEASLEY, NÃO PRECISA FAZER NADA CONTRA MEU FILHO.

- Esse é o pai do Scorpius – constatou Hugo ouvindo os gritos vindo de fora da Ala Hospitalar.

- Me contem o que aconteceu – suplicou Rose.

- O Scorpius fez isso com você, Rose – disse Alvo – ontem a noite você estava tentando fazer ele estudar, mas parece pelos boatos e gritos que escutamos do seu pai que ele te estuporou.

- O QUE? – Rose gritou sentando-se na cama, sua cabeça latejou de dor.

Ela sabia que não tinha acontecido isso, lembrava-se claramente do beijo em cima da vassoura no alto e depois da queda que ambos sofreram.

- É amiga, aquele imbecil do Scorpius quase te matou.

- Não exagere, Lily – disse Alvo – Mas ele te machucou e foi o suficiente para a expulsão.

- Ele foi expulso de Hogwarts! – Lily gritou sorridente – melhor notícia dessa barbaridade toda.

- Ele foi expulso – Rose disse para si mesma tentando se fazer acreditar no que estava escutando.

- Mais do que justo – Hugo disse – Fazer isso com você.

- Rose meu anjo, você acordou! – Hermione entrou desesperada na Ala Hospitalar indo de encontro à filha e a abraçando.

- E NÃO SE META MAIS COM MINHA FAMÍLIA, OUVIU?

Rony urrou uma ultima vez olhando para fora da Ala Hospitalar, depois virou-se e andou em direção a Rose.

- Você está bem, Rose?

- Estou pai. Porque estava gritando?

- Você sabe como seu pai é exagerado filha e não escuta os outros – Hermione virou seu rosto para Ronald o fuzilando com o olhar – Só sabe gritar e me fazer passar vergonha.

- Ah Hermione vai querer brigar comigo agora? Olha o que aquele vândalo fez com nossa filha.

- É, mas ele já recebeu a punição, mas não! Você tem que gritar aos quatro ventos o que aconteceu.

- Mãe, pai – Hugo chamou assim que viu que Rony ia rebater – Mais brigas não, por favor.

- O que deu em você, Hugo? – Rony perguntou estranhando.

Hermione levantou-se e colocou sua mão na testa do filho.

- Não está com febre.

- Ah, mas só pode estar doente, ele não querendo ver uma de nossas brigas, você sempre se diverte filho.

- Eu? – Hugo perguntou se distanciando dos pais – Ta tudo bem, eu sempre dou risada, é que estou evitando gritos. Tchau estou atrasado pras aulas da tarde. E você também Lily venha!

- Ah Hugo, eu sei por que está evitando gritos – Lily não deixou de comentar correndo atrás do primo saindo da Enfermaria.

- Bom filha, nós temos que ir trabalhar, mas as coisas já estão resolvidas e você pode sair hoje mesmo da Ala Hospitalar.

- Tudo bem mãe.

- Nos mande uma carta contando os mínimos detalhes de como está se sentindo, se tiver tonturas ou algo do tipo te mandamos ao St. Mungus.

- Estou ótima pai – Rose disse sentindo um beijo na esta que seu pai depositava.

- Tchau filha – ela observou os dois caminharem de mãos dadas para fora do cômodo e olhou para Alvo que ainda estava do lado dela.

- Você não parece feliz com a expulsão do Scorpius – o primo comentou.

Rose suspirou e não respondeu.

xx

Rose estava deitada no sofá de frente a lareira na sala comunal, não conseguia tirar Scorpius de seus pensamentos, queria entender o porquê dele ter mentido.

- Deixa eu te contar os últimos acontecimentos – exclamou Lily ao lado da prima que já estava devidamente recuperada – o Hugo me fez tomar aquela poção pra sonhar acordada e ficar gritando até perder minha voz. Nem preciso dizer que paguei um mico colossal, né amiga? Mas o feitiço virou contra o feiticeiro e eu continuo com minha voz linda e perfeita e ele esta com os ouvidos zunindo até hoje por ter escutado meus gritos.

Ela terminou dando risada.

Rose não riu, parecia que havia um nó em sua garganta.

- Você não deu risada – comentou a prima mais nova preocupada – Está pensando no Malfoy, não é?

“Malfoy” quando ouviu o sobrenome dele não aguentou e deixou que lágrimas escorressem de seus olhos.

- Rose... – Lily voltou a falar – Estou preocupada com você...

- Eu estou bem – ela mentiu – Vou andar por ai tentar arejar minha cabeça.

Ela sorriu forçado e saiu da sala comunal, ia tentar colocar seus pensamentos em ordem.

Começou a andar pelo corredor sem prestar atenção no caminho que fazia foi quando esbarrou num rapaz.

- Desculpe – ela sussurrou e o olhou – Peter.

- Oi Rose – ele sorriu, estava caminhando de mãos dadas com uma garota de cabelos castanhos enrolados e olhos verdes – Anna vá pra sala comunal, eu já vou, preciso falar com a Rose – ele pediu beijando de leve nos lábios da Corvinal.

- Você está com a Anna? – perguntou Rose assim que viu garota se distanciar – Ela é legal, uma vez na aula de aritmância eu escrevi uma palavra errada em meu pergaminho e tinha esquecido minha varinha em meu quarto naquele dia e ela gentilmente me emprestou a varinha. Ela é muito legal.

- Ela é... – ele confirmou – Sabe Rose eu queria te pedir desculpas.

- Por quê?

 - Por ter gritado com você, por te falar coisas horríveis... – ele suspirou – agora eu entendo Rose, não se manda no coração. Me desculpe?

- É claro.

- Amigos? – ele perguntou ansioso.

- Amigos – ela deu um sorri fraco.

- Você não parece bem – ele constatou.

- Eu estou guardando um segredo faz algum tempo e isso ta fazendo meu coração sangrar, sabe? – ela deixou que lágrimas caíssem de seus olhos – Como se fosse um vazamento que fica pingando, pingando, pingando, bem aqui – ela apontou para seu peito, bem no coração.

- Precisa concertar esse vazamento então – ele disse acariciando o rosto dela – eu também estava assim até que vim conversar com você, meu coração está voltando a respirar agora – ela o olhou – Concerte esse vazamento Rose, em outras palavras: Vá conversar com ele.

Ela respirou fundo e confirmou com a cabeça.

- Obrigada! – Rose o abraçou – Quero que saiba que sempre vou lembrar de você como uma parte importante de minha história, e te desejo a maior sorte do mundo no seu namoro com a Anna.

- Você também Rose, faz parte de minha história, e te desejo sorte com o Scorpius – ela sorriu saindo dos braços dele – Não ligue para o que as outras pessoas podem dizer, elas não sabe o que aconteceu entre vocês e apenas os dois conhecem a verdadeira história, então somente ignore, ok?

- Obrigada de novo! – ela agradeceu novamente correndo para a torre da Grifinória.

Rose pediu a capa de invisibilidade empresta a seu primo Alvo e se encaminhou ao terceiro andar. Como da outra vez, saiu de Hogwarts pela passagem secreta da estátua da bruxa corcunda de um olho só. Aparatou e apareceu no mesmo lugar que Scorpius costumava ir todos os dias, adentrou a livraria que havia ido com ele dias atrás procurando pelo loiro. E o encontrou, sentando no chão entre duas prateleiras escrevendo freneticamente em um caderno com uma caneta, Rose sabia que ele não poderia usar pena e pergaminho no meio dos trouxas.

- Oi – ela o chamou.

Scorpius finalmente a notou e escondeu seu caderno e a caneta dentro de sua mochila.

- Porque mentiu? – ela perguntou sem pestanejar se agachando e ficando da altura dele.

- O que está fazendo aqui? – ele perguntou assustado.

- Sabe como é horrível guardar esse segredo? Todos estão pensando que você foi o culpado, e eu não posso dizer a verdade...

- Não devia ter saído de Hogwarts – ele a ignorou.

- Scorpius, porque mentiu? É tão horrível ver as pessoas falando mal de você pelos cantos...

- Volta pra Hogwarts... – ele pediu novamente levantando do chão e começando a andar pela livraria.

- Porque não se despediu? – ela correu atrás dele, estava à beira das lágrimas.

Ele parou de chofre e virou a encarando.

- As coisas são como tem que ser, Rose... – ele acariciou o topo da cabeça dela e a beijou na testa – Fica bem...

Scorpius voltou a andar, Rose foi atrás dele, não iria desistir tão fácil, precisava lhe dizer uma coisa.

- Eu te amo – ela confessou com a voz chorosa.

Scorpius parou novamente de andar e olhou para baixo incapaz de olhá-la.

- Não devia...volta para Hogwarts, Rose.

E então ele saiu da livraria, Rose não o seguiu. Sabia que ele a tinha dispensado.

Ela foi se procurar e acabou perdendo tudo.