O Retorno escrita por Abraxas


Capítulo 4
Capítulo 4: O novo Imperador.




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Surpresos e indignados, o grupo começa a murmurar a respeito da decisão da Imperatriz. Ninguém esperava por isto, exceto...

— Calma! - ordena Argana. Ninguém vai leva-los a ferros. Apenas ficarão detidos no palácio.

— Argana... - diz a mulher do espelho. Elas não são meus convidados, porém vou trata-los assim.

— Sim, vossa majestade.

— Detidos?! Que dizer que ficaremos no palácio? Sem poder sair?

— Sim, cavaleiro. - responde Argana. Para que possamos decidir o que fazer com vocês.

Eric sorri.

— Sem problemas. Aonde é o meu quarto? - pergunta o empresário.

A maga fica um pouco surpresa com o comportamento do homem, porém faz o que deseja. Afinal como foram apresentados à Imperatriz e a mesma, segundo instruções, não quer qualquer vínculo com os alienígenas. Somente informações.

Curiosa, Diana pergunta à Mestre dos Magos:

— Por que aquela mulher está dentro daquele espelho?

Cuidadosa, Argana só dá a resposta depois de sair do salão imperial.

— O problema, Acrobata, é que a nossa amada Imperatriz sofre de uma terrível maldição. - explica a Mestre dos Magos. Durante muitos séculos, o nosso Império lutou contra outros reinos, chamados "estados rebeldes", apesar de serem de grande número, estes reinos não eram páreo contra o poderio militar de nosso Império. Mesmo com a forte resistência, a derrota é uma questão de tempo. Por isso, um grupo de jovens nobres se reuniram e estabelecerem um pacto, onde todos lutariam contra o Império não importando os meios. Assim surgiu a sociedade secreta, o círculo dos profanos.

— O que isso tem haver com aquela mulher morar no interior de um espelho? - pergunta Diana.

— Os profanos faziam todos os tipos de magias, estratégias ou ações que possam imaginar. Eles são a versão mágica do que vocês chamam, no seu mundo, de terroristas.

— Então a Imperatriz foi vítima de um atentado terrorista? indaga Diana. Deus!

— Isso mesmo! A intenção original era mata-la no interior do espelho. Entretanto, a minha antecessora alterou o ritual permitindo que a Imperatriz sobrevivesse, mas estaria presa ao espelho para sempre. Com o tempo as pessoas foram percebendo que a Imperatriz não envelhecia. Era uma questão lógica que a monarca é imortal, quer dizer, enquanto o espelho existir. Havia um clima desfavorável na manutenção política do Império. O conceito de renovação. É natural que houvesse lutas internas. Tanto para mata-la, quanto para instruí-la permanentimente. Porém foi adotada a política da coalizão. A Imperatriz não seria morta e nem os seus poderes políticos seriam revogados, mas a sua presença física seria substituida por uma menina previamente escolida entre os cidadões do Império através do mercimento, inteligência e caráter. A escolida não governará, mas teria "status" de Imperatriz, a sua família estará, para sempre, na corte e terá títulos de nobreza. A duração deste "reinado" será de vinte anos, posteriormente será substituida por outra e assim sucessivamente. O título dado à representante da Imperatriz é de consorte. Ou aquela que compartilha do destino da monarca. Se o espelho se quebrar, a consorte e sua família morrerá junto.

— Radical... - espanta Diana.

— Óbvio que a família da garota cuidará do espelho mais do que tudo. - interrompe Presto que ouvia indiscretamente a conversa da dupla. Muito inteligente, mas não houve tentativas de matá-la?

— Houve. Porém foram detidas a tempo. - responde Argana. Não é a toa que sou a Mestre dos Magos. - diz com um certo orgulho.

— Entendo... - diz Diana.

De súbito, houve uma correria no palácio imperial.

— O que está acontecendo? - pergunta a Maga.

— Nós estamos sendo invadidos!!! - grita o homem. Por coisas de metal! Eu não sei! Não é mágico! Por que há uma barreira, não é?! - encara o soldado à Maga.

Argana fica em silêncio.

O palácio Imperial fica em polvorosa. Homens e mulheres correndo por todo lado de uma forma caótica. Ouvi-se explosões e tiros. O grupo entende rapidamente quem foi o responsável.

— Eric!!! Seu maldito!!! - grita Diana segurando a gola do tecido da armadura do empresário. Você é o responsável por isto?!

Cínico, responde:

— Sim. Ou você acha que vou ser cobaia de um bando de ETs?

— Desgraçado! - e a atleta soca o rosto do empresário.

Desequilibrado, Eric cai sentado no chão. Depois de alisar o seu rosto, o homem diz:

— Isto é o agradecimento por salvar as nossas vidas? Ou vocês são ingênuas em acreditar nesta mulher?

Argana olha para Eric e diz:

— Você é muito pior que imaginei... Com licença, eu irei tentar salvar o palácio.

Depois eu vou coloca-lo a ferros, maldito!

— Boa sorte, maginha... Vai precisar. - debocha.

— Verme! - e sai.

— Espere! - diz Hank. Nós queremos ajudar! Indiretamente, somos responsáveis pelo que está acontecendo...

— É verdade! Mas acho que não seria uma boa idéia. Fiquem aqui e vigiem este pulha! Assim vocês estariam me ajundando. - e parte.

— Que nobre... Agora ela confia em vocês. - ironiza.

— Cala a boca, Eric!!! - ordena Diana.

A situação não é das melhores. Argana vê objetos voadores pousando nos jardins do palácio e deles saindo homens vestindo de negro com instrumentos metálicos nos braços. A Maga vê a guarda imperial tombando quando os homens de negro apontando os objetos para seus alvos e um ruido ensurrencedor e repetitivo os fere.

A Mestre dos Magos precisa fazer alguma coisa.

Argana levanta os seus braços, no alto da sacada, concentra-se, faz gestos delicados, aponta para os invasores e...

Nada acontece.

Ela repete a operação e o resultado é o mesmo.

Desesperada, a Maga entende o que aconteceu e começa a correr. Porém é cercada pelos homens de negro. Argana encara os homens encapuzados e armados. Os olhos daqueles homens observam o corpo da mulher com lasiva e desejo. Ela sabe o que os invasores fazem com as mulheres.

A Maga puxa uma faca e ataca um dos homens, porém é contida com certa facilidade e jogada ao chão. Ela treme diante um corpo masculino em cima dela, reza e espera pelo pior.

— Ei, pessoal! Pode afastando da dona aí! Quero que ela seja muito bem tratada. - ordena uma voz masculina.

— Sim, senhor! - e os homens obedecem.

Argana levanta os olhos e vê o rosto de alguém bem conhecido.

— Eric... - diz a Maga com nojo.

— Ora, ora, Mestra dos Magos... Quem diria que os seus poderes não funcionariam, não é verdade? Não está curiosa o porquê disso?

A Maga vira o rosto em sinal de desprezo.

— Realamente, você é muito melhor que aquele baixinho. Sabe, agrada os olhos. - e, em seguida, dirige aos homens. Sigam-me e levem a prisioneira.

— Sim, senhor!!! - diz o grupo.

— Agora sim, começa a minha chegada a este mundo. - diz o empresário com um sorriso nos lábios.

Arrastada pelos mercenários, Argana procura ficar tranqüila, mas a situação não se mostra das melhores. Altiva, a maga tenta, mentalmente, invocar alguma Magia.

E como era de se esperar, nada acontece...

Ao chegar no salão imperial, a Mestra dos Magos tem uma visão chocante, ela vê Eric sentado no trono imperial. O sangue ferve e Argana diz:

— Eu nunca vou perdoa-lo por isto, Eric.

Ignorando a ameaça, o empresário responde:

— Entendo. Porém não gostei do fato de ser tratado com uma curiosidade circense. - respirando fundo, ele continua. Como você disse, sou uma espécie de invasor. Tenho a minha própria forma de efeituar uma invasão...

— Coisa que não contará com a gente, Eric. - diz taxativa Diana.

— Há sim! - lembra o empresário. Já contava com este tipo de incentivo. Afinal todos vocês são um bando de saudosistas. Aqui não é mais aquele mundo de 5000 anos atrás. Este é um mundo alienígena, pronto para que possamos coloniza-lo e explora-lo.

— Eric, por que está fazendo isto? Não é possível que você seja tão mesquinho! - indigna-se Presto.

— Mesquinho?! Acha mesmo que estamos fazendo uma "turne"?! Somos exploradores, os primeiros a viajar, oficialmente, num mundo alienígena. Isto que estamos fazendo é muito além do que simples questões éticas. É História!!! Somos privilegiados pela honra de sermos parte da maior aventura da espécie humana.

— Pensei que fossem mais diplomáticos... - ironiza a Imperatriz no espelho. Uma coisa é ocupar um prédio, outra é ser reconhecido como um conquistador.

Eric vira o rosto na direção do espelho.

— Eu não estou procurando a sua aprovação. - diz o homem.

— Já contava com isso. - e ri a Imperatriz.

O empresário não entende o que ela quis dizer com isso, mas ele relaxa quando vê um velho amigo.

— NICOLAI!!! Você foi fantástico!!!

O cientista caminha em direção do seu patrão. As roupas do romeno são quadriculadas, preto e branco, o desenho da roupa é similar a do Hank só que tem um roupão grande e leve.

Ao chegar perto do trono, o cientista agradece o elogio do seu chefe. Em seguida, começa a explicar a situação ao seu patrão.

— Eric... Acho que foi um erro estratégico ocupar o palácio tão cedo. Nós não sabemos que tipo de resistência nós podemos encontrar. Sei que recitar o Tomo Negro faz cancelar toda ação dos Nano-táquions da área, mas não sei quais os efeitos disso pode causar a médio e longo prazo.

— Só há uma maneira de sabermos, experimentando. - argumenta o empresário.

— Acho que devia escutar o seu amigo. - alerta a Imperatriz. Se Argana disse sobre os inimigos deste mundo, deveria saber quem os prendeu...

Eric olha para o espelho.

— Para uma prisioneira, você é muito bem informada. - diz o homem.

— Lógico. Eu sou a Imperatriz. É dever de uma monarca ficar bem informada.

O empresário faz alguns ruídos de concordância.

— Vou dizer o que não vou fazer. - diz Eric levantando do trono. Eu não vou prende-la ou isola-la. Eu não vou ficar chantageando um eventual "herói desconhecido". Eu não vou ficar tentando convencer aos meus amigos que estou sabendo o que estou fazendo. E, principalmente, não vou sentir nenhum remorso no que estou prestes a fazer...

— Fazer o que, Eric? - pergunta Hank.

— Isto! - e o empresário saca a sua espada.

Argana gela. Todos ficam estarrecidos. Diante de milhares de cacos de vidro que voam pelo ar, daquilo que, outrora, foi um espelho onde abrigava a monarca do Império Aspisíneo.

— Agora sim sou Imperador. Alguém é contra? - desafia.


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Notas finais do capítulo

Fim do Capítulo 4



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