O Retorno escrita por Abraxas
Surpresos e indignados, o grupo começa a murmurar a respeito da decisão da Imperatriz. Ninguém esperava por isto, exceto...
— Calma! - ordena Argana. Ninguém vai leva-los a ferros. Apenas ficarão detidos no palácio.
— Argana... - diz a mulher do espelho. Elas não são meus convidados, porém vou trata-los assim.
— Sim, vossa majestade.
— Detidos?! Que dizer que ficaremos no palácio? Sem poder sair?
— Sim, cavaleiro. - responde Argana. Para que possamos decidir o que fazer com vocês.
Eric sorri.
— Sem problemas. Aonde é o meu quarto? - pergunta o empresário.
A maga fica um pouco surpresa com o comportamento do homem, porém faz o que deseja. Afinal como foram apresentados à Imperatriz e a mesma, segundo instruções, não quer qualquer vínculo com os alienígenas. Somente informações.
Curiosa, Diana pergunta à Mestre dos Magos:
— Por que aquela mulher está dentro daquele espelho?
Cuidadosa, Argana só dá a resposta depois de sair do salão imperial.
— O problema, Acrobata, é que a nossa amada Imperatriz sofre de uma terrível maldição. - explica a Mestre dos Magos. Durante muitos séculos, o nosso Império lutou contra outros reinos, chamados "estados rebeldes", apesar de serem de grande número, estes reinos não eram páreo contra o poderio militar de nosso Império. Mesmo com a forte resistência, a derrota é uma questão de tempo. Por isso, um grupo de jovens nobres se reuniram e estabelecerem um pacto, onde todos lutariam contra o Império não importando os meios. Assim surgiu a sociedade secreta, o círculo dos profanos.
— O que isso tem haver com aquela mulher morar no interior de um espelho? - pergunta Diana.
— Os profanos faziam todos os tipos de magias, estratégias ou ações que possam imaginar. Eles são a versão mágica do que vocês chamam, no seu mundo, de terroristas.
— Então a Imperatriz foi vítima de um atentado terrorista? indaga Diana. Deus!
— Isso mesmo! A intenção original era mata-la no interior do espelho. Entretanto, a minha antecessora alterou o ritual permitindo que a Imperatriz sobrevivesse, mas estaria presa ao espelho para sempre. Com o tempo as pessoas foram percebendo que a Imperatriz não envelhecia. Era uma questão lógica que a monarca é imortal, quer dizer, enquanto o espelho existir. Havia um clima desfavorável na manutenção política do Império. O conceito de renovação. É natural que houvesse lutas internas. Tanto para mata-la, quanto para instruí-la permanentimente. Porém foi adotada a política da coalizão. A Imperatriz não seria morta e nem os seus poderes políticos seriam revogados, mas a sua presença física seria substituida por uma menina previamente escolida entre os cidadões do Império através do mercimento, inteligência e caráter. A escolida não governará, mas teria "status" de Imperatriz, a sua família estará, para sempre, na corte e terá títulos de nobreza. A duração deste "reinado" será de vinte anos, posteriormente será substituida por outra e assim sucessivamente. O título dado à representante da Imperatriz é de consorte. Ou aquela que compartilha do destino da monarca. Se o espelho se quebrar, a consorte e sua família morrerá junto.
— Radical... - espanta Diana.
— Óbvio que a família da garota cuidará do espelho mais do que tudo. - interrompe Presto que ouvia indiscretamente a conversa da dupla. Muito inteligente, mas não houve tentativas de matá-la?
— Houve. Porém foram detidas a tempo. - responde Argana. Não é a toa que sou a Mestre dos Magos. - diz com um certo orgulho.
— Entendo... - diz Diana.
De súbito, houve uma correria no palácio imperial.
— O que está acontecendo? - pergunta a Maga.
— Nós estamos sendo invadidos!!! - grita o homem. Por coisas de metal! Eu não sei! Não é mágico! Por que há uma barreira, não é?! - encara o soldado à Maga.
Argana fica em silêncio.
O palácio Imperial fica em polvorosa. Homens e mulheres correndo por todo lado de uma forma caótica. Ouvi-se explosões e tiros. O grupo entende rapidamente quem foi o responsável.
— Eric!!! Seu maldito!!! - grita Diana segurando a gola do tecido da armadura do empresário. Você é o responsável por isto?!
Cínico, responde:
— Sim. Ou você acha que vou ser cobaia de um bando de ETs?
— Desgraçado! - e a atleta soca o rosto do empresário.
Desequilibrado, Eric cai sentado no chão. Depois de alisar o seu rosto, o homem diz:
— Isto é o agradecimento por salvar as nossas vidas? Ou vocês são ingênuas em acreditar nesta mulher?
Argana olha para Eric e diz:
— Você é muito pior que imaginei... Com licença, eu irei tentar salvar o palácio.
Depois eu vou coloca-lo a ferros, maldito!
— Boa sorte, maginha... Vai precisar. - debocha.
— Verme! - e sai.
— Espere! - diz Hank. Nós queremos ajudar! Indiretamente, somos responsáveis pelo que está acontecendo...
— É verdade! Mas acho que não seria uma boa idéia. Fiquem aqui e vigiem este pulha! Assim vocês estariam me ajundando. - e parte.
— Que nobre... Agora ela confia em vocês. - ironiza.
— Cala a boca, Eric!!! - ordena Diana.
A situação não é das melhores. Argana vê objetos voadores pousando nos jardins do palácio e deles saindo homens vestindo de negro com instrumentos metálicos nos braços. A Maga vê a guarda imperial tombando quando os homens de negro apontando os objetos para seus alvos e um ruido ensurrencedor e repetitivo os fere.
A Mestre dos Magos precisa fazer alguma coisa.
Argana levanta os seus braços, no alto da sacada, concentra-se, faz gestos delicados, aponta para os invasores e...
Nada acontece.
Ela repete a operação e o resultado é o mesmo.
Desesperada, a Maga entende o que aconteceu e começa a correr. Porém é cercada pelos homens de negro. Argana encara os homens encapuzados e armados. Os olhos daqueles homens observam o corpo da mulher com lasiva e desejo. Ela sabe o que os invasores fazem com as mulheres.
A Maga puxa uma faca e ataca um dos homens, porém é contida com certa facilidade e jogada ao chão. Ela treme diante um corpo masculino em cima dela, reza e espera pelo pior.
— Ei, pessoal! Pode afastando da dona aí! Quero que ela seja muito bem tratada. - ordena uma voz masculina.
— Sim, senhor! - e os homens obedecem.
Argana levanta os olhos e vê o rosto de alguém bem conhecido.
— Eric... - diz a Maga com nojo.
— Ora, ora, Mestra dos Magos... Quem diria que os seus poderes não funcionariam, não é verdade? Não está curiosa o porquê disso?
A Maga vira o rosto em sinal de desprezo.
— Realamente, você é muito melhor que aquele baixinho. Sabe, agrada os olhos. - e, em seguida, dirige aos homens. Sigam-me e levem a prisioneira.
— Sim, senhor!!! - diz o grupo.
— Agora sim, começa a minha chegada a este mundo. - diz o empresário com um sorriso nos lábios.
Arrastada pelos mercenários, Argana procura ficar tranqüila, mas a situação não se mostra das melhores. Altiva, a maga tenta, mentalmente, invocar alguma Magia.
E como era de se esperar, nada acontece...
Ao chegar no salão imperial, a Mestra dos Magos tem uma visão chocante, ela vê Eric sentado no trono imperial. O sangue ferve e Argana diz:
— Eu nunca vou perdoa-lo por isto, Eric.
Ignorando a ameaça, o empresário responde:
— Entendo. Porém não gostei do fato de ser tratado com uma curiosidade circense. - respirando fundo, ele continua. Como você disse, sou uma espécie de invasor. Tenho a minha própria forma de efeituar uma invasão...
— Coisa que não contará com a gente, Eric. - diz taxativa Diana.
— Há sim! - lembra o empresário. Já contava com este tipo de incentivo. Afinal todos vocês são um bando de saudosistas. Aqui não é mais aquele mundo de 5000 anos atrás. Este é um mundo alienígena, pronto para que possamos coloniza-lo e explora-lo.
— Eric, por que está fazendo isto? Não é possível que você seja tão mesquinho! - indigna-se Presto.
— Mesquinho?! Acha mesmo que estamos fazendo uma "turne"?! Somos exploradores, os primeiros a viajar, oficialmente, num mundo alienígena. Isto que estamos fazendo é muito além do que simples questões éticas. É História!!! Somos privilegiados pela honra de sermos parte da maior aventura da espécie humana.
— Pensei que fossem mais diplomáticos... - ironiza a Imperatriz no espelho. Uma coisa é ocupar um prédio, outra é ser reconhecido como um conquistador.
Eric vira o rosto na direção do espelho.
— Eu não estou procurando a sua aprovação. - diz o homem.
— Já contava com isso. - e ri a Imperatriz.
O empresário não entende o que ela quis dizer com isso, mas ele relaxa quando vê um velho amigo.
— NICOLAI!!! Você foi fantástico!!!
O cientista caminha em direção do seu patrão. As roupas do romeno são quadriculadas, preto e branco, o desenho da roupa é similar a do Hank só que tem um roupão grande e leve.
Ao chegar perto do trono, o cientista agradece o elogio do seu chefe. Em seguida, começa a explicar a situação ao seu patrão.
— Eric... Acho que foi um erro estratégico ocupar o palácio tão cedo. Nós não sabemos que tipo de resistência nós podemos encontrar. Sei que recitar o Tomo Negro faz cancelar toda ação dos Nano-táquions da área, mas não sei quais os efeitos disso pode causar a médio e longo prazo.
— Só há uma maneira de sabermos, experimentando. - argumenta o empresário.
— Acho que devia escutar o seu amigo. - alerta a Imperatriz. Se Argana disse sobre os inimigos deste mundo, deveria saber quem os prendeu...
Eric olha para o espelho.
— Para uma prisioneira, você é muito bem informada. - diz o homem.
— Lógico. Eu sou a Imperatriz. É dever de uma monarca ficar bem informada.
O empresário faz alguns ruídos de concordância.
— Vou dizer o que não vou fazer. - diz Eric levantando do trono. Eu não vou prende-la ou isola-la. Eu não vou ficar chantageando um eventual "herói desconhecido". Eu não vou ficar tentando convencer aos meus amigos que estou sabendo o que estou fazendo. E, principalmente, não vou sentir nenhum remorso no que estou prestes a fazer...
— Fazer o que, Eric? - pergunta Hank.
— Isto! - e o empresário saca a sua espada.
Argana gela. Todos ficam estarrecidos. Diante de milhares de cacos de vidro que voam pelo ar, daquilo que, outrora, foi um espelho onde abrigava a monarca do Império Aspisíneo.
— Agora sim sou Imperador. Alguém é contra? - desafia.
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Fim do Capítulo 4