- Senhor Zoroastro, você sabe de alguma coisa que eu não saiba sobre aqueles Unicórnios? - pergunta o cientista ao notar um olhar de preocupação no sacerdote.

O barbudo senhor pensa um pouco antes de responder.

- Ela já está condenada no momento que ela derrotou o vírus. - adianta Argana.

- Condenada?! Como assim?! - exclama o cientista.

O sacerdote faz uma expressão de reprovação para a Mestre dos Magos, mas, em seguida, explica ao romeno o porquê:

- Os Unicórnios são criaturas mágicas e tem uma forma de reprodução peculiar. Eles escolhem uma humana para ser uma representante deles, com o tempo de convivência o humano vai se transformando em um deles. Quando um unicórnio morre, outro é substituído. Os Unicórnios são prestativos, mas têm suas extravagancias.

Mais nenhuma palavra foi dita e o cientista começa a correr para salvar a sua colega. E os dois magos se entreolham:

- Argana, você não presta...

- Claro, Zoro. Você gostaria que uma heroína como essa fosse transformada numa cabrita? Pára com isso... - e pisca o olho. Vamos ver o que os outros estão fazendo? - e caminha de uma forma bem rebolativa.

O sacerdote apenas ri e a acompanha.

Nicolai corre desesperadamente a procura de uma moto e a encontra com um dos técnicos. Não é preciso dizer que a rouba para salvar a bela estagiária. O portão estava sendo fechado e o cientista faz uma manobra espetacular para atravessá-lo, típica dos filmes de ação. Em alta velocidade o romeno alcança a loirinha e a bloqueia com a moto.

- O que está fazendo seu idiota?! Saia da frente! - ordena a garota.

- Eu não vou deixar que você seja transformada numa... - engole em seco. Cabrita?!

- Que história é essa?!

E o romeno explica o que os dois magos disseram para ele.

- Mentira. Ainda mais vindo de um tarado como você! Sai do meu caminho! - e força a passagem.

O romeno a agarra e a beija. A loira luta, mas relaxa.

O beijo demora uns minutos e depois os dois se separam delicadamente.

- Crápula. Já conseguiu o que queria, agora vá! - e vira o sua suave face.

- Não! Vou lutar por você, nem que seja para casar contigo!

A garota fica pálida.

- Tá maluco?! Eu nunca me casaria com você! Você me dá asco! Nojo até...

- Não era que os seus lábios demonstravam. - e a beija de novo.

Dessa vez, a garota não oferece resistência, mas...

- Desculpe, Nicolai. Não dá... - e empurra o cientista. Eu não gosto de você. Gosto de outro...

- É o troglodita chamado Bob, não é?

- Eu gostaria que fosse ele e não você. - e baixa delicadamente os olhos.

- Por que não luta por ele, então?

- Como?! - surpreende-se a garota.

- Simples. Pegue essa porcaria dessa moto, vai lá e declare para ele antes que ele vá embora de sua vida. Eu gosto tanto de você que sentiria péssimo se soubesse que virasse uma "cabrita" sem ter ao menos lutado por seu amor! Depois se transforme no que quiser, mas pelo menos tente ser feliz.

A garota fica emocionada. Em seguida, ela pega a moto roubada e diz ao romeno:

- Obrigada. - e parte em direção do palácio Imperial.

Depois o cientista senta na relva. Derrotado, mas, inconscientemente, feliz. Pois impediu que aquele traseiro lindo vira-se a de um caprino. Afinal, Nicolai não curte bestialidade...

Súbito, o romeno ouve uma voz dentro de sua mente:

Irônico, o cientista responde:

- É o feitiço dos corações partidos, seus bodes. Nunca mais eu iria dormir tranqüilo sabendo que aquela beldade virasse um animal de quatro patas...

E a voz desaparece de sua mente.

Foram necessários três semanas para arrumar toda a confusão provocada pela Tiamat no planeta Terra. A outrora Imperatriz enviou inúmeros Dopplegangers para controlar as empresas de Eric, inclusive a suposta "irmã" do empresário. Foi, até, a ida da Mestre dos Magos à Terra para localizar e capturar os "simuladores". Depois de cumprir a sua missão, Argana dispara a sua sincera opinião sobre a "esfera azul":

- Mas que bela porcaria de lugar... Entendo o porquê de alguns de vocês quererem ficar.

- Quem quer ficar? - questiona Diana. O nosso acordo diz que nunca mais deveríamos voltar a este mundo para evitar uma ameaça mútua.

- O cientista de vocês disse que não vai voltar. - diz Zoroastro. Como também alguns técnicos. Acho que querem pesquisar o nosso mundo e deixar uma espécie de legado para os futuros viajantes que virão ou algo assim.

- Isso não é perigoso? - pergunta Presto.

Argana faz um gesto de indiferença.

- Segundo ele, não, mas se quiserem vocês podem falar com ele. - explica a Mestre dos Magos. Ele está no laboratório imperial construído para desenvolver as suas pesquisas.

Momentos depois, os aventureiros originais, Hank e seus amigos, vão ao laboratório do cientista. E são recebidos por um homem cansado e relaxado em sua higiene pessoal.

- Que tolice é essa, Nicolai? Por que você não quer voltar? Por acaso esqueceu o prêmio nobel que o aguarda na Terra? - recrimina Eric.

O cientista o olha como fosse um inseto.

- E daí? Que se compara um prêmio idiota daquele diante as descobertas que estou fazendo aqui. Por exemplo, aquele vírus inteligente, sabia que a forma dele é triangular com três núcleos ativos que se liga ao sistema nervoso, induzindo impulsos elétricos que provocam uma sobrecarga no cérebro e neutraliza a consciência original impondo o dele. Os Nano-táquions são como seres vivos que dependem a fisiologia orgânica para existir. E assim que eles existem a milhões de anos. Sim! Fiz um teste de carbono num destes componentes criados por estes "entes". E o que posso chamá-los assim...

- Você não respondeu a nossa pergunta. Por que você não quer voltar? - pergunta Diana.

O cientista fica em silêncio. Depois respira fundo e responde:

- Sempre quis ficar neste mundo. Desde que retornei a Terra sentia uma vontade de galgar algo mais. Talvez um desejo, não sei... Acho que a minha genialidade deve-se a presença dos nano-táquions na minha massa cefálica e, infelizmente, pude comprovar. O meu gênio deve-se a estes "aditivos" alienígenas. E eles quiseram voltar para casa... Por isso que criei o Stargate, mas não serve para ir outros mundos. Não é o
desejo deles, entendem?

Eric faz uma cara de poucos amigos e responde:

- Não. Se quer ficar, problema é seu. Entretanto, o que faremos com aqueles trilhões de dólares investidos no seu "passeio inter-estrelar"?

Como uma expressão de cansaço e sem nenhuma surpresa, o romeno responde:

- Há cento e cinqüenta quilos de ouro em três caminhões esperando para serem transportados de volta para a Terra. Acho que dá para pagar as suas dívidas contratuais e como também os aparelhos e projetos que
deixei lá no meu escritório que vai ajudar a sua empresa nas próximas décadas. Falido, garanto que não vai ficar, "chefe"...

O empresário se dá por satisfeito e parte dali.

Porém Scheila faz uma última pergunta ao romeno:

- Você quer ficar por causa a Wendy, não é?

Bob fica surpreso. Desde quando o justiceiro começou a namorar com a estagiária, o cientista se afastou do grupo, só agora soube o motivo.
Depois de um longo silêncio, o homem responde:

- Foi. Na verdade, é o principal motivo. Eu não gostaria de ver o romance do troglodita aí com aquela linda mulher... Dói, sabe? Adeus a todos! - e o homem retorna em suas pesquisas.

Os preparativos da partida foram feitos. Os visitantes começam a deixar Neo-órion aos poucos. Lembranças são levadas, como também as memórias da grande aventura que tiveram. Homens e mulheres que enfrentaram seus medos e desejos diante um mundo alienígena e hostil.

Agora tem a derradeira missão.

O retorno para a casa...

Porém o grupo dos heróis originais queriam, antes de partir, visitar o túmulo do Mestre dos Magos que eles conheciam. O que os habitantes dali o chamam de Marduc.

E assim foi feito. A própria Argana os levou, através da Magia, ao local onde repousa o corpo do sábio homem.

Quando chegam, ironicamente é o mesmo local que parecia um vulcão onde eles haviam chegado na segunda viagem a este exótico mundo.

As garotas levaram flores e colocam no chão. Os homens começam a entoar uma prece pela alma daquele sábio homem. Num momento de meditação e concentração é subitamente interrompido por uma voz um pouco conhecida...

- Parece que você aprenderam e cresceram muito deste da última vez que os vi...

O susto e a surpresa de todos se resumem numa única palavra:

- MESTRE DOS MAGOS!!! - gritam em uníssono.

Um misto de alegria e surpresa envolvem a todos. O grupo tentam abraçar o baixinho careca, mas um impulso os compelem.

- Calma, crianças. Deixe-me vê-los. Tão fortes, decididos e ousados como sempre imaginei que seriam. Eu estou muito feliz.

- Mestre!!! Você não sabe pelo o que passamos até que... - balbucia Diana.

- Acredite, filha. Eu sei. Sei do que passaram e das provações que tiveram que passar tanto aqui quanto na Terra. Mas fiquem tranqüilos, eu vou corrigir e explicar certas coisas a vocês que aconteceram aqui. Primeiro Hank, sua irmã está viva. Esqueça aquela história triste sobre você teve que passar. Agora, quando voltar, verás a tua irmã viva e feliz. Considere como um prêmio, certo? - e o Mestre dos Magos pisca o olho para o arqueiro.

Hank chora emocionado e agradecido.

- Scheila... - continua o baixinho. Casa-se e seja feliz com o homem que ama. Não guarde qualquer tipo de rancor de sua rival. Sua provação foi aparentemente leve, mas difícil. Sua prole será bela e vigorosa. Scheila agradece com lágrimas nos olhos.

- Diana. Seus motivos de não vir foram a sua privação, mas abrir mão de seus projetos em favor dos seus amigos é um ato de coragem. Seu futuro será como sempre imaginou. Acredite nele...

Diana abaixa a cabeça numa reverência quase religiosa.

- Bob. Sua vida de revoltas com a injustiças do seu mundo serão revistas. Há outras formas de corrigir isto, a sua namorada irá mostra-lhe isto. Estude, cresça com a sua mulher e verás uma outra visão de mundo. Seja feliz.

Bob sorri.

- Presto. Sua amizade com Eric demostrou uma confiança que nunca vi e esta foi a sua provação. A fidelidade. Não se preocupe. Todo trabalho dará os seus frutos. Acredite neles como você acreditou em seu amigo. Pode trazer muitas surpresas, as vezes boas outras nem tanto, porém o seu sucesso e reconhecimento virá.

- Obrigado. - diz Presto.

- Eric...

- Nem começa o baixinho! Eu não preciso de seus sermões e nem das suas profecias. Sou senhor do meu destino e da minha vida. Não preciso que um baixinho me diga o que fazer. Pode terminar a sua missão de oráculo...

- Você tirou as palavras de minha boca, Cavaleiro. - diz o sorridente Mestre dos Magos.

- Tirei?! - exclama o empresário.

- Claro.

- Será que terei futuro como oráculo?

- Depende exclusivamente de você, Eric... - e pisca o olho.

- Cínico! - censura o empresário. Obrigado, Mestre. Senti a sua falta...

- Também senti, Eric. Agora, vocês terão que partir. As coisas vão mudar por aqui. Só pelo fato de me libertar e quebrar certas regras para premia-los. Vão! Sejam felizes. Lembrem-se que vocês são o que os seus corações estiverem cheios! - e o Mestre dos Magos faz um gesto.

Em seguida, todos do grupo desaparecem. Daí o baixinho diz a si mesmo:

- Adeus, meus filhos... Para sempre vou amá-los...

E o tal vulcão explode jorrando a lava aos céus.

Os seis amigos retornam ao seu mundo de origem diante do antigo parque de diversões.

Um mundo novo os esperam...