Wendy Mackenzie estava na cozinha de seu apartamento, para preparar o seu café-da-manhã. Como qualquer norte-americana a frigideira trabalha avidamente, como também a torradeira. O resultado de sua atividade é colocado em seu prato e posto em cima da mesa ao lado
de um copo de laranja.

- Isto parece gostoso... - observa uma voz masculina.

Wendy se assusta ao ouvir uma voz, afinal ela está completamente sozinha. Em seguida, um calafrio percorre todo o seu corpo. Susto transforma-se em apreensão, logo uma estranha luz azulada brilha na
cozinha e esta toma uma silhueta humana. Segundos mais tarde, um rosto conhecido e translúcida se forma diante dela. A loira reconhece o homem que está em sua frente.

- N-Nicolai?! Como? - indaga-se.

- Calma, eu não morri! Apesar de parecer um fantasma. Este é um transmissor dimensional. Invenção minha, é claro. - gaba-se.

Wendy encara o holograma.

- Incrível...

- Sou o máximo! - vangloria o romeno.

- Arrogante como sempre... Você parece mais velho. Pensei que o tempo o tornaria mais maduro, mas enganei-me.

- É o meu charme.

- Hunf. O que deseja, Nicolai? - pergunta a mulher.

- Como estão todos aí? - questiona o romeno.

- Passados seis semanas?! Não se tem muitas novidades, Hank e Scheila se casaram, Presto está numa série de espetáculos pelo mundo, Diana dá palestras em universidades, Eric está podre de rico, como sempre, e Bob ainda está comigo. Sim! Ainda estamos namorando.

- Que bom.- e o cientista sorri.

Curiosa, Wendy pergunta:

- Como estão todos aí?

O romeno respira fundo.

- Vamos começar pela Imperatriz, está muito bem. Ela e o seu filho...

- Filho?! - surpreende-se a loira. Ela casou?

- Não. Ela ficou grávida logo depois que vocês voltaram para a Terra.

Um mais um são dois.

- Eric, seu calhorda... - pragueja Wendy.

- Calma, linda! Asherat parece-me muito feliz. Acho que é o desejo dela, querer o herdeiro tenha o sangue daquele que ela mais amou.

- Isto é crime! A garota era menor de idade!!!

- São culturas diferentes e leis diferentes dos dois mundos, Wendy. - explica o cientista. Ela é a Imperatriz da maior nação daquele mundo. Ela pode fazer certas exigências que ninguém pode contrariar. Mesmo o irmão dela, que foi derrotado pelo Eric, nada podia fazer a não ser aceitar a vontade da irmã. Olha que ele tem motivos para odiar o Eric...

- O crápula tem que saber o que fez... - diz a mulher.

- Ele sabe. Só que foi uma decisão política e pessoal. Que tal respeitar isto?

Um pouco contrariada, Wendy pergunta:

- E os Unicórnios?

- Arrumaram outra em seu lugar. Logo depois que o seu chifre desapareceu de suas mãos, lógico que voltou para eles. Não se preocupe.

- E a rainha pornô?

- Lilith Astarte?! Essa anda muito comportada. Ela estabeleceu um acordo comercial com o Império. Está um doce, só você vendo... Acho que é o Zoroastro que está fazendo milagres.

- Como está o barbudo?

- Ministro de relações públicas internas e externas do Império. Ele é um ótimo diplomata. Nunca o Império teve um período de Paz tão longo. Asherat nasceu para ser Imperatriz.

- Não há nenhuma ameaça para a Paz do Império, como a volta daquela doença ou a vingança de Tiamat?

- Graças que não. Ishitar está cumprindo o seu acordo. Nunca tive qualquer caso da doença, até o momento.

- Como está a Argana?

- Ela? - e dá uma risadinha. Ela está ótima. Sabe como é, a Mestre dos Magos é... Imprevisível. - e ri.

- Que bom que todos estão bem, assim num tempo tão curto, vocês resolveram muitas coisas. Fico feliz. - conclui a loira.

- É verdade, em seis anos, muita coisa passa debaixo da ponte...

- Seis anos? Há sim! A distorção temporal dos dois mundos. Esqueci disso. Mas Nicolai, como você está? Casou com uma nativa ou continua o mesmo safado de sempre?

O cientista ri.

- Digamos que é um pouco dos dois. Sabe como sou...

- Sinceramente, eu nem quero saber. - e ri.

- Bem... Não posso ficar a mais tempo nesta conversa interestrelar por muito tempo, Wendy. A conta é muito alta... Só estou comunicando que todos aqui estão bem. Agradeça a todos aí, adeus, Wendy.

- Adeus, Nicolai... Desejo tudo de bom e boa sorte. Seja feliz.

E a imagem desaparece diante a mulher como passe de mágica. Wendy, secretamente, deseja que todos daquele mundo sejam muito felizes como o cientista tenha dito para ela.

E a loira retorna ao seu afazeres domésticos.

E em Neo-Órion, no palácio Imperial, Nicolai desliga o aparelho e veste o
seu casaco, pois o aparelho tem um efeito colateral que provoca um esfriamento dos corpos devido ao contato com a temperatura do espaço sideral. Mesmo sendo um holograma.

- Imprevisível... Essa é nova, Nicolai. - comenta uma voz feminina.

- E é mesmo, Argana. Quem diria que você seria a minha mulher, não é mesmo? - e o romeno a beija calorosamente.

- Animal... - censura Argana depois do beijo. Ainda sonha com ela, seu safado! Sou muito melhor que ela. Sabe muito bem disso. - diz a Maga com um olhar sensual.

- Claro que sei! Ainda mais sabendo que você pode transformar-se na aparência que quiser, não é?

A Mestre dos Magos assume a aparência de Wendy Mackenzie com um roupão de banho e completamente nua.

- Seu desempenho é muito melhor quando estou nesta forma... Afinal, tédio é uma coisa que você não pode reclamar...

- Vá para o quarto, sua danada! Já, já, eu darei um jeito nem você. - e dá um tapa na nádega da Maga.

- Aí! Calma, amor. Sou delicada...

- Sei o quando você é "delicada"...

E assim eles viveram felizes para sempre...


Epílogo:


Na África do Sul, dez anos depois do ocorrido dos eventos acima, um grupo de crianças brincam num velho parque de diversões abandonado.

Curiosos, observam um estranho trem fantasma chamado "Caverna do Dragão" e mesmo desobedecendo a ordem dos seus pais, eles entram
no perigoso brinquedo e quando, misteriosamente, este liga-se de uma forma inesperada. Levando-os ao interior escuro da boca do dragão e conduzido-os numa extraordinária viagem rumo a um mundo fantástico. E acima do aparelho está um velho conhecido de todos nós que pisca o olho para nós, os leitores...


Fim.