O Retorno escrita por Abraxas


Capítulo 19
Capítulo 20: Considerações finais.




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O palácio imperial nunca esteve agitado. Com retorno da ex-consorte e o comunicado da morte da Imperatriz provocou reações políticas tão intensas que praticamente teve que haver um golpe de estado liderado por Asherat e seus aliados para colocá-la de volta no trono.

E, as vezes, há imprevistos, mesmo nos finais felizes ou se podemos chamar assim...

Houve sangue derramado, não por decisão da jovem Imperatriz, mas entre os duques, condes e marqueses pela sanha ambiciosa de poder.

Porém, apesar de tudo, terminou.

Antes da tomada do poder da jovem Imperatriz, temos que esclarecer ao leitor o que aconteceu logo depois que o vírus foi destruído. Wendy Mackenzie logo depois de ter esfaqueado Argana, procurou libertar todos os homens, exceto...

- Por que eu não?! - indigna-se Nicolai Garacosi.

- Porque és um porco! Só por isso. - foi a resposta.

- Só porque eu queria um pouco de sexo selvagem com você?

A estagiaria dá um chute na cara do cientista que o fez desmaiar na hora.

- Só não o mato porque sou uma das mocinhas. Seu animal! - a loira se vira e parte em outra direção.

O clima pesado não está somente entre a loira e o romeno.

- Por que você está ajudando essa vadia? - questiona Scheila à Asherat.

- Ela estava tão controlada quanto a gente, talvez mais... - responde a garota usando um ritual de cura no ventre da Mestre dos Magos. Além do mais, eu não confio nem um pouco na Lilith Astarte e precisamos de todos aliados possível.

- Ela me odeia porque quis o namorado gostoso dela... - diz a cigana. Sabe, essa seria a única ordem que sentiria prazer de executar. - e encara a ruiva.

- Pára, Argana!!! - censura Asherat.

- Por quê? Eu quero mostrar ao namorado dela o quanto essa mulher é possessiva, infantil e ciumenta. Eu posso ser uma vadia, mas sou muito mais mulher do que ela...

Scheila avança no pescoço da Maga.

Surge, quase instantaneamente, a turma do "deixa-disso".

Afastada da turba, Lilith Astarte escorada, em pé, no Eric e cruzando braços e pernas, comenta ao lado do seu servo terráqueo:

- Que confusão... Tsc, tsc, tsc... Odeio brigas e discussões, vamos escravo! - e bate no ombro do empresário.

- Você está indo para onde? - questiona Diana que bloqueia o caminho da rainha das trevas.

- Para casa. Onde mais? - foi a resposta.

- Por que não deixa o meu amigo conosco?

- Porque ele é meu! Vocês o enterram, estava morto, eu peguei o corpo dele e fiz um zumbi dele. Trabalho bem feito, não acha?

- É melhor examinarmos com calma e ver se ele está realmente morto. - diz a atleta.

- Claro! Por que não pergunta para ele? - ironiza a mulher. Eric? Você está vivo? - espera um pouco, mas como ele não dá resposta. Viu? Mortinho. Adeus. - e contorna a bela negra.

- Espera aí, engraçadinha... - e segura o braço da mulher.

- Como ousa segurar o meu braço, sua escrota? - e Lilith Astarte a olha com ódio.

- Nós não abandonamos o corpo, mas não podíamos carregá-lo por aí, sua piranha. - responde a altura Diana.

E vendo tudo a parte, estão Irman Zoroastro e Presto conversando calmante, para variar.

- Caramba... Nós salvamos dois mundos e é assim que nos comportamos?! Que tipo de heróis nós somos? - questiona Presto.

- Humanos. - filosofa o sacerdote. Somos mesquinhos, egoístas, prepotentes e belos. Eu adoro a humanidade. - e ri.

- O que vamos fazer para que percebam o quanto estão sendo mesquinhos? - pergunta o mágico.

- Veja e aprenda. - pisca o olho. Argana! Os machos da Terra não tem componentes místicos para as suas pretensões mágicas, mesmo os virgens. Lilith! Liberte o Eric do seu encanto ou quer que eu mesmo faça isto?

Misteriosamente, a paz reina.

- Hunf! Afinal, ele não era grande coisa mesmo... - desdenha a Maga.

Pode ficar com ele, ladina. - e vira o rosto. Existem homens muito melhores que ele...

- Que isso! - diz a rainha das trevas. Eu estive aqui para ajudá-los, não é mesmo? Pode ficar com o amigo de vocês. Foi uma honra ajudá-los. - e sorri.

E Scheila e Diana dão o mesmo comentário a respeito das novas observações das duas mulheres:

- Cínicas!

Surpreso, Presto fica encantado e Zoroastro explica:

- É só ter conhecimento e puxar as cordas certas...

Súbito. Bob brada apavorado:

- Cadê o corpo da Tiamat?!

Ao ouvirem que o corpo da poderosa Hidra tinha sumido, imperou-se um silêncio sinistro. Até mesmo o seguro Irman Zoroastro ficou estático.

Hank age rápido e ativa o arco de energia. Todos os outros começam a ficar atentos como numa patrulha em uma selva hostil.

De súbito.

- Calma, meus caros! - diz uma voz feminina. Eu estou aqui para propor negócios... Ninguém entendeu nada. Muitos não sabiam quem era aquela mulher de cabelos brancos quase prateados que se aproximava com uma espécie de aquário em forma garrafa que flutuava próximo a ela.

Entretanto, havia alguém a conhecia muito bem...

- Kala Ishitar!!! De todos os nossos inimigos, és a mais sórdida! - sentencia Asherat.

- Ah! A tecno-maga! - lembra Lilith Astarte. Ela é uma comerciante muito conhecida...

- Contrabandista, quer dizer. - corrige Zoroastro.

- Ela não é muito diferente de você no campo sentimental, Argana... - envenena Scheila. Sabia que ela quer o irmão de Asherat?

- Que nada! Eu e ele tivemos um tórrido romance, coisas que uma virgizinha como você não saberia descrever.- responde a altura a Mestre dos Magos. Além do mais, Kala nem é um ser vivo, é, como vocês terráqueos descrevem, um robô. Andróide, para ser mais específica.

Esta é uma informação que nem a ex-consorte sabia...

- Argana... - comenta surpresa a Asherat. Com o meu irmão?!

- Acontece... - e sorri.

Não gostando do rumo da conversa, Kala Ishitar resolve assumir o controle da conversa.

- Pessoal, eu vim propor um negócio. Como alguns sabem, eu servi o Sr. Eric Summers no período que era regente do Império. Bem, ainda sirvo... A proposta é o seguinte, eu estou trocando a minha servidão pela
prisão, sob os meus cuidados, da terrível hidra Tiamat que está diminuta neste recipiente de um material transparente e imersa num líquido entorpecente.

- Mas ela não morreu? - questiona Presto.

- Deuses não morrem... - conclui Zoroastro cabisbaixo. Droga!

- Você costumava ser mais esperto, Zoro... - comenta, com intimidade, a andróide.

Alisando o seus cabelos branquíssimos, com o seu jeito de boneca, macacão negro colado feito borracha ao seu corpo escultural e com as mãos nos quadris, pergunta:

- Aonde está o meu mestre para que eu possa propor o novo contrato?

E todos olham para o empresário com a sua fisionomia inexpressiva.

Um pouco contrariada, Lilith liberta o seu servo do seu controle.

Aos poucos, o empresário começa a despertar do seu sono e de sua ida ao mundo dos mortos. Uma piscadela e uma leve tontura depois, o empresário diz as suas primeiras palavras:

- O que aconteceu enquanto estive fora?

- Muitas coisas, meu amigo. - diz sorridente Hank.

- Meu amado!!! - e Asherat o abraça. Você não faz idéia pelo o que passamos para você estivesse bem. - e chora.

- Asherat, calma! O que os meus amigos vão pensar de mim?

- O que todos nós já sabemos, Eric. És um pedófilo! - provoca Diana. Que horrível! Uma criança... - censura.

Eric a fulmina com um olhar.

Apesar da multidão, Eric reconhece a sua sócia.

- Quer trocar a sua liberdade, não é boneca? - observa o empresário.

- Evidente. Isso ou liberto Tiamat. Afinal, soube que a matou...

- Eu não posso morrer e você sabe disso. Está no contrato, não verdade?

- E, mas... - balbucia a andróide.

- Os aparelhos que instalou em meu corpo garante a minha vida contra qualquer fatalidade em quanto o contrato vigorar, certo?

A andróide fica em silêncio.

- Se eu te libertar, o contrato será rompido e os aparelhos serão desativados, assim não há garantias que estarei vivo nos próximos segundos. Boa tentativa, menina. Mas nada feito, escrava. - e sorri.

A andróide fica pálida.

- Você não fazer isso! - indigna-se.

- Claro que posso, boneca. - responde Eric. Acha mesmo que acreditei na sua história de ajuda mútua? Os seus interesses eram para derrotar e humilhar o monstro bombado e participar no governo do Império para diminuir a fiscalização comercial, industrial e alfandegário entre os reinos satélites e aumentar a sua influência política nos anos vindouros. Assim que tiver oportunidade, ter uma participação na eleição dos representantes que constituem o conselho Imperial e, finalmente, determinar o seu perdão incondicional e conquistar a simpatia do garanhão musculoso...

Sem graça, Kala Ishitar fica vermelha.

- Que tolice sem tamanho que acaba de dizer, Mestre! Jamais faria isso! Sou uma comerciante honesta! Eu mesma ajudei na administração que até essa adolescente mimada teve que reconhecer que é muito boa!

- Tola é você! Acha mesmo que fiquei Bilionário confiando abertamente numa administração só porque está me dando lucro? Há muitas formas de adulterar resultados e roubar, adulterar ou preencher interesses escusos numa firma. Dá mesma forma funciona o estado que é similar a uma empresa. Eu sei de tudo. Por isso que adoto a meritocracia, e a lógica me diz que... - respira fundo. Dá o fora, garota! Você está livre.

Todos ficam surpresos.

- Por que está fazendo isso?! - exclama Asherat. Por que mudou de idéia?

- Lembrei de um detalhe. Ela é imortal. Ela pode esperar o tempo que for para ludibriar um contrato, além do mais será uma excelente carcereira para a Tiamat. Não há como negar, é um ótimo negócio.

- Entendi, mestre. - diz a andróide. O senhor quis mostrar para mim que não és um tolo. Só que aqui, neste mundo, até nós, os considerados adversários, temos alguma honra. Oposto do seu mundo. Tenho muita
pena do senhor, por isso...

E pequenos raios saem do corpo do empresário e voltam para o corpo da garota de cabelos brancos.

- O nosso contrato está terminado. Não se preocupe, humano. Há muitas formas de morrer, não precisa ter pressa para isso. Para mim não faz diferença se é daqui uns segundos ou décadas. Afinal, os da sua raça
já nascem miseráveis e só tive pena dessa condição. Por isso que o ajudei e não por um plano, que poderá ser me útil no futuro, mas por curiosidade. Adeus, humanos... - e a andróide sai dali com o artefato que carrega a hidra diminuta.

Depois que a andróide partiu, Diana comenta para Eric:

- É impressão minha ou você deu Luz a cego?

O empresário faz um gesto de indiferença.

- Idiota. - diz Lilith. Eu pensei que fosse se aproveitar da situação. Kala Ishitar é um poder considerável...

- Mas perigoso. - corrige o empresário. Nós somos como ela disse. Miseráveis. Eu não teria como escravizar um ser que é imenso como uma montanha. Eu poderia ser destruído a qualquer momento mesmo sem intenção, devido a minha própria insignificância. Eu não fui idiota, fui sábio...

Asherat sabia que tinha consciência que tem uma missão importantíssima a executar, assumir a vaga deixada pela retirada forçada da Imperatriz, que era a própria Tiamat. A adolescente sabia da difícil tarefa, mas não hesitou em conclamar os seus cidadãos para comunicar da morte da carismática Imperatriz e sua sucessão como a nova regente do Império.

Todos aqueles homens e mulheres que foram convocados para uma guerra não ficaram muito felizes com a morte da Imperatriz, porém não demonstraram descontentamento por não dar as suas vidas a sua outrora líder. Essas pessoas apenas desejavam uma coisa, voltar para casa. Tal sentimento compartilhado por todos.

A marcha começa silenciosa, entretanto alguns manifestaram seus desejos aos demais companheiros de uma forma mais explícita.

- Bem, devo retornar ao meu reino. Tenho muitas coisas a serem feitas... - diz Lilith Astarte.

- Marguce, você não quer voltar para a Terra? - pergunta Nicolai Garacosi. Acho que você suportou tudo isso para sobreviver e conseguir, finalmente, retornar ao nosso mundo.

A mulher abaixa a cabeça. Depois olha para os céus e responde:

- Nicolai... Eu pensava que você gostasse de mim, mas a experiência que tive neste mundo mostrou-me que nunca tivemos um envolvimento real. Você seguiu a sua vida, afinal eu estava morta. Você tinha razão. Aquela garota morreu realmente, agora sou Lilith Astarte, a rainha das trevas. Tenho uma missão. Mesmo que não seja a das mais nobres, mas é o meu destino.

- Você não precisa ficar sozinha... - tenta convence-la, mas...

- Adeus, Nicolai. - e beija o seu rosto. Guarde a lembranças de todos nós em sua memória e coração. - e parte.

Ao passar perto do sacerdote, Lilith alfineta:

- Esta é uma trégua, na próxima vez que nos encontrarmos não será de uma forma tão amistosa.

- Evidente. Basta você comporta-se, garanto que será agradável. - foram as últimas palavras de Irman Zoroastro à rainha das trevas quando partiu dali.

Lilith fez a sua última provocação a uma velha conhecida.

Um gesto prometendo que Argana será a sua próxima vítima e a Mestre dos Magos retribui o gesto com ódio.

Assim Lilith sai de cena, só e com lágrimas de dor e saudade...

Depois de alguns dias de caminhada, os nossos heróis chegam a capital do Império. Asherat tenta, em vão, um acordo que ela fosse a signatária do estado, mas a ambição dos nobres a obrigou a lutar e tomar o Império a força. Tiamat sabia que o poder só pode ser conquistado pela
força e não pela razão.

Depois de uma sangrenta batalha desigual, pois Asherat tinha os mais poderosos seres ao seu lado, a adolescente vence e é coroada.

Com a conclusão da disputa, a nova Imperatriz tem novas responsabilidades, entre elas, sobre o seu relacionamento com o seu marido.

- Olá, querida. - cumprimenta amigavelmente o empresário. O que deseja?

Sentada em seu trono, Asherat está com o seu traje real, um pouco triste, mas austera. Depois de respirar profundamente, a menina diz:

- Senhor meu marido, eu preciso saber qual vai ser a sua decisão em relação de sua permanência em nosso mundo. Bem... Eu vou ser direta. Sou a Imperatriz de um grande Império e sou jovem, entretanto sou mulher e tenho que deixar um herdeiro...

Eric engole em seco.

- Imagino...

- Senhor meu marido, preciso saber se tu me amas? Se vai ficar e reinar comigo ou deixar a sua semente em mim e partir ou não? Eu tenho esta necessidade de saber a verdade para que eu não tenha qualquer tipo de ilusão. É importante para mim, entende?

- Perfeitamente. - e abaixa a cabeça.

- Então?

E o silêncio se faz presente no salão imperial.

No lado de fora do palácio, Nicolai Garacosi, juntamente com Argana Kamrusepas e Irman Zoroastro interrogam a estagiária Wendy Mackenzie sobre o seu triunfo diante o vírus. Indiferente, a loirinha arruma as suas coisas para partir do palácio.

- Como derrotei a escrota? Foi com este objeto. - e mostra uma espécie de chifre prateado.

Os magos ficam estupefatos. Já o romeno fica curioso.

- Argento selvagem! - exclamam a dupla.

- Posso tocar? - pergunta o cientista.

O trio brada que não.

- Este é um artefato sagrado. - responde Zoroastro. É o chifre de unicórnio morto e pelo tamanho é monarca. Raríssimo. Você só pode ter feito algum acordo com os Unicórnios. Nenhum humano jamais tocou
num desses...

- Que tipo de acordo você com eles e por que os Unicórnios a escolheram? - questiona Argana.

- Disseram que sou virgem...

- Tudo bem, mas não responde o porquê de ser você a escolhida. - observa a Mestre dos Magos.

- O chifre me escolheu... Antes que me perguntem, eu não sei o porquê, mas os Unicórnios disseram que a quem pertencia este chifre era da mais antiga rainha deles. Uma que caminhou com um grupo de jovens humanos que tinham armas mágicas há muitas eras atrás. Porém tenho que devolver a eles depois que matar o "grande mal". E é isso que vou fazer.

- E vai voltar? - pergunta o cientista.

- Não sei. Eu gostei deste mundo. É um lugar lindo, puro e mágico. Para falar a verdade, o nosso mundo é uma bela de uma porcaria. Temos que nos superar para conseguir um mínimo de conforto, todos os dias lutar
para sobreviver e agirmos como hipócritas para aturar uma convivência com pessoas que não gostamos ou, simplesmente, indiferentes a elas. Aqui as coisas são mais claras e honestas. Quando as pessoas se odeiam elas se declaram aos quatro ventos, lá na Terra, elas se cumprimentam. Neste mundo gostei da Magia e sua utilidade prática, aqui é uma Disneylândia de verdade, com heróis, vilões, princesas, príncipes, nobres, reinos encantados... Eu amo isto tudo.

- Este mundo não é tão romântico quanto imagina... - alerta Argana.

- Então experimente o meu? - retruca Wendy. Aqui é um paraíso comparado ao meu, tens as suas serpentes, mas basta não comer o fruto que tudo estará bem. - e coloca a sua mochila. Adeus, pessoal! Vou manter a minha palavra...

- Você não sabe, mas os Unicórnios não são tão bonzinhos assim. - diz Zoroastro. Eles te enfeitiçaram para prendê-la aqui.

A estagiária faz uma expressão indiferença e diz:

- É daí? É bem melhor do que ser assediada por um chefe tarado no final do expediente. - e parte rumo a floresta.


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Notas finais do capítulo

( Fim do capítulo 20 )



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