O Anjo Perdido escrita por VanNessinha Mikaelson
Capítulo 9 – A amiga decide agir
– Então é esse o sonho – pensou a demônia. – Eles simplesmente tiraram o rapaz do Céu por que seria um arcanjo... É, até parece que vou acreditar no que lhe disseram – tornou a refletir. – Está na hora de chamá-lo de volta!
A moça buscou mais um chá, feito de outras ervas, para dar ao anjo. Após duas ou três vezes em que tentou, sem sucesso, chamá-lo, a garota percebeu algo estranho na roupa que ele vestia. E era sangue. Seus olhos vertiam o líquido, ela só não sabia o porquê.
– Talvez o anjão sinta os efeitos do sonho e, por isso, os reflita de um modo material – pensou.
Depois de pô-lo sentado, e de limpar-lhe os olhos com todo cuidado, comentou:
– Logo estará bem e consciente. Beba todo esse chá, por favor – a garota se inclinou sobre ele para auxiliá-lo a sorver o líquido.
Castiel a obedeceu, mesmo que de um modo confuso, pois ainda não se sentia apto a falar coisa alguma; ele estava preso no pesadelo.
Quando terminou o difícil processo de beber todo o chá, o anjo regressou ao lar no qual se encontravam – a sensação era violenta ao retornar a casa –, um choque enorme fora dado em sua mente, ao menos era o que pensava.
– Está bem? – perguntou.
– Sim. Conseguiu descobrir com quem está minha arma?
– Não se recorda do sonho, não é?
– Não, infelizmente não.
– O contarei então.
A demônia iniciou uma breve narrativa do que ele tinha passado no Céu antes de cair, pois era com isso que sempre sonhava desde os dois anos, quando começou a viver no físico de Samuel. Ela apenas omitiu a questão da tortura a qual Castiel fora submetido; não era necessário lhe relatar isso agora. O rapaz já estava apavorado por ter de matar seus irmãos nas batalhas que viriam, então a mulher procurou ser compreensiva com os sentimentos dele.
– Hum. Que estranho. Será que era só porque eu subi de categoria, por assim dizer, que eles me tiraram de lá?
– Não. Você foi jogado para cá porque descobriu coisas de que, na concepção enegrecida deles, não precisava saber. Os líderes não contavam que tinha alguém a investigar o que faziam. Quando deram o pergaminho como roubado, foram atrás de você, provavelmente rastreando sua energia.
– E eu lutei contra vários anjos? Ou isso faz parte do sonho e não representa o real?
– Mais de mil – comentou. – Continue a ser meu amigo, Castiel, não o quero como adversário, nunca!
– Jamais lutarei contra você – ele riu-se da observação feita pela amiga. – E qual é o próximo passo? Descobrir o que havia no pergaminho?
– Não. Pegarei sua arma antes. Foi o que combinamos, se lembra?
– Sim – Castiel fez uma breve pausa. – Tem idéia de por que não me recordo do sonho dessa vez?
– Porque como compartilhamos o pesadelo, não absorveu as lembranças; eu sim.
– Por que fez isso, se sei que fui retalhado por meus irmãos?
– Porque não é preciso que veja isso mais uma vez.
– Tem certeza de que continuará a me auxiliar? – questionou, preocupado.
– Sim. Por que eu não continuaria?
– Ah, você sabe... Não desejo que se prejudique...
– E o que eu falei acerca disso? – perguntou, enquanto o abraçava.
– Que não será prejudicada.
– E então, acha que menti?
– Não, sei que dizia a verdade. É que você estava tão frágil no bar, quando apareci por lá com Heloísa e com Felipe, se lembra? Inclusive me disse, naquela noite, que não saberia se sairia viva dessa batalha...
– Sim, me recordo. Mas eu estava com medo. Demônios sentem isso também, não sabia?
– Não – ele a olhou com carinho. – Desculpe-me por nunca ter perguntado sobre isso.
– Sobre o quê?
– Os seus temores. Não imaginava que eram tão presentes. Pensei que fosse segura...
– E sou. Só que às vezes nós caímos, e diria que isso acontece por diversas ocasiões. Tenho várias amarguras. Caso queira mesmo saber disso é só me acompanhar. Está na hora de partirmos. Darei um ou dois dias a você, para que se organize. E pegaremos a estrada. Vamos para Buenos Aires primeiro; depois para Santa Fé. E vamos dar prosseguimento às atividades que fazemos aqui: reavivar suas recordações e as juntar com todo mistério que circunda sua queda.
– Acha mesmo que eu caí por outros motivos?
– Sim, tenho quase que certeza disso. Mas precisamos ir passo a passo. Certo?
– Sim, sem dúvida.
– Bem, agora me faça um favor – a garota retirou uma quantia expressiva de dinheiro da mochila. – Peça uma pizza para nós. Estou morrendo de fome. Enquanto isso, eu buscarei sua espada, que está com Ediel.
– Está bem, mas se cuide por lá, por favor.
– Pode deixar. Ah! Se eu fizer mais uma questão a você, não ficará chateado comigo?
– Claro que não – ele respirou fundo e prosseguiu. – Faça.
– Não se lembra de nada que havia no pergaminho que encontrou antes de cair?
– Não, nada. Mas deve ser por isso que Ediel teme que eu volte: porque o segredo que havia no pergaminho era importante.
– Sim, deve ser. Veremos isso em breve. O melhor de tudo é que tenho elementos novos para expor ao Arcanjo Uriel depois.
A demônia pôs-se de pé, e recitou algumas palavras em latim. Após respirar fundo e colocar os óculos, disse:
– Será uma longa viagem. Não quero ser chata, mas quando eu voltar do Céu, precisarei de muita comida.
– Está bem, deixe isso comigo.
A mulher chamou por Belzebu; ordenou que ele zelasse pelo anjo com toda dedicação e lealdade que o caracterizava. Em seguida, a amiga beijou a testa de Castiel e ficou a observá-lo antes de partir.
– O que foi? – perguntou. – Há algo errado em mim?
– – O que? – respondeu a mulher de negro. – Não, claro que não! Você é uma graça! – falou, brincando.
– Ah, obrigado – Castiel riu-se dela.
Ele abriu a janela para vislumbrar sua amiga, que desaparecia no horizonte de uma noite bastante quente de verão. Embora procurasse não se preocupar com o que aconteceria, Castiel estava apreensivo; mas, acima de tudo, agradecia a Deus por ter quem o auxiliasse agora.
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