Depois de algumas horas recapitulando o que acabara de acontecer, Clarice se deu conta de que não podia simplesmente sumir no Mundo e matar seus pais de preucupação, mas por outro lado a menina não queria voltar para casa em hipótese alguma. A garota arrancou uma folha de seu caderno escolar e começou a escrever: " Queridos Pais, sei que nunca vão me perdoar por isso, mas venho comunicar que se depender de mim e de minha dor, nunca mais voltarei para casa. Não fiquem preoucupados, pois ainda me resta um pouco do dinheiro do lanche que não comprei hoje. Sei também que meu ato é de pura covardia e medo, mas não tive outra escolha. Espero que fiquem bem. Adeus". Clarice quase chorando, pegou o dinheiro que ainda lhe restava e pagou a um menino de rua para que o mesmo entregasse a sua carta de despedida aos seu pais.

A primeira coisa que a garota abandonada fez, foi correr até o poço dos desejos da Praça Principal, mas não para fazer um desejo, porque naquela altura a menina nem tinha ânimo para isso, mas sim para pegar algumas moedinhas e sair daquele lugar pavoroso imediatamente. Antes de executar sua fuga covarde ela parou na padaria do primeiro beco que encontrou e pediu um pão velho, pois não tinha moedas suficientes para pagar algo além de seu transporte. O estranho e maltrapilho homem não ridicou o pão, porém olhou fixamente nos olhos de Clarice e a alertou que as pessoas em Avalon não costumavam a ser boas com meninas de rua.

Chocada com as palavras daquele homem, a vontade dela era, mais do que nunca, sair daquela cidade de Nova Jersey. A menina pegou o primeiro transporte público que lhe apareceu e só depois ficou sabendo que seu destino era Cherry Hill, outra cidade daquele tenebroso estado.

Chegando lá, muito exausta, Clarice estava à procura de um lugar para descansar, ela sabia que essa e as próximas noites ela passaria nas condições de menina de rua, debaixo de uma ponte ou viaduto. Andou por horas e horas, até que encontrou um parque  muito simpático e limpo. Resolveu que passaria aquela noite lá. Quando ia andando para a ponte que atravessava o laguinho viu uma menina sozinha, cantando baixinho com os olhos cheios d'água. Depois de uma longa conversa com a garotinha, Clarice descobriu que a sua história não era triste, ela havia descoberto o que realmente era triste, e isso,era a história de Deb, sua nova melhor amiga. Deb era uma menina muito rica de Nova York, ela vivia com sua mãe, já que seu pai havia falecido. Um dia, seu tio, um homem muito ganancioso, roubou tudo o que tinham. Desde então a mãe mandou Deb fugir com único dinheiro que a mulher ainda possuia. Agora a mais nova amiga de Clarice não estava mais sozinha.

De manhã, as meninas foram acordadas pelo som do navio que acabara de chegar no porto. Foi aí que surgiu a idéia, as duas iriam se esconder como clandestinas dentro da carga do barulhento navio e, finalmente se desligariam para sempre do horrível estado de Nova Jersey. Foi o que fizeram. Novamente, sem dinheiro algum e muitas mágoas do passado, as duas meninas embarcariam em mais uma perigosa e consequente aventura.