Dívida de Sangue escrita por Tsuki Dias
Estava correndo como uma louca. Quando mais precisava, o posto policial mais próximo ficava a quadras de distância. Aquele rapaz devia estar sendo massacrado e nem tinha forças para correr mais rápido. Maldita noite em que resolvera sair sem celular!
Sentiu as pernas cederem e se agarrou ao poste da esquina, tentando se firmar. Quem a visse daquele jeito a confundiria com uma rameira. Não ligava. Tinha que chegar á polícia antes que fosse tarde.
- Vejo que correu demais. - assustou-se ao ouvir a voz dele a seu lado.
- Você... está... como... - ela tentava falar sem ar nos pulmões. - está... inteiro... Eles...
- Estou bem. Obrigado pela preocupação. - sorriu ao responder.
- Obrigada. - ela disse após se recompor. - nem sei como agradecer.
- Na verdade, eu sei. - mediu-a por inteiro. Ela recuou. - não sou o tipo de pessoa que você está pensando. Só quero alguns favores para zerar sua dívida.
- É justo. - armou guarda analisando-o com olhos estreitos. - que tipo de favor, exatamente?
- Negócios. Nada mais. - sentiu o poder dos olhos vítreos dele.
- Que tipo? - não podia entrar de cabeça em algo que não era certo.
- Está desconfiada? - sorriu de lado vendo-a se armar mais. - não me olhe desse jeito.
- Não me disse que tipo de negócios. - insistiu.
- Quero que me ajude a saldar outras dívidas. Nada mais. - viu-a respirar.
- Menos mal... - riu sem graça. - achei...
- Até imagino o que achou que era. - ela ruborizou.
- Desculpa. - ajeitou o cabelo desgrenhado pela corrida. - Não pude evitar.
- Entendo.
- Se incomodaria... não... melhor não... não vou perguntar mais... - ela remexeu na bolsa e tirou um cartão, entregando-lhe em seguida.
Pegou o pequeno cartão negro com dizeres em vermelho e leu-o com curiosidade. Ali continha seu nome, telefone, e-mail e onde poderia encontra-la – caso saísse de dia.
- Danika... nome incomum. - disse lendo o cartão. - este é seu número?
- Sim. Me ligue a qualquer hora, basicamente estou livre o dia inteiro. Posso ter alguns compromissos vez ou outra, mas nada que não possa contornar. - Danika riu. - sem problema algum.
- Quer dizer que posso te ligar a qualquer hora? Incondicionalmente?
- Sim. - sorriu se aproximando. - então... vai me dizer seu nome ou vou ter que te chamar de “Chefe”?
- Você disse que não ia mais me fazer perguntas. - seu sorriso lateral a fez arrepiar.
- Sim, sim. Claro. Vou te chamar de Chefe, então. - pensou um pouco e riu. - Se for algo ilegal vou poder jurar que não te conhecia.
- É um jeito de pensar. - ele sorriu.
- Me fala. Quantos favores, exatamente, quitariam minha dívida? - ele fez uma careta. - desculpa! Sou curiosa!
- Percebi. - ela riu sem graça. - não vou dizer que serão poucos, por que me arrisquei muito te ajudando.
- Entendi... - suspirou. - quando começo?
- Eu te ligo. - ele disse e saiu andando pela rua. - boa noite, Danika.
- Boa noite... - ela retribuiu a despedida.
Não teve forças para se mexer enquanto ele ainda estava ás vistas. Velou-o com os olhos até ele sumir num átimo no fim da rua. Apenas quando sua presença parou de pressiona-la é que se permitiu dar as costas e ir embora; com a cabeça girando.
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