Dívida de Sangue escrita por Tsuki Dias


Capítulo 1
Um - Olhos Violetas


Notas iniciais do capítulo

bem... espero que gostem



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Andava rápido por aquelas ruas. A noite estava abafada e silênciosa. Tinha acabado de sair de seu treino noturno de Kung Fu. Vestia um top azul, que insistia em mostrar seu umbigo, uma bailarina preta, sua mochila içada nos ombros e nos pés, seu inseparável tênis com amortecedor.

Seria mais uma noite normal se não fosse por um pequeno detalhe: estar sendo perseguida.

Tinham avisado para ninguém sair sozinho da academia naquela noite, tudo por causa da pequena gangue que resolvera fazer point na esquina em frente. Claro que podia ter esperado um pouco. Claro que podia fazer mais um treino enquanto esperava. Mas não. Tinha que bancar a corajosa! Tinha que sorrir zombeteira para a preocupação dos colegas e sair porta afora.

Precisava parar com aquela mania. Não era por que sabia alguns truques que devia ficar se exibindo. Não mesmo.

A rua estava deserta naquela hora. Havia poucos carros vagando. Na verdade, contava-se nos dedos os carros que passavam por ali, o que era comum, princialmente naquele lado da cidade, mas não podia ter um pouco de sorte? Afinal, Serra Vermelha podia ser pequena, mas era mais movimentada que muita cidade grande, mesmo em uma noite de meio de semana.

Abriu um pouco de vantagem e parou, procurando um lugar para fugir. As gargalhadas de seus perseguidores ficavam mais próximas. Desesperou-se. Olhou em volta e avistou um beco entre dois prédios. Era sua chance de escapar.

Correu para seu refúgio, ouvindo as gargalhadas comearem a assustá-la. Realmente, era um beco, mas SEM-SAÍDA. E o pior de tudo, era o acuamento em que estava.

Analisou as paredes com ansiedade. Se não fossem tão afastadas poderia escalá-las facilmente, afinal, já era quase mestre em Le Parkour, pular daquela altura não era problema. Talvez os vãos entre os tijolos pudessem ajuda-la. Ou não... Certificou-se de que aquele cano estava realmente seguro na parede e começou sua escalada, ainda ouvindo o deboche daqueles porcos.

Olhou para baixo ao tomar flego. Tinha que calcular o quanto ainda tinha de forças e quanto tempo eles levariam para pega-la se realmente a quisessem.

- Dêem a volta. - ouviu um deles falar. - eu a quero.

Bufou ainda escalando. Tinha virado um objeto, e o pior era a certeza do que eles fariam se a pegassem. Nada de bom, garantia.

Saltou para o terraço e deu-se um tempo para respirar. Até eles acharem uma porta e subirem, teria tempo para passar para o outro prédio ou mergulhar ao chão. Agora precisava sair dali.

Rodeou o perímetro, deixando o desespero ganhar força. Além de acuada, não tinha como fugir. Parou na parte da frente do prédio. Talvez desse para descer pelas janelas, não é? Não com o pouco tempo que tinha...

Sentiu os olhos marejarem e a sensação de abandono domina-la. Estava perdida e não tinha ninguém para achá-la...

Uma brisa morna balançou seus cabelos e trouxe consigo um delicioso cheiro de limão. Olhou em volta e viu, inacreditável, o rapaz mais lindo que já vira.

Ele não era muito magro nem musculoso, mas dava para ver seus músculos definidamente suculentos por baixo da camiseta preta sob uma jaqueta de couro com os punhos enrolados nos cotovelos. Podia perder-se ao reparar em sua calça(caríssima) meio justa que revelava lindas pernas. Ele também usava tênis, mas era muito mais bonito(e mais caro).

Os olhos dele eram misteriosamente sonhadores, e o legal é que eram violetas! Não no sentido literal, mas o reflexo do luar em seus olhos parecia arroxeá-los. As pestanas eram formadas por longos cílios negros que faziam sombra em seu rosto.

O cabelo castanho claro acabava no pescoço e acenava suavemente com o farfalhar da brisa quente. Ele tinha franja que, suavemente, caía sobre os olhos num corte assimétrico, lhe dava um charme misterioso.

Perdeu-se em cobiça por aquela boca que se mexia em perguntas que não se permitira ouvir.

Perguntas? Ops!

- Deseja alguma coisa, moça? - se o conjunto físico já era maravilhoso, a voz arrematava o pacote. - algo errado?

- Desculpa... - sua voz falhou quando uma lágrima ameaçou cair dos olhos escuros.

Ouviram gritos desconexos dos rapazes que a perseguiam. Viu-a começar a tremer e a suar. Já tinha uma idéia do que se passava, mas por um átimo pensara que ela era suicida.

- Me ajuda... - ela pediu com os olhos marejados.

Deliberou por um momento. Analisando sua situação, percebera o tamanho do seu problema: seis homens de quase dois metros querendo uma diversão forçada e dolorosa. Agora, sua questão era: por que ajudá-la? Por que se arriscar por alguém que acabara de ver? Seria muito arriscado, mas por que o desejo de ajudá-la?

Francamente, estava ficando muito mole com a idade.

- Como subiu? - perguntou ouvindo a porta de acesso ser golpeada.

- Pela parede. - viu a confusão em seu rosto. - eu pratico Parkour.

- Consegue passar para o outro prédio? - analisou o espaço indicado. Para ele era um pulinho, só não sabia se ela conseguiria.

- Acho que sim... - calculou a distancia e a eficiência de seu salto. - é... consigo. Moleza...

- Ótimo. - olhou para porta, travando-a. - melhor ir, rápido.

- E você? - ela, além de assustada, estava preocupada. E com a pessoa errada.

Sorriu confortador para a garota a frente. Os olhos castanhos delatavam sua preocupação por ele. Não merecia tanto.

- Não se preocupe. - disse passando-lhe segurança. - Vou ficar bem.

- Vou buscar ajuda. - ela era insistente.

- Vá para casa. - deu-lhe as costas se concentrando na porta. - vai logo.

- Desculpa. - disse e pulou para o outro prédio, descendo, em seguida, pela escada de incêndio.

Destravou a porta enquanto via-a correr pelo beco. Não sabia por que estava fazendo aquilo por ela. Nem a conhecia, por que ajuda-la? Poderia simplesmente deixa-la a própria sorte e ir embora como uma sombra. Mas não. Estava ali, se arriscando e por quem? Por uma garota que escalava paredes e não tinha força para escapar de alguns caras bêbados.

A porta se escancarou e vários rapazes, já alterados, surgiram aos berros da escuridão. Bufou para aquela visão deplorável. Naquele momento, pensou ter visto animais em vez de humanos.

- Onde ela está? - um deles se adiantou. - ela tem que estar aqui!

- Procurando algo? - perguntou pondo as mãos nos bolsos.

- Cadê a garota, cara? - o cheiro de álcool estava insuportável. - onde a escondeu?

- O que vocês querem com uma garota num lugar como este? - olhou-os à olhos frios. - seria mais lícito pagar uma prostituta.

- Ora, ora! O franguinho está desafiando agente. - rodou os olhos para a ignorância daqueles macacos. Se eles soubessem com quem estavam lidando...

- Sugiro que dêem meia volta se querem voltar para casa inteiros. - ameaçou calmamente. - ou vivos.

- Olha só! Cara, EU sugiro que entregue a garota se não quer se machucar! - o bêbado sorriu e o resto de sua corja o cercou.

Sorriu em divertimento. Estava se arriscando, mas a certeza de que aquela garota ficaria devendo-lhe o favor o fazia repensar sua negatividade. Sua vida estava ficando mais agitada. Finalmente se livraria do tédio.


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Notas finais do capítulo

Gent... só para avisar, ainda estou escrevendo. então pode demora um poko p postar os cap.+ vo faze d td p posta-los(isso vale p minhas outras fics tbm!)brigadim



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