Réquiem escrita por Lady May, Babs


Capítulo 5
Capítulo III - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Gostaríamos de nos desculpar pela demora, mas vestibulares de final de ano e provas finais da faculdade nos impediram de postar antes.

Espero que apreciem o capítulo.



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Contém um sploilerzinho, nada relevante, de Crepúsculo no final.

 

Mudanças

- Boa noite, Elliot. – Cumprimentou Tiffany assim que chegaram à residência de Mirella.

- Boa noite. – respondeu Elliot de volta.

- O que houve? – Inquiriu Matheus sem a mesma cordialidade de sua noiva.

- Entrem e lhes explicarei tudo. – Disse o vampiro.

           Fazendo o proposto dirigiram-se para o interior da casa, sentaram-se e Elliot contou-lhes sobre o seu encontro com a Ventrue e seu impasse a respeito da garota.

- E o que pretende fazer? – Quis saber o inglês.

- Eu a quero bem longe da Laila. – Desabafou. – Estou pensando em mandá-la para minha casa em Zwergjoch[1].

- Não sei se isso é prudente, Elliot. – Advertiu Matheus.

- Então o que devo fazer? – perguntou desesperado. – Se não tomarmos uma atitude, Laila tomará por nós.

- Concordo com você, Elliot, – Disse a vampira. – Mas Mirella é uma bailarina conhecida, notarão seu desaparecimento.

- Aliás, como pretende cuidar desse detalhe? – Questionou Matheus.

- Esperava que pudesse me ajudar. – Respondeu sincero.

- Bem, não temos a noite toda. – suspirou Matheus. – Tiffany, peça para Ambrosin vir nos buscar, e você irá juntamente com Mirella para Viena. Vou ligar para o aeroporto.

- Vou arrumar a mala dela. – anunciou Elliot.

- Pode deixar que eu faço isso, pois duvido que você saiba arrumar a mala de uma mulher. – Disse Tiffany fazendo-o rir.

            Silenciosamente, para não acordar Mirella, Tiffany adentra o quarto. Colocou algumas peças de roupa, as peças de ballet e outros utensílios, adicionando algumas fotos que Elliot pedira-lhe.

- Tiffany. – Chamou Matheus carinhosamente no batente da porta

- Sim?

- Tome cuidado. – Pediu beijando-lhe com fervor.

            Com tudo pronto, entraram no carro cerca de dez minutos depois. Elliot levou Mirella no colo, pondo-a para dormir assim que a mesma abriu seus olhos. Já no aeroporto, o vampiro depositou-a dentro do avião de Matheus, despedindo-se com um delicado beijo na testa. Matheus e Tiffany despediram-se e logo o avião decolou.

 

______ * * * ______

 

Durante todas as noites depois da conturbada reunião, vários vampiros de gerações inferiores da Camarilla, responsáveis por se fazer cumprir as tradições, investigavam, ocultos, as denúncias. E como trabalhavam rápido, Laila viu-se acuada e, portanto, forçada a ignorar seu orgulho de nobre Ventrue e pedir resguardo.

E parecia que a sorte estava tanto ao lado de Laila como de Mirella, pois cerca de quinze minutos depois que os dois Tremere deixaram o aeroporto, a Ventrue e seu carniçal chegaram prontos para pegar o primeiro avião que os levaria a Istambul, numa viagem que demoraria quase três horas.

 

______ * * * ______

 

            Já dentro do avião, Tiffany fez várias ligações. Na última, comunicou Gaspar, o mordomo de Elliot, de sua chegada a Viena e sobre Mirella. Terminados os recados, a vampira percebe a presença de Mirella.

- Boa noite. – Cumprimenta a primeira.

- Boa noite. – Responde Mirella. – Onde estou? – Perguntou confusa.

- Imaginei que perguntaria, venha vamos sentar.

            Acomodadas, Tiffany explica-lhe quem é e para onde estão indo.

- Se você é amiga do Elliot, quer dizer que você também é uma...

- Vampira? – Completa. – Sim.

- E aquela mademoiselle, a Laila, também?

- Infelizmente sim. – Respondeu.

- Parece que ninguém gosta muito dela, não? – Comentou

- Pelo menos a maioria. – Comentou Tiffany.

- Sei que parece desconfiança da minha parte, mas como saberei se o que fala é verdade? - Questionou a garota.

- Cabe a você acreditar no que falo. – Respondeu a vampira. – Mas ficaria muito grata se não me comparasse com a Ventrue... Sei que parece estranho, e confesso que no seu lugar já estaria com os nervos à flor da pele, – Continuou – Mas espere que Elliot nos encontre, aí poderá saber se o que estamos fazendo é certo. – Pediu.

- Quem é Ventrue?

- É o sobrenome da Laila. – Respondeu. – Nós vampiros vivemos em clãs, desde que nosso pai, Caim, se foi. Então sempre que alguém é abraçado passa a usar como sobrenome o nome do clã. Eu, por exemplo, sou do clã Toreador; Tiffany Toreador, já o Matheus e o Elliot são da casa dos Tremere.

- Mas e o seu sobrenome, quer dizer antes de ser abraçada, é assim que se fala? – Perguntou curiosa

- Na época em que fui transformada não era comum o uso de sobrenomes. – Contou a vampira. – Mas em geral, acredito, abandona-se o sobrenome ou adiciona-se o do clã. O importante é que onde quer que você vá, sempre será reconhecida pelo seu clã.

            O trajeto de Paris a Viena durou cerca de uma hora e meia, tempo suficiente para Tiffany expor à garota a nova realidade que se apresentava perante seus olhos.

- Logo chegaremos a Viena. – Disse a vampira. – Como está prestes a amanhecer, passaremos a manhã em um hotel e à noite, seguimos para Zwergjoch. – Explicou-lhe.

            O aeroporto internacional de Viena, assim como todos os grandes aeroportos europeus, concentrava um contingente enorme de pessoas vindas de todas as partes do mundo. Entre turistas e funcionários, Tiffany e Mirella saíram da paisagem tumultuosa deparando-se com uma cidade calma e ainda adormecida. Bem diferente da Paris de que vieram.

- Bem vinda à Áustria. – Disse a vampira.

- Aqui é bem diferente de Paris. – Comentou enquanto a outra chamava um taxi.

- Com certeza! – Concordou. – Sou suspeita para falar, já que mesmo não morando aqui, passou uma grande parte do meu tempo junto com Matheus, mas Viena é uma das cidades que eu mais gosto.

- Você não é daqui?

- Não, moro na Itália muito antes de ser quem sou. – Respondeu. – Vamos indo? – Chamou-a.

            O taxista levou-as ao hotel mais próximo. Só pela fachada do mesmo, percebia-se que transbordava requinte e sofisticação. Trocadas poucas palavras na recepção, seguiram juntamente com um atendente para um dos poucos quartos vagos daquele dia.

            A suíte de solteiro, decorada ao estilo clássico, foi mais que suficiente para aplacar a exaustão das damas. Assim que adentraram o quarto, arrumaram rapidamente seus pertences e logo se deitaram, exaustas.

 

* * *

- Sinto-me um monstro. – Comentou Elliot assim que as viu partir.

- E deveria se sentir. – Responde sério. – Sou seu amigo Elliot, e por isso mesmo devo adverti-lo de que acaba de cometer uma loucura.

- Como assim?

- Entendo sua preocupação e seu medo mais do que todos. Mas como pretende lidar com essa situação?

- Já entendi aonde quer chegar. – Disse. – Matheus, não poderia e não posso permitir que a Laila cometa o mesmo crime outra vez! – Esbravejou. – Mirella pode me odiar por isso, mas não deixarei que nada lhe aconteça. – Prometeu sem pestanejar.

- Muito bem. – Concluiu com um suspiro. – Vamos Romeu, temos muito que fazer. – Brincou.

            Sozinhos em meio à escuridão seguiram para o hotel, não sem antes, contatarem alguns subordinados do Pontifix.

- Eu o ajudarei, Elliot. – Recomeçou o loiro. – Mas saiba que a vida dessa moça mudará radicalmente por causa de seus caprichos. – Advertiu-o.

- Não são caprichos. – Irritou-se o moreno.

- Que seja. – Finalizou.

- Com sua licença? – Pediu Ambrosin seguido por mais dois subordinados.

            Em minutos, Elliot e Matheus explicaram aos demais o ocorrido durante aquela noite e a missão incumbida a cada um. Exatamente uma hora após o início da reunião Matheus disse:

- Já esta tarde, então é melhor começarmos. Confio no trabalho de vocês, mas peço que tomem cuidado. Não é tão fácil enganar os humanos de hoje. – Pediu.

            Com uma reverência, os três saíram do quarto.

- Ambrosin. – Chamou Matheus. – Antes que me esqueça, Tiffany pediu para que a encontre na Itália assim que seus compromissos aqui acabarem.

- Obrigado. Não irei me esquecer. – Disse antes de juntar-se aos demais.

- Agora está feito. – Filosofou Matheus.

- Novamente agradeço sua ajuda. – Agradeceu o loiro.

- Não há de que. – Respondeu – Agora nos resta esperar e torcer para que Mirella aceite de boa vontade a atitude que tomou.

            Elliot agradeceu novamente e dirigiu-se para o seu quarto. Dormiu embalado nos pensamentos conflituosos da noite que tivera. Os bons e os ruins.

 

* * *

 

            O astro já cruzava a linha do horizonte, preparando-se para descansar quando Tiffany acordou. Deparando-se com um quarto vazio, a vampira arrumou-se e seguiu para o restaurante do hotel, aliviando-se ao encontrar Mirella sentada em uma das mesas.

- Você me assustou. – Confessou sentando-se à mesa.

- Desculpe. – Pediu – É que eu estava com fome.

- Ahahaha, entendo. Também estou.

- Só por curiosidade, foi você quem arrumou aquela mala para mim, não? – Perguntou

- Foi, por que, aconteceu alguma coisa?

- Não, só queria agradecer por ter colocado as fotos.

- Foi o Elliot quem pediu.

- Não posso me esquecer de agradecê-lo então.

- Já que você falou em mala, com essa viagem repentina, acabou ficando sem suas roupas, não? O que acha de irmos ao shopping? – Sugeriu.

- Hahahaha... Adorei a idéia.

- Ótimo! Depois vamos mudar seu visual – e sorriu como quem pede desculpas – Não me entenda mal, mas quanto mais irreconhecível você estiver aos olhos humanos, melhor. E, em seguida, iremos para Zwergjoch.

            Arrumadas, dirigiram-se ao shopping Center mais próximo. Lá, divertiram-se comprando roupas da moda, sapatos, bolsas entre outros acessórios. Cansadas, pararam na praça de alimentação.

- Você não sente vontade de tomar um sorvete, ou comer um doce? – Perguntou a bailarina.

- Não. – Respondeu. – Mesmo porque não existiam essas coisas quando fui abraçada.

- Sei que não é de bom tom perguntar, mas quando.... é.... quando...

- Quando eu fui abraçada? – Completou achando graça da situação.

- É. – Concordou com a cabeça.

- Nossa, isso foi há muito tempo. Sou bem mais velha que o Elliot. – Começou e diminuiu a voz para se livrar de possíveis ouvidos curiosos – Eu Nasci em 1248, na atual região de Gênova. Meu pai era um comerciante em ascensão e para conseguir subir seu padrão de vida, deu-me toda instrução que uma jovem precisa para encontrar um bom casamento: aprendi a tocar piano, falar francês, pintar... E modéstia a parte, eu tinha muito talento. Com 18 anos, meu pai levou-me a Florença para nos encontrarmos com um possível pretendente...

- Você se casou? – surpreendeu-se Mirella

- Não. É verdade que meu noivo era um homem atraente, mas fiquei mais encantada com Adriano Toreador, que eu julgava ser um amigo da família dele. – sorriu ao lembrar-se – Aparentemente, ele também se encantou comigo, pois naquele mesmo ano eu fui abraçada.

- O que quer dizer com aparentemente? 

- Os Toreador têm preferência por pessoas bonitas. – esclareceu – É melhor irmos. Ainda temos horas de cabeleireiro pela frente.

- Está tarde. – constatou a bailarina ao olhar seu relógio – Onde vamos encontrar um cabeleireiro?

- Mirella, a vida noturna das grandes cidades é tão intensa quanto a diurna. A diferença está apenas no público. Só o que precisamos é de alguns contatos. Vamos?

Saíram do Shopping e seguiram até uma rua estreita pavimentada com paralelepípedos. Entraram numa casa de dois andares. À primeira vista, poderia ser chamada de simples, mas ao observar os outros cômodos, era claro todo o luxo e conforto que havia ali. Em cada parede havia quadros, entre eles pinturas menos conhecidas de Da Vinci, Delacroix e Courbet, dispostos de forma a dar leveza ao ambiente, sofás de couro preto e, na sala de estar, um antigo e conservado piano de calda.

- Boa noite, Jillian? – chamou Tiffany parada no centro da sala.

- Achei que não viria mais. – respondeu uma mulher descendo as escadas.

- Esta é Mirella, de quem lhe falei ao telefone – apresentou-a – Mirella, esta é Jillian, também do clã Toreador, e uma estilista de talento.

Jillian era uma mulher por volta dos 26 anos, tinha cabelos loiros brilhantes e lisos até a cintura, rosto de anjo com olhos azuis e lábios cheios e, devido ao batom, vermelhos. Trajava um vestido preto de renda e tinha como acessórios um delicado colar e muitas pulseiras.

- Enchanté. – disse Mirella timidamente.

- Francesa? – comentou a vampira deslumbrada – Ah, adoro os franceses com o Louvre, seus palácios e jardins bem projetados...

- Jillian, estamos com pressa. – interrompeu Tiffany.

- Ela tem um tom de pele lindo. – comentou a anfitriã, depois de controlar seu encanto, enquanto tocava levemente o rosto de Mirella – Sei exatamente o que fazer.

A vampira tomou a garota pela mão e a guiou escada acima.

- Fique à vontade, Tiffany. Em poucas horas ela estará de volta.

- Não se preocupe, Mirella, nada de mal vai acontecer – disse a morena para acalmar a garota, que lhe lançava olhares amedrontados.

Enquanto esperava, Tiffany sentou-se ao piano e tocou várias sinfonias, entre elas, Beethoven e Mozart.

Ao fim de quatro horas, Mirella desceu as escadas com os cabelos totalmente diferentes. Se antes eram curtos e castanho-claros, agora as pontas tocavam facilmente sua cintura e tinham a cor tão escura quanto mogno.

- Ficou ótima, Mirella. - elogiou deixando o acento do piano – Realmente Jillian estava certa, combinou com seu tom de pele.

- Obrigada. – agradeceu sem jeito.

- Jillian, você me surpreendeu.

- Foi um prazer. Mirella é um doce. – confessou – Devia trazê-la mais vezes.

- Quem sabe. – replicou Tiffany sem dar crédito a suas palavras – É melhor irmos, Mirella, ou Elliot ficará preocupado com nossa demora.

- Tiffany, - chamou Jillian agora séria – Vai à Itália? Adriano comentou que estão tendo problemas com membros do Sabá.

- Vou. – respondeu pesarosa – E se os boatos forem verdadeiros, creio que demorarei a deixar o clima mediterrâneo.

Depois das despedidas e de promessas falsas de que voltariam muito em breve, Tiffany e Mirella deixaram a casa e logo se encontraram com Frederico, o motorista de Elliot. Cumprimentaram-se e logo após a bailarina ser apresentada, seguiram para Zwergjoch.

Durante os vinte minutos  de viagem, as duas permaneceram em silêncio. Mirella observava a paisagem mudar de acordo com as montanhas que surgiam e Tiffany falava rapidamente no celular tranqüilizando Matheus.

- Alguém mais sabe que estou aqui? – questionou Mirella, por fim, assim que a vampira desligou o aparelho.

- Não.

- Então as pessoas vão me procurar, não vão? Quer dizer, podem pensar em seqüestro ou coisa assim.

- Não se preocupe com isso. – pediu Tiffany sorrindo ao constatar que pensamentos sobre seqüestro não seriam tão absurdos – Matheus e Elliot tomarão todos os cuidados para explicar seu desaparecimento.

- E como eles farão isso?

- Segredos dos Tremere. – deu de ombros – Quando Elliot chegar, poderá explicar melhor.

O silêncio voltou a reinar no carro até que uma grande propriedade na encosta de uma montanha tornou-se visível.

- Chegamos. – informou a vampira.

Localizada exatamente nos fundos do terreno, a casa era típica do estilo alemão, com telhados escuros e muito inclinados, para impedir o acúmulo de neve. Possuía dois andares e era grande o suficiente para os visitantes especularem quantos cômodos exatamente existiam ali. À volta, havia muitos pinheiros e, nessa época do ano, algumas flores tímidas que ansiavam pelo sol da primavera.

Frederico rapidamente aproximou-se das largas paredes, quase muralhas, com abertura em seteiras, que mantinham viva a arquitetura original da casa, e cruzou o grande pórtico de pinho que marcava a fronteira do terreno.

Ao parar o carro na entrada, Gaspar, que já as esperava, abriu a porta.

- Boa noite, senhoritas. – cumprimentou.

- Boa noite, Gaspar. Está é Mirella. - e virando-se para a garota – Mirella, este é Gaspar.

- Muito prazer. – disse a bailarina.

- O prazer é meu, senhorita Mirella. – o homem abriu a porta – Entrem, por favor.

Frederico e Gaspar ajudaram Mirella e Tiffany com os respectivos pertences enquanto o mordomo as guiava até o quarto destinado à bailarina. Passaram pela sala de estar, decorada com móveis que mesclavam influências e épocas, subiram as escadas e logo estavam diante de uma grossa porta, que, eficientemente, foi aberta para permitir a passagem das damas.

Os empregados deixaram as compras sobre a cama, onde Tiffany havia lhes instruído, e saíram silenciosamente.

Mirella encantou-se com a decoração singela do aposento, desde a cama de madeira preta, até o armário com design antigo do lado oposto, perto da porta que levava ao banheiro. Reparou na lareira em mármore e no candelabro de prata sobre ela e na poltrona com estofado bege, mas o que chamou sua atenção foi o jardim retratado no quadro que enfeitava tal parede.

- Quem pintou? – perguntou à Tiffany.

- É um Monet não reconhecido. – explicou enquanto retirava as compras das embalagens – Eu dei a Elliot no início do século passado.

- Puxa! – exclamou enquanto dirigia-se até a janela de madeira para ver a cidade adormecida – Não duvido do bom gosto dele, mas você ajudou na decoração, não é?

- É tão óbvio assim? – a vampira riu e Mirella a acompanhou.

Tiffany olhou no relógio.

- Está ficando tarde, é melhor eu ir.

- Vai sair? – perguntou. E, em seguida, arrependeu-se – Desculpe, não é da minha conta.

- Não se preocupe. Sim, vou sair, mas voltarei antes de amanhecer, não se preocupe. – prometeu – E se acontecer qualquer coisa, Gaspar entrará em contato comigo pelo celular.

- Tudo bem. – concordou triste por ficar sozinha.

- Tenha uma boa noite, Mirella.

- Hum, Tiffany, posso fazer uma pergunta? – pediu a garota parando Tiffany a meio caminho da porta.

- Claro.

- Você disse que estará de volta antes de amanhecer, certo? – e não contendo sua curiosidade, continuou – O sol realmente queima os vampiros?

Elegantemente, Tiffany começou a rir.

- Desculpe. – pediu ainda tentando conter-se – Esqueça os conceitos que aprendeu com Hollywood, pois poucos são verdadeiros. Prometo que explico tudo quando voltar.

A bailarina assentiu e começou a arrumas suas coisas. Tiffany parou como se lembrasse de algo importante.

- Mirella? – chamou. Assim que a garota a olhou, prosseguiu – Nós também não brilhamos, como em Crepúsculo[2]- a vampira saiu do quarto achando graça da situação.

Passados alguns minutos depois da saída de Tiffany, Gaspar entrou educadamente no quarto.

- O que a senhorita gostaria que fosse servido para o jantar?

- Não precisa se incomodar. Não estou com fome. – mentiu.

- Senhorita Tiffany me disse que a senhorita não comeu nada e me instruiu a preparar-lhe algo. – informou – Não estamos acostumados a receber muitos humanos nesta casa, mas creio que nossas habilidades culinárias serão apreciadas.

- Já que não tem jeito... Preparem o que for mais fácil, não tenho nenhum problema com comida. – sorriu.

- Sim, senhorita. Quando tudo estiver pronto, eu venho chamá-la.

O mordomo não demorou tanto quanto a garota esperava, então logo Mirella jantou um Coq-Au-Vin, prato típico francês.

- Estava delicioso. – exaltou ao fim da refeição – Não precisava ter se incomodado.

- Não foi incômodo. – garantiu-lhe Gaspar – A senhorita precisa de mais alguma coisa?

- Não, não. Estou bem. – assegurou envergonhada com tanta atenção – Acho que vou dormir.

- Tenha uma boa noite, então, senhorita.

- Boa noite.

Mirella seguiu para o quarto, tomou um demorado banho e se deitou, esperando que em seus sonhos pudesse entender a reviravolta que sua vida havia sofrido.

 

 Continua...

 


[1] Zwergjoch (pronuncia-se [itsverguioch], de acordo com nossas fontes) fica na Áustria, a aproximadamente 13 km de Viena

[2] Não entendam mal a piada, por favor. As autoras são loucas por Crepúsculo (mais especificamente pelos Cullen), mas não podíamos perder a oportunidade.

 


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Notas finais do capítulo

Se gostaram da continuação: comentem.
Se algo não os agradou: digam-nos como podemos melhorar!