Réquiem escrita por Lady May, Babs


Capítulo 4
Capítulo II - A Camarilla




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A Camarilla

 

O Sol estava prestes a romper os domínios de sua irmã Lua quando Elliot retornou ao hotel. Sentindo-se cansado, o rapaz rumou diretamente para seu quarto, não sem antes cumprimentar rapidamente o recepcionista.

 

Fechando as cortinas e sinalizando a porta para não ser incomodado, o vampiro dirigiu-se ao banheiro, tomou um demorado e refrescante banho enquanto refletia sobre a donzela que conhecera há pouco.

 

Acabara de recostar sua cabeça no travesseiro quando uma batida na porta mudou o foco de sua atenção.

 

- Entre. – Permitiu levantando-se.

 

- Posso? – Perguntou Tiffany ignorando o aviso preso à maçaneta da porta. –  Me desculpe, mas estou preocupada com você. – Explicou bondosamente – Você anda silencioso, sempre pelos cantos. Sei que algo o aflige meu amigo. – Comentou preocupada.

 

- Pode parecer loucura, mas acho que encontrei a minha Catharina. – Contou relutante, escolhendo com cuidado as palavras que sairiam de sua boca.

 

- Como assim? – Interessou-se a vampira.

 

- Lembra-se de Mirella Sudré, uma das solistas da Ópera? – Perguntou.

 

- Seu nome não me é estranho. – Refletiu.

 

- Bem, é ela.

 

- Tem certeza do que acaba de dizer? – Questionou Tiffany. – Elliot você sabe muito bem que só quero o seu bem, mas como sabe que essa menina, que você nunca viu antes, é Catharina?

 

- Entendo sua preocupação. – Sentenciou. – Também pensei que era minha mente novamente brincando com meus sentimentos, mas eu tenho certeza de que é ela.

 

- Como?

 

- Seus olhos. – Explicou. – Ela possui o mesmo olhar gracioso de minha Catharina e eu não sei como explicar, mas me senti vivo durante os minutos em que permaneci ao seu lado; vivo como há muito tempo não me sentia. Deve estar me achando louco, não? – Disse antes que o silêncio instalasse.

 

- Claro que não! – Retorquiu a mulher à sua frente. – Só tenho medo de que se iluda, Elliot, e que acabe se machucando com isso.

 

- Tomarei cuidado. – Prometeu o rapaz.

 

- Eu sei que sim. – Concordou. – É melhor eu voltar antes que Matheus de por minha falta.

 

- Bom descanso. – Desejou o lorde.

 

- Para você também. – Retribuiu Tiffany beijando-lhe a face. 

 

______ * * * ______

 

Apesar de não ser uma Toreador, Laila apreciava eventos próprios à elite e ir à ópera era, com certeza, um desses. Por isso a vampira chegou a Paris uma hora antes de o espetáculo começar.

 

Estava sozinha, já que jamais arriscaria ser vista ao lado de um carniçal, embora Vadette estivesse na cidade pronto para atender as ordens de sua senhora.

 

* * *

 

Elliot não conseguia desviar seus pensamentos da jovem bailarina. A sensação de estar diante de Catharina novamente lhe enchia de esperança e de vontade de continuar existindo. Decidido, rumou para a Ópera Garnier unicamente para vê-la, nem que fosse de longe.

 

* * *

 

Coppélia era uma obra fantástica! Laila acompanhava atentamente cada passo bem executado ao mesmo tempo em que observava damas e cavalheiros em belos trajes de gala.

 

E foi assim que a vampira viu quem mais desejava. Lá estava ele, no camarote oposto ao seu, olhando de forma melancólica para a solista.

 

Apesar de sua excelente visão, a dama usou seu delicado binóculo dourado para ver o rosto daquela que prendia tanto a atenção de seu Elliot.

 

Não foi possível esconder o espanto. Em tantos séculos jamais presenciara nada parecido! Na verdade, era impossível aquela jovem ser Catharina... simplesmente não podia ser!

 

Isso poderia atrapalhar seus planos... Laila sorriu malignamente. Já a matara uma vez, não haveria problema fazê-lo novamente. Elliot a pertencia e nada impediria que ela o reouvesse.

 

A vampira deixou o camarote antes do fim do espetáculo sem que Elliot percebesse a presença do perigo.

 

- Vadette? – disse Laila ao celular – Parece que a doce Catharina voltou do mundo dos mortos e dança alegremente no Palais de Garnier. Quero saber tudo, principalmente se Elliot se aproximar dela – pausa – Está é a oportunidade de redimir seus fracassos.

 

______ * * * ______

 

Muito abaixo do labirinto formado pelas catacumbas de Paris, há um lugar fortemente guardado dia e noite. Uma sala oval que possui, em um dos lados, o trono negro de basalto, destinado a Caim no dia do juízo, e dispostos três de cada lado, seis tronos de marfim, reservados aos fundadores da Máscara. Em frente a tudo isso, poltronas negras para os príncipes. Tudo estrategicamente posicionado para evitar a mistura dos clãs.

 

Surgida em 1312[1], a Camarilla tem como objetivo manter a sociedade vampírica a salvo de qualquer perigo impondo as seis tradições, que são como a legislação universal da seita. Seu regime é o de príncipes, sendo assim, o clã com maior número é sempre o primeiro a discursar e, conseqüentemente, abre a reunião.

 

- A Camarilla somos nós e nós somos ela. O sangue só deve ser derramado por uma grande causa e a Camarilla é a maior de todas[2]. – Disse Aelfric, ancião Ventrue, de mãos levantadas – A Máscara encontra-se em reunião.

 

Os seis anciãos se sentaram, seguidos de seus príncipes. Laila, enquanto isso, não tirava os olhos de Elliot, que procurava controlar seu temperamento e ignorá-la. Matheus, constantemente, desviava sua atenção de um ao outro pronto para intervir caso houvesse necessidade.

 

- É com grande pesar que informo que o Tratado de Tyre foi desrespeitado. – começou, de pé, um príncipe Ventrue de rosto quadrado e poucos cabelos loiros – Muitos Assamita foram vistos nos últimos séculos fora do território definido por este conselho. Nós fomos indulgentes, pois esperávamos que os anciãos do dito clã retomassem o controle, contudo com os crescentes ataques de seus carniçais – Laila pareceu desconfortável – decidimos convocar a Camarilla.

 

- Isso é um disparate! – interpôs o representante assamita – Nenhum de nós desrespeita o tratado, apesar das dificuldades que ele representa. Temos total controle sobre nossos membros.

 

- Pode-se deduzir, então, que foi um de seus anciãos que ordenou o ataque de um carniçal a mim? – perguntou Tiffany levantando-se – Ou pior: permitiram que um carniçal servisse a um Ventrue.

 

- Nenhum Ventrue pactua com um assamita. – afirmou outro príncipe do clã

 

- Laila é uma exceção! – rebateu Elliot pondo-se de pé – E além de ser senhora do carniçal Vadette, que atacou Tiffany Toreador, desrespeitou a Terceira Tradição criando outro vampiro: Eu!

 

- Calúnia! Como ousa usar esta seita para me caluniar? – retorquiu Laila fingindo surpresa – Senhores, por favor, não vamos perder o foco de nossa reunião.

 

- Está com medo, Laila? – desafiou – Medo de que todo o conselho descubra que uma nobre Ventrue não respeita as regras? Que é uma assassina?

 

- Controle-se, Elliot! – exigiu Matheus. O Lorde se sentou.

 

- São acusações graves as que estão fazendo. – o ventrue loiro retomou a palavra – A menos que possam provar, pediremos uma punição a vocês por difamação.

 

- Não é necessário, Eric, - disse Laila sorrindo maliciosamente – Sabe tão bem quanto eu que o fardo da nobreza é ser depreciado.

 

- Não será um problema provar o que dizemos, já que Laila não é muito discreta – ponderou Tiffany – Há 690 anos, a digníssima dama abraçou o jovem Elliot contra sua vontade assassinando sua futura esposa e, semanas mais tarde, seu carniçal Vadette me atacou aqui mesmo em Paris. Muito me espantaria se essa fosse a única história.

 

- Se Elliot foi abraçado por Laila, como se tornou um Tremere? – questionou Eric.

 

- Com a minha autorização. – informou Armand, o ancião Tremere, com sua voz imponente.

 

- Quando Vadette atacou Tiffany, Elliot a salvou. Compadeci-me de seu sofrimento e o levei até uma de nossas instalações, onde ele recebeu a proteção dos Tremere. – contou Matheus – Como foi criado fora das regras da Camarilla, Elliot não pode ser reivindicado por ninguém. É como se sempre tivesse sido um de nós.

 

- Mas isso e um ultraje! O testemunho deles não pode ser levado em consideração, pois todos sabemos sobre o romance entre Matheus e Tiffany. – exaltou-se Laila – Não há imparcialidade! E repito, senhores, este assunto nada diz respeito ao Tratado de Tyre.

 

- Concordo, Laila, já que minha vida particular não é assunto para o conselho. – replicou Tiffany – E colocá-lo em pauta só prova sua ineficiência em se defender.

 

- Por que não volta para seus pincéis[3] e deixa a política para quem entende? – irritou-se a ventrue.

 

- Caladas! – ordenou Persephone, a anciã Toreador, vendo que Tiffany ensaiava uma resposta. As duas se sentaram em silêncio – Se o que foi dito for verdade, princesa Ventrue, diz respeito ao tratado, já que um dos artigos proíbe a contratação dos Assamita pelos clãs da Camarilla.

 

- O que sabe sobre isso, assamita? – perguntou o ancião Malkavian.

 

- Como informei no início da reunião, nossos membros estão sob controle dentro do território definido pela Camarilla. – repetiu calmamente.

 

- A menos que o carniçal a quem se referem seja apresentado ao conselho, o clã Ventrue não tomará nenhuma decisão. – preveniu Aelfric – Porém como os argumentos apresentados foram plausíveis, Laila terá suspenso seus direitos como membro da Máscara até que se mostre inocente das acusações ou que seja condenada à destruição.

 

- E quanto a nós? – perguntou o assamita.

 

- Seu destino será ligado ao da princesa Ventrue. – sentenciou Armand – Se todas as acusações se confirmarem, seremos forçados a convocar a Caçada de Sangue.

 

- Sem mais, – falava o ancião Ventrue, enquanto todos os anciãos se levantavam – encerramos a reunião. Não se esqueçam das Seis Tradições e mostrem a todos porque somos a sociedade vampírica.

 

Dez minutos depois, não havia nenhum sinal das 50 pessoas que estiveram naquela sala.

 

* * *

 

A primeira noite de primavera tornava Paris a cidade dos enamorados. O Parque André Citroen concentrava em todo o seu perímetro os amantes da cidade luz. Jovens, adultos e idosos caminhavam de mãos dadas pela vasta área do parque ao som de pequenos grupos de música, que tocavam a espera de alguns trocados, e embalados pelo suave aroma das damas-da-noite.

 

Mirella trajava um bonito vestido de seda pura na cor vermelha. Calçava sapatilhas pretas e tinha os cabelos presos em uma trança muito bem feita. Encontrava-se sentada em um dos vários bancos do parque enquanto apreciava a dança das águas da fonte que jorrava ao longe.

 

Por ironia, Elliot também se aventurava pelo parque e surpreendeu-se ao encontrá-la ali. Caminhou silenciosamente ao encontro da garota de modo a não assustá-la.

 

- Posso me sentar? – Perguntou cortesmente fazendo com que a garota mudasse o foco de sua atenção.

 

- Monsieur Tremere! – Assustou-se. – Ah, claro.

 

- Obrigado. – Agradeceu. – E, por favor, me chame apenas de Elliot. – Pediu educadamente. – Como a noite está bela não?

 

- Está linda. – Concordou. –Fazia tempo que eu não vinha para cá.

 

- Curioso, também não venho aqui há séculos.

 

- Por quê? – Questionou a garota virando-se para o rapaz. – Desculpe-me, não é da minha conta.

 

- Trabalho. – Respondeu simplesmente.  – E você?

 

- Trabalho também.  Esta é a primeira vez que tenho folga nesse mês, quer dizer, hoje e amanhã.

 

- Descansar de vez em quando faz bem. – Comentou.

 

- Posso fazer uma pergunta? – Questionou-o encabulada mudando o rumo do diálogo.

 

- O que quiser.

 

- Eu... eu sei que parece estranho, mas nós não nos conhecemos de algum lugar? – Perguntou.

 

- Talvez. – Respondeu pensativo, tendo agora a confirmação de que precisava. – Por que não damos uma volta? – Sugeriu.

 

Enquanto caminhavam para uma área mais afastada do parque, comentavam sobre seus gostos musicais, culinários, hobbes dentre outras futilidades, descobrindo assim, que muito mais que o trabalho e a estranha sensação de que já se conheciam os ligava.

 

- Você já sabe muito sobre mim, mas eu mal conheço sua história. – Comentou o vampiro.

 

- Ah, ela não tem nada de interessante. Pelo contrário, é muito triste.

 

- Duvido ser mais que a minha.

 

- Então conte primeiro. – Revidou Mirella.

 

- Mas fui eu quem perguntou. – Defendeu-se, fazendo-a rir. – Seu sorriso é lindo. – Elogiou.

 

- Obrigada. – Agradeceu envergonhada. - Tudo bem. – Concordou dando-se por vencida. – Bom, eu não sou parisiense, sou canadense. Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu ainda era criança. De parentes vivos eu só tinha minha tia que morava aqui em Paris, foi assim que vim para cá. Nós morávamos em um apartamento perto do Teatro, porque ela era bailarina. Aliás, foi ela quem me mostrou esse mundo maravilhoso que é a dança.

 

- Porque era? – Quis saber Elliot

 

- Ela faleceu há quatro anos. – Explicou cabisbaixa.

 

- Sinto muito.

 

- Tudo bem. Mas agora é sua vez.

 

- Bom.... – Começou Elliot pensando em uma mentira plausível.

 

- Por que não me deixa contar sua história, Elliot Ventrue. – Disse Laila fazendo-se presente.

 

Elliot reagiu tão rápido quanto o passar dos segundos, virou-se e se lançou ferozmente na direção da vampira. O que ele não esperava era ser impedido por dois subordinados que a acompanhavam.

 

- Fuja! – gritou ele para Mirella.

 

Mirella não entendia a gravidade da situação, mas estava pronta para correr quando foi fortemente segurada por Vadette.

 

- É assim que trata velhos amigos, Elliot? Depois de tudo o que vivemos? – ironizou Laila.

 

- Deixe-a ir. É a mim que você quer. – pediu.

 

- Elliot, Elliot... tantos anos e continua um cavalheiro. Achei que a convivência com os Tremere tivesse apagado os bons modos dos Ventrue, mas o sangue sempre aflora.

 

- Maldita! – praguejou tentando desvencilhar-se dos atacantes.

 

- Não é irônico? Sete séculos atrás estávamos na mesma situação. Catharina à minha mercê e você tentando desesperadamente salvá-la. – Laila voltou-se para Mirella – Catharina, Eu mal me lembrava do seu rosto puro...

 

Elliot se debatia furiosamente.

 

- Já mandei deixá-la ir, Laila!

 

- Ou o quê? – desafiou.

 

- Pardon, mademoiselle, mas deve ter cometido algum engano. - tentou a jovem – Meu nome não é Catharina.

 

- Silêncio! – mandou a vampira desferindo-lhe um tapa no rosto – Não ouse falar comigo, humana insignificante!

 

Aquilo foi o estopim para Elliot. Seu ódio foi tanto que perdeu o controle sobre suas habilidades: seus olhos avermelharam-se e sua força descomunal afastou como a moscas os dois vampiros que o seguravam.

 

Livre, ele avançou na direção da vampira, que, rapidamente, colocou-se atrás de Mirella, dando à jovem visão frontal da real natureza do Lorde. A bailarina levou a mão à boca na tentativa de reprimir seu medo.

 

- Será que a donzela ainda vai lhe dedicar alguma atenção depois de ver o monstro que é? – provocou a ventrue.

 

Elliot não se conteve e a atacou.

 

Apesar da experiência de Laila ser muito maior, o vampiro estava defendendo-se muito bem e atacando com precisão. Infelizmente, a astúcia da dama fez toda a diferença, causando graves ferimentos no oponente, sendo o pior deles, um grande corte no abdômen, que o levou ao chão.

 

- Ainda tem muito que aprender, querido. – sussurrou Laila ajoelhando-se ao lado do corpo. Com a intenção de irritá-lo, ela levou os dedos em seu ferimento sujando-os de sangue para, em seguida, lambê-los. – Seu sangue ainda é o melhor que já provei.

 

Já de pé, Laila virou-se para Vadette e com um aceno de mão, deu ordem para soltar a garota. Eles iriam embora.

 

- Nos veremos novamente, Elliot. – Comentou Laila – E você também, Catharina, não a deixarei em paz até conseguir o que quero. – Avisou antes de desaparecer da mesma forma sinistra com que aparecera.

 

- Elliot! – Chamou a garota vendo-o estendido no chão.

 

Mirella ajoelhou-se ao lado do rapaz, constatando que estava apenas inconsciente devido à luta. Juntando forças, a garota apóia-o em seu ombro, segurando-o também pelas costas e começa a caminhar. Intimamente agradeceu por ninguém mais se encontrar no parque, com exceção de alguns casais, ocupados de mais para lhe dar atenção.

 

Enquanto dirigia-se para casa, um policial, parado na esquina pergunta-lhe:

 

- Aconteceu alguma coisa, mademoiselle?

 

- Não, apenas meu namorado que bebeu demais. – Mentiu.

 

Com o consentimento do guarda retornou seu trajeto. Levou cerca de meia hora até que avistasse a porta de sua humilde moradia. Não demorou a entrar e deitar o vampiro inconsciente em sua cama.

 

Afrouxando as vestimentas do rapaz, Mirella constatou um ferimento no abdômen do mesmo, tratando logo de providenciar gaze e água.

 

A bailarina retirou a camisa, antes branca, de Elliot não deixando de observar os músculos definidos do tórax do rapaz. Repreendeu-se mentalmente por isso enquanto limpava o ferimento e fazia um curativo.

 

Tomando cuidado para não deixar a janela de nenhum dos recintos abertas, Mirella apaga a luz do quarto, fecha a porta, não sem antes providenciar uma muda de roupa, e dirige-se ao banheiro. Estava confusa e cansada, assim sendo, esperava encontrar no banho alguns instantes de reflexão e descanso. 

 

* * * 

 

Já passava das onze da noite quando Elliot finalmente recobrou os sentidos. Encontrava-se zonzo devido à falta de sangue.

 

- Preciso me alimentar. – Comentou para si. – Mas antes preciso descobrir onde estou.

 

O vampiro não demorou a constatar que se situava na casa de Mirella. E logo encontrou a mesma debruçada sobre o balcão da cozinha.

 

- Mirella? – Chamou-a apreensivamente, afinal não sabia qual seria sua reação.

 

- Que bom que acordou! – Alegrou-se enquanto caminhava na direção do rapaz e o abraçava.

 

- Sua ferida. – Lembrou-se, desvencilhando-se rapidamente.

 

- Está tud.... – Disse Elliot enquanto uma tontura repentina o fez parar, sendo amparado por Mirella.

 

- O que aconteceu? – Perguntou preocupada. – Eu quero te ajudar, mas não sei como. – Desesperou-se.

 

- Não precisa se preocupar. – Comentou recobrando a força de seus membros inferiores. – Aliás, não está com medo de mim? – Questionou-a curioso.

 

- Eu deveria, mas não consegui. – Confessou.

 

- Me alegra saber disso. – Comentou. – Mas acho melhor eu ir.

 

- Não pode sair desse jeito! – Protestou Mirella.

 

- Se eu ficar, você correrá mais perigo do que já está correndo. –Advertiu-a.

 

- Mas...

 

- Mirella. – Chamou-a serenamente enquanto fixava seu olhar no dela. – Eu sei que quer me ajudar, e lhe agradeço muito por isso. Mas, acho que não devemos nos ver mais. Gosto de você, mas quero vê-la livre e viva, de preferência. – Explicou enquanto sentia seu coração despedaçar-se.

 

- Então você vai embora? – Constatou com os olhos marejados. – E se ela aparecer? Laila não era esse o nome daquela mulher? Como eu vou fazer? O que eu vou fazer? – Questionou já chorando.

 

- Você...... – Elliot novamente vai ao chão, agora com uma das mãos em seu abdômen.

 

- Você precisa de sangue não é? – Disse depois de ajudá-lo a se erguer e não recebendo resposta.

 

- Tome. – Disse a garota retirando o lenço que amarrara em seu pescoço, oferecendo o mesmo ao rapaz.

 

- Por que faz isso? – Questionou-lhe. – Por que oferece ajuda a um ser que nem conhece?

 

- Eu não sei te responder. – Confessou. – Só sei que eu quero te ajudar, e se você precise de sangue...

 

- Mirella. – Chamou-a fazendo que a mesma mudasse o foco de sua atenção. – Eu quero te ajudar e tenho meios para isso, mas preciso que você confie em mim.

 

- Eu confio. – Murmurou ainda oferecendo sua jugular.

 

Elliot aproximou-se de Mirella. Embora querendo ajudá-lo, a garota não pode controlar seu medo dando um passo para trás enquanto segurava com firmeza o lenço em sua mão.

 

Sorrindo intimamente, o vampiro segurou sua mão enquanto com a outra segurava delicadamente seu queixo, fazendo-a olhar em seus olhos. Delicadamente aproximou seus lábios dos dela beijando-a ternamente, aprofundando o beijo, em seguida.

 

Não tardou muito e Mirella logo se encontrava totalmente entregue aos beijos ora carinhos ora cheios de paixão. Somente assim Elliot começou a beijar-lhe o canto da boca, fazendo um trajeto de beijos até o pescoço da garota, local esse que encheu de pequenos beijos ante de cravar seus caninos na jugular da mesma. Há tempos que Elliot não provava o doce sabor de um beijo, pensava ele enquanto saboreava o delicioso néctar que era o sangue humano.

 

Mirella soltou um gemido abafado, segurando-se para não gritar enquanto apertava com força a mão do vampiro. Elliot, por sua vez, não bebeu mais que o necessário, o equivalente a uma doação de sangue. Assim que aplacou sua sede, o vampiro estancou o pequeno sangramento com mais alguns beijos.

 

A garota, embora não tivesse perdido tanto sangue, encontrava-se levemente tonta e com suas pernas prestes a falhar devido à noite agitada que tivera, facilitando assim que o sono percorresse cada parte de seu corpo. Com extrema delicadeza, Elliot pegou-a no colo e deitou-a na cama assim que o sono conduziu-a aos domínios de Morfeu. Retirou o lenço de sua mão e amarrou-lhe no lugar de origem, escondendo assim a pequena prova de seu pecado.

 

Cobrindo-a com uma colcha que achou nos pés da cama, fechou a porta atrás de si, voltando para a sala. Retirou o celular do bolso e discando uma seqüência já decorada de números esperou que atendessem.

 

- Matheus? – Confirmou antes de continuar. – Poderia vir ao meu encontro? Eu te explico depois. – Concluiu antes de encerrar a ligação. 

 

Continua...

 

______ * * * ______

 

Desculpem pela demora e pelo tamanho do capítulo... e olha que tiramos alguns tópicos!

Bom, os pedidos são os mesmos: Reviews e blá blá blá.

 

E agradecimentos especiais a todos que nos acompanham, principalmente a Bella_S2, Bruna_15, o0nyuu_chan0o e Lyriath que deixaram suas marquinhas.

 



[1] Houve uma alteração de data para não entrarmos em contradição na história.

[2] Vamos dar créditos a quem merece. Essa frase não nos pertence, mas a seu respectivo autor.

[3] Uma explicaçãozinha rápida: a Laila diz isso porque os Toreador são um clã essencialmente de artistas, como músicos e pintores.

 


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Notas finais do capítulo

Partes românticas de autoria da Nefertari.