Luh PDV

Quinta-Feira 7h10min – Dois dias para o aniversário de Aly

Assim que entrei na sala de aula vi Aly batendo a cabeça na mesa e fui em sua direção.

Coloquei minha bolsa em minha mesa e fui em sua direção.

- Oi? – falei segurando a cabeça dela.

- A minha vida é uma droga! – ela fez um choro falso e eu quase ri.

- Não acho que a vida de alguém que conheça o Justin Bieber seja uma droga, mas me diga, o que te perturba? – segurei a risada.

Eri veio em nossa direção e se ajoelhou ao lado da mesa.

- Lembra do Thomás? – falou e eu soltei sua cabeça.

- Aquele garoto de novo? – disse com raiva.

- Ai – murmurou.

- Sorry honey – falei rindo.

- Ri da desgraça dos outros.

- O que ele te fez agora? – Eri perguntou e ela levantou a cabeça. Tinha uma mancha vermelha na testa.

- O de sempre! – se levantou e foi saindo da sala.

- Um belo “não”, não vai doer – disse seguindo ela.

Ela revirou os olhos e se deixou cair em um dos bancos do pátio da escola.

- Eai Aly, pensou no que eu te falei? – a praga.

- Falando no diabo... – murmurei e Eri riu.

- Pensei e a resposta é a mesma: NÃO – Thomás só sorriu, um sorriso metálico odiado por muita gente.

- Você vai dizer sim! Elas sempre dizem!

- Elas? Elas quem? Só se elas forem cegas, surdas e burras! Podem também ter uma doença muito séria, ou o desespero ser grande! – falei, mas ele nem olhou pra mim.

- Thomás eu não posso sair com você – Aly disse carinhosamente. Quando ela quer, pode ser um doce de pessoa!

- Por que?

- Porque... – ótimo Aly! – Porque eu... tenho namorado – sorriu amigável e eu vi Erica arregalar os olhos.

- Ah tem? Quem é? – estreitou os olhos castanhos.

- O nome dele é...

- Justin! Justin Bieber! – merda! Por que eu me meto nessas coisas mesmo?

E a mal agradecida ainda me mata só com os olhos!

- Ah sim! É eu vi notícias de vocês três e outros três garotos no shopping – ele assentiu se lembrando – Mas sabe Aly, você não parecia muuuito feliz de estar lá com ele!

- Mas agora estamos juntos e muito felizes sim, ok? E você não se meta nisso!

- Você não me engana Aly. Nenhuma de vocês! É mentira – ele estava sério e eu estava quase rezando pro sinal tocar.

- Não é! Tá bom eu vou provar pra você – Aly se virou pra nós pedindo ajuda.

- Olha aqui garoto, se ela for com você, tu para de irritar? – perguntei e Aly tava quase voando no meu pescoço.

- Talvez – ele me olhou desconfiado.

- Ok, Aly sai com você só hoje! E vamos ver o que acontece – Eu já tinha tudo bolado na cabeça.

- Te pego as sete – ele piscou pra ela e saiu.

- Pega? Pega ninguém não! Tu num pega nem resfriado muleque! – Aly disse se levantando e indo pra classe – Luana, eu pedi ajuda, não pedi pra você me ferrar ainda mais!

- Calma honey! Eu tenho tudo preparado... – sorri e ela me olhou pelo canto do olho.

- Vixe – murmurou e Eri começou a rir.

- Fala ai, o que você vai fazer – perguntou e se sentou na cadeira que ficava na frente da minha.

- Primeiro eu preciso falar com meu pessoal – peguei o celular e disquei um número conhecido.

[...]

- O QUE? – gritou o ser com os olhinhos cor de mel arregalados.

- Isso mesmo que você ouviu! – sorri e vi que Erica quase chorava de rir.

- Não! Não mesmo! De jeito nenhum! A Aly me odeia! Quer fazer isso comigo? Olha que se eu morrer mais de seis milhões de pessoas vem atrás de você! – avisou e eu ri revirando os olhos.

- Dramático! Olha, ninguém vai morrer não! No máximo você vai ser espancado, nada de mais! Mas presta atenção! Esse menino tá no pé dela desde os 10 anos! Seja um carinha muito gentil e faça isso por mim... por ela... por suas Beliebers!

- Não mete minhas Beliebers nisso! – avisou se levantando – Sete horas?

- Ah eu te amo! – dei pulinhos e ele me olhou com cara de tédio – Sete, eu vou com você pra ver como saem as coisas!

- Eri, diz pra minha mãe que eu amo ela! – falou e Eri tava quase morrendo de rir.

- Eu não dirijo ok gracinha? – falei e ele assentiu caminhando pra porta.

- Até as sete! Não acredito que vou fazer isso! – olhou pra cima e balançou a cabeça.

- Eu sim! Sempre quis fazer isso! – sorri ansiosa e ele me olhou com os olhos arregalados e uma sobrancelha levantada – Tchau Bieber!

Aly PDV

- Tudo bem, você tem que estar linda! – Luh disse abrindo meu armário.

- Luh, a ideia é fazer ele correr de mim. Não atrás de mim! – sorri sem humor e ela me ignorou.

- Temos um plano e vamos segui-lo, love! – ela começou a pegar as roupas e analisar.

- Um plano que você ainda não me contou – cantarolei tirando os tênis.

- E não vou contaar – cantarolou de volta – Tá fazendo o que aqui? Vai tomar banho menina! Vai logo – me empurrou pro banheiro.

- Luana nada de brilho, salto ou coisas chiques tá bom? – ela assentiu, mas tive a sensação de que ela nem ouviu o que eu disse.

Tomei um banho longo, querendo prolongar ao máximo a minha tarde.

Me enrolei em uma toalha e sai com os cabelos molhados para o meu quarto.

- Tá bom, foi difícil, mas eu achei! Veste isso aqui – ela apontou para uma roupa em cima da cama. Vi uma saia jeans.

- NÃO! NANANANANAÃO! – gritei pegando a saia, mas ela me impediu.

- Não reclama, faz o que eu mandei! – Nem um pouco autoritária!

- Tá mamãe! Sai do quarto! – apontei pra porta e ela saiu radiante.

Coloquei a maldita saia, a camiseta e joguei a sapatilha que ela escolheu longe. Procurei um All Star no armário (http://www.polyvore.com/aly_encontro/set?id=26662489)

- Luh, onde você achou essa camiseta? – perguntei quando ela entrou no meu quarto com um secador nas mãos.

- Tava em uma pilha no canto do armário, por quê? – ela secou meu cabelo com a toalha.

- Amore, quando você vir alguma coisa no meu quarto e essa coisa estiver numa pilha ou jogada em algum canto, significa que eu odeio e nunca na vida vou usar! – respondi e ela fez cara feia pro espelho.

- Ela é linda Aly! Não sei porquê você não gosta! E vai usar sim! – revirei os olhos. Não ia adiantar discutir – E por que você tá usando All Star se eu escolhi uma sapatilha?

- Porque assim como a camiseta, a sapatilha estava em algum canto do quarto, ou seja, eu odeio e nunca vou usar! – sorri e ela bufou – Tem certeza que isso vai dar certo?

- Claro! Você vai ver, eu tenho tudo pronto – ela começou a secar meu cabelo.

- Luana, suas armações sempre acabam em problemas! – adverti e ela mostrou a língua.

- Mas essa vai ser tão perfeita, que no fim você vai se surpreender com o resultado – sorriu se achando.

- Vou confiar em você sua louca! – falei e ela riu.

Secou meu cabelo até que ele estivesse completamente liso e depois me fez passar um gloss com gosto de morango na boca. Eu fiquei o tempo todo passando a língua nos lábios, o gosto era muito bom! O gloss já era!

- Ele chegou! E eu tenho que ir pra casa! Boa sorte amor! – ela piscou e saiu.

Fui atrás dela e encontrei Thomás encostado em um taxi.

- Oi – falei de má vontade.

Ele sorriu e me mediu com os olhos, parando nas minhas pernas.

- Cabeção! Meu rosto é aqui em cima! – esbravejei e ele só sorriu mais. Luana, você me paga!

- Você está linda! – disse abrindo a porta pra mim.

- Obrigada – disse educada e sem olhar pra ele.

[...]

Tédio! Tédio! Tédio! Nunca senti tanto tédio na vida! Esse garoto só fala de jogos e carros! Pelo amor de Deus, alguém me tira daqui! E cadê esse “plano” da Luana? Socoooooooorrooooo!

Eu ficava murmurando alguns “humm” e “ah”, mas acho que ele nem notava que eu não estava prestando atenção!

O garçom chegou com a minha lasanha e a comida esquisita que eu não lembro o nome que ele pediu. Mesmo enquanto comia o garoto insistia em ficar falando. Fiquei quieta somente tentando ouvir a música baixa que tocava ao fundo.

A praça de alimentação do shopping não estava muito lotada, o shopping não estava lotado, então não foi difícil ver Luana conversando com Justin. Ah. Meu. Deus! Ela vai não vai fazer isso comigo! Bom, na verdade, é melhor do que nada! Eu prefiro mil vezes o Cabeça de Lego do que esse panaca aqui na minha frente que tá falando alguma coisa sobre carros.

Terminei de comer e fiquei tomando a Sprite que havia pedido enquanto ele falava, falava e falava mais...

- Aly? – ouvi a voz rouca conhecida que eu mais queria ouvir agora perto e olhei pra cima.

- Justin! Meu amor! O que você tá fazendo aqui? – levantei e o abracei. O paspalho Sorriso Metálico me olhou sério. Ah sim! Eu chamei o Justin de meu amor! Inventaram, agora tem que continuar o teatro.

- Somente vim dar uma volta! Luh disse que você iria vir aqui! Tudo bem? – ele sorriu carinhoso pra mim e eu sorri de volta.

- Claro! Tudo ótimo! Justin, esse é Thomás, o garoto que eu te falei! – apresentei e Thomás se levantou com uma cara nada boa. YEAH!

- Prazer Thomás, eu sou Justin, namorado da Aly – Esse era o plano! Lógico, Maria Alice, você é uma anta! Justin envolveu minha cintura pra comprovar.

- Namorado? – Thomás disse incrédulo, uma pontada de sarcasmo na voz – Até parece! Vocês devem ter armado tudo isso! – garoto esperto!

- Thomás, aceita que você tá errado! Eu te disse! – falei.

- Provem – desafiou.

- Provar como? – Justin perguntou apertando mais seu abraço.

Thomás pensou por um tempo e analisou o braço de Justin na minha cintura.

- Um beijo – congelei. Ah não! Não, não, não, não! Por favor, me diz que isso não tá acontecendo!

- Um beijo? – Justin o encarou com os olhos estreitos.

- Eu não gosto de beijar em público! – Nossa! Tá, isso foi muita burrice, mas eu estou sob pressão! Minha cabeça não funciona direito!

- Eu sabia – ele sorriu vitorioso.

- Sabia nada! Quer um beijo? Tá bom! Você vai ter um beijo –peguei o rosto de Justin entre as mãos e o beijei.

Uma corrente elétrica percorreu meu corpo e de repente esqueci tudo a minha volta. Justin ficou meio sem reação, mas depois envolveu minha cintura me puxando pra mais perto. Justin me beijava carinhosamente, não como se estivesse fingindo ou como se fizesse por obrigação, mas como se quisesse aquilo. E eu... estava sentindo algo naquele beijo. Havia paixão, um amor que eu nunca soube que existia! Não estávamos ali pra fazer Thomás acreditar que estávamos namorando, estávamos ali porque queríamos!

- Tá acredito! Podem parar de se engolir! – ouvi Thomás se afastando, mas nem dei importância.

Justin separou o beijo. Estávamos os dois ofegantes.

- O que foi isso? – perguntou e eu apertei os olhos com força.

- A minha morte – me afastei e sai andando.

- Aly – ouvi Justin atrás de mim.

- Esquece isso! Esquece tudo! Me esquece! – falei sentindo as lágrimas em meus olhos. Passei a mão pelo rosto e sai correndo do shopping.

Peguei meu celular e chamei um taxi e fiquei esperando, rezando para que Justin não aparecesse ali. Nem ele, nem a droga do Thomás, que vai morrer de alguma forma!

- Aly – reconheci a voz de Luana atrás de mim – Justin me contou o que aconteceu.

- Olha Luh, obrigada por tentar me ajudar, seu plano realmente funcionou! Mas como eu disse, suas armações sempre acabam em problemas – falei e entrei no taxi que parou a minha frente.

- Aly! – ela me chamou, mas eu ignorei e falei meu endereço pro taxista.

Eu não devia ter feito isso! Mais noites mal dormidas, mais mau-humor, mais dor... Eu deveria saber que aquilo nunca passou!