No outro dia era sábado. Lizzie como sempre passou o sábado lendo, o que às vezes irritava seus pais. Eles sabiam que sua filha tinha poucos amigos, mas ela nem ao menos se esforçava para conseguir um. Lizzie estava mergulhada em mais um de seus livros, dessa vez um da Agatha Christie, “Assassinato no Expresso do Oriente”, quando escuta sua mãe gritando da sala, a chamando.

– Lizzie!! Telefone!!

“Telefone?? Para mim?? Só pode ser engano”. Lizzie foi até a sala, pegou o telefone e atendeu:

– Alô??

– Lizzie? - A voz do outro lado do telefone perguntou.

– Sim... Quem é?

– Não acredito que você não reconheceu minha voz, depois do que fizemos ontem. – A voz falou rindo.

– John? Não fale assim, você parece um tarado – Lizzie falou sorrindo.

– Agora sim... Tudo bem? – John perguntou.

– Sim... Você?

– Também...

– Como conseguiu meu telefone? – Lizzie perguntou sentando-se no sofá.

– Eu tenho minhas fontes... – Ele falou sorrindo.

Lizzie não falou nada, apenas sorriu. Sua mãe que agora estava na sala, estava achando estranho a cena, primeiro o telefonema, depois Lizzie sorrindo falando ao telefone. Essa pessoa merecia um prêmio.

– Então?? – Lizzie perguntou.

– Então o que? – John perguntou confuso

– Porque você me ligou?

– Porque eu queria ouvir sua voz. – John falou sarcasticamente.

– Você está parecendo um apaixonado – Lizzie falou corando.

– Quem disse que eu não estou? – John falou sorrindo.

Lizzie ficou calada, ela sentiu seu rosto ficar vermelho e agradeceu por ela estar falando no telefone e não pessoalmente.

– Vamos, fale logo o que quer... – Lizzie falou, por fim.

– Nossa, eu faço uma declaração de amor para a garota e ela pergunta o que eu quero, que sensibilidade. – John falou rindo.

– Eu sei, obrigada. Mas fala logo o que você quer, Don Juan?

– O que eu quero... Eu quero ir te convidar para assistir cinema comigo?

Lizzie ficou assustada, ela nunca fora convidada por ninguém para ir para o cinema, e agora um menino entra na vida dela e menos de um mês depois já a convida para ir pro cinema. Ela demorou para responder.

– Vamos! Eu to te convidando para ir para o cinema comigo... Não te pedindo em casamento. Se bem que se você quiser...  – John falou percebendo a demora da garota em responder.

– Eu não sei...

– Vamos? A gente vai amanhã... Prometo que não vou te agarrar dentro do cinema não. Talvez só na fila...

Lizzie riu com aquele comentário, John era engraçado.

– Eu vou pensar... Prometo.

– Então amanhã eu te ligo para saber a resposta.

– Certo. Tchau.

– Tchau.

Lizzie desligou o telefone e ao olhar para o lado vê sua mãe.

– Quem era Lizzie? – Perguntou ela interessada.

– Uma pessoa.

– Não, jura? Pensei que fosse um cachorro telefonando para você. – A Sra. Isabelle falou, tentando ser sarcástica.

– Quase isso mãe. Quase isso. – Lizzie falou se levantando.

– Lizzie! Volte aqui... Me conte essa história direito... – A mãe de Lizzie falou se levantando.

Lizzie correu para o quarto dos pais rindo. Seu pai estava trabalhando lá, em cima da cama, com o notebook, e achou estranha a invasão da filha. Ele apenas sorriu.  Em seguida ele viu sua mulher correndo atrás de Lizzie perlo quarto. Ele apenas ria, achando graça da cena. Por fim, cansado das duas correrem ele falou:

– O que está acontecendo aqui?

– Sua filha, Richard, não quer me contar com quem estava falando no telefone.

– Agora eu quero saber... – o Sr. Richard falou, deixando o computador de lado.

– Vão ficar querendo... Eu não conto... – Lizzie falou.

Os pais de Lizzie se olharam, piscaram o olho um para o outro e correram atrás da filha, pelo quarto. Quando a alcançaram eles fizeram cócegas em Lizzie até ela confessar.

– Vamos, confesse. – A mãe de Lizzie falava enquanto via sua filha contorcer de risos em cima da cama.

– Ta... Ta... Eu... Falo... – Lizzie falava entre risos.

O pai de Lizzie imediatamente parou de fazer cócegas e todos se sentaram na cama, Lizzie ainda recuperando o fôlego.

– Foi o John... – Lizzie falou, se rendendo.

– O filho do Oliver? – O Pai de Lizzie perguntou.

– Sim...

– O que ele queria? – A Sra. Isabelle perguntou sorrindo.

– Me convidar... Pro cinema...

– E você aceitou? – A mãe de Lizzie perguntou.

– Não, disse que ia pensar.

Imediatamente os pais de Lizzie começaram a cantar e a fazer mais cócegas em Lizzie: “Ta namorando! Ta namorando!”.

Só deu tempo de Lizzie falar: “Vocês estão parecendo adolescentes” antes dos pais recomeçarem as brincadeiras.

Continua...