Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

O CASAMENTO

Chiisana Hana

Capítulo XVII

O passeio nas Ilhas Maldivas foi um desastre. A chuva não deu trégua, e Seiya e Saori acabaram trancados no hotel. Como muito tempo juntos sempre acaba em briga, dessa vez não foi diferente.

Na última noite da viagem...

(Seiya, batendo à porta do quarto de Saori) Minha deusaaaaaaa! Vim dormir aqui com você! (pensando) Dessa vez eu consigo dormir lá!

(Saori, sem abrir a porta) Nada disso! Combinamos dormir em quartos separados!

(Seiya) E se eu disser que a chuva alagou meu quarto e meu colchão ficou boiando?

(Saori) Eu digo que é mentira!

(Seiya) Então abre a porta pra ver como eu estou todo molhado!

(Saori) Molhado? Você deve ter se enfiado debaixo do chuveiro.

(Seiya) Que nada! Aaaaatchin! Olha só, tô até espirrando! Vou pegar uma pneumonia! Abre, amoreco!

(Saori, abrindo a porta) Entra...

(Seiya, completamente seco) Oiiiii!

(Saori) Você me enganou! Vai apanhar!

(Seiya) Num bate em mim. Dá só um beijinho que eu vou embora.

(Saori, dando o beijo) Só um.

(Seiya, agarrando Saori) Minha deusa, eu adoro você!

(Saori) Páraaaaaa! Era só um beijo!

(Seiya) Por que essa resistência toda, hein? Já falei mais de mil vezes que amo você, Saori. Não vai me dizer de novo que “é só casando”. Eu não acredito nisso. Você é uma mulher moderna!

(Saori) Eu não me sinto pronta.

(Seiya) Que conversa fiada.

(Saori) Acredite se quiser! E agora vá para o seu quarto!

(Seiya) Já vou. (pensando) Mulher é um bicho estranho mesmo. Eu estou aqui, cheio de amor para dar e ela me manda embora com essa desculpa esfarrapada de não estar pronta. Que pronta o quê!? Garanto que a Mino ou a Shina já teriam cedido, mas eu, o tonto do Seiya, escolhi logo a deusa! Agora tenho que agüentar.

(Saori, pensando) Eu tenho certeza sobre o que sinto por Seiya. Eu sei que o amo. No entanto, não quero fazer amor com ele. Por que será que me sinto assim? Como eu queria entender.

Em seu quarto, sem ter o que fazer, Seiya decide ligar para Shun.

(Seiya) E aí, como é que foi o passeio com Seika?

(Shun) Eu detesto machucar as pessoas, mas você eu vou matar com vontadeeee!

(Seiya) Foi tão ruim assim?

(Shun) A sua irmã é tarada! Ela tentou me agarrar! E ainda me roubou um beijo!

(Seiya) Foi? (pensando) Graças a Deus mandei ela passear com o Shun. Se fosse o Ikki a minha pobre irmã estaria lascada.

(Shun) Eu quero cinco pelúcias! Cinco! Ouviu bem? Além das quatro que você prometeu, quero mais uma do Keroro! Mas essa tem que ser a edição especial de Halloween! E ainda não vai ser o bastante para pagar pelo desespero que eu passei.

(Seiya) No desespero estou eu! Não pára de chover nessa droga de ilha, estou trancado no hotel e a Saori me expulsou do quarto dela!

(Shun) Deve ser porque você tem os mesmos costumes da sua irmã e tentou atacá-la.

(Seiya) Vê se cresce, Shun! Eu namoro a Saori! Tenho todo o direito de atacá-la.

(Shun) Vê se cresce você e não força a barra com a Saori. Ela é a Athena!

(Seiya) Cala a boca! Escuta, eu liguei para pedir outro favor.

(Shun) Nuncaaaaaaaa! Não quero nem saber! Tchau! (desliga o telefone)

(Seiya) O que deu nele? Era só brincadeira.

Irritado, Shun relembra o fim de semana com Seika...

(Shun, com o telefone nas mãos) Ai, lá vou eu dar início à tortura... (disca o número de Seika) Ah, oi Seika... Eh... eu... como é que você está?

(Seika) Estou meio tristinha. Saori levou Seiya para passear e ele só deixou um bilhete pra mim... mas ele tinha prometido me levar ao parque novo...

(Shun) Ah, é? Então... você... você... não quer ir ao parque comigo?

(Seika) Jura?

(Shun) Sim... vamos?

(Seika) Claro!

(Shun) Então eu pego você amanhã às quatro da tarde, certo?

(Seika, antes de desligar) Certo, lindinho!!

(Shun, depois de desligar) Ai, meu Deus, onde eu fui amarrar meu burrico?

Sábado à tarde, Shun vai buscar Seika...

(Seika, pulando no pescoço de Shun) Shunzinho! Vamos passear, vamos!

(Shun, tentando se desvencilhar de Seika) Vamos sim. O táxi já está esperando lá embaixo. (pensando) Vai ser complicado...

(Seika)Vamos!

Durante todo o trajeto, Seika investe em Shun...

(Seika) Shunzinho, você gosta de alguém?

(Shun) Gosto. Gosto do Ikki, do Seiya, do Hyoga, do Shiryu, da Shunrei...

(Seika) Estou falando de amor, Shunzinho. Você é apaixonado por alguém?

(Shun) Ah... isso? Não, eu sou muito novinho para isso, tenho que me dedicar aos estudos e...

(Seika, abraçando Shun) Mas dá pra conciliar os estudos e o amor.

(Shun) Eu também tenho as aulas de piano e vou começar o inglês... e chegamos ao parque...

(Seika) Hum... quero ir no Trem Fantasma.

(Shun) Trem Fantasma? Vamos primeiro no carrossel?

(Seika) Carrossel? Isso é coisa de criança! (puxando Shun) Vamos no trem!

(Shun) Tá... vamos.

Lá dentro, a cada monstrengo que aparece, Seika agarra Shun. Quando termina, ele se desvencilha rapidamente das ‘garras’ dela.

(Shun, meio desesperado) Seika, não me leve a mal, mas acabo de lembrar que tenho uma prova importante segunda, acho melhor irmos embora.

(Seika) Já? Ah, não! Você estuda amanhã.

(Shun) Mas ainda tem muito assunto para estudar.

(Seika) Ora Shun, eu sei que você é um ótimo aluno e que já deve ter estudado toda a matéria há pelo menos uma semana!

(Shun, pensando) Ai, como é que eu escapo dessa? (para Seika) Não, dessa vez não consegui adiantar.

(Seika) Vamos fazer um trato: a gente vai embora depois de andarmos na roda gigante.

(Shun) Roda gigante, Seika?

(Seika) Aham! Não aceito um não.

(Shun) Está bem. (pensando) Agüenta mais um pouco, Shun.

E lá em cima, como não tinha para onde Shun correr...

(Shun) Seika, chega mais para lá um pouquinho, você está quase no meu colo.

(Seika) O que é que tem, lindinho?

(Shun, olhando para o outro lado) É que estou ficando com calor.

(Seika) Hum... jura? Olha pra mim, lindinho.

Shun se vira para olhar, Seika aproveita e rouba-lhe um beijo, que não é correspondido.

(Shun, assustado) Seika!

(Seika) Que foi, fofinho? Não gostou?

(Shun) Seika, as coisas não podem ser assim. Eu não quero que isso se repita. Não dessa forma.

(Seika) Então faz da forma que você quiser!

(Shun) Seika! Por favor!

(Seika) Está bem, eu espero até você querer.

(Shun, pensando) O Seiya me paga! Ah, me paga! Ele vai ver só.

--C--H--I--I--

Como a viagem às Maldivas não fez bem ao relacionamento de Seiya e Saori, foi rapidamente esquecida por ambos.

Saori agora está focada na reinauguração do Coliseu Graad. Com os detalhes da festa já resolvidos, ela parte para a escolha do vestido. E não precisa nem sair de casa, pois os estilistas mais famosos estapeavam-se para ver a Srta. Kido usando suas criações (e ela muito raramente faz isso). Quando a festa começou a ser divulgada, eles se apressaram em mandar seus melhores vestidos para ela. Depois de provar todos e escolher um, ela manda chamar Seiya para mostrar o smoking que ele teria de usar. Ele, por sua vez, está em casa se preparando para visitar Saori quando recebe a correspondência. Misturada a contas, propagandas e outras bobagens, está a carta que mudará a sua vida.

“Olá Seiya!

Como vai? Soube que você já está andando de muletas. Isso é ótimo! Seika já está bem readaptada ao Japão?

Aqui em Atenas está tudo calmo. O Santuário está em processo de reconstrução, como você já deve saber. Por isso estamos morando num condomínio próximo da cidade.

Dohko é um mestre perfeito. Ele revolucionou tudo ao abolir o uso das máscaras. Segundo ele, essa história de termos que esconder os rostos para nos igualarmos aos homens na batalha só servia mesmo para deixá-los com vontade de arrancar as máscaras. Ele disse que antigamente não fazia muita diferença porque as armaduras eram maiores e as roupas mais largas. Agora, com roupas tão coladas, deixou de ser importante esconder o rosto. Eu particularmente estou adorando desfilar livre daquele troço incômodo. O Mestre também autorizou (e incentivou) o estudo. Então, agora o condomínio está parecendo um cursinho pré-vestibular! Você precisava ver os dourados estudando!

Como por muito tempo desconfiei que você fosse meu irmão, acabei por me afeiçoar a você. Então, resolvi escrever essa carta para contar-lhe também uma novidade: estou namorando Aiolia. Na verdade, ele se mudou para a minha casa e depois viemos juntos para a casa dele no condomínio. Garan, o criado de Aiolia, e Lithos também estão aqui. Ei, você conhece a Lithos? Acho que não... Bom, Lithos é uma menina que Aiolia salvou há muito tempo. Como ela não tinha família, acabou ficando na casa de Leão para ajudar Garan. Aiolia gosta muito dela e a trata como irmã. Nós duas nos damos muito bem. Aliás, nós quatro nos entendemos muito bem. Acho que estamos começando a ser uma família. Não é ótimo, Seiya?

Abraços

Marin

P.S.: Shina sempre pergunta por você. Se puder, mande uma cartinha para ela, pelo menos para dizer que você está bem.”

(Seiya, consigo) Engraçado, estava pensando nas duas hoje cedo.

Seiya pega papel e caneta e começa a escrever. Espanta-se ao ver que sua letra está mais firme e já não parece mais tão infantil.

“Querida Marin,

Finalmente você e Aiolia assumiram o que já estava no ar há tempos! Estou muito feliz por vocês. Aiolia é um cara legal e vai cuidar de você direitinho. Essa tal de Lithos eu não conhecia, não. Ela é bonita? Tem certeza que não é uma filha que o Aiolia fez por aí? Olha lá!

É verdade, já não preciso mais da cadeira de rodas! É um alívio não usar mais aquela maldita. Ainda mais porque rolava uma disputa entre Seika e Saori para decidir quem me empurrava. Pois é, eu e Saori estamos namorando. Aos trancos e barrancos, mas estamos. Não é fácil.

Seika está muito bem. Ela está estudando. Quer ser professora. E eu, por enquanto, estou curtindo a vida. Depois acho que vou abrir um negócio qualquer. Herdei muita grana do Kido, nem preciso trabalhar, mas quando o Shiryu telefona, ele fica me enchendo o saco e dizendo que eu vou virar playboy filhinho de papai. Mas não é bem assim porque eu até faço trabalho voluntário com as crianças do orfanato. Jogo futebol e vídeo game com elas! E isso é importante para o desenvolvimento saudável (foi a Seika quem disse isso, mas é claro que ela não estava se referindo ao futebol e ao vídeo game!)

Fui.

Seiya”

Logo em seguida, ele começa outra carta.

“Shina!

Hoje acordei pensando em você, acredita? Não? Pois é a mais pura verdade, sua teimosa! Aí resolvi escrever uma carta e espero que você não a rasgue antes de ler.

Como você está? Já se acostumou a viver sem a máscara? Do jeito que você é do contra, acho que não. Eu gosto mais de você sem ela, sabia?

Quando é que você vem pro Japão de novo? Queria levá-la para passear. Da outra vez que você veio, infelizmente eu estava meio arrebentado, mas agora já posso ser seu guia turístico.

Hum... vou parar por aqui porque não sei mais o que escrever. Não sou mesmo muito bom com essas coisas.

Um abraço.

Seiya”

(Seiya, consigo) Que droga de carta é essa? Também eu queria escrever o quê? Que eu e Saori ainda estamos juntos e passamos um tempo nas Ilhas Maldivas? Está certo que foi uma porcaria, mas saber disso só deixaria a Shina pior. Ah, eu tenho tanta saudade daquela maluca. Que coisa estranha.

O telefone toca, mas Seiya parece estar em outra dimensão (com o perdão do trocadilho). Seu pensamento viaja para o Santuário e ele imagina o que Shina estaria fazendo àquela hora, imagina a amazona tomando banho e...

(Seika, gritando) Seiyaaaaaaaaaa! Telefone pra você! Está surdo?

(Seiya) Hã? Ah, já vou. (ao telefone) Oi Saori. Eu ainda estou em casa. Eu sei que estou atrasado. Eu não sei o que é que vou fazer aí. Espero que não seja nenhuma viagem surpresa. Tá, eu já vou chegar. Espera. (pensando) É, espera mesmo porque antes eu vou passar no correio para enviar essas cartas.

No caminho para o correio, Seiya passa por uma loja e vê uma cobra verde de pelúcia. Resolve comprá-la para Shina.

(Seiya) Acho que ela vai ficar com tanta raiva que vai estraçalhar o bicho com as unhas. Mas certamente vai pensar em mim quando estiver fazendo isso!

Quando finalmente chegou à mansão Kido, ele encontra uma Saori irritadíssima.

(Saori) Seiya! Onde você estava? Você precisa ver meu vestido e experimentar seu smoking. Comprei dois, temos que ver qual vai ficar melhor. O certo era fazer sob medida, mas achei melhor comprar pronto porque você não teria paciência para deixar o alfaiate tirar as medidas. Qual você prefere? Ah, já está tão perto da festa...

(Seiya) Smoking? Festa?

(Saori) Ora Seiya! A reinauguração do Coliseu Graad. Eu não lhe disse? Vai ser magnífico!

(Seiya) Você falou alguma coisa sobre isso, mas não disse que eu tinha de ir.

(Saori) Achei que fosse uma conclusão natural, afinal você é meu namorado!

(Seiya) Eu não quero ir a essa festa.

(Saori) Por quê? O que é que há com você? Está estranho

(Seiya) Saori, acho melhor pararmos por aqui.

(Saori) Como assim?

(Seiya) Acho melhor terminarmos. Nós discutimos mais que namoramos, Saori. Somos diferentes demais. Não tem sido fácil.

(Saori) Eu nunca disse que seria.

(Seiya) Talvez seja melhor pararmos antes de perdermos a amizade e o respeito que temos um pelo outro.

(Saori) Então acabou tudo? É isso?

(Seiya) Sim.

(Saori, chorando) Você pode me abraçar?

(Seiya, abraçando-a) Claro. Foi muito importante o que vivemos, mas tudo tem seu tempo e acho que o nosso acabou.

(Saori) Talvez você tenha razão. Ainda amigos?

(Seiya) Para sempre.

(Saori) Acho que vou precisar arrumar uma companhia para a festa.

(Seiya) Tenho certeza de que não vão faltar pretendentes.

(Saori) Tomara...

Continua...