Eu procurava uma maneira de sair daquele pequeno quartinho. Não havia janelas muito menos porta. Estava tudo escuro, estava começando a me desesperar. Não gostava muito de lugares apertados ou de multidões, muito menos de escuro.

Encostei-me na parede e desci. Segurei as minhas pernas e balançava para frente e para trás. Chegava a ser engraçado, mas era uma das maneiras que eu encontrei para ficar calmo. Fechei meus olhos e rezei. Então ouvi gritos. Abri meus olhos e me vi em cima de um palco com milhões de garotas gritando meu nome.

Dei um passo para trás. Queria sair correndo daquele lugar. Preferia estar naquele quarto pequeno, a está encarando aquele bando de adolescentes com os hormônios a flor da pele. Por que eu estava com medo? Passei boa parte do meu tempo em cima de um palco cantando para essas adolescentes, por que logo agora estava com medo?

Elas gritavam e pediu para eu cantar. Dei um sorriso sem graça e segurei o microfone. Abri a minha boca para cantar um dos meus sucessos, mas eu não sabia qual era. Tinha esquecido tudo. Eu não podia decepcioná-las, segurei o microfone com mais força e comecei a cantar a primeira musica que veio a minha cabeça.

-Body...wanna feel my body? Body...such a thrill my body Body...wanna touch my body? Body...it's too much my body Body...Check it out my body, Body...Don't you doubt my body, Body...talkin' bout my body, Body...check it out my body Every man wants to be a macho macho man to have the kind of body, always in demand Jogging in the mornings, go man go works out in the health spa, muscles glow You can best believe that, he's a macho man Ready to get down with, anyone he can-

As garotas pararam de gritar e ficaram se entreolhando. Coloquei rapidamente a mão na minha boca. Eu estava cantando macho men? O que estava acontecendo comigo? Todas olharam para mim e começaram a me vaiar. Sair correndo daquele palco e me escondi no primeiro lugar escuro e pequeno que vi. Comecei a chorar. Não sabia ao certo porque estava chorando.

-Justin!- Ouvi uma voz distante.

Abri meus olhos e dei de cara com a Anna. Levantei-me rápido e percebi que aquilo não passava de um pesadelo.

-Você estava chorando e gritando “Não!”-

Ela fez a imitação da minha voz.

 -Tive um pesadelo-

 -E qual foi o pesadelo?-

 -Eu esquecia as minhas musicas na frente das minhas fãs!-

Ela olhou para mim e revirou os olhos.

-E o que você fez?-

 -Cantei uma musica... -

 -Que musica?-

 -Macho men!-

Ela caiu na gargalhada. Fiquei olhando ela rolar no chão de tanto rir. Eu não devia ter falado agora ela encheria meu saco até o próximo século.

 -Ta bom! Não tem mais graça... –

-Canta um pedacinho para mim?-

Cruzei meus braços e fiz cara de magoado.

-Desculpa! Só estava brincando com você-

-Brincadeira de mau gosto... -

Fiz um enorme bico e não olhei para ela.

-Crianção!-

-Eu não sou uma criança!-

-Mas está agindo como uma!-

-E você também!-

Anna bufou e me deu um murro no ombro. Olhei ao meu redor e eu nunca tinha percebido como aquele espaço que a gente estava era tão pequeno. Mordi meu lábio inferior e me aproximei mais da Annabeth.

 Ela não parecia perceber do meu pequeno problema com espaços pequenos, e esperava que ela nem percebesse nem tão cedo. Pensava em algum assunto para conversar com ela e me distrair.

 -Hum... Você gosta da Rebecca Black?-

 -Quem é ela? Filha do Sirius Black?-

 -Não! É uma garota que canta uma musica chamada Friday-

-Legal, não sei quem é!-

-Que bom!-

Um silêncio enorme surgiu entre nós. Depois de horas naquele jeito eu comecei a bater de leve na minha bochecha fazendo um som legal. Ela olhou para mim e eu parei. Acho que a Anna não gosta muito de musica como eu. Continuamos ali naquele jeito, por um bom tempo. Até que a caverna começou a tremer e algumas pedras estavam caindo. Anna levantou depressa, mas fez uma careta pelo machucado da sua perna. Passei a mão pelo sue pescoço e a outra pela cintura e fiquei segurando ela. As pedras caiam como se tivesse a intenção de nós machucar.

-Justin! Eu não quero morrer!- A Anna começou a se desesperar. Eu tive que ser forte para não começar a gritar junto com ela. Aos poucos as pedras começaram a parar de cair. A Anna ainda chorava, mas ficou um pouco mais calma. Enquanto eu a colocava sentada para não machucar mais sua perna.

Fui até a frente da caverna. Havia uma enorme quantidade de pedras no chão e a poeira dificultou a minha visão. Esperei que tudo estivesse calmo, quando me aproximei da entrada uma pequena parte do sol entrou.

Olhei para o buraco que estava ali. Juntei as poucas forças que eu tinha e tirei algumas pedras. O buraco ficou um pouco maior, mas nenhum de nós dois passaria por ali.

 -Justin o que houve?-

A Annabeth gritou. Eu não lhe respondi continuei tirando as pedras. Chegou um ponto que eu estava exausto e não conseguia mais levantar uma pedrinha minúscula. Limpei as minhas mãos na minha roupa e voltei para o lugar onde a Anna estava.

Ela estava sentada e com os braços cruzados, e olhava com raiva pra mim.

 -Será que dava pra responder quando eu perguntei?-

Sentei ao seu lado e dei um grande suspiro.

-Anna eu estava tentando abrir um buraco lá na entrada para poder nós dois sair daqui. Mas o buraco to muito pequeno. E o pior é que você está machucada-

 -Então você pode ir. Conhece o lugar melhor do que eu-

-Não! Sem chances. Não vou deixa você aqui sozinha!-

-Justin! Escuta. Se conseguir sair daqui pode ir procurar ajuda. Você não disse que algumas de suas avós e uma de suas primas ficaram lá no sitio? Elas podem ajudar a você. Ouvi meus pais e seus pais falando e disseram que havia uma cidade bem próxima daqui-

-Mas não posso deixa - lá sozinha aqui por tanto tempo. E se eu não conseguir voltar para cá?-

-Eu sei que você consegue. Acredito em você!-

Ela me deu um beijo na bochecha e um abraço apertado. Apertei-me e sai pelo buraco. A luz forte do sol irritou meus olhos, abri um pouco os olhos e sai andando sem rumo. Não sabia se iria ou não conseguir chegar ao sitio. O Maximo que eu conseguiria era me perder mais.

 Ouvi o barulho de água. Lembrei-me de uma cachoeira que tinha próxima ao sitio. Segui o barulho da água, até encontrar a cachoeira. Tinha varias lembranças daquele lugar, mas não era hora de recordá-las. Cai de joelho na Marge. Peguei um pouco de água e molhei meu rosto.

 -Papai aquele é o Justin Bieber!-

Levantei a vista e vi uma garotinha de cabelos ruivos. Ela apontava pra mim enquanto o pai olhava em outra direção. A garotinha deu um puxão no braço do pai. O homem reclamou com a menina e depois olhou para mim. Era a minha salvação, entrei no rio.

 Não queria saber se era fundo ou não. Precisava salvar a Annabeth. O homem se assustou a me ver, mas a menina tinha um sorriso enorme e pula igual a um canguru.

-Preciso de ajuda. Uma caverna desabou toda a minha família morreu, mas eu e uma amiga conseguimos ficar vivos. Ela ainda está lá. Só um de nós podia sair pelo buraco e ela pediu pra que eu viesse-

O homem olhava pra mim como se aquilo fosse uma pegadinha. A menina olhou para o pai e lhe deu outro puxão.

-Pai o Justin ta precisando de ajuda! O senhor vai ficar ai que nem um idiota ou vai ajudar ele?-

Ainda não sei como o homem acreditou em mim. Ele nós levou para o acampamento onde eles estavam e chamou sua mulher. Ele pediu para que ela ficasse com a garotinha, por que precisava me ajudar. Sem muita demora ele pegou um carro e me levou para o sitio. Senti-me tão feliz de ver aquela casa velha.  Assim que desci do carro percebi que havia mais gente dentro da casa. A porta estava aberta e entrei. Dei de cara com o Scooter e o Kenny sentados no velho sofá olhando ansiosos para o telefone.

-Scooter, Kenny?-

Os dois viraram rapidamente para a porta. E pareciam que haviam visto um anjo. Kenny Foi o primeiro a pular do sofá e me dar um abraço de urso.

-Justin nunca mais faça isso com a gente. Some assim e sem dar aviso. Cadê o resto do pessoal?-

Scooter brigava comigo enquanto me abraçava.

-Eles morreram!-

-Deixa de brincadeira!-

Kenny falou.

-Estou falando serio. Só eu e a Annabeth ficamos vivos-

O Scooter e Kenny ficaram brancos e pareciam que ia desmaiar.

-Quem é Annabeth?-

-Longa Historia Scooter. Mas agora a gente precisa tirar ela daquela caverna. Eu prometi a ela-

-Tudo bem Justin. É o que vamos fazer. Só precisa nós mostrar onde fica essa caverna-

-Eu não sei ao certo. Mas eu acho que se conseguir chegar à cachoeira posso chegar à caverna-

-Eu posso levar vocês lá. Conheço aqui como a palma de minha mão!-

O homem que a pouco estava calado se manifestou. Scooter concordou que o Homem poderia ser bem útil e aceitou a sua ajuda. Kenny pediu para a minha prima ir até a cidade próxima e ligar para alguns amigos dele que poderiam ajudar.

Todo o caminho eu explicava como tudo havia acontecido. O Scooter ficava mais branco a cada coisa que lhe contava. Por fim chegamos à caverna. O céu já estava ficando alaranjado, como o tempo havia passado tão rápido. Kenny e o Homem começaram a tirar algumas pedras, enquanto eu terminava de falar com o Scooter.

A noite caiu. Continuávamos a tirar as pedras, mas estava muito difícil enxergar alguma coisa. Os amigos que o Kenny havia chamado haviam chegado e estavam ajudando a gente. Eu estava exausto quando finalmente eles conseguiram abrir um espaço para qualquer um de nós passarmos e sair com a Annabeth.

Disse ao Scooter que queria ir, mas ele achou perigoso de mais e pediu para que o Kenny que fosse. Depois ele voltou com a Anna em seu colo.

-Você demorou!-

-Mas eu vim. Não foi?-

Ela balançou a cabeça positivamente. Scooter prometeu que no outro dia iria voltar para pegar o resto dos corpos. Voltamos para o sitio, Colocaram a Annabeth em um dos quartos. Scooter e Kenny saíram para poder resolver as coisas sem que ninguém soubesse.

-Por que demorou tanto?-

A Annabeth estava deitada na cama enquanto minha avó fazia um curativo em su perna.

-Tive que explicar tudo para o Scooter e demorei um pouco, eu não sabia como voltar e aquele homem foi quem ajudou... –

-Tudo bem! Pelo menos você foi. O que vai acontecer se a impressa e suas fãs descobrirem?-

-Eu não sei! O Scooter está fazendo de tudo para que ninguém fique sabendo, mas acho bem difícil. Eles vão perceber que fiquei muito tempo sem dar noticias e vão tentar saber o porquê. Temos um grande problema pela frente... –

-Estou com você!-

Ela deu um sorriso e pegou uma das minhas mãos. Sabia que passar por tudo isso iria valer à pena porque eu estaria ao lado dela, ela estava me dando forças para poder não jogar tudo para o alto.

-Justin tem uma pessoa que quer falar com você!-

Minha prima apareceu na porta do quarto. Soltei a mão da Annabeth e fui para a sala. A garotinha estava sentada no sofá com sua mãe e o pai.

-Oi! Obrigada por tudo e desculpa por atrapalhar o que vocês estavam fazendo!-

-Que isso Justin! Eu adorei, quer dizer, Meu pai adorou ajudar a você-

A garotinha parecia visivelmente animada com tudo aquilo.

-Mas então o que vieram fazer aqui?-

-Saber como estava vocês dois. A Gabriela ficou preocupada e queria saber como você estava-

-Estamos bem... Talvez ela precise ir para o hospital, mas fora isso está tudo bem-

Despedi-me deles e voltei para o quarto. A Annabeth estava olhando uma pequena foto em que estava ela e seus pais.

-Não se preocupe, eles com certeza estão feliz por você está bem-

-Vai ser bem difícil, eu nunca fiquei longe deles... -

-E quem disse que eles vão estar longe de você? Quando se ama muito uma pessoa e ela parte, ela sempre vai estar dentro do seu coração-

Ela colocou a foto em cima do criado- mudo e tentou se ajeitar na cama.

-Agora descansa, você está precisando de uma boa noite de sono.