Senti minha cabeça latejar. Abri os olhos lentamente. Dei de cara com a Annabeth, ela passava um pano úmido em minha testa. Cada parte do meu corpo doía. A caverna estava bastante escura mais eu conseguia enxergar algumas coisas.  

Ela deu um largo sorriso quando me viu acordado. Tentei me levantar mais ela me empurrou com cuidado de volta ao chão.

- Você está um pouco machucado é melhor não se levantar daí!-

-O que isso?-

Perguntei apontando para a sua perna. A sua calça estava rasgada e sangrava muito.

-Nada não! Só dói um pouco. Mas senti dores piores que essa!-

Ela deu um sorriso. Enquanto eu ficava ali deixando ela limpar meus ferimentos e tentando fazer o sangramento da minha cabeça parar, me dei conta do que havia acontecido. A Caverna havia “desabada” e todos os outros  estavam agora soterrados debaixo de pedras e terra.

Pensei em seus pais e nos pais da Annabeth. Sabia que ela nem estava ligando muito com isso, mas sabia que uma hora ou outra ela iria perceber o que realmente havia acontecido.

Uma lagrima teimosa surgiu nos meus olhos e Annabeth acabou percebendo. Limpei-a rapidamente.

-Justin, não precisa chorar. A dor nem está incomodando tanto assim e daqui a pouco vão nós tirar daqui... -

Ela olhou para mim e viu que não era esse o motivo de eu estar chorando. Ela ficou assustada por um tempo e logo em seguida desabou a chorar. Eu a abracei. Estava sentindo a mesma coisa que ela.

Era a pior dor que havia sentido em toda a minha vida. Sentia um enorme vazio e um dor no peito que parecia não ter fim. Consegui me controlar e parar de chorar mais a Annabeth não. Levantei seu rosto á altura do meu e lhe dei um beijo na testa.

-Anna, um filho pode viver sem seus pais, mas seus pais não podem viver sem seus filhos. Então pare de chorar, eu acho que não é isso que eles iriam querer. Eu vou estar aqui do seu lado. Podemos superar isso junto. Um ao lado do outro-

Ela deu um sorriso e logo me abraçou. Assim que ela se afastou de mim limpei suas lagrimas.

Um tempo depois a Annabeth estava sentada e eu estava ao seu lado, pensando no que conversar com ela. Tinha conseguido fazer com que ela colocasse a manga da minha camiseta em sua perna.

- Finalmente consegui a paz e sossego que eu tanto queria! Sem ninguém para encher meu saco!-

Ela rapidamente olhou para mim e me deu um empurrão.

-Obrigada, por acabar de dizer que eu sou ninguém!-

-Ei! Calma. Não foi isso que eu quis dizer. Eu estava falando daqueles Paparazzi idiotas que tirando fotos até quando a gente espirra. E também das minhas fãs!-

-Mas não era você que sempre dizia que amava suas fãs?-

-Eu amo! Mas é que, elas pedem demais de mim. Depois da fama qualquer menina com que eu ficasse elas já ia lá ao Twitter ou aonde fosse e já ameaçava a coitada. As meninas já estavam ficando com medo de se aproximar de mim-

Ela deu uma risada.

-Qual a graça?-

-Justin, elas sonham em um dia ser a Sra. Bieber e quando você namora com uma pessoa ou fica com alguém, elas imaginam que sempre vão ter apenas um relacionamento de fã e ídolo. E a maneira que elas encontram de fazer com que aquela pessoa não atrapalhe o seu futuro relacionamento é mandando ameaças, comidas com veneno... -

-Como você sabe disso tudo? Já tentou fazer alguma dessas coisas com alguém?-

Ela me olhou assustada.

-Está me achando com cara de assassina?-

-Não! Mas você fala como se já tivesse passado por isso-

-Eu não te falei da minha amiga? Ela é um tipo de pessoa que se apega muito fácil e bem ela é louca por você. Já evitei muitas vezes dela fazer alguma besteira!-

Ela deu uma risada.

-Você precisa conhecer mais suas fãs. Saber o que elas querem... Como você já disse muitas vezes, foram elas que ajudaram a você chegar onde está. Então como agradecimento tente entende-las e cuidar para que elas nunca esqueçam independente de você estar casado, solteiro, namorando... Que sempre vai amá-las- 

Mordi meu lábio inferior. Nunca havia pensado por esse ângulo. Achava que se eu estava feliz elas também iam estar.

-Obrigada! Acho que vai ficar bem mais fácil entender o que elas querem agora. -

-De nada. Apenas estou fazendo o que acho que seja certo -

Dei um sorriso para ela, estava me sentindo bem melhor. Ela colocou a cabeça em meu ombro e fechou os olhos.

-E se eu me apaixonar por uma pessoa que elas achem que não é certa para mim. O que faço?-

- Não sou conselheira amorosa, mas você vai fazer o que seu coração mandar-

Ela deu uma risada. Fiquei encarando aquela parede de pedra, o que aconteceria a partir dali? Ficaríamos presos até morrer ou alguém iria sentir a nossa falta e sair procurando até nós achar? Ela deu um longo suspiro. Comecei a brincar com algumas mechas do seu cabelo.

-Mas e se nunca sairmos daqui?-

-Você tem fé?-

É claro que eu tinha, mas não respondi nada.

-Então vamos sair daqui. E se não sairmos o tempo que passamos aqui foi bom. Descobri que você é uma ótima pessoa e agora entendo porque a Leti grita tanto quando te ver!. E você tem que sair daqui. Tem milhões de pessoas que ama você-

-Diga dois exemplos –

-Suas Fãs e sua namorada a Jasmine!-

-A Jasmine não é minha namorada!-

-Mas vocês estavam se beijando!-

-Nós somos amigos e aquilo não foi nada!-

-Amigos não se beijam!-

-Você está com ciúmes?-

-Ciúmes?! De quem?-

-Da Jasmine! É dela que estamos falando-

Ela levantou a cabeça e puxou algumas mechas que estavam em minha mão.

-Porque eu teria ciúmes dela? Eu não tenho nada com você. E mal a conheço-

Eu dei uma grande gargalhada. A Anna estava vermelha.

-Desculpa... Acho que pirei um pouco. A convivência com uma Belieber não está me fazendo muito bem-

-Sem problemas... Eu entendo você e seu ciúme besta!-

-Eu não estou com ciúmes-

-Sei!-

Pensei comigo mesmo. Ela voltou a colocar a cabeça em meu ombro. Meus olhos começaram a ficar pesados, mas eu não queria dormir, queria ficar conversando mais com a Annabeth. Mas acho que o sono foi mais forte do que eu.