Love Is Waiting escrita por Gabriela Rodrigues


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Pessoal! A fic está chegando ao fim. Mais oito capítulos e acaba! Espero que estejam gostando de ler tanto quanto eu estou gostando de escrever. Boa leitura =)



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Acordei com a sensação estranha de estar esquecendo alguma coisa. A forma de Jake ao meu lado no colchão quase me fez pular. Eu acordara antes dele! Bem, não foi por isso que me assustei, e sim porque lembrei-me de Alanna e do nosso reencontro marcado para hoje. Teria que ligar e desmarcar.

Peguei o celular que eu deixara na mesinha de cabeceira. Sete chamadas não atendidas: duas da Pernalonga e cinco da minha mãe. Suspirei frustrada. Ligaria para a casa de tia Margareth primeiro. Atenderam no segundo toque:

- Zoey? Está tudo bem? – minha mãe gritou.

- Sim. Só to retornando as ligações.

- Você disse que ia à sorveteria e não voltou pra casa! – droga! Tinha esquecido de ligar avisando.

- Jake me trouxe pra capital. – expliquei – Disse que precisava ver umas coisas aqui no apartamento. A reforma acabou.

- E por que você não disse isso antes de sair de casa? Você nem preparou uma mochila...

- Ele decidiu isso em cima da hora, mãe. E quanto às minhas coisas... Bem, ele já tinha pensado nisso. – percebi que ela ia dizer mais alguma coisa, então disse que tinha outra chamada e desliguei. E não. Não era mentira.

- Zoey? – reconheci a voz de Alanna – Você não vinha aqui em casa hoje?

- Desculpe, Alanna. Me tiraram da cidade. Volto hoje, mas ainda não sei que horas. Ligo assim que chegar a Americana, prometo. Ainda não acabamos nossa conversa. – ainda bem que ela estava de bom humor. Decidi arriscar e completei – Vamos marcar um encontro duplo. Eu e Tom. Você e Jake.

- Certo. Onde?

- No boliche. Só tenho que ver se vai dar pra ser hoje.

- Ok. Até mais tarde, então.

- Se der. – a lembrei.

- Sim, claro. Obrigada, Z. – ela desligou. Até que quando a Pernalonga era simpática eu pensava que poderíamos nos dar bem. Então lembrava que ela só queria reconquistar meu namorado e adeus simpatia.

Resolvi inovar e fui fazer o café. Encontrei um pacote de bacon na geladeira, fritei uns ovos, preparei uma limonada e estava quase acabando quando senti alguém me abraçando por trás. Virei pronta para abraçar Jake quando me vi nos braços de...

- LUKE?! – gritei. – Ta fazendo o que aqui? – me soltei de meu primo (o errado) o mais rápido possível. Jake veio correndo do quarto. Cabelos desgrenhados e no rosto a marca do travesseiro, meu primo (dessa vez o certo) só faltou enxotar o irmão da própria casa.

- Ta fazendo o que? – Jake rosnou.

- Vim trazer umas coisas pra Zoey a pedido da Rosa porque ela não tem roupa aqui. Usei a chave que você deu pra mamãe e o porteiro me conhece, por isso me deixou subir. – Luke explicou como se fosse obvio. Depois ele olhou para mim. – Pensei que você fosse se assustar quando te abracei. – ele comentou e senti meu rosto corar – E que roupas são essas? Você não veio vestindo isso ontem. – ele pensou um pouco – Na verdade, nunca te vi vestindo essas roupas.

“Claro”, pensei. Eu estava com uma das camisolas que encontrei naquele closet imenso. Era longa de cetim preto e não tinha mangas. Por cima, eu vestia um robe da mesma cor e igualmente longo, de mangas compridas, seguro apenas por uma faixa pouco abaixo dos seios.

- Onde vocês arranjaram isso? – ele  indicou meu traje do século retrasado.

- Eram da April. Ela ganhou, mas nunca usou. – Jake puxou a mochila da mão de Luke – Pacote entregue. Pode ir.

- Mas...

- E vou me certificar de que não deixem mais qualquer um subir. Da família ou não.

- Eu acabei de chegar! – Luke gritou. Eu estava parada no meio dos dois que nem uma estátua, incapaz de me mexer. Sentia que a qualquer momento eles sairiam da discussão oral para começar uma briga corpo a corpo. – Fiquei três horas na estrada de manhã cedo pra isso?

- Vai pra seu apartamento. Esse é o meu. – Jake disse entre dentes.

- Por que não deixamos a Z decidir? Afinal, eu não to com a chave da minha casa.

Os dois olharam para mim. Luke em expectativa e Jake... Bom, Luke estava perto, então, seu olhar era sem emoção alguma. E eu não queria uma briga com nenhum dos dois. Tentei resolver de maneira diplomática.

- Acho que Luke tem razão quanto a poder ficar um tempinho aqui. Ele deve estar cansado da viagem, embora a casa não seja minha. Quem deve decidir isso é o Jake. – Luke, aborrecido, me cortou, alegando que eu nunca ficava do lado dele – Mas já dei minha opinião. Aliás, minha mãe ligou e expliquei tudo a ela, enquanto você nem avisou que vinha.

- Então está decidido. A casa é minha; eu decido. Saia. – definitivamente não surtiu o efeito desejado.

- Obrigada por trazer minhas roupas. – agradeci a Luke que ia para o corredor esperar o elevador com uma carranca do tamanho do mundo.

Jake fechou a porta e eu o encarei.

- Ele podia ficar uma ou duas horas. Não faria mal algum. E temos que voltar o quanto antes, lembra? Marquei um encontro duplo pra Pernalonga te conquistar e o Tom me provar que vale a pena.

- Droga! E agora?

- Esperamos ele ir, damos um tempo até ele chegar à cidade e saímos. Você tem que ligar pro Tom, avisando. Vai ser no boliche – Jake fez uma careta ao saber o local. Eu ainda tinha os pontos do braço trazendo à tona recordações não muito agradáveis, mas não pensara em nenhum lugar melhor – E eu tenho que ligar pra Alanna, confirmando.

- Temos que passar todas as informações por telefone também. – esqueci esse detalhe, mas tudo bem. Teríamos uma tarde longa pela frente.

Era cedo, então decidimos dar uma passada no hospital. Você deve estar pensando: “Não tinha um lugar menos interessante, não?”, só que eu precisava tirar os pontos. Já fazia quase duas semanas desde o acidente e já estava tudo cicatrizado.

Foi a espera mais rápida da minha vida. O hospital estava vazio e eu fui chamada logo. Se você nunca precisou levar pontos, erga as mãos pro céu e agradeça. Eu não sei o que é pior: costurar, ou tirar a linha.

Senti a pele sendo puxada quando ao invés de uma tesoura a enfermeira começou a cortar a linha com um pedaço de gilete, de dentro pra fora. E quando a costura rompeu, ela puxou a linha com calma e lerdeza para eu sentir o fio passando por dentro da carne. A aflição foi enorme e com cada um dos pontos, a mesma tortura.

Consegui sair de lá inteira, perto do meio dia e dirigimos para campinas. Passamos na frente do parque que fechara para reformas depois do acidente com o qual eu ainda tinha pesadelos (sempre o mesmo) e paramos num restaurante italiano.

Dentre as várias opções de massa, escolhi a melhor lasanha de quatro queijos que já comi na vida. Situação interessante, porém foi quando o garçom chegou com o prato. A comida, cujo preço era equivalente ao de uma refeição para quatro mal ocupava o prato em que veio. Jake e eu nos entreolhamos indignados.

- Cadê o resto? – meu primo perguntou ao garçom que já ia saindo – Pedi um prato pra dois e isso mal cobre o buraco do dente!

- Meu senhor – o homem tina um sotaque meio estrangeiro; engraçado – Este é o prato para dois. Se pedisse para quatro – ele apontou no cardápio as opções, onde essa era quase o dobro do preço já salgado da refeição que pedimos – Creio que a lasanha seria um pouco maior.

- Um pouco? Pelo que vocês cobram deveria ser muito maior! Vocês fazem a comida com queijo de ouro?

- Jake... – eu não sabia se ria ou sentia vergonha – Vamos comer.

- A jovenzinha tem modos.

Meu primo abriu a carranca, mas comeu. Terminamos rápido e saímos sob os olhares fulminantes do garçom que nos atendera. Entramos no carro com Jake ainda reclamando do absurdo, prometendo um almoço de verdade enquanto eu prendia o riso.

Chegamos à Americana pouco antes das duas da tarde, mas não fomos à casa de Jake. Algo me dizia que ouviríamos sermão ao chegar, então liguei para Alanna perguntando se podia passar na casa dela.

- Oi. – ela me recebeu na portaria. Tomei o cuidado de pedir a Jake que me deixasse uma rua antes para que ela não visse o carro de minha tia e o reconhecesse - Pensei que você não fosse vir.

- Eu prometi, não foi? Tudo bem? – ela assentiu. Pegamos o elevador e subimos.

O apartamento estava do jeito que eu me lembrava: muito arrumado e aconchegante, por mais que fosse pequeno se comparado ao que eu me acostumara essas férias.

- Quer comer ou beber alguma coisa? – ela ofereceu enquanto eu sentava no sofá de couro que ficava perto da janela por onde entrava um vento não muito frio.

- Aceito um copo d’água, mas antes quero contar o que descobri. - Ela parou de fazer o que quer que fosse na cozinha, sentou-se ao meu lado no sofá e de repente só tinha olhos e ouvidos para mim.

- Perguntei a Jake por que dentre tantas mulheres nesse mundo ele foi escolher justo a mim. – comecei – e por incrível que pareça as respostas dele foram quase iguais às suas. Vocês têm muito em comum!

Os olhos dela brilharam enquanto começava a dar gritinhos de “eu sabia”.

- Mas o que ele disse exatamente? – ela quis saber.

- Que me acha...

- Bonita? – assenti – Menina, isso não é novidade. – involuntariamente, corei.

- Então... No início eu me fiz de difícil, sabe – era aqui que entrava a lábia – Não queria nem saber. Aí ele me levou num passeio e praticamente me atacou. Disse que queria ver eu resistir. Mas eu resisti. Acabei me tornando um desafio e ele disse que é assim que ele gosta.

- Mas... – ela ameaçou me interromper.

- Jake disse que gosta do meu jeito de falar o que penso. Sou meio impulsiva, sabe? Muitas vezes já falei barbaridades a respeito dele só por estar brava... – continuei enrolando e dando a ela todas as respostas de Tom. Fiquei por lá até quase quatro da tarde, quando Jake me ligou avisando que ia me buscar e que era para eu encontrá-lo no mesmo lugar onde ele me deixara mais cedo.

- Como foi com Tom? - perguntei ao entrar no carro.

- Nada mal. Ele fez umas mil perguntas, mas nada muito estrambótico, exceto... – ele se calou subitamente como se não devesse ter tocado no assunto.

- Exceto...? – ele não respondeu – Jake!

- Ele quis saber se já, er, dormimos juntos alguma vez. – olhei-o incrédula.

- Pra que ele queria saber isso?

- Sei lá, mas a vontade que tive foi de dizer que sim, algumas vezes.

Dei-lhe um tapa no braço. O estalo foi audível.

- Nunca mais, nem brincando, diga uma coisa dessas! – o repreendi – Já é perigoso o bastante descobrirem que estamos juntos e vai ser pior ainda se começarem a espalhar boatos por aí.

- Bom, acho que já rodamos o suficiente por hoje. Vamos ao boliche?

- Claro.

A cena que vi foi, no mínimo, bizarra. Meu queixo quase caiu quando vi a Pernalonga e Tom quase engolindo um ao outro. Óbvio que me fiz de ultrajada por mais que estivesse incomensuravelmente aliviada por dentro.

- O que é... isso? Tom! – meu grito agudo o pegou de surpresa. Prendi o riso e continuei a atuação – O que você e ela... O que...?

- Zoey, eu... – ele tentava se explicar ao mesmo tempo que Alanna pedia desculpas por se comportar daquele jeito com meu suposto acompanhante.

- Quer saber? Chega! – Jake urrou – Podem continuar se agarrando aí! Pensam que eu ligo? – Nossa... A Globo ta te perdendo, Jake!

- Zoey... – Tom ainda tentava me convencer de alguma coisa. Eu o cortei.

- Ela faz o teu tipo? – perguntei da forma mais gentil que consegui pensar, ainda reprimindo o impulso de soltar uma gargalhada estrondosa.

- Ela... Bom... Acho que sim. – ele fitou Alanna de soslaio.

- Então pode ficar com ela. – eu parecia mais uma mãe de um filme dos anos 60 (daquelas que dizem frases como “siga seu coração” e essas baboseiras) que uma garota que acaba de ser “traída”. A reação de Tom não foi muito diferente da de um garotinho que acaba de receber a tão esperada permissão para sair sozinho com os amigos pela primeira vez sem a supervisão de um adulto.

Problema resolvido, nada restava senão voltar para casa (não antes de jogar uma partida com o novo casal meloso, é claro) e encarar a fúria das mamães que fizeram questão de nos receber na garagem.

- Onde. Vocês. Estavam? – tia Margareth nos alcançou primeiro pontuando cada palavra alternando olhares entre Jake e eu.

- A culpa foi minha. – Jake se apressou em dizer. Quase lhe dei um tapa.

- Por que não ligaram? – foi a vez de minha mãe perguntar.

- Esqueci. – meu primo e eu falamos juntos.

- Olha, ta todo mundo bem e eu to cansado, então será que eu posso entrar agora? Aproveitei que estava com o carro e depois da sorveteria fui a São Paulo. Zo estava de carona e não teve escolha. – Jake, como sempre, me defendendo.

Aproveitei a brecha e entrei de fininho enquanto os adultos (sim, meu primo também) discutiam lá fora. Tomei um banho relaxante, pensando nos progressos do dia. Achei que fosse necessário pelo menos mais dois encontros para dar certo o nosso plano. Alanna e Tom eram fáceis demais.

Saí do banheiro com fome. April estava na cozinha.

- O que você vê no meu irmão? – ela foi direta.

- Qual deles?

- Você sabe. – ela me encarou. Éramos as únicas ali.

- O Luke é meu primo. Só isso. Assim como Jake, Fred e os outros. Por falar nisso, cadê o Ed e o Fred? – tentei mudar de assunto. Foi inútil.

- Eles estão brincando. E eu estava falando do Jake. O que você vê nele que praticamente desperdiça as férias só pra... Não sei o que vocês ficam fazendo, mas não deve ser algo interessante.

Fingi não ter ouvido e peguei os ingredientes para preparar um hambúrguer. April continuou insistindo até finalmente desistir. Comi devagar e fui à salinha de estudos que estava anormalmente vazia. Liguei o computador, verifiquei meus e-mails e um em particular chamou minha atenção. Era de Jake e datava de poucos minutos.

“Minha mãe disse que se eu morar sob o teto dela, terei de viver sob as regras dela, o que significa: nada de passeios pelo resto do mês. Óbvio que não vou ficar de castigo, então aluguei um quarto numa pensão. Trouxe só uma mochila com algumas roupas, mas não se preocupe, está tudo bem. Tenho que trabalhar amanhã e adoraria se você fosse comigo. Estarei passando aí lá pelas oito. Almoço incluído. Beijos, Jake.”

Respondi a mensagem com um simples “eu vou” e olhei a hora. Eram quase nove da noite e eu estava completamente desperta. Programei o celular para tocar às sete da manhã e peguei o teclado que encontrara naquele quartinho das tralhas. Comecei tocando “Romeu e Julieta”, “Sailing” e outras até que o sono começou a tomar conta de mim.


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews?



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