Ele esfregou seus olhos enquanto dirigia com a outra mão.

-Perguntas depois.-Ele rosnou

-Não!-Eu gritei- Agora é depois. Dimitri, pode por favor me dizer o que está acontecendo?

-Você conheceu os espiões do seu pai. Os guardiões dele. Eu não trabalho para ele. Eu trabalho com ele. Eu sou aquele que faz tudo dar certo.

-Eu fui só um favor, é isso?Seu nome é Dimitri mesmo? Ou será que você se chama Sérgio, e é um daqueles caras que usa bigodes?

Seus olhos caíram. Estavam tristes. Pareciam estar lembrando de algo.

-Eu queria muito-ele murmurou baixo- que você tivesse sido só um favor.

Derrepente ele fez uma curva fechada em alta velocidade, e entramos por um tipo de portão que levava para alguns galpões. Se não fosse isso, eu teria certeza que ele estava querendo me jogar pra fora do carro. O carro paru e nós descemos. Percorremos um pequeno caminho até um dos galpões. Uma mulher apareceu e Dimitri disse algumas palavras em russo. A mulher, Nikkole, eu acho, nos levou até um dos galpões. Dentro, tinha um jato particular, que na sua lateral tinha escrito"Mazur" e um enorme brazão que tinham um Leão empinado e um cervo se curvando pra ele. No leão havia uma cobra enrolada pelo seu corpo. Isso parecia que Zmey-a cobra- estava acima até da realeza. Eu vi Nikkole acenar para entrarmos no jatinho e eu a segui. O meu ombro estava começando a latejar.Foi aí que eu percebi que estava segurando a mochila que Dimitri tinha me jogado desde a caverna. Eu, sem pensar primeiro, joguei a mochila nele e passei a sua frente. Eu não sabia o que tinha dentro, mas ele a agarrou como se fosse ouro. Eu entrei no jatinho e sentei em uma cadeira lá no fundo. Dimitri sentou na cadeira de frente, à esquerda e jogou- mais uma bendita vez- a mochila em cima de mim.

-Isso é seu- Ele disse entre os dentes enquanto esticava as pernas sobre a cadeira da frente.

Eu senti meus dentes rangerem. Ele parecia muito despreocupado para quem tinha tirado alguém da cadeia.

-Você parece muito despreocupado na minha frente.Quero dizer, pra quem está encarando a maléfica Rose que tem atormentado os seus sonhos.

-Agora não, ok? Se você tem alguma pergunta faça logo.-Ele estava tão frio, mas parecia que isso só ia me atrair mais.

-O que era aquilo? A passagem?

-Eu sabia que você ia perguntar. -Ele disse tão calmo agora, que fazia perfeito contraste com o seu jeito frio-É uma saída de emergência da côrte. Aquele buraco foi feito por uma mulher que fugiu da prisão em 1981.

-O que tem nessa mochila?

Ele deu de ombros.

-Isso você vai ter que descobrir.Abe me mandou te entregar.

Eu ia fazer a minha última pergunta, mas Nikkole aparceu e falou algo com Dimitri em Russo.

Ele me encarou.

-Quer algo pra comer ou beber?

-Ah!-eu exclamei.-Finalmente! Você sabia que eu ainda não sei fazer tradução simultânea ?

-Rose!Comida? Bebida? Fala logo senão vou despensá-la!

Eu ia continuar à discutir, mas o meu estômago roncou baixo, e eu resolvi que uma refeição me faria bem.

-Eu quero...hum...Hambúrgueres e Martínis.

Ele me olhou sério.

-Você não está em condições de beber!

Eu revirei os olhos.

-Você não vai pedir? Eu vou!- Eu olhei pra Nikkole- Hambúrgueres e Martínis!

Ela pareceu entender e ia se virar, quando a voz de Dimitri a chamou de volta.Ele murmurou algo em russo e ela saiu. Eu me virei pra ele com raiva.

-Você cancelou o pedido?

-Escuta Rose, se é pra encher a cara, faça direito! Eu pedi Vodka Russa.

Eu fiquei surpresa. Isso poderia me deixar bebada tão rápido quanto qualquer outra coisa. Mas era isso que eu queria. Apenas até esquecer os meus problemas.Eu desviei meu pensamento para Dimitri. Eu ainda tinha a minha última pergunta.

-Então, aonde vamos?-Eu perguntei.

-Hum...-Ele disse retorcendo a boca, o que aumentou a minha curiosidade- Isso você vai me dizer.

Eu então pensei. O bilhete da rainha... Jane Doe... Vegas!

-Vegas-Eu disse.-Nós vamos pra Vegas