Coleção Poções escrita por EmyBS


Capítulo 3
Polissuco




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"Você tem uma hora para ser quem quiser"

Gina não fazia idéia de como era complicada aquela poção, não conseguia imaginar como Hermione tinha conseguido concluí-la no segundo ano.

Era complexa demais.

Hemeróbios, sanguessugas, descurainia, sanguinária, pele de ararambóia picada, pó de chifre de bicórnio, um pedacinho da pessoa em que quer se transformar.

Respirou fundo voltando a prestar atenção em todos os ingredientes. Tinha um longo percurso pela frente. Teria sido bem mais simples ter roubado a poção do professor Slughorn, mas os malditos Sonserinos tinham que estar prestando atenção em todos os mínimos detalhes.

Malditos idiotas.

Claro que eles estavam sendo coordenados por alguém e primeiramente imaginou que Malfoy fosse o responsável, mas no fim descobriu que o orgulhoso loiro platinado não estava sendo muito bem aceito pelos seus colegas de casa.

Mas então quem estava coordenando os Sonserinos?

Não podia ser os Comensais da Morte disfarçados de professores e nem o próprio Snape. Era alguém de dentro dos alunos, alguém que conhecia os outros estudantes.

Mas isso não importava no momento. Precisava concluir a poção e agir rapidamente, não podia se dar ao luxo de falhar, muitos já haviam sido capturados por aqueles insuportáveis irmãos Carrow.

Precisava mais que tudo resgatar Colin.

Acalmou a respiração e repassou o plano. Só precisava identificar quem seria a pessoa em quem se transformaria para andar despercebida nas masmorras. Era obvio que teria que ser um sonserino, mas quem e como faria para deixá-lo fora de vista enquanto buscava e tirava Colin de lá? Suas perguntas pareciam ter sido respondidas ao ouvir uma conhecida voz etérea as suas costas.

- Então você vai mesmo fazer isso?

- É o único jeito Luna! – seus olhos correram para encontrar os grandes e azuis da garota – Eles vão matar Colin! Você sabe disso! Até a professora McGonagall sabe disso.

- Quem vai usar?

- Não sei.

Suspirou derrotada por não ter respostas.

- Blaise Zabini.

- O que?

- Ele é sonserino, não é muito visado e eu sei como tirá-lo de circulação.

A loira sorriu de um jeito estranho.

- Talita Garden.

- O que?

- Ele está saindo com Talita Garden da Corvinal, posso combinar com ela.

- Porque ela aceitaria?

Luna não respondeu saindo do quarto.

Não importava.

A poção finalizada parecia uma lama escura e espessa que borbulhava devagar.

Preferiu não pensar em como Luna tinha conseguido o cabelo de Blaise Zabini.

Respirou fundo.

Fechou o nariz com força.

Pegou a poção que tinha se tornado um azul petróleo com os cabelos de Zabini.

Virou dois longos goles pela garganta abaixo.

O estomago revirou, sua pele parecia derreter, seu corpo modificou por completo.

Merlin! Era muito estranho ser um garoto.

Vestiu a roupa mais larga e masculina apressada.

Tinha apenas uma hora para concluir seu plano.

Tentava lembrar ao máximo a maneira decidida e elegante que Zabini andava pelos corredores, mas não fazia muita idéia se estava obtendo sucesso. Precisava chegar rápido nas masmorras e lá descobrir onde estavam os alunos presos.

Merlin parecia ter feito as pazes com ela, pois foi muito mais fácil do que tinha imaginado. Em menos de meia hora tinha conseguido tirar os amigos daquela parte fria das masmorras sem ninguém ir verificar. Teve que admitir que os Comensais que estavam em Hogwarts eram extremamente obtusos.

Sorria satisfeita voltando para o local combinado para terminar aquela empreitada quando uma mão firme agarrou seu braço puxando-a para outro lado. Sentiu o coração descompassar algumas batidas.

Tinha sido pega.

- Aonde você estava cara! – a voz arrastada de Draco a deixou ainda mais nervosa – Precisamos conversar.

O pânico tomou conta do seu ser quando foi arrastada pelos corredores escuros das masmorras em direção ao que ela achava que seria a entrada do salão comunal da sonserina.

Seguiram reto pelos estudantes que mal prestavam atenção neles e essa era uma coisa boa, pois qualquer um perceberia que algo estava errado com Blaise Zabini.

Seu braço só foi largado quando chegaram ao dormitório masculino do sétimo ano. Draco se jogou em uma das camas e ela se sentou em outra sem nenhuma idéia do que fazer e como escapar dali. Em alguns minutos a poção deixaria de fazer efeito.

Draco se levantou dando um soco na parede.

Sorte sua, pois assim ele não viu a expressão assustada que tomou o seu rosto.

- Eu penso nela todo o dia! – Draco se escorou na parede irritado – Você tem que me ajudar! Eu preciso tirá-la da minha mente!

Draco batia com as mãos na cabeça num movimento raivoso que se não fosse pela situação partiria o coração dela, mas ela não podia pensar nisso. Tinha que conseguir sair daquele quarto e das masmorras o mais rápido possível.

Seu tempo estava acabando.

Gina olhava desespera em volta no quarto procurando uma saída quando ouviu a frase que fez seu coração parar completamente.

- Eu acho que estou apaixonado pela Weasley...

A voz dele era mais um sussurro fraco, mas Gina tinha certeza que havia escutado bem.

Draco Malfoy havia acabado de se declarar?

Sentiu seu corpo borbulhar e teve certeza que o efeito da poção estava acabando.

Pânico!

Tentou correr para a porta, mas seu cabelo ruivo foi seguro com violência fazendo-a cair de costas no chão ainda presa pelas mãos dele.

Seu rosto foi tacado com força na parede.

- O que está acontecendo? – havia ódio no olhar de Draco e ela sentiu o desespero bater – O que você está fazendo aqui Weasley?

A força com que ele a puxou pelos cabelos e lhe jogou de cara no chão foi tanta que sentiu seus pulsos cederem por não agüentarem seu peso.

Seu corpo inteiro doía.

Efeito da poção?

Efeito da raiva extrapolada de Draco?

Ela não tinha certeza.

Ficou de joelhos sem saber o que fazer.

Gina estava perdida.

Dos seus olhos lágrimas rolavam de dor, vergonha, raiva e derrota.

Ela se sentia derrotada.

- Me entrega Malfoy! – abriu os braços ainda de joelhos soluçando, raiva transbordando – Me entrega para os outros Comensais ou faz você mesmo o que tem que ser feito!

Gina gritava e tentava mostrar uma força e uma coragem que ela não possuía.

A tão aclamada coragem Grifinória nada mais era que uma máscara para as suas próprias fraquezas.

E lá estava ela de joelhos diante do improvável inimigo substituindo o medo do que poderia acontecer pela audácia de revidar.

- Faz Malfoy!

A voz dela ecoava pelo quarto frio dos sonserinos e ela teve certeza que Draco havia colocado um feitiço silenciador, pois naquela altura algum outro aluno já deveria ter aparecido naquele dormitório.

Draco Malfoy mantinha os olhos estreitos e cinzas nos dela.

A varinha apontada para o seu peito que subia e descia.

Gina ofegava e sentia todas as suas veias saltarem, seu sangue corria tão forte nas veias que chegava a doer.

- Me tortura Malfoy! – voltou a gritar – Me entrega! Me mata! Faz a porcaria de alguma coisa!

Mas Draco continuava uma estatua na sua frente, com a fria expressão irritada e a varinha firme para cada movimento dele.

- Cadê a porra da sua coragem Malfoy?

Berrou já desesperada com as lágrimas rolando pelo seu rosto delicado, o corpo tremendo, o desespero tomando conta de cada vibra do seu ser.

E pela primeira vez Draco se manifestou.

Ele riu, gargalhou ainda com a varinha apontada para mim.

- Coragem Weaskey? – a voz arrastada era puro sarcasmo – Sonserinos não são corajosos Weasley.

Seus olhos não se desgrudavam nem por um segundo.

- Sonserinos são egoístas!

A voz dele mais pareceu um sussurro.

- Só pensam em seus próprios interesses.

Ele falava no ouvido dela agachado perto dela.

O calafrio que percorreu sua espinha tinha uma mistura de medo e prazer da proximidade que eles se encontravam.

Jogou rosto para trás.

Nariz com nariz.

Tão próximos.

Os olhos dele tão frios.

A raiva que ele sentia era palpável, como se ela fosse culpada por tudo.

- Qual seu interesse Malfoy?

Sua voz saiu sussurro rouco e falhado.

Medo, desejo, ódio, esperança...

Tudo misturado.

Draco agarrou seu pescoço com tanta força que ela tinha certeza que ele a estrangularia sem pensar duas vezes.

Os dedos longos dele ficariam marcados na sua pele de qualquer maneira.

- Eu te odeio Weasley – Draco murmurou acariciando a maça do rosto dela com tanta força que quase saia sangue – Eu não consigo mais ter escolha e se acontecer alguma coisa comigo – a voz era rouca e falhava como se ele tivesse corrido muitos quilômetros – Saiba que a culpa é sua... traidora do sangue, pobretona, sarnenta, pirralha...

Os xingamentos se tornaram lamentos quando os lábios finos e frios tocaram os dela e o mundo parecia simplesmente parar naquele momento em que nada mais importava:

Guerra, Weasleys, Malfoys, Grifinórios, Sonserinos, Comensais da Morte, membros da Ordem da Fênix...

Nada daquilo importava.

Seus corações batiam no mesmo ritmo.

E aquilo ainda iria matá-los.


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