Sentamos atrás de uma das árvores dos fundos da escola, escondidos dos inspetores do pátio.

Lado a lado, começamos a conversar sobre tudo.

Esporte favorito, comida favorita, bebida favorita, manias, hobbies, gostos musicais. Descobri que Reita tocava baixo e eu confessei que havia feito aulas de canto.

Eu corei violentamente quando ele elogiara minha voz.

Contei a ele sobre meu vício por chocolates e ele não riu, só sorriu lindamente, dizendo que achava fofo. O loiro contara sobre o porquê da faixa no nariz. Era apenas por charme mesmo.

Reita estava sendo muito gentil, simpático e isso não era bom.

Quero dizer, eu estava adorando ele ser tão legal comigo, tão adorável, mas aquilo estava causando conseqüências, como minhas palpitações aumentando quando ele se aproximava, meu rosto corando cada vez que me elogiava.

Meu coração quase enfartou quando ele tocou minha mão sem querer. E ainda me falhava uma batida, quando lembrava de sua mão macia e quente tocando meu rosto, secando minhas lágrimas, apertando minha mão delicadamente.   

Droga, Reita estava fazendo eu me apaixonar por ele!

Eu havia acabado de sair de um relacionamento complicado, meu coração estava machucado...Não sei já estava preparado para outro...

O que eu estava dizendo? Reita podia estar apenas sendo gentil comigo. Minha mente estava criando a ilusão que o loiro estava dando em cima de mim. Era tudo coisa da minha cabeça. Ele só estava sendo legal. Era isso.

Então por que meu coração não queria acreditar nisso? Não estava feliz com essa hipótese?

- Ruki, está me ouvindo? – Perguntou, passando a mão em frente aos meus olhos.

- Gomen, Reita...me distraí.. – Falei sem graça. – O que você disse?

- Nada, só vi sua atenção fugindo e me perguntei se estava tudo bem. – Agora o sem graça era ele.

- Eu só estava pensando em algumas coisas...

- Hum...Ruki, posso te perguntar uma coisa? – Assenti, encarando-o. – Posso perguntar sobre o que aconteceu hoje de manhã? Antes de eu chegar? – Perguntou hesitante.

            Eu permaneci em silêncio, pensando se devia ou não falar. Se conseguiria falar, pra dizer a verdade.

- Não precisa falar, se não quiser! – Tratou logo de dizer.

- Não...tudo bem. – Esbocei um sorriso fraco.

            Respirei fundo, buscando forças para contar a história.

- Então...Kyo era meu...namorado desde o ano passado. Mas...ele me traiu com outro cara e...

- Você descobriu? – Completou.

- Não, ele mesmo me falou. – Reita pareceu surpreso. – Nós brigamos. Muito feio mesmo. Nunca havíamos brigado daquele jeito...Eu terminei tudo com ele. – Fiz uma pausa para respirar, tentando segurar as lágrimas. – Fiquei mal um final de semana todo. Me tranquei no quarto, chorando. – Minha voz começava a ficar chorosa.

            Reita ouvia tudo atentamente, sem falar nada.

- Eu tentei falar pra minha mãe que estava doente, mas acho que ela só fingiu acreditar. – Ri tristemente, sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto. – Aí, no dia em que vim para cá, Kyo havia me mandando uma mensagem, querendo conversar. – Fiz outra pausa, passando as mãos nos olhos, tentando deter meu choro. – Eu liguei pra ele no intervalo e brigamos de novo.

- Por isso você estava triste naquele dia... – Murmurou mais para ele mesmo que para mim.

- E então, ele foi lá em casa hoje, dizendo que iria me acompanhar até o colégio para conversarmos e aconteceu o que você viu. – Concluí, com as mãos ainda cobrindo meus olhos.

            Senti meu corpo sendo acolhido num abraço quente e carinhoso e tirei as mãos de meus olhos. Reita me abraçava terna e fortemente ao mesmo tempo. E não consegui resistir.

            Apoiei a cabeça em seu ombro, soluçando baixinho, chorando tudo que ainda restava dentro de mim. Enquanto o loiro acaricia minhas costas gentilmente, acalmando-me. Tudo que eu precisava era de um abraço.

E era mil vezes melhor sendo o de Reita.

Inspirei fundo, sentindo seu perfume invadir meus sentidos. Reita tinha um cheiro bom. Cheirinho gosto e tentador. Deitei minha cabeça em seu ombro, quase colando meus lábios em seu pescoço.

Era tão tentadora...aquela pele branquinha e cheirosa estava me tentando demais.

Inconscientemente, cruzei o pouco espaço que separava meus lábios de sua pele. Só mantive-os ali, colados em sua cútis alva e perfumada. Sentindo o quão quente e macia era.

Aquilo me fez pensar o quão maravilhoso seria beijar aquela boca tão linda e igualmente tentadora.

Movi os lábios minimamente, sentido as mãos de Reita descendo para minha cintura.

Ouvi Reita suspirar baixinho e despertei do meu momento mágico, descolando a boca e sua pele, mas ainda mantendo-me em seus braços.

- Desculpa por você ter que me aturar chorando...- Falei querendo esconder minha cara na árvore.

- Pare de se desculpar pelas coisas que não são sua culpa. – Ele falou sorrindo lindamente para mim. – Foi minha culpa, eu pedi para você contar a história. Eu quem deve se desculpar.

- Está tudo bem. Então nenhum de nós deve desculpas ao outro. – Concluí sorrindo, ainda envergonhado com a intensidade do sorriso de Reita.

            Ele puxou-me mais uma vez para perto, beijando minha testa demoradamente. E o tempo podia parar ali mesmo.

            Mas logo seus lábios deixaram minha pele e ele passou a me fitar profundamente, até ouvirmos a voz animada de Uruha vindo até nós.

Continua ~