Suddenly escrita por Sayami


Capítulo 4
Ruki




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Minha cara continuava péssima.

Mesmo depois de passar base, eu ainda podia ver as olheiras e as marcas vermelhas do choro da noite passada.

Suspirei. Não havia muito a fazer. Talvez minha mãe não reparasse tanto.

Desci para o café, encontrando apenas minha mãe na cozinha, ocupada com a louça.

- Bom dia mãe. – Cumprimentei-a com u beijo na bochecha, como fazia todas as manhãs. – Cadê o papai?

- Já saiu. – Respondeu, terminando de secar os pratos. – Ele anda muito ocupado na empresa.

- Como sempre... – Sussurrei, tomando um grande gole do chocolate da caneca.

- Ahh, esqueci de avisar, o Kyo ligou ontem à noite, quando você já estava dormindo.

            Engasguei com o líquido, resultando em uma breve crise de tosse.

- E o que ele falou? – Perguntei quase que imediatamente, assustando um pouco minha mãe.

- Bom, ele falou que ia passar aqui para te levar ao colégio. – Arregalei os olhos. – Aconteceu alguma coisa entre vocês, filho? – Perguntou levemente preocupada.

            Mamãe sabia sobre meu namoro com Kyo. Ela só não sabia que estávamos passando por problemas. Não contei para não deixá-la mais preocupada do que já é comigo. Ainda mais que ela adorava Kyo.

- Não mãe...é que me pegou de surpresa. – Sorri de leve, terminando meu chocolate quente.

            Peguei minha mochila, dei um beijo de despedida em minha mãe e saí de casa.

            Para minha desagradável surpresa, Kyo já estava no meu portão, me esperando. Desci o restante dos degraus, vendo-o sorrir para mim e abraçar minha cintura.

            Quando sua boca se aproximou da minha para tentar me beijar, eu desviei o rosto, fazendo-o acertar minha bochecha.

- Vamos andando, não quero que minha mãe veja nossa conversa. – Murmurei sério, desfazendo o abraço.

            Andamos lado a lado pela rua, quando geralmente andávamos de mãos dadas. Quando viramos a rua, comecei a falar, sem parar de andar.

- Você é muito cara de pau, né Kyo? – Alfinetei, fazendo questão de mostrar minha irritação na voz. – Depois da discussão de ontem, você ainda vem na minha casa, como se nada tivesse acontecido!

- Eu só queria conversar melhor, Ru-chan. – Disse mansamente, tentando inutilmente me abraçar.

- Não temos o que conversar, Kyo! – Afastei seus braços de mim, parando para encará-lo. – Você mesmo chegou para mim e falou que me traiu com o Die! Você sabe que eu não aceito traições!

- Mas foi só uma vez, Ru-chan! Eu já pedi desculpas! – Ele tentava-se de defender, mas aquilo me deixava cada vez mais nervoso.

- Que não tivesse sido nenhuma! – Vociferei, as lágrimas já brotando em meus olhos. – Não adianta se desculpar Kyo! Eu nunca traí você! Nunca dei motivos! Agora acabou! – Sentenciei, já chorando.

- Não fala assim, Ru-chan... – Ele se aproximava, me rodeando com os braços.

- Pára de me chamar de Ru-chan! – Recusei mais uma vez seu toque. – Chega, Kyo! Não dá mais...traição não tem desculpa! Me deixa em paz! – Empurrei-o para longe de mim, voltando a andar apressado pela rua.

            Até sentir sua mão em meu pulso, puxando-me de volta.

            Bati contra seu peito e ele me segurou em seus braços com força, chegando a me machucar.

- Me solta, Kyo! Agora! – Debatia-me, tentando fazê-lo me soltar.

- Você vai me ouvir Ruki! Querendo ou não! – Ele me apertava mais forte, me deixando imobilizado.

            Fui jogado contra um muro e ele logo me prendera contra o concreto com seu corpo. Ele aproximou os lábios, tentando me beijar, mas eu desviava meu rosto, gritando para ele me soltar.

            Mas era em vão. Kyo segurou meu rosto com as mãos, pronto para me beijar, mas algo o impediu.

            Abri meus olhos, que estavam fechados por meu susto. Vi Kyo caído no chão, massageando a bochecha super avermelhada.

            Logo à minha frente, estava ninguém menos que Reita com o punho erguido e os olhos brilhando de raiva.

- Ei, não ouviu ele? Cai fora e o deixe em paz! – Sua voz era perigosamente rouca, que até eu senti um arrepio.

            Kyo levantou-se cambaleando e passou correndo por nós.

            Abaixei o rosto, secando as lágrimas teimosas. Estava envergonhado. Reita havia visto tudo.

- Ei, tá tudo bem com você? – Perguntou, erguendo meu rosto com a mão. – Aquele cara te machucou?

            Pisquei algumas vezes, tentando juntar palavras na garganta. Eu não queria olhar em seus olhos, mas sua mão firme em minha bochecha, mantinha meu rosto imóvel, sem me deixar desviá-lo.

- S-sim...desculpe-me pelo que você viu... – Balbuciei, voltando a chorar.

- Não precisa se desculpar, não foi culpa sua. – Disse gentilmente.

            Podia sentir seus dedos moverem-se suavemente sobre minha bochecha vermelha, numa carícia gentil. Com a outra mão, ele secou minhas lágrimas, sem desprender os olhos dos meus.

- Você acha que consegue ir para escola? – Perguntou preocupado. – Posso te acompanhar até em casa se quiser...

- Não, está tudo bem. – Esbocei um fraco sorriso. – Se eu for para casa nesse estado, minha mãe vai fazer um escândalo.

            O loiro sorriu para mim, soltando meu rosto. Suspirei decepcionado, enquanto ele apanhava minha mochila que caíra no chão, sem eu nem perceber.

- Vamos então, Ruki? – Estremeci ao ouvir aquela voz tão gostosa falar meu nome.

            Reita estendeu a bolsa para mim e eu a apanhei, agradecendo.

            Andamos devagar, eu sempre alguns passos atrás dele. Então o loiro parou e me olhou profundamente e eu corei.

            Ele segurou minha mão, puxando-me para seu lado e assim andamos até o colégio.

            De mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Reviews? *-*