The Deaths Child escrita por MollySaven, JPerkinson


Capítulo 11
11.




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- Molly, Molly, Molly, Molly, Molly, Molly!

- Não me diga que você quer ir ao banheiro...

- Não é isso... – ele parecia indignado e,mesmo de olhos fechados,eu podia jurar que ele fazia biquinho.

Abri num olho e dei um longo bocejo.Mike se apoiava na janela aberta.Atrás dele,uma grande casa – uma mansão,na verdade – branca de dois andares,repleta de vidros e espaços abertos e arejados.

- Po...

- Lembra do que o papai disse sobre palavrões?

- Ele não é meu pai,não manda em mim e eu não estou nem ai pro que ele diz.

Abri a porta e Mike cambaleou para trás.Voltei-me para Ethan.

- Aonde estamos?

- Casa da Jenna. – Conrad respondeu.

- Por que estamos na casa de Jenna? – eu continuava falando com Ethan,que parecia pensar numa boa resposta. – Precisávamos de um lugar pra dormir e a casa dela fica no caminho. – ele parecia levemente envergonhado.

- Bom,ela nunca vai me deixar entrar na casa dela.Boa noite pra vocês,eu vou dormir no carro.

- Na verdade,ela te deixa entrar sim.Ela te aceita,esta disposta a ser sua amiga.Você bem que poderia fazer o mesmo...

- Ah,claro... – só então notei que haviam pessoas faltando – aonde estão Jesse,Jenna e Nathan?

- Entraram.Nathan esta bem melhor,já esta quase conseguindo andar sozinho.

- Quase... – murmurou Conrad num tom ‘quase’ inaudível.

- Vamos,Theodore?

- Claro,Molly-nunca-beijei-ninguem.

- E você já,por acaso?

- Na verdade,já.Não sou tão chato quanto certas pessoas.

Conrad soltou um gemido abafado quando certas pessoas pisaram em seu pé com força. – Ai!Foi você que perguntou...

- Você não precisavam complementar.Era só dizer sim ou não.

- Vou me lembrar da próxima vez – disse enquanto massageava seu pé.Levantou a cabeça e olhou para Ethan,que observava em silencio. – Não preciso perguntar a ele se ele já beijou alguém.Ele deixou isso muito claro.

- Eu nunca beijei ninguém.Só fui beijado.Muitas vezes.

- É,você realmente parecia estar odiando ser beijado lá no posto.

- E no carro.

Olhei,incrédula,para Conrad. – E no carro?

Ele olhou para Ethan como quem pede desculpas e mordeu de leve o lábio. – Enquanto você dormia,bem,eles...

- Muitas vezes?

- Só pararam agora.

- Vocês passaram um tempão...se beijando...no MEU carro? – vociferei para Ethan. – Arrumem um quarto!Que nojo,bem do meu lado...

Ethan lançou aquele seu sorriso malvado para Conrad. – O que eu posso fazer?Ela simplesmente não pode agüentar até chegarmos a um quarto.

- O que houve com você? – eu gritava cada vez mais alto – Você não era assim,você não é assim!

- Eu tenho uma namorada agora,Molly.As coisas mudaram.Eu mudei um pouco também.Você vai ter que aceitar!

- Não gosto do novo Ethan.Ele me da nojo.

Conrad pareceu achar o momento apropriado para deixar o carro.Acompanhei-o.Subimos as escadas de mármore branco que davam acesso a enorme porta dupla aberta.Respirei fundo antes de adentrar a casa.

Todos moveis eram feitos de madeira escura,quase negra,e panos cor de creme.No hall de entrada não havia muito mais que um espelho,um armário e um porta-chapéus,todos de madeira.Logo um mordomo de bigode fino veio pegar as malas que Conrad havia feito o favor de descer.No fim do pequeno cômodo,uma abertura na parede deixava a mostra a sala de estar.Presa na parede,uma TV 3D de no mínimo 50 polegadas reinava sobre tudo que havia naquele lugar.Logo a sua frente,um sofá reclinável de couro preto entrando em contraste com as paredes brancas e o chão encerado e brilhante.A escada que levava ao andar superior era totalmente feita de vidro com  diversas pedras preciosas presas a ele.Rubis,diamantes,esmeraldas e outras pedras preciosas faziam daquela escada o maior desperdício de dinheiro já visto em toda a terra.

Largado no sofá encontrava-se um senhor exageradamente gordo,barba rala,o cabelo escuro rareando no topo da cabeça.Usava um terno escuro,o paletó preto deixando a mostra a camisa engomada e branca,ainda amarrotada e suada no lugar onde devia haver uma gravata a pouco tempo e desabotoada até o peito.O pai de Jenna era mesmo lindo.Devia ser modelo.

Do alto da escada surgiu uma figura que finalmente fazia jus ao local.Alta,os lisos cabelos  loiros chegavam até sua cintura,a pele bronzeada de quem toma sol todos os dias e passa todos os cremes que existem no mundo,o sorriso branco de quem vai no mesmo dentista que alguma celebridade e roupas da moda.A mulher devia ter metade da idade do Sr.Perkinson.Só então me lembrei de que Jenna era filha de Afrodite.Coitada da garota,fora traída.Porem,Jenna era tão parecida com ela que dava praticamente pra se esquecer do fato de que ela não era sua filha.

- Vocês devem ser os amigos da nossa Jenna!Venham,já mandei Anthony preparar os quartos – ela se aproximou de Conrad – Você é o garoto bonito de quem minha filha falou tanto quando chegou?

Conrad corou.Eu estava prestes a responder por ele quando Jenna surgiu na escada também.

- Não,mãe,é o ruivo. – ela me lançou um olhar provocativo.

O sorriso de Conrad desapareceu,mas ele continuava vermelho quando passou a olhar pro chão.

- É,o Ethan é mesmo lindo.Maravilhoso. – respondi,devolvendo o olhar.

- Tem razão.Já deu uma olhada nos músculos dele?Ele tem um abdômen...

- Quando você...

- Quando eu vi o abdômen malhado do Ethan? – ela piscou confidentemente para mim – Eu sei que vocês são melhores amigos e tal,mas é só isso.O Ethan é meu namorado,o que significa que não só eu tenho acesso a tudo que você tem como ganho brindes muito interessantes...

- Você fala como se o Ethan fosse um avião,eu estivesse na econômica e você na executiva.

- E é basicamente isso mesmo.Aceite.Eu estou um patamar acima.A minha passagem vale mais.

- Sempre achei que comprar passagem na classe executiva era desperdício de dinheiro.

- Que bom pra você.

Ethan entrou com as mãos nos bolsos,olhando para os lados,obviamente encantado com o local.

- Mãe,esse é o Ethan – disse Jenna,sorrindo docemente para mãe e indo correndo abraçar a cintura de meu melhor amigo.

- Ola – ele disse,passando o braço por sobre os ombros dela.

- Oi – o sorriso da mãe era igualmente doce ao de Jenna,embora não tivesse aquele ar irônico. – Você é mesmo muito bonito.

Soltei uma risada alta ao ver a expressão de Conrad murchar ainda mais.Ethan me encarou por um segundo,e pude ver a raiva ainda acumulada em seus olhos.Dei as costas a ele e puxei Conrad pela mão.Em segundos,Anthony apareceu,pronto para levar-nos a nossos quartos.Logo descobri que Jesse dividiria um quarto com Nathan e eu dividiria um com Mike e Conrad.

 O quarto não era menos sofisticado que a sala.Camas de carvalho com enormes e esculpidas cabeceiras tomavam a maior parte do cômodo,uma televisão muito fina de 46 polegadas presa a parede dourada cheia de pedras preciosas incrustadas.Eles realmente não sabiam o que fazer com seu dinheiro.Comecei a arrancar alguns diamantes da parte da parede atrás de minha cama.

- Esse lugar é grande... – Mike sentava-se em sua cama,devorando uma enorme barra de chocolate.

- Onde conseguiu isso? – Conrad pressionava o estomago com uma das mãos.

- A mamãe da garota loira me deu...

- Interessante...

- Você não pretende assaltar a cozinha,pretende?

- E se pretender?Você não parece ter nenhum problema em relação a roubo...

- Conrad,isso se chama prevenção.Se o nosso dinheiro acabar,vamos precisar de mais,certo?

- Vamos precisar de mais comida também,já que a nossa acabou.Estou indo pra cozinha,quer alguma coisa?

- Comida.

- Posso ir também? – Mike pulou pra fora da cama com as mãos e a boca amarronzadas de tanto chocolate.

- Claro,vem.Só não toque em nada. – respondeu Conrad,e os dois desapareceram pela porta.Pouco tempo depois,Nathan apareceu,apoiando-se em uma bengala escura.Não pude deixar de rir.

- Pode rir,mas essa bengala é bem útil. – ele disse,segurando a bengala como uma espada e cortando o ar.Ri novamente.Ele se jogou na cama ao meu lado.

- Como vai a perna?

- Melhor,mas continua doendo. – ele levantou seu jeans ainda manchado de sangue até o joelho,deixando a mostra feias marcas de dentes.Ele soltou a barra da calça,deixando-a voltar para a posição normal.

- E ai,por que veio aqui?

- Bem...ninguém agüenta muito tempo perto de Jesse.

- Concordo.Você não parece muito amigável,de qualquer forma.

 - Não sou.Nunca fui.Mas você não é exatamente um exemplo da simpatia e amizade.

- Eu tenho melhorado.Ainda não matei nenhum dos meus irmãos e fiz mais um amigo!

- Nossa,deviam dar um premio pra você ou algo assim. – ele sorriu.Seus dentes eram brancos,mas não se comparavam aos de Conrad.

- Você é filho de quem? – mudei de assunto.

- Isso importa? – ele levantou uma sobrancelha.

- Um pouco...

- Você é filha de Hades.Nenhum deus é mais suspeito do que Hades.

- Você ainda não respondeu minha pergunta.

- Promete não rir?

- Não.Mas prometo cutucar essas feridas com minha espada se você não falar.

- De Héstia.

- Não foi isso que Connie disse – assobiei e desviei o olhar,fingindo disfarçar.

- Ta.Sou filho de um deus velho,gordo e bêbado.Mas eu juro que não puxei o papai.

Belisquei sua bochecha – Que fofo,a cara da mamãe.

- Você não pode falar nada.Você e sua mãe são quase idênticas. – ao perceber minha expressão,completou – Jesse me contou.

- Claro.

- Única diferença: seus olhos. – Nathan colocou a mão sob meu queixo,provavelmente para ver meus olhos de perto.Olhos violeta sempre chamam a atenção.Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração em meu rosto.Ele deslizou sua mão até meu pescoço,e,antes que eu tivesse chance de apresentar qualquer reação,ele puxou meu rosto pra perto e senti seus lábios sobre os meus.

- Uau... – disse uma voz familiar.Eu sabia que seu dono estava perto,mas sua voz soava tão distante...Conrad tossiu impacientemente. – Podem parar,por favor,tem crianças aqui?

Não sei exatamente quanto tempo se passou até eu voltar a realidade.Pensei em algo pra dizer a Conrad,mas fui interrompida pelas perguntas de Mike.

- Você e o tio Nathan estão namorando?Vão se casar?Eu vou ter sobrinhos?Espera...você não ia se casar com o tio Ethan?

Meus olhos encontraram os de Conrad.Eu não sei como alguém pode transmitir a frase “você acabou de beijar o meu pior inimigo” com os olhos,mas os dele transmitiam exatamente isso.

Só então lembrei-me de que havia um Nathan bem ao meu lado.Poucas vezes na minha vida eu estive tão confusa.

- Se vocês se casarem,posso ser o daminho?

- Mike,daminhos não existem. – Conrad ainda me encarava com aquele olhar sinistro.

- Vou...comer alguma coisa. – sai de perto de Nathan e me coloquei de pé.Quando passei pela porta,Conrad me entregou um pacote de biscoitos de chocolate.Senti meu rosto corar ao segura-lo,mas em pouco tempo meu sorriso se abriu novamente.

Ethan assistia a algum jogo de rúgbi com o pai de Jenna,que xingava sem parar os jogadores.

- Como vai,senhoria emburrada? – a raiva havia passado.

- Me sinto ótima.

Notei que Mike se encontrava atrás de mim e tentava roubar alguns biscoitos de chocolate sem que eu percebesse.

- Você soube,tio Ethan?O tio Nathan e a Molly estão namorando! – comentou Mike,alegre,a boca cheia de farelos de biscoito.Algo no olhar de Ethan mudou,eu não sabia dizer o que.

- Como assim,Mike? – Ethan sorriu e esfregou os cabelos de Mike,desacreditando.

- Eles estavam se beijando!

Ethan continuou sorrindo – Não é por causa de um beijo na bochecha que...

- Mas,foi na boca! – Mike estava irritado com sua falta de credibilidade.

- É tão difícil assim acreditar que alguém me beijou? – perguntei quando minha paciência se esgotou.

- Não,você sabe que eu nunca...

- Disse isso.É claro que não.Você só esta surpreso com o fato de que alguém goste de mim a ponto de me beijar.Afinal,você pode ter uma namorada,mas eu não posso beijar ninguém...

- Você entendeu errado...

- Serio?Então me explique,como eu deveria ter entendido?

- Crianças,no geral,quando vêem pessoas de mãos dadas ou conversando sozinhas,já acham que essas pessoas estão namorando.Eu pensei que fosse isso.

- Porque é mais fácil acreditar nisso do que acreditar que alguém me beijou.

- Não foi isso que eu quis dizer,você sabe.Bom,parabéns pra você e seu lindo namorado de bengala. – ele sorriu e,pela primeira vez em toda a minha vida,eu não soube dizer se foi um sorriso sincero ou não.

- Michael King – resolvi mudar o assunto – Pode me dizer quem te deu o direito de sair por ai contando pra todo mundo sobre quem eu beijo ou deixo de beijar?

Ele olhou para o chão.

- Eu te mato! – fiz menção de correr atrás dele,que instantaneamente disparou pela casa. – Crianças...

- Pois é – concordou Nathan,mais perto do que de costume.Voltei-me para ele e percebi que pelo menos meio metro nos separavam.Ethan fingiu não prestar atenção.

- O almoço esta pronto! – disse a cozinheira morena de olhos amendoados e rosto gorducho com um forte sotaque britânico.

- Ah,mas eu estava me divertindo tanto! – disse o Sr.Perkinson.Por algum motivo,tive a impressão de que ele não estava prestando atenção no jogo.

- Moço,o que tem pra comer? – Mike cutucava o pai de Jenna insistentemente.

- Escargot,caviar,macarrão ao molho funghi e algumas iguarias da comida asiática. – ele notou a cara de nojo de Mike – Posso pedir pra cozinheira fazer miojo e nuggets pra você.

- Eba,miojo e nuggets! –Mike saiu saltitando para procurar a cozinheira.Todos se dirigiram á cozinha.Eu,entretanto,tomei a direção contraria.

- Comida,Theo.

- Não estou com fome.

- Não seja dramático.Não foi nada de mais.

- Você...- ele pareceu pensar numa palavra apropriada – se atracou com meu pior inimigo.

- Atracou? – soltei uma das minhas risadas altas e sarcásticas. – Vamos comer,Con-con.

- Só se você parar de me chamar assim.

- Sinto em lhe dizer,mas você vai morrer de fome,Con-con.

- Esta bem,eu vou.

Fizemos o curto percurso até a mesa em silencio.Todos já encontravam-se sentados.Conrad e eu tomamos nossos lugares.

- Passa o arroz,Molly-já-beijei-alguem? – a fala de Nathan causou reações diferentes em cada uma das pessoas ali sentadas.

Jenna engasgou-se com seu suco de uva,cuspindo pingos roxos por toda a sua blusa branca.Seus pais se entreolharam,sem entender,embora eu achasse que Sr.Perkinson sabia sim o que estava acontecendo.

Ethan soltou um leve porem perceptível pigarro.Conrad emburrou-se ainda mais.Mike deu um leve sorrisinho. – Dessa vez não fui eu que contei.

- Não mesmo.Me passa o arroz.

Mike me passou a tigela azul de porcelana.Entreguei-a a Nathan,que me dirigiu um sorriso arrogante e irônico.Eu não sabia se retribuía o sorriso ou lhe quebrava os dentes.Resolvi,por hora,não fazer nada.Comemos em silencio,fora as desesperadas tentativas de puxar assunto com Ethan dos pais de Jenna.Queriam conhecer o namorado de sua filha.Sorri ao imaginar a reação de meu pai se eu lhe apresentasse meu namorado.


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