Dados Viciados escrita por DarrenShanLover


Capítulo 4
Tá, Já Entendi Que Fui Eu...




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Demorou um pouco para o velho perceber que, na verdade, tinha perdido. E, quando finalmente saiu daquela espécie de estado de choque, tremia de tanta raiva, seu rosto estava vermelho. Num pulo, levantou do banco de pedra em que estava sentado.

            “Tá, agora ferrou de verdade”, pensei.

            Ele olhava acusadoramente para todos nós, não dava para saber para quem estava olhando por causa daqueles óculos escuros, entretanto, de repente, senti um arrepio correndo a minha espinha, e soube que era a mim que ele encarava. Minha vontade era de correr dali na maior velocidade, mas minhas pernas não obedeciam. Meus amigos também estavam petrificados ao meu lado, não haveria ninguém para nos tirar daquele transe.

            - Hey!!! – ouvi Bruno gritando do outro lado da praça. – Tá tudo bem ai?

            Ah, claro que estava tudo bem. Só tinha um cara furioso e sinistro que parecia pronto para matar a primeira coisa que se mexesse bem á nossa frente. Porém as palavras não saíam, e, por mais que eu quisesse gritar para que alguém fizesse qualquer coisa, nenhum som era produzido.

            - Não quero intromissões... – o velho sussurrou.

            Virou a cabeça lentamente até Carol e Bruno, como se estivesse decidido a esmagá-los. Uma onda real de medo percorreu todo o meu corpo. Tudo bem, aquele aparentava ser um velhinho inofensivo. Mas, com certeza, havia algo errado.

           Não conseguíamos nos mexer como queríamos. Aposto que já teria fugido daqui a primeira oportunidade, se pudesse. A atmosfera sinistra, o frio súbito, nossos corpos não nos obedecerem, aquela brisa estranha que soprou garantindo a vitória de Gabriel... Simplesmente não era normal... Estávamos correndo perigo de verdade...

            Aquele pensamento me ligou novamente, e, em menos de um segundo, me coloquei na frente do velho, forçando uma expressão determinada. Meus amigos piscaram nervosamente, se recompondo também, em seguida, se viraram para Carol e Bruno.

            - Corram, chamem alguém!!! – Isa gritou.

            - Hã? -  Carolina perguntou.

            - Mano, some daqui, vai chamar algum tiozinho!!! – Tiago devolveu.

            - Foi você... – o velho disse ainda me encarando, ignorando os apelos dos meus amigos.

            Engoli a seco. Não sabia do que ele estava falando, mas achei melhor ficar quieta.

            - FOI VOCÊ!!! – ele vociferou.

            Os bancos de pedra racharam, um vento gelado cortou o ar. Não era mais um velho à minha frente. Agora, um homem de, no máximo quarenta anos me encarava, usava um sobretudo preto. Tinha cabelos brancos e os olhos ainda estavam escondidos pelos óculos.

            Mas o que realmente me fez quase sair voando dali fora a foice enorme que ele segurava com as duas mãos. Cheia de detalhes feitos em ouro envelhecido no cabo, com uma lâmina afiadíssima ameaçando partir qualquer um em dois.

            Com o canto do olho vi Gabriel e Kiara em estado de choque, encarando o homem sem nem ao menos piscar. Tiago estava parado olhando fixamente para o cara, Isa mantinha o olhar sobre o homem também, listando todas as palavras bonitinhas que conhecia...

            Minha atenção retornou ao homem quando vislumbrei um brilho metálico. Ele havia empunhado a foice com uma mão e pousava sua lâmina ameaçadoramente na minha nuca. Ao sentir o metal gélido contra minha pele, minhas pernas amoleceram e o grau de medo foi levado a outro patamar. Um movimento era tudo que se colocava entre mim e a minha morte. 

            Mordi o lábio para ver se conseguia evitar a onda de pânico.

            - Eu não costumo receber desaforos de quem trapaceia, você sabe? – o homem disse, sua voz era aveludada, não havia nenhuma pista da voz carrancuda e rouca do velho.

            Reuni toda a minha coragem para manter a expressão firme. Ele parecia esperar que eu respondesse, mas não abri a boca, sabia que, com certeza, minha voz iria falhar assim que eu tentasse produzir algum som.

            Apertou mais ainda a lâmina contra meu pescoço, o suficiente para fazer um filete de sangue escorrer para a gola da minha blusa.

            A expressão do homem pareceu confusa, até irritada.

            - Uma humana? Interessante. Tsc, acho que não vou te matar, adoro surpresas...  – ele concluiu, e eu dei um suspiro de alívio. O homem, então, ergueu a cabeça para encarar Kiara, Tiago, Isa e Gabriel que estavam atrás de mim. – Porém, esses seus amigos aí...

            - Não! – gritei.

            - Mas você quer mesmo ser uma pedra no sapato, não é? – ele disse, virando-se para mim novamente.

            Então, sua expressão mudou de repente.

            - Tive uma idéia... – um sorriso maligno tomou seu rosto.

            E, em menos de meio segundo, puxou a lâmina da foice para sua direção, cortando meu pescoço...


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Notas finais do capítulo

REVIEWS!!!!!



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