For(n)ever. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

obrigada e desculpa a demora.



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Capítulo Sétimo.

É meio estranho sentir falta de nada e tudo ao mesmo tempo. William realmente estava sentindo-se assim, meio sem saber o que sentir. Naquele dia, após terminar de escrever a carta, William começou a jogar fora as caixas de pizza – cheias de formiga que lhe picaram na mão -, as caixas de comida chinesa e japonesa. Empilhou as revistas, separando as lidas das ainda não lidas.  Quando deixou aquele lugar o mais agradável possível de se conviver, Beckett decidiu separar umas roupas para levar à lavanderia e depois enviaria a carta ao seu ilustre desconhecido. Depois ele pretendia ler um pouco do diário, ou – e talvez o principal – procurar algo sobre aquele lugar que lembrara – sobre si mesmo – na internet. Deveria ter algum tipo de sorte.

Uns dias se passaram e Gabe voltou ao seu país de origem. Ele estava desesperado para ver o seu William e dar um abraço forte nele. Talvez ele estivesse precisando desse gesto tanto quanto Gabriel e exatamente por isso ele sequer desfez as malas na casa de Alex, sequer olhou se tinha correspondência para ele, apenas foi o mais rápido que pôde para o apartamento 405, o de sua mãe, enrolar para que não ficasse tão na cara o tamanho de sua necessidade por vê-lo. E ele enrolou por no máximo meia hora até subir – de escadas, pra demorar – ao andar de William.

Novamente, William encarava bem a porta do seu antigo ateliê. Encarava com a mão na maçaneta. Refletia sobre entrar ali ou não, se tentaria pegar novamente no pincel e tentar pintar alguma coisa - porque queria o mais rápido possível cumprir a promessa que havia feito ao seu ilustre desconhecido. Seu coração disparava, parecendo que queria tomar o lugar de sua garganta e então ele foi acordado pelo ‘ding dong’ da campainha. Com o susto que havia tomado, Bilvy começou a rir e rumou até a porta de entrada. Quando a abriu, viu Gabe com um sorriso no canto dos lábios, com aqueles grandes olhos que brilhavam bastante ao se encontrarem com os de Bilvy. Timidamente o último citado, focou seus olhos em um ponto que não fosse Gabriel e sorriu:

“Hey.” William falou fraco, Gabriel assentiu.

“Eu...” Começou, mas logo interrompeu a si próprio para olhar para seu tênis novo. “...estava com saudades.”  O menor corou antes de dar espaço para o maior entrar.

“Por favor, Gabe.” Sorriu. “Você não precisa pedir licença pra entrar, a casa é sua. Eu to aqui de intruso.”

“Não seja bobo.” Gabe abafou para si próprio o final da frase que seria “nós compramos isso aqui juntos.”, enquanto entrava e olhava saudosamente os móveis da casa. Cada pedacinho dali havia sido pensado pelos dois, juntos. Era estranho para ele estar ali apenas como um visitante. “Essa casa é tão minha quanto sua.” Sorriu.

“’Brigado.” Sorriu. “Sente-se e deixe de formalidades.” William puxou seu diário para perto de si junto com as cartas que agora eram guardadas carinhosamente dentro do diário, para que Gabe não as visse e não se ferisse, a final, ele já havia declarado seu amor publicamente a William por várias vezes.

“Como se sente?” Perguntou Gabe.

“É bom estar em casa, mesmo que eu não me lembre dela.” William suspirou entristecido. O maior assentiu. “E como você está, hm?”

“Bastante feliz.” Sorriu grande, tirando os tênis para se ajeitar com os pés em cima do sofá. “Sabe, estar nos palcos é tão maravilhoso que eu me esqueço do mundo, dos meus problemas. É como se eu me misturasse ao público enquanto canto. É indescritível. Depois dos shows sempre tem os meet and greet ou, às vezes, alguns fãs nos acham. Eu me renovo enquanto faço tour, mas voltar pra casa, para as coisas que eu amo, consegue ser tão bom quanto.”

“Eu fico feliz por você.” Aumentou o sorriso. “Eu consegui aprender um pouco de Espanhol nesses meses. Acho que consigo me virar sozinho por aqui sem perguntar se as pessoas falam inglês.”

“Isso é incrível!” Cerrou o punho para si próprio, contendo ali a vontade de abraçá-lo.

“Eu... to começando a lembrar de algumas pessoas.” William murmurou e, num impulso, o abraçou meio fortinho e deixou um beijinho em sua bochecha. O menor ficou completamente paralisado, como se seu corpo desacreditasse que estava mais perto de Gabe uma vez mais e dessa vez se lembraria. “V-você quer--”

“Eu fico feliz demais por você.” Gabe disse no ouvido dele, demorando mais que o necessário – e relutante -, para soltá-lo. Novamente, feito uma criança apaixonada pelo garoto mais popular da escola, Beckett sentiu as bochechas esquentarem mais que as demais vezes que isso havia acontecido. “Desculpe, não pude me conter. Minha felicidade ficou completa e eu não consegui me segurar.”

“Tudo bem.” William sorriu. Os dois ficaram no mais absoluto silêncio. Gabriel olhava novamente a casa e viu algumas revistas da Cobra Starship e não conseguiu conter o sorrisinho no canto dos lábios. “Eu vi alguns vídeos da sua banda. É genial.”

“Obrigado.” Sorriu.

“Você quer beber alguma coisa?” Gabe assentiu e os dois foram em passos pequenos para a cozinha. “O que quer beber?” Sorriu.

“Cerveja.” 

Quando William entregou a bebida e as duas mãos – de Gabe e de Will - se tocaram e causaram em ambos um arrepio bom por suas espinhas. Ficaram um bom tempo se olhando firmemente, num olhar que palavra nenhuma seria capaz de traduzir, até que relutante, o menor se afastou. Ele pegou um pouco de sorvete para si e ambos sentaram-se à mesa e a conversa de Gabe – para que não ficasse tão silencio assim -, era sobre a banda.

“Eu vi Snakes on a Plane.” Falou, corando, em seguida começou a rir baixinho. “Eu estava horrível.”

“Eu discordo!” Exclamou, apoiando a cerveja na mesa. “Você estava extremamente adorável.”

“Obrigado.” Mordeu o canto do lábio, ajeitando os óculos que usava. “Você é gentil.”

“Não por isso.” Gabe sorria, orgulhoso. Junto com os goles de cerveja, ele engolia sua curiosidade. William queria perguntar como era o namoro deles, mas nenhuma palavra saiu, por timidez. Gabe queria perguntar quem eram as pessoas que estavam na lembrança dele, mas não pronunciou uma palavra sequer, por receio. “Quer... dar uma volta por Montevidéu? Eu vou de guia turístico e intérprete.” Brincou.

“Bobo, eu já falo espanhol mais ou menos.” William deixou a pequena tacinha que havia separado na pia e Gabe fez questão de ir atrás, colocar a garrafa ali também. O menor enconstou-se na pia e o maior o prendeu ali. Novamente os olhares se cruzaram, se chocaram, trocando sentimentos indescritíveis.  Agora o maior mantinha um olhar doce com um quê de adoração.  “Eu aceito.” Murmurou, balançando a cabeça, sem desviar os olhos, porque o outro o prendia sem pudor nenhum dentro daqueles olhos expressivos, os olhos mais apaixonados que já tinha visto em sua vida.

Gabriel assentiu, curtindo a proximidade e se dando ao luxo de tudo aquilo. Sem desviar o olhar, deu um passo relutante para trás, sem soltar a beira da pia que prendia Beckett. O menor apenas acompanhou seu gesto.

“Eu...” Bilvy começou, mordendo o lábio para conter a vontade de pedir para que ele viesse de novo para perto. “... vou trocar de roupa.”

O vocalista do Cobra Starship apenas assentiu, esboçando uma risadinha baixa logo negando com a cabeça. William franziu o cenho, genuinamente curioso e perguntou:

“Que foi?” Cruzou os braços a altura do peito, com um tom de voz manhoso.

“É que certas coisas não mudam.” Gabe explicou, ainda rindo baixo. “Você parece com a Vicky que não sai de casa sem olhar pro espelho, pelo menos trezentas vezes.”

“Imbecil.” Xingou sem ter realmente a intenção de ofendê-lo, deixando uma doce risada escapar, invadindo saudosamente os ouvidos do maior, o deixando ainda mais feliz. Gabe irradiava felicidade só de estar perto do seu Bilvy que ergueu os pés – por pura manha, mesmo – e deixou um beijinho no rosto de Gabe, dizendo ainda com os lábios pressionados ali: “Vou me trocar.”

Gabe desfez a “prisão” de William que logo saiu do campo de visão do primeiro. Ele ajeitou a cozinha ligeiramente bagunçada e foi para a sala. Ali foi impactado com o quadro de Pollock que William ganhou no aniversário do ano passado que estava na sala. Viu por ali uma pilha de revistas sobre a Cobra Starship e a The Academy Is..., e Gabe pensou em autografar ao ver uma caneta perto do diário, mas lembrou-se das cartas, então suspirou encarando a foto que Will havia posto no criadinho, junto à foto dele beijando Gabe, a com Siska.  Na verdade, ele não gostou de ver seu amado criando ilusões com Siska, sobre a amizade antiga.

William se machucaria, de novo, porque Siska era cruel quando queria.

Então o pintor voltou trajando apenas uma camiseta branca simples, com os óculos escuros pendurados na gola, calça jeans skinny e tênis; deixando Gabriel completamente extasiado com a beleza do ex-Academy Is... Era muito capricho – embora a roupa fosse simples – para apenas andarem por Montevidéu.

“Que foi?” Perguntou William. “Se tiver muito ruim, eu troco rapidinho.”

“Está ótimo.” Respondeu rápido. “Realmente estupendo.”  

“Eu demorei muito, certo?” Perguntou, coçando adoravelmente o rosto. Gabe apenas sorriu, grande.

“Você só perdeu a memória, não antigos hábitos.” Gabe manteve o sorriso, fazendo o outro corar novamente. “Você está maravilhoso.”

“Obrigado.” Sorriu, fraco. “Vamos?”

“Oh, sim.”  Saporta sorriu e os dois seguiram para fora do luxuoso prédio e foram juntos – no carro de Gabe – passear pela cidade. Gabe mostrara o palácio legislativo, a cidade velha, o  teatro municipal... As coisas com valor por ali e explicava sua história. Will tirava fotos feito um turista enquanto eles passavam por esses locais o menor ia batendo fotos divertidas com Gabriel e de Gabriel, correndo pelas praças, nos lagos, da paisagem que ficara espetacular na roda gigante, do alto. Vez ou outra eles eram interrompidos por fãs pedindo por fotos e ambos eram muito simpáticos – embora estivessem em um momento que deveria ser somente deles.  William Beckett, agora, ficava tímido ao ser requisitado, mas era uma questão de tempo.

Ao cair da noite, Gabe levou William para casa. Haviam passado horas bem agradáveis juntos e Beckett sentia-se flutuar, como se entendesse o porquê de no passado que ele não se lembrava; ter namorado o cantor.  Gabe era com mágica.

“Você não vai entrar um pouco?” William disse ao chamar o elevador, sorrindo ao ver Gabriel assentir. “Eu vou ver o que eu faço pra gente comer.

“E você aprendeu a cozinhar?” Brincou. E entraram no elevador, juntos. O coração de Gabe queria tomar o lugar de sua garganta quando a mão de William tocou a sua, já que ele estava lado a lado com seu amor que sorria aquele sorriso que era o mais lindo do mundo.

“Comida congelada salva o mundo.” Encolheu os ombros. Gabe riu baixinho junto com William e eles voltaram para sua antiga casa. “Onde você tá morando, hm?”

“Com o Nate.” Menti, porque se dissesse a verdade, o endereço das cartas seria descoberto e não estava na hora ainda de se apresentar como o ‘E’ de Eduardo. De Gabriel Eduardo Saporta.  “Ele é uma excelente pessoa, exceto quando eu tenho que sair e deixá-lo sozinho com o Alex.” Brincou, deixando isso claro ao soltar uma risadinha pelo nariz.

“Se quiser votar pra cá--” Saporta interrompeu negando com a cabeça.

“Eu não conseguiria morar aqui sem você, Bilvy.” Gabe falou baixinho, segurando o queixo do menor. “Isso aqui está cheio de lembranças do que eu não sei se um dia terei de volta, e vai machucar bastante aqui...” Colocou a mão de William sobre o seu coração que batia furioso contra sua caixa torácica, como se fosse arrebentá-la a qualquer momento.

“Desculpe, eu não tinha visto por esse lado.” Acariciou o peitoral de Gabe antes de soltá-lo aos poucos. Gabriel, vendo que suas palavras entristeceram ao Will, abraçou-o sem maldade nenhuma e escondeu o rosto em seu pescoço. Os dois permaneceram assim alguns minutos. “Obrigado.”

“Tudo bem.” Soltou William aos poucos e esse ligou a TV. Colocaram o DVD de Two and a Half Men antes de ir para a cozinha. Fizeram pizza e tomaram cerveja ao ver juntos a segunda temporada inteira da série. Gabe dormiu deitado com a cabeça no colo de William, não era o que ele sonhava fazer, mas por hora era suficiente e acordou meio desnorteado com as risadas do próprio seriado. William pediu que ele fosse ao quarto e lavasse o rosto e ele o fez.

Foi embora contra a vontade, uns vinte minutos depois, dizendo que iria para casa de sua mãe um andar abaixo. William sentia no peito uma sensação boa. Uma sensação que queria novamente ter. William Beckett sentiu-se amado.


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