For(n)ever. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 9
Intermission.


Notas iniciais do capítulo

me desculpe pela demora. recebi meu computador de volta, meu arquivo está intacto e eu vou tentar voltar a escrever porque estou com saudades.



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#Intermission.#



Bill,

Bom dia. São nove horas da manhã de um dia ensolarado, com céu bem azul e poucas nuvens. Percebo assim, então, que hoje será um dia bem quente, típico da primavera. Desde já – e olha que estou acordado há uma meia hora no máximo – olho para o horizonte e busco certas respostas nele, mas de vez em quando o céu é mal, porque não me diz o que fazer com meus próprios problemas. Talvez porque essa seja a hora de eu mesmo resolvê-los, você não acha?

Eu estou me lembrando de você, ao olhar para o meu quarto e vê-lo de pernas para o ar, só que eu não vou arrumá-lo, porque eu gosto da bagunça. Gosto de ser desordenado e não vou arrumar também porque assim eu posso perceber sua presença aqui, mesmo que você nunca tenha entrado nesse quarto. Sabe, outra coisa que eu gosto de fazer? Tomar chocolate quente pela manhã, mas agora não vai ser possível, o céu está livre de nuvens e está muito quente. Eu deveria estar indo para o banho, mas eu sou nojento e gosto de escrever para você. De verdade, suas palavras escritas me revitalizam. Eu poderia tocar o céu.

Mas vamos falar do que interessa pra você. Meu dia chato não é o melhor assunto do mundo, mas, para começar bem essa carta, deixe-me pedir desculpas pela demora na resposta. Eu tive uns problemas para chegar em casa e por isso não peguei minha correspondência. Achei que morreria sem sua letra escrita. talvez tenha razão, preciso me apresentar melhor; eu tenho um metro e vinte de altura, cabelos que são maiores do que eu e que eu vivo tropeçando; eu tenho dez filhos com uma mulher, mas não a amo e nenhuma das crianças se parece comigo. Tem algo errado aí. Quero dizer, eu não sou assim, mas não sou adorável feito você. Não chego nem perto do quanto você é adorável e sensível.

Agora são nove e meia da manhã, o sol bate contra meus óculos, cegando-me com facilidade. Eu ando demorando para escrever pra você, o que é bastante estranho, já que eu tenho muita facilidade para escrever e expressar no papel coisas que meus olhos não dizem. Isso não faz de mim um homem vazio, faz? Talvez eu precise que o céu renove minhas forças enquanto eu não possa abraçar você de novo e eu sinto sua falta. Juro que já perdi as contas de quantas vezes desejei estar no seu lugar, desejei perder a memória. Desejei que isso não fosse verdade. Quando eu era pequeno, minha mãe dizia que eu era especial e que para pessoas especiais o céu dava a solução de tudo e quando o sol cegasse meus olhos, eu deveria fazer um pedido. Confesso que quando estive no hospital, te olhando naquela cama eu tentei isso e o céu demorou meses pra me responder.

Creio que minha mãe estava errada. Eu não sou especial.

Vamos falar de coisas boas, das suas conquistas, por exemplo. Talvez eu precise te apresentar melhor ao Gabriel Saporta. Claro que você deve estar pensando que o conhece bem, mas eu acho que não. Você tem lido sobre ele, mas não o suficiente para entender concretamente que por mais que Gabriel tenha sido um idiota completo quando mal conseguia olhar para você e/ou quando ele sequer sabia se ainda estava apaixonado por você, ele jamais aceitaria que você fosse procurar outro lugar para viver. O apartamento nesse prédio encantador foi escolhido por vocês dois, juntos. Você pagou metade do apartamento e ele pagou a outra metade, então não se constranja ao ficar aí. Esse lugar é seu e, eu não quero perder o contato com você.

Bilvy, eu te confesso que cada dia que passa me surpreendo com sua capacidade de me fazer sorrir, ainda que a distância. Eu gosto quando você escreve coisas assim e me deixa sorrindo feito um idiota. De ter a mania adorável de me fazer feliz com muito pouco e de verdade, eu poderia passar a minha vida olhando para sua letra e suspirando, imaginando o quão feliz você está ou mesmo o quão entristecido você pode estar. Ultimamente tem sido isso o alimento para minha alma, o motivo do meu sorriso. Do mais bobos dos sorrisos que eu pude ter, ou que eu pelo menos poderia crer que existia. Acho que nunca ninguém teve esse dom de me fazer sorrir bobamente assim.

Sabe, eu não estava querendo tocar nesse assunto, mas eu me vi na obrigação de fazê-lo pero no lo quiero que te eche de lumbre conmigo):, eu não suportaria ser ignorado porque você está com raiva de mim. Direi porque eu estou preocupado e não quero que me entenda mal. Hoje eu tive um sonho ruim, e nesse sonho eu perdia você para alguém que você achava que era um bom amigo, um amigo melhor do que eu, porque ele era simplesmente mais do que letras que tomavam uma parte generosa do seu tempo. E então, você demorou para escrever e quando o fez foi para desfazer o vínculo que temos criado com essas cartas. Confesso que tenho medo de perder a gente. Quero dizer, não que tenhamos um romance, mas você é meu melhor amigo e eu tenho ciúmes de você. Eu quero que divida seu tempo e suas conquistas comigo, meu motivo para sorrir. Então, eu peço que tenha cuidado com quem acredita ser seu amigo. Pessoas mentem e eu não quero você ferido.

Lembro-me que você gostava – muito – da Vicky-T, da Cobra Starship. E o Ryland vinha de bônus. Vocês eram um trio e tanto, na verdade. Eu até achava que você nunca teria tempo para um cara mais calmo quanto eu. A Vicky é uma pessoa adoravelmente especial. Ela pede desculpas por não estar muito próxima, mas ela tem o mesmo pensamento de Gabriel e por isso, ela não sabe como se aproximar, por isso te mando minha carta pela Vicky. Convenhamos, é um motivo e tanto para que ela se aproxime. Como combinamos que vamos curtir o mistério mais um pouco, ela não vai lhe falar quem eu sou nem sob tortura, então nem tente.

Sobre seu trauma, eu estou longe de ser psicólogo, mas acho que você deveria tentar entrar no seu ateliê mais uma vez. Eu posso ajudá-lo daqui. Podemos fazer uma brincadeira. Desenhe para mim o que você quiser e anexado à próxima carta, eu te mando o meu desenho, embora eu não saiba desenhar. Só quero ver você feliz por completo, outra vez. Quando se sentir pronto, volte a pintar. Feche os olhos e se deixe levar pelo pincel e pela tinta nas pontas dele, deixando que ele pinte para você. Era o que você dizia, que o bom pintor era conduzido pela vontade do pincel. Aguardarei meu presente ansioso, da mesma forma que aguardo suas palavras, do mesmo jeito que aguardo sua memória.

Eu permanecerei aqui, com você, não importa o que aconteça. Espero que me responda que não se importe com minhas preocupações, meus medos. Eu preciso conhecer mais de pintores e pinturas, e museus, mesmo que você diga que goste de mim assim, burro feito porta. Eu quero ter você o mais perto que eu puder.

Seu,
E.

PS: Novamente, perdão pelas rasuras. Eu vou parar com isso um dia, eu prometo.


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Notas finais do capítulo

obrigadinha. :)
SAP: pero no lo quiero que te eche de lumbre conmigo ):, mas não quero que se enfureça comigo.



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