For(n)ever. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

obrigada.



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#Capítulo Sexto#.

You can sit beside me when the world comes down, if it doesn\'t matter than just turn around.
Você pode se sentar ao meu lado quando o mundo vem abaixo, se isso não importa então vire-se.
We don\'t need our bags and we can just leave town.
Nós não precisamos de nossas bagagens e nós podemos apenas deixar a cidade
You can sit beside me when the world comes down.
Você pode sentar-se ao meu lado quando o mundo vir abaixo.



Gabriel não havia sequer havia começado a lutar, mas estava prestes a desistir completamente de William. Nunca tinha sido acostumado a esperar e nem se adaptaria a isso. Mas a final de contas quem é que suportaria uma longa espera que no final não há mais que... nada? Havia esperado por meses – meses para que Bill acordasse, meses de trabalho – e nenhuma carta havia chegado. Pensou em duas coisas de forma séria: a primeira era em estipular um prazo para desistir e a segunda era pressionar Alex para ter certeza de que ele não estava escondendo alguma carta do Will para ensiná-lo a esperar, mas por outro lado sabia que seu amigo não seria capaz de tamanha crueldade com ele. E, convenhamos, até mesmo Nate havia pressionado o baixista, mas este não lhe entregou nenhuma carta.

Suarez não mentiria para Nate. Nunca. (Porque qualquer um que tivesse olhos, conseguiria perceber o sentimento de ambos, menos eles).

“Gabe!” Gritou Alex, com um dos envelopes na mão. Ajeitou a pilha de outros na mesa afastada de onde os demais, que estavam sentados num sofá do camarim, vendo um pouco de TV antes do show. “Gabe, esse é pra você. A empregada só me mandou hoje a correspondência.”

“Do William?” Gabe levantou do sofá preguiçosamente, perguntando com desinteresse.

“É.” Respondeu Alex, chamando a atenção da banda inteira. Havia muitos meses que o único motivo de Saporta sorrir e relaxar derivava do álcool, mas não era um sorriso verdadeiro. Ele então quebrou o jejum de sorrisos e deixou seus lábios o traírem e moldarem o mais sincero dos seus sorrisos. Foi até Alex, deixando um beijinho em agradecimento, sem maldade alguma, no rosto do menor e pegou a carta que tanto ansiava. Saiu do recinto para ler em paz. 

Vicky-T suspirou no outro canto do camarim ao ver o sorriso que traiu Gabe, virando um gole longo da sua bebida. Ryland – que estava ao seu lado – pendeu a cabeça no ombro dela, amigavelmente, e em seguida fez um gesto para ela dividir a bebida. 

“Às vezes eu me sinto uma traidora.” Falou baixinho, mais para ela própria do que para seu amigo, a quem entregou a bebida. 

“Pelo quê?” Perguntou o guitarrista, fazendo conversa e em seguida bebendo um pouco. “Sem querer soar clichê, mas você é a garota mais incrível que eu conheço, Vicky.”

“Você é mesmo encantador.” Forçou um sorriso, olhando para ele em um ângulo estranho. “Mesmo assim, Ry, eu sou amiga do William e apaixonada pelo Gabe e, simplesmente não posso me afastar dele, pela banda.”

“Você não é uma traidora, Vicky.” Ryland falou após um tempo, absorvendo as palavras de Victoria e digerindo-as, para que não doessem de noite, quando Ryland estivesse no ônibus e não conseguisse dormir. Sem malícia, ele deu um beijinho demorado na pele descoberta do ombro da garota – que vestia uma camiseta regata – e entregou a bebida. “Você só é uma garota apaixonada por alguém que não te ama. Uma garota incrível que não teve chance de fazer quem ama feliz e a mesma garota que não controla a quem entrega seu coração.”

“Infelizmente, eu tenho que concordar.” Deixou a bebida do outro lado do sofá, apoiada em qualquer canto, esticando os braços em seguida para o guitarrista, que a acolheu num abraço protetor. Ambos fecharam os olhos e ela conseguiu sentir o coração de Ryland bater furioso contra sua caixa torácica. O guitarrista tinha uma espécie de inveja boa do vocalista; porque por mais que no momento estivessem afastados, ele tinha o homem que amava e ao mesmo tempo, tinha Vicky de bônus. Essa era a parte que mais lhe doía. 

Enquanto isso, do lado de fora do camarim, Gabe olhava carinhosamente para a letra de William, segurando as lágrimas felizes em seus próprios olhos. Quando terminou de ler a última palavra em voz alta, pegou seu caderno e começou a responder:

- # - 

Bill, (posso chamar você assim, não é?)


Para ser sincero, quase não pude conter a ansiedade. Achei que você tinha me esquecido para sempre. Eu preciso agradecer – e talvez nunca o faça o suficiente – por você ter achado uma brechinha no seu tempo para mim. Antes eu estava ansioso, agora não me agüento de felicidade. Uma felicidade que eu não podia achar em nenhum outro lugar, com nenhuma outra pessoa. Felicidade genuína que eu não tinha a meses. 

Não se preocupe com a ordem da casa, por mais que você não se orgulhe de sua bagunça, é muito mais prático viver nela do que viver para arrumá-la. E, hm, saiba que é mal de músico. Eles sempre vivem em meio à bagunça e não têm tempo de arrumá-la. Nós dois éramos bons amigos antes do seu acidente (e eu gostaria de continuar sendo, na verdade). Gostava do seu trabalho, seus relatórios, seu amor por Pollock - que por sinal é um grande pintor - e talvez o único que eu conheça por sua causa. Talvez eu seja um homem sem cultura, isso é meio... estranho quando se tenta ser alguém para uma pessoa culta, como você. Aliás, me lembre de comprar um dos seus quadros. Não sei se ficará bravo comigo, mas eu prefiro apreciar um quadro seu que um quadro de Pollock. Seus quadros são tão maravilhosos quanto a sua voz. 

Nossa! Mal começamos a nos relacionar e você já está me traindo, William! Como você magoa meu coração assim. (Eu estou só brincando) e vou te falar sobre ele. Gabriel era um idiota completo. Não sabia apreciar o pouco tempo que tinha ao seu lado, não sabia te dar atenção e cuidar bem de você por mais que um dia, mas ele amou você de uma forma tão intensa que prefere ficar mais afastado nesse momento. Ele te ama, mais do que ele já amou a qualquer outra pessoa ou até a si próprio. 

Você reclamou de solidão (na verdade, você não está realmente sozinho, muitas pessoas te amam, William. Gabe é apenas a ponta do iceberg, esteja certo disso. Uma pessoa incrível como você não pode ser tão sozinha quanto alega. E também, enquanto isso, eu sirvo pra algo, certo?), entretanto, eu estou sempre rodeado de pessoas, de amigos que estão prontos a me dar uma dose de alegria, sempre fazendo piadas ruins, mas capazes de me fazer rir, mas ainda sim eu me sinto sozinho. Então, mais uma vez, obrigado por não me ignorarmeu querido Bill. 

Quanto ao meu nome, acho que ainda é bastante cedo para falarmos dele. Acho válido curtirmos um pouco mais desse doce mistério e apenas para você não falar que eu sou um cara indiferente com seus pedidos, vou assinar com uma letra aleatória do nosso alfabeto.Mentira, é uma das letras que contém em meu nome.

Seu, 
E. 

PS: Eu fico feliz com as suas conquistas. Estarei sempre a postos para comemorar contigo. O espanhol é uma língua bastante simples, mas eu realmente fico encantado em saber que agora você pode ao menos se comunicar bem. E me desculpe pelas rasuras da carta, às vezes eu não controlo o que minha mão escreve e eu tenho que sair riscando o que não gostaria que você lesse. Talvez até gostaria, talvez por isso não passe a limpo antes de enviá-la a você, mas por uma questão de timidez eu as rasure. 

- # - 


#Flashback# - William. 

O carro em que estava sentado – no banco da frente – era imponente. Grande. O lugar não era muito conhecido, mas William já tinha ido uma primeira vez por aqueles lados, mas mesmo assim aquela estrada continuava lhe apavorando. Seu rosto estava deitado sobre uma de suas mãos apoiadas na janela – ou num resto desta, já que o vidro estava bem fechado. 

Por mais que “lá” não fosse um lugar ruim, William não queria voltar. Ele estava apavorado ao ponto dos pêlos da sua nuca – não os cabelos que já estavam grandinhos, mas os pêlos abaixo do cabelo – arrepiavam-se com muita facilidade. Ele engolia o choro infantil para se mostrar seguro. Já tinha catorze, não tinha mais idade para chorar. Era inverno e a neve que caía branquinha do céu cinzento o fazia ter frio. Beckett não vestia mais que uma fina camiseta e uma calça jeans e ele sentia frio, ninguém se importava. A senhora que dirigia o carro por aquela estrada não tão estranha, mal se movia por trás daquelas grandes lentes de seus óculos escuros. 

Ao pararem, William tirou o cinto e saiu do carro. Pegou a mochila com alguns pertences e o violão que havia ganhado. Até então, o melhor presente de sua vida, e talvez ele estivesse agradecido por um presente que há tanto tempo quis. A senhora que dirigia fez um sinal com a cabeça e o conduziu até uma porta de aço maciço pintado em um tom mais escuro de cinza – na verdade, o prédio inteiro era cinza -, por um momento curto e talvez por estar diante a duas adultas, o menino sentiu-se seguro. Na placa da porta estava escrito “diretoria”. Os cabelos de sua nuca tornaram a se arrepiar. Ao entrar, outra senhora sorriu e indicou que sentasse na cadeira a sua frente. Ele o fez, apoiando o violão em seus pés.

“Você deverá cortar seu cabelo.” Advertiu.

“Tudo bem.” Suspirou ao torcer os lábios. “Eu posso suportar isso.”

“Eu sinto muito,” A mulher disse sem emoção. “sobre o que aconteceu, não sobre seu cabelo.” Disse novamente e William encolheu os ombros, fingindo descaso. A mulher entendeu como uma barreira, porque lá no fundo todos ali sabiam que ele era sensível. Após todas as formalidades e protocolos necessários – inclusive o corte de seu cabelo -, William foi conduzido a seu antigo quarto com seu único amigo: Adam Siska que sorriu ao vê-lo voltando com sua mochila pendurada nas costas e um violão. Um lindo violão, por sinal. 

“Sisky!” Exclamou e o loiro veio até o seu amigo que estava de braços abertos. Se abraçaram. 

“Eu sinto muito por você ter que voltar.” Siska falou baixo ainda abraçado ao recém-chegado. “Mas é bom ter alguém que valha a pena por perto.”

“Não sinta. Eu ganhei um violão e, olhando pelo lado ruim, eu tive que cortar meu cabelo.” Apesar de falar isso, mantinha o sorriso cínico, sentando-se na sua antiga cama perto da janela e logo ao lado com um mural. “No final das contas, eu gosto de holofotes virados para mim.”

“Oh, sim, vamos ser otimistas e olhar apenas o lado bom.” Riu baixinho, ajudando o amigo com a sua bagagem – que era pouca. “Fazer música nesse lugar deve nos deixar com um restolho de esperança.”

“E holofotes.” Brincou William, recebendo um soquinho do amigo. “Dei o primeiro passo para nossa tão sonhada banda.”

“A partir de agora é viver para ela.” Disse Siska. “Jura?”

“O quê?”

“Que você – e eu, claro - vai viver pela banda que começamos a montar agora?” Perguntou baixinho.

“Eu juro.” Sorriu grande. 


#Fim do Flashback#

O que trouxe William pra realidade às nove da manhã fora a campainha. Coçou os olhos manhosamente, percebendo que havia dormido de mau jeito no sofá com seu diário aberto sobre o peito. Olhou por cima a página aberta e viu uma foto grudada com um clipe de papel cor de rosa. Focalizou bem o rosto ao que ajeitou seus óculos nos olhos. Puxou a foto e olhou atrás dela. Estava escrito “Siska e Beckett, amigos para sempre. Chicago.” Talvez fosse Siska o garoto das cartas. Embora a campainha tivesse tocado, Beckett ficou um tempo sem dizer nada, sem se mover. Refletindo sobre a foto e sobre o que acabara de sonhar. Ou de lembrar.

Ergueu o rosto pelo sofá, vendo que havia chegado uma carta. Colocou a foto do seu amigo em cima do criado-mudo e decidiu que mais tarde iria sair de casa e comprar um porta-retrato. Aquela foto teria o lugar de destaque que merecia. 

“Caramba, o que será que houve pra eu ir parar duas vezes num lugar como aquele?” Perguntou para si mesmo enquanto pegava a carta que estava sem nome, mas com o endereço que ele já reconhecia. (Mal sabia ele que quem havia posto a carta em baixo da porta era Janette Saporta, para ajudar o filho). Suspirou e seu coração bateu descompassado. Ele leu cada palavra cuidadosamente, como se elas valessem ouro e talvez valiam, mesmo. 

Ele ria vez ou outra, quando achava graça em tentar – ao ler em voz alta – decifrar o tom de voz que o seu amigo secreto usaria ao falar aquilo pra ele, e quando encontrava uma rasura, ele abaixava o tom, imaginando que fosse um segredo. Então pegou um papel e uma caneta e escreveu a resposta. Era mais um motivo para sair de casa, além do porta-retrato. 

- # - 

E, 

Sim, você pode me chamar de Bill ou de Bilvy, ou de Will, da forma que achar melhor. Eu fico feliz que tenha atendido o meu pedido e assinado com uma letra aleatória do alfabeto. Sabe, eu acho bem carinhoso quando duas pessoas se apelidam com as iniciais. Desde já, lhe agradeço. Acabei de acordar, estou horrível com a cara inchada. Nessas horas é bom morar sozinho num apartamento bagunçado do qual eu não me orgulho. É, ainda continua bagunçado. 

Ontem pela manhã a mãe do Saporta me levou ao jornal onde eu trabalhava. Teve algumas pessoas que ficaram bem emocionadas ao me ver por ali. Meu editor-chefe me deixou de férias quando eu lhe contei minha situação e ao dizer que me aposentaria por invalidez. Talvez eu fosse realmente bom em escrever artigos sobre arte ou indicar museus para ir. E sabe qual foi à melhor parte? As férias que eu tirei – obrigado – são remuneradas. Assim eu não serei completamente dependente da família Saporta que já está fazendo muito por mim. Por falar na família Sarpota, eu vou dar um jeito de mudar de endereço, porque o Gabe logo volta da turnê e ele não tem que ficar morando em casa de amigos, sabe? Como a mãe dele me disse uma vez, enquanto eu saía do hospital, Gabe precisa de segurança e esse lugar foi comprado para dar essa segurança a ele. Não posso roubar assim, só porque não posso mais trabalhar e não me lembro de como era meu relacionamento com ele. Eu não posso atrapalhá-lo mais, compreende?

Prometo a você que coloco a casa em ordem hoje, porque você não tem noção de quanto isso está ruim. De pernas para o ar. Se é mal de músico eu não tenho a menor idéia, mas preciso comentar que se eu não limpar isso vou dividir minhas pizzas e o choio com ratos. Talvez uma família inteira deles. Ah, eu já ia me esquecendo, eu comprei uma máquina Polaroid* ontem e por isso estou te mandando essa foto do apartamento bagunçado. Tire suas próprias conclusões. 

Trocando de assunto, E, eu acho que você deveria me falar mais de você, quero dizer, eu queria saber qual a cor dos seus olhos, como sãos seus lábios, seus cabelos. Porque, veja só, não é justo comigo você saber muito sobre mim e eu nada sobre você. Eu quero curtir o mistério, mas dar dicas faz parte dele. 

Meu amor por Pollock. Jackson Pollock? Você realmente me conhece, meu caro amigo. Aliás, tem um quadro de Pollock original aqui em casa. Eu ainda fico babando ao olhar para ele, porque é maravilhoso e sim, eu fico bravo em saber que você comparou as minhas tentativas de pintura com a genialidade de Pollock. Quanto ao meu quadro que você quer comprar, (aliás, vou abrir um parêntese rápido aqui. Um dia eu consegui entrar no ateliê no final do corredor, é estupendo. Encantador, e, eu mal conseguia piscar diante de tanta perfeição e material de pintura. Lá dentro, eu achei um álbum que estava escrito “Gabanti e Bilvy” e aquilo me fez ter um turbilhão de memórias, mas eu não conseguir reter nenhuma delas. Isso me traumatizou um pouco), eu prometo a você que quando me lembrar como é que se segura um pincel faço um quadro especialmente para você. E será um presente. 

Gabriel parece me amar de verdade, ao menos é o que eu tenho lido ao seu respeito. É adorável, admirável. Eu vi umas fotos nossas – e ainda me lembro dos desenhos no meu quarto de hospital. Preciso discordar de você quando diz que Gabe era um idiota completo, talvez, porque eu não consiga me lembrar dele. A Cobra Starship é estupenda e isso leva tempo, ensaios e dedicação. Não ter tempo pra romances é mal de músico. Eu realmente queria me lembrar dele e queria me lembrar de você, também. Talvez mais de você do que dele.

Eu quoto suas palavras rasuradas sobre minha solidão. Eu estou contigo e sempre vou me arranjar pra te responder. 

Carinhosamente, 
Beckett Jr. 

Ps: Não se incommode quanto às rasuras. Eu gosto de lê-las, porque gosto de saber como se sente. Peço perdão pela minha pequena rasura. Gosto do seu jeito hiperativo e, princialmente, gosto do seu jeito espontâneo. Não precisa tentar ser alguém pra mim, você já é especial. 

- # - 

Fim do Sexto Capítulo



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