Quando Mari se levantou do sofá da sala e olhou para a janela, notou uma movimentação estranha próxima as árvores.

– Tem alguma coisa ali... – Lass e Elesis levantaram-se também e foram até a porta. Tiveram que fechar logo, pois uma chuva muito forte começava.

– Não tem nada ali, Mari. Pode ser apenas o movimento das árvores por causa do vento – disse Elesis, que pegou a blusa de Lass e se cobriu.

– Ou qualquer outra coisa. Ainda não fomos pra lá, lembra? – Lass se sentou no braço da poltrona mais próxima – falando em qualquer coisa, onde está o demônio?

– Se está falando do Dio, ele ainda está arrumando o quarto dele – Lire estava lendo um livro – por que a pergunta?

Sieghart e Jin entraram correndo pela porta, assustando Amy e Ryan, que berraram até perder o fôlego. Os dois estavam ensopados e tremiam muito.

– Ca-caramba! Começou a chover do na-nada... – Sieghart se enrolou em uma toalha que Lire passou a ele.

Jin também estava com uma toalha, mas ao contrário do imortal, ele não falou nada. Apenas se levantou e subiu até o quarto, deixando os amigos inquietos. Amy começou a procurar alguns cadernos, mas não os encontrou.

– Alguém pegou meus cadernos de música?

Todos negaram com a cabeça. Passado alguns segundos, ouviram alguém gritar do lado de fora, pedindo por ajuda. Correram para o lado de fora, onde a chuva ainda castigava todo o local. Gritaram, chamando quem quer que fosse. Não ouviram nada a não ser o ruído do vento e as gotas da chuva batendo pesadamente contra as janelas da casa.

– TEM ALGUMA COISA ALI! –Elesis apontou para o mesmo lugar em que Mari disse ter visto algo – VAMOS LÁ!

A chuva os impedia de andar rápido, mas ainda assim persistiam. Por fim, chegaram até o mini bosque e conseguiram ver um vulto mover-se muito lentamente. Parecia gravemente ferido. Sieghart e Ryan se aproximaram devagar. Qualquer movimento brusco, eles poderiam golpeá-lo. Quando se aproximaram mais e viram quem era, eles rapidamente o puxaram pelos braços, gritando para os amigos.

– É O RONAN! AJUDEM AQUI!

– Como ele está? – Jin estava sem a camiseta, usando apenas a bermuda escura.

– Não sei... mas – Mari olhou para os lados em busca de alguma teoria – não tem como ele ter vindo andando de Xênia! E a Arme?

Os dois desceram as escadas, indo de encontro com os outros, que estavam na cozinha. Dio também estava entre eles e Jin olhou para ele irritado. O garoto estava muito próximo de Amy.

– O que aconteceu em Xênia para ele ter voltado pra Vermécia? – Ryan perguntou, enquanto sentava-se na mesa.

– A pergunta a ser feita é: como ele chegou até a nossa base? – Dio estava encostado no armário, girando uma tampa de panela – vocês já os avisaram?

– Nós nem pudemos conversar com eles ainda. Íamos avisá-los amanhã – Amy deu um sorriso sem graça – mas se ele tá aqui, cadê a Arme?

Um silêncio abateu-se sobre a cozinha. Assim, foram indo para os quartos, um a um. Enquanto voltava ao andar de cima, Jin perguntou a Ryan em que quarto ele iria dormir.

– Bom... tem o quarto do novato... mas eu não sei. Ele parece que tá escondendo alguma coisa que pode ser importante pra gente – Ryan parou assim que pisou no último degrau e olhou para baixo – e também, não sabemos nada sobre ele. Esse cara pode saber tudo sobre a gente!

– Pontos fracos, tipos de armas, defesa, ataque...? – os dois se assustaram ao ver que Dio estava na porta do seu quarto, que ficava logo a frente do quarto de Sieghart e Jin – é o que eu gostaria de saber. Embora...

Ryan não tinha nem piscado e quando deu por si, viu que o demônio estava segurando o ombro de Jin. Ele falou algo ao lutador, que arregalou os olhos.

– Então o que está fazendo aqui? – Jin virou o rosto e viu que o garoto já tinha voltado para a porta do quarto.

– Eu disse que você ia ter que confiar em mim. Eu acho que as criaturas que combati antes de entrar para a Grand Chase estão voltando pelos portais – Dio entrou no quarto e fechou a porta.

Ryan olhou para Jin, visivelmente assustado. E falou algo como “depois dessa, vou ficar no seu quarto...”

Na cozinha, restaram apenas Elesis, Lire e Sieghart. A elfa levantou-se da cadeira e deu boa noite aos dois. Elesis levantou-se pouco depois.

– Espera um pouco, Elesis. Eu quero perguntar uma coisa – Sieghart estava sério e girava uma faca entre os dedos.

– Tá bom, o que é? Acabaram-se os doces? – a ruiva riu, mas parou assim que percebeu que o imortal não estava para brincadeiras – tá, parei. Mas acho que já sei. Você tá encanado com o Dio.

Ele afirmou com a cabeça.

– Não entendo o que ele está fazendo morando com a gente. Pelo que sei, ele pode até ser algum dos inimigos da Guarda Real disfarçado!

– Bom, quem sabe? Só espero que as respostas cheguem logo, que eu não quero ficar enferrujando. Mas não se preocupe, eu também não confio nem um pouco nele. Um amador pode colocar tudo a perder em um instante – Elesis estalou os dedos e jogou-se em uma cadeira próxima.

Mas nenhum dos dois percebeu que as sombras em volta e dentro da casa se movimentavam, constante e lentamente. Apenas quando Sieghart deixou a cozinha (não sem antes furtar um pedaço de bolo) e apagou as luzes é que as sombras começaram a ganhar formas, porém, indefinidas e sussurravam umas para as outras:

– É aqui que o garoto está?

– Se não fosse pelo rapaz de cabelos azuis, não teríamos encontrado a nova casa do Dio... temos que dar um jeito de fazê-lo voltar ao sub-mundo e apodrecer por lá, enquanto destruímos esse mundo.