“Você é a melhor coisa que já foi minha...”

            Acordei sentindo-me a pessoa mais feliz do mundo. Por um momento pensei que aquilo fosse um sonho, um perfeito sonho. Belisquei-me várias vezes, e finalmente percebi que aquilo era real. Abri meus olhos e vi o lindo sol que se formava, levantei-me e pus a mão entre os fios de meus cabelos, pensando naquela noite perfeita. Pus meus pés no chão e sai dali, tomei um banho e logo fui tomar café.

            Entrei no refeitório e lá estava ele: perfeito. Quando o vi, meu coração disparou, e queria correr e beijá-lo novamente. Controlei-me e retribui o sorriso.

            Ele estava radiante, sorrindo, alegre e... Seus olhos brilhavam. Senti-me ainda mais feliz quando o vi. Era bom saber que ele não era um garoto normal, era bom saber que ele não seria mais um, seria o único. O único que eu amaria, o único que eu passaria toda minha vida.

            Peguei minha bandeja e me sentei-me à mesa das meninas, era separado. Pude perceber que Liam me olhava á toda hora. Isso não me incomodava. Mas, quando vi Irina, uma das meninas que tinham me surrado, pensei em Nick. Por mais que ela tenha tentado me matar, ela não merecia passar por aquilo. Levantei-me, joguei os restos no lixo, e fui até a sala de Ardec.

- O que você quer? – Perguntou Demitri.

- Ardec está?

- Sim. – Respondeu ele escrevendo alguma coisa.

- Posso entrar lá?

- Espera um minuto, vou anunciá-la.

- Tudo bem.

            Passou um pequeno tempo e Demitri logo me chamou.

- Pode entrar.

Só assenti e entrei timidamente.

- Olá... Tudo bem? – Disse Ardec deixando de lado alguns papéis.

- Sim... Estava ocupado? – Perguntei brincando com meus dedos.

- Pra você nunca! – Ele disse se levantando da cadeira.

- Podemos conversar:

- Sim minha flor... Qual é o assunto?

- Nick – Entreguei o jogo.

- O que tem ela? – Perguntou ele tentando disfarçar a raiva.

- Por favor, tire-a de lá. Não é justo o que ela está passando. Poxa... Esfregar o chão do refeitório com uma escova de dente...

- Por favor – Interrompeu-me – Não questione as regras do sistema.

            Decidi jogar sujo.

- Se você me ama, tire-a de lá. – Fiz charme.

- Tudo bem. Vou fazer o possível para tirá-la de lá.

- Obrigado.

- Zoráh? – Perguntou-me

- Se você me ama, faça isso por mim! – Entreguei o jogo mesmo sabendo que aquilo era errado. Pouco me lixava isso.

Ele recuou novamente. Olhou-me de um jeito estranho! Essa não! Ele achou que eu estava dando chance pra ele!

- Tudo bem! Verei o que eu posso fazer por você! – Disse ele sorrindo.

- Obrigado. – Disse virando minhas costas e caminhando até a porta.

            Em meio aos meus passos, ouvi Ardec chamar meu nome, me virei rapidamente.

- Sim? – Respondi ao me virar.

- Prepare-se, partiremos ao Canadá amanhã! – Ele disse sorrindo.

            ÃÃÃ? Meu coração saltou novamente. Não sabia que seria assim, mas, estou preparada.

- T-tudo bem... – Gaguejei um pouco.

            Saí correndo para o meu quarto. Joguei-me sobre a cama pensando: “como aquilo seria bom!” Liam chamou-me e eu levantei correndo.

            Parece que agora, tudo que sentia sobre a viagem, mudou. Ainda feliz, mas, estranha. Bateu-me uma timidez em frente ao Liam. E uma incerteza: beijá-lo, ou não? Por mais que meu coração dizia: “vai fundo, garota!” meu cérebro dizia: “espere ele dizer alguma coisa sobre...” Caminhei em sua direção e hesitei um pouco enquanto chegava perto dele.

- Dúvida cruel? – Disse Liam quando viu meu rosto tenso.

            Como alguém podia saber tudo que eu sentia? De alguma forma, estávamos conectados de uma maneira diferente. Eu sentia tudo que ele sentia. Ele sentia tudo que eu sentia. Era algo muito novo para mim.

Abracei-o forte.

- Bom... Posso resolver isso! – Ele me puxou pela cintura.

            Ele beijou-me. Era como se fosse a primeira vez que eu o beijei. Senti-me especial e uma coisa que não me sentia há muito tempo: amada. Ele me puxou mais para si e senti seus cabelos bronze passarem por meus dedos. Senti suas mãos quentes percorrerem pelo meu corpo.

- Bom... Por mais que eu não queira... Precisamos parar. – Interrompi.

- Você está certa... Mas é quase impossível parar... Viciei na sua boca. – Ele me disse ainda com seu rosto colado ao meu.

            Puxei-o novamente começando a beijá-lo. Fui burra em atrapalhar aquilo. Mas... Cada         beijo era melhor que o outro.

- Porque você faz isso comigo? - Perguntou-me ele.

- Desculpe... Pensei que você tinha gostado.

- É claro que eu adorei.

- Preciso lhe contar algo.

- O que? – Perguntou-me surpreso.

- Irei pro Canadá amanhã!

            O abracei e ele me ergueu no ar. Fiquei feliz de ele ter gostado que eu fosse.

- Que ótimo! – Exclamou ele – Vou sentir saudades... Mas, estou muito feliz por você!

- Não esperava essa atitude sua. Fico feliz por isso.

            Era o toque de recolher. Precisava arrumar minhas malas. É! Agora era certo. Adeus Liam!

- Daqui a duas semanas... – Beijei-o.

            Sentiria falta daquilo. Ele estava me acostumando mal.! Muita falta dele.

- Te amo! Nunca se esqueça. – Ele me disse.

- Te amo! – Saí, o deixando ali.

            Senti-me como se estivesse fazendo a pior coisa da minha vida. Entrei em meu quarto e peguei a mala que ficava embaixo de minha cama. Coloquei roupas, cosméticos e etc. Logo Ardec entrou no quarto com alguém.

- Zoráh? – Ardec me chamou segurando alguém pelo braço.

- Sim?

            Vir-me-ei e vi quem estava com ele. Nick. Pensei que ele não tinha levado meu papo muito a sério, mas... Ele vez o que eu pedi.

- Há alguém querendo falar com você.

            Nick estava péssima. Suja. Parecendo mais magra. Pálida... Como seres humanos tinham coragem de fazer isso com uma pessoa?

- Eu não vou pedir desculpas, Ardec! – Nick disse convencida.

            Não me importava. Só queria vê-la longe daquele lugar. Não era justo o que estavam fazendo com ela.

- Então você vai voltar pra sela. – ele disse a puxando pelo braço.

- Não! – repreendi – Por favor... Deixe-a!

- Tem certeza?!

- Sim! – assenti firmemente – Não precisa pedir desculpas.

Ele a jogou bruscamente e saiu. Nick se levantou e entrou para o banheiro. Continuei arrumando minhas coisas.

A noite chegou. Não consegui dormir pensando na viagem. Finalmente eu iria sair dali! Queria ver a rua, os carros, as pessoas... Quando consegui dormir, já era hora de levantar.  Não fiquei com sono. Levantei-me e fui tomar um banho bem gelado. Sequei meus cabelos ruivos com um secador, coloquei uma roupa que já havia separado na noite anterior. Coloquei alguns livros na mala para ler durante o vôo. Ardec veio me chamar e logo partimos.

            Chegando ao aeroporto, Ardec mostrou os documentos e nós entramos no avião. Tudo era muito novo para mim. Eu nunca havia entrado em um avião.

Era muito engraçado como tudo ficava menor de lá de cima. A neblina densa cobria a paisagem, tornando aquilo mais bonito. Adormeci ali rapidamente.

(- -zzz’)

- Zoráh?! – Abri meus olhos á chamada de Ardec – Já chegamos... Todos já saíram do avião.

Assenti ainda sonolenta e saímos do avião.

Como Canadá podia ser tão encantador?! Suas paisagens eram incríveis. Até as pessoas tinham um brilho especial. Algo único. Pela janela do carro eu observava tudo. Meus olhos brilhavam. Era tudo lindo... Tudo maravilhoso. A casa mais simples era como uma mansão. Aquele país era realmente encantador.

Imaginei como seria... O meu futuro, eu e Liam, caminhando por uma rua maravilhosa, por um jardim florido, ou talvez até debaixo da lua, pela praia mais bela, passeando sentindo a brisa mais gostosa, onde ele roubaria um beijo ou dois, se ajoelhasse ao chão e me daria um lindo anel. Observaríamos um maravilhoso crepúsculo. E esperasse anoitecer. Vê-la refletindo em um lindo lago. Repousaríamos ali pelo restos de nossas vidas.

- Zoráh? – Ardec me despertou – Está gostando da viagem...? Você está tão quieta...

- Amando... Esse país é incrivelmente lindo. Estou impressionada! – Falava ainda observando as paisagens.

- Que bom que você está gostando! – Ardec exclamou vendo meu entusiasmo – Logo chegaremos.

- Na verdade, aonde vamos? – Perguntei desgrudando meus olhos da janela

- Na unidade do Canadá; o dono de tudo mora aqui. – Explicou-me – Ele quer te conhecer, temos altas recomendações.

- Sério? – Perguntei surpresa – Mas... Não faço nada de mais. – Suspirei

- Você acha? – Ele me olhou sorrindo – Suas notas são as melhores, você nunca cometeu algo sério, nenhum delito... E Nick? O que você fez foi inacreditável. Ela quase matou você e ainda não quis se desculpar com você...

- Ah... Isso não é nada.

- Zoráh, você é boa. Uma menina boa. Não conseguiria ser assim!

            Boa?! Bom saber que eu era boa. Às vezes eu me achava boba, não é a mesma coisa?